sexta-feira, outubro 31, 2003

Leituras (respostas e comentários)

A propósito do que tinha escrito, recebi este comentário:
"Sinceramente, não li a reportagem, mas o que quer dizer "todos os valores tadicionais e essenciais que uma criança deve ter"? Abraços SK"

Tento uma resposta, ainda que nada seja certo.

1) Pergunto-me porque é que a identidade da criança não foi devidamente protegida;

2) Alguém devia explicar ao miúdo que é bom que ele perceba que nem toda a gente pensa como ele. Especialmente os colegas da escola dele cujos pais, muito provavelmente acham uma doença a homossexualidade;

3) Um modelo feminino e outro masculino são essenciais para a formação de um indivíduo. Não é uma questão sexual, é uma questão biológica;

4) A sexualidade de cada um é algo privado que não diz respeito a mais ninguém;

5) A apropriação de modelos heterossexuais só faz sentido se for para esbater o preconceito e a diferença (ou seja, anulá-los) e não marcar ainda mais essa mesma diferença ou fazer disso um pedido de aceitação;

6) Não percebo porque é que a comunidade homossexual é sempre apresentada pelo seu lado espalhafatoso;

Leituras (o texto de Felícia Cabrita em versão reduzida e telenoveleira)

A propósito de um post escrito anteriormente, aqui fica a história.Depois respondo.

Ora, a questão começa logo na forma como a história é apresentada. Para quem não leu a reportagem de Felícia Cabrita no Expresso, trata-se da vida de um casal de homossexuais que têm a seu encargo a educação de um miúdo, sendo que um deles é o pai. O retracto que a jornalista traça, bate todos os pontos para agradar a quem gosta de dramas telenovelescos e a apelar à desgraça.

Senão vejamos: Rui, tinha 15 anos quando percebeu que era «diferente» (logo a palavra «diferente» causa-me urticária. Diferente em quê? Em que lugar vem a sexualidade na definição de uma personalidade?), «era um adolescente incapaz de exercer a dissimulação.» que descobriu nos bares gay que fazia parte da «espécie» ( «espécie?») e sobretudo, nos shows de travestis uma vocação e um sonho («Aquilo era como um conto da Cinderela, aquelas roupas, as luzes, os artistas deslumbravam-me.», diz a determinada altura). E, na pista de dança, cruza olhares com - conta-nos a jornalista (acredito que baseada nas palavras dos então futuros amantes) – um homem que lhe «ofereceu-lhe um copo. José Luís, mais velho dez anos, transmitia-lhe confiança e, levados por um impulso amoroso, trocam as histórias das suas vidas. Forma tradicional de se começar um romance.».

Ainda antes de se entregarem às devidas «incandescências da carne», é preciso saber-se que tal encontro deriva do facto das «peripécias da vida, que transportam sempre mel e vinagre» chamarem os homens (imagino que aqui se possa incluir qualquer tipo de relação). O feliz casal começa uma vida a dois. «Enquanto o companheiro parte para a lide diária, o jovem confronta-se com a vida doméstica. Arruma a casa e trata das refeições.» Mas, «José Luís via-o [ao Rui] definhar (...) e consegue inserir o namorado no mundo do transformismo. (...) Correram mundo, ganharam mãos cheias de dinheiro que esbanjaram em luxos, porque fazer previsões do futuro é sempre uma maçada. (...) [Rui] 20 anos mais novo, uma figura delicada, envolta em lantejoulas e plumas, no boneco de Shirley Bassey. Ser travesti foi a primeira e única coisa que sempre quis ser. Adorava estar no palco, imitar pessoas. Sempre se varia.» O show tinha o abençoado título de «A Sorte do Azar».

Mas se tudo podia piorar, o que se segue, em nada deve ao melhor estilo Rendelliano. Incompleto com a relação que tinha, o mais velho dos dois, engravida uma rapariga (Vanda, de 17 anos, sua bailarina no show) que acaba morta em Espanha, à facada, uns anos depois. É dessa mulher que anos antes havia nascido o Bruno, hoje com 13, sem que o verdadeiro pai assumisse o feito e o amante se tivesse proposto para cuidar da criança, até ao momento em que a criança teve que ser registrada e a verdade se esclareceu. («de repente houve um corte», esclarece-nos o enganado Rui.) À falta de desejo da jovem rapariga de ser mãe, explica-nos Felícia Cabrita, que o gesto dos dois homens se encontra justificado pelo facto de que «dentro das normas da Natureza, estava-lhes vedado serem pais» («Normas»?). Em suma, pelo amor, «o casal foi tão longe quanto pôde, até driblou a lei tirânica da Natureza que o impedia de ter filhos.» («tirania», portanto? Hum...)

Mas, o amor também tem dias e há aqueles dias em que acaba. («O amor é imprevisível e um dia desapareceu como se tivesse encontrado uma brecha no ar.», alerta-nos Felícia Cabrita) Acabou o amor, mas ficou a criança. Que foi o grande ponto de apoio para Rui [o mais novo, o enganado], quando este descobre que «uma erupção esquisita apodera-se do seu rosto.(...) O resultado das análises tem três letras e representa a maior tragédia que o novo mundo criou: HIV.(...) Rui tinha a sensação de que alguma coisa no seu copo apodrecia, as febres tiravam-lhe o tino.». «O mundo é mesmo assim, com jardins ocultos e ciladas. Ninguém escapa às suas armadilhas.», conclui a jornalista em suspiro profundo e lágrima a despontar, digo eu.

Hoje, o miúdo Bruno «conhece a sua via de trás para a frente, pensa com a agilidade de quem foi criado sem preconceitos e encolhe os ombros num sinal de desdém quando intrusos lhe colocam certas questões: «Claro que sou feliz, os meus pais são homossexuais mas nunca fui gozado por isso, hoje as pessoas não ligam a essas parvoíces». Há coisas que só uma criança pode dizer, independentemente da razoabilidade (...) Bruno apenas não gosta de abordar um tema: a homossexualidade. (...) E reage com insolência. Afinal, não é com ele que se tem de falar dessas tretas: «Vivemos numa sociedade livre, é a vida particular das pessoas, ninguém tem nada a ver com isso.».»
Em fotografia familiar, resistente e integrados, a família apresentada na capa do Expresso deste sábado que passou levanta várias questões, razão pela qual a urticária ainda não me passou.
É o amor...

O Fred e a Raquel, da telenovela Mulheres Apaixonadas assumiram o amor que sentiam e chegaram a vias de facto. No dia a seguir (ontem, portanto), comentavam umas senhoras, no corredor da Culturgest, que aquilo é que era amor. Dizia uma: A mim nunca me chamaram de "luz da minha vida".
O curioso é que na telenovela o rapaz é menor, ela é professora e tuido isto passa em horário nobre depois de mais um episódio da novela Casa Pia.
A manhã seguinte (III)

A Catarina falou da cara dos presentes... Eu fico preocupado porque agora que conheço, por exemplo, quem escreve aqui e aqui e aqui e aqui... não sei se não terei anulado a sensação de liberdade que a internet dá. A cara associada às letras imprime expressões
A manhã seguinte (II)
A nacionalização do blog

Já não sou tão crente quanto o Crítico, até porque quando perguntei se o objectivo do Sapo era nacionalizar a blogosfera, a Maria João Nogueira escondeu-se atrás do cigarro, sorriu e respondeu: Essa palavra, essa palavra...

Por deformação profissional apeteceu-me ainda perguntar-lhe porque não estava o Sapo a patrocinar o encontro.
Mas vou lá ver 2ª feira de que falam, quando falam de blogs em português.
A manhã seguinte (I)

Enquanto se aguarda pelas reflexões que o fim de semana preparará, noto apenas que ontem, no encontro de blogs, eram 18h30 e o Pipi só tinha sido referido uma vez. Uma hora depois e mais uma menção. O grande anónimo, o fenómeno, o sucesso Pipi manteve-se assim à margem. Quem não aparece, esquece?

quinta-feira, outubro 30, 2003

Warhol

Se a novela judicial casapiana fosse passada a filme, o oscar de actor secundário já tinha um candidato fortíssimo: Rui Frade. Os 15 minutos de fama que Warhol prenunciou têm aqui o seu auge.

quarta-feira, outubro 29, 2003

O que o inverno nos traz

Amanhã lerei com mais atenção, mas para já fica a nota.
Os lobos vão descer à aldeia

Amanhã
O xoxo da amizade

O Bruno respondeu à questão. O xoxo da amizade fica definido. É caso para perguntar: diz-me como beijas, dir-te-ei o que és para mim.
A lei dos amantes (7)

Não tenho nada mais a escrever sobre as ondas.
E, mesmo que tivesse, ninguém leria o Mar.
Os anjos bebem nas fontes

(...)
Do outro lado estou eu,
Como sou e como plano,
Na surda voz do piano
Que aos poucos endoideceu.

Sou eu, despida e vestida
Com as flechas que me atiraram.
Sou eu, dura e solitária,
Já vencida e convencida.

(...)

Mas ninguém leu horizontes
Em livros de cemitério...
E os Anjos bebem nas fontes


Natércia Freire
Anel de Sete Pedras (1952)

.


Água de sombra I

Ontem, Natércia Freire completou 83 anos.
Faz parte de uma série de figuras que constituem o nosso imaginário colectivo, mas poucos são os que dela se lembram, ou sequer ouviram falar deste nome. E que grande falha essa. Esquecermo-nos do nosso passado é, em parte, ignorarmos a nossa existência.

Nascida em Benavente, foi convidada, em 1955, pelo então director do Diário de Notícias, Augusto de Castro, para dirigir a página literária do jornal, denominada Artes & Letras. Poetisa reconhecida e premiada, foi regendo diplomaticamente o seu papel à frente da página literária (e não será difícil imaginar as pressões a que estaria sujeita, sobretudo por ser o jornal Diário de Notícias, e o seu director Augusto de Castro, fortemente conotados com o regime em vigor na época) que continuava a sua procura na poesia, sendo impressionante a coerência de temas e imagens no decorrer de toda a sua vida literária, independentemente do que lhe pudesse surgir a nível pessoal.

Só assim se compreende, através de uma forte e consciente separação dos planos públicos e privados, que Natércia Freire procurasse verter para a sua poesia um estado de alma e de procura que era, no fundo, um posicionamento em relação à sua condição de Poeta. “Habitar o mundo, para um Poeta, como afirma Holderlin, é experimentar uma sensação originária que não se resolve num acto como os que a necessidade ou o hábito suscitam, mas que se quer dizer.” (Diário de Notícias, 20 Abril 1971)

E porque “nunca ninguém saberá a razão de se nascer artista. Como nunca se saberá a razão porque é este ou aquele poeta mais ou menos dotado.” (Diário de Notícias, 07 Novembro 1957), Natércia Freire atravessa quase todo o século XX numa espécie de procura de si nesses planos, numa atitude de plena insatisfação, mas, ao mesmo tempo, de reconhecimento pelo que lhe era proposto. Há, portanto, no percurso desta figura um constante apagamento do seu ser potencial (“Ser de pedra por fora/E só por dentro ser”, Liberta em Pedra, 1964), moldando-se e convivendo com as características e os mecanismos do seu tempo.

“Este barómetro de atitudes quer simplesmente significar que, procurando, por um lado, os homens agrupar-se em escolas literárias, em partidos políticos, em ondas publicitárias, reagem, fundamente, à promiscuidade dos universos que inconscientemente gostavam de salvaguardar para as elites... Um dia todos serão elites... Sem necessidade de doutrinadores pensando pelas suas próprias cabeças, elásticos e perceptivos.”( Diário de Notícias, 22 Abril 1971)
Água de sombra II


A obra de Natércia Freire é plena de referências ás ligações profundas com a terra, não só ao local onde nasceu, mas, também, ao país e à presença desse mesmo sentido no mundo, seja, ou não, no plano literário. “Compete ao poeta fazer nos seus poemas a melhor aplicação da linguagem da sua pátria.”. (Diário de Notícias, 16 Fevereiro 1956)


Um alto sentido da sua presença e do seu papel nas letras, no país e no mundo, fizeram com que se tornasse uma referência para inúmeros nomes dos mais diversos quadrantes literários, políticos e sociais. Mas essa busca teve custos. Ao mesmo tempo que procurava ser coerente consigo mesma e com o seu trabalho, a poetisa viu-se alvo de acusações, decorrentes da febre revolucionária pós 25 de Abril. Estarão, ainda, por julgar os inúmeros erros que foram cometidos na altura, mas esse não é um tema que tenha interessado a Natércia Freire. Afastada das várias funções que detinha, isolou-se e remeteu-se para um caminho mais intenso nos temas que a faziam criar, algo confundidos, nas palavras de Jorge de Sena, no “frio amargo de uma sensualidade embebida de idealismos típicos de certa condição da mulher” (Líricas Portuguesas,1984)


De uma relação epistolar com a terra ao papel de guia não premeditado de novos e consagrados autores e de uma caminhada solitária e silenciosa em busca de um sentido de vida, de libertação e procura constante, Natércia Freire existe para lá dos poemas, dos contos, das crónicas, ... É nas suas palavras que se encontra a força de quem sempre quis ser pouco mais que ela própria. Ou, por outro lado, procurar ser o que está para depois de nós. ”Não ser eu é que está bem/ Não ser eu, nem ser ninguém” (Poemas, 1957)

Água de sombra III

Ao pensar-se o trabalho de Natércia Freire é, também, e tomado-o como “um” exemplo ao contrário de “o” exemplo, pensar a história de um Portugal cultural no século XX mais rico, nos seus diversos aspectos: na relação dos artistas com o poder; o papel das mulheres e as várias noções de mulher em virtude das circunstâncias onde se inscrevem; as influências etnográficas nos processos artísticos; a separação dos campos profissionais e pessoais; os percursos internos que os criadores fazem são tudo temas que tomam uma outra importância quando analisados em conjunto e confronto.

Há dezenas de nomes, acontecimentos, lugares que permanecem desconhecidos e que é importante (re)descobrir. “Em toda a literatura contemporâea se reflecte a angústia e a interrogação de cada homem, frente ás verdades da vida - que as verdades da vida não são todas iguais. Por isso os homens são diferentes e os escritores são diferentes. Que obceca um artista, o preocupa ou provoca é sempre um caso que só na essência se parecerá com outro caso. Mas as raízes, a seiva que lhe dão alento estão na personificação do próprio autor, agem e reagem consoante o sistema circulatório de cada inspiração.” (Diário de Notícias, 07 Julho 1961)

segunda-feira, outubro 27, 2003

Harry Potter

O novo livro do pequeno feiticeiro tem mais de 700 páginas, o que, para muitos míudos leitores significa que tem mais números que aqueles que eles conhecem. Mas. de facto, quem é que teve a ideia peregrina de fazer o lançamento no Panteão Nacional? Será que queriam que os ilustrem lá enterrados fossem os professores de Howggarts? Não há respeito por nada?
Leituras

O Expresso trazia, no sábado, na revista uma reportagem chamada "Pais & Gays", assinada pela incansável Felícia Cabrita. O texto é digno de antologia e tentarei colocar aqui algumas pérolas. Digno de um argumento de telenovela da TVI mas feita no México (se é que tal é possível).

Ora tratava a reportagem da história de um casal homossexual que tinha um filho ao seu encargo. O filho era de um dos elementos do casal que, à revelia do outro (que era seu patrão num show de travestis, do qual o pai da criança tomava parte) e tinha sido concebido juntamento com uma bailarina que acabara morta numa vala em Madrid. O pai do míudo tinha sida, o casal já estava separado, o míudo acha que é um disparate a homossexualidade ser alvo de preconceito e todos dão a cara. A mim, a vários níveis a reportagem enojou-me. Pela desfaçatez de nos tentarem impingir a história de desgraçadinhos que todos viviam; por acharem que lá por darem a cara vão fazer alguma coisa pelo reconhecimento dos homossexuais; por perpetuar a ideia de que todos os gays querem ser mulheres; por não proteger a identidade do míudo; por tornar irrelevante os valores tradicionais e essenciais que qualquer criança deve ter, independentemente de tudo; por variadas razões que põem em causa uma série de questões demasiado polémicas e sensíveis.

Em conclusão, a reportagem de Felícia Cabrita não passa de um exercício de mau gosto e voyeurismo em que ninguém sai a ganhar. Nem os leitores, nem o míudo, nem o casal gay. Há de vir o tempo em que a sexualidade será só um pormenor na definição de uma pessoa e não o seu bilhete de identidade.
Ordens superiores

No bar do piso 1 da Faculdade de Letras de Lisboa não se pode ler. Assim mesmo. Não se pode ler, mandou dizer a presidente do conselho directivo. Ora, então para que serve a faculdade?
Durão vai(a) com(a) outro/as

O Manuel Acácio queria hoje saber, no Fórum TSF, se a vaia a que Durão Barroso foi sujeito na inauguração do estádio do Benfica tinha uma leitura política. Ainda bem que teve, digo eu. É sinal que, sem oposição, ainda há quem obrigue o governo a fazer melhor. O poder está de novo na rua, é o que é.

sexta-feira, outubro 24, 2003

Bate leve, levemente...

Será que são as asas de António Costa que ouço levantar? O que quer ele dizer cquando diz que sabia o que fazer se fosse o partido?
Blue Eyed Pop

Um outro blog, fã de tantas coisas comuns.
Mulheres Apaixonadas

E se fosse eu a mandar a novela acabava assim:

- a Laura era despedida;
- o Téo ficava sozinho, a cuidar da Salete;
- a Gracinha perdia a criança;
- a Helena não contava ao Lucas a verdade;
- o Sérgio não se envolvia com a Vidinha;
- a Raquel não engravidava do Fred;
- o Marcos morria mas o Fred não;
- o César era desmascarado do seu charme de galinha e necessitava conquistar a Helena de novo;
- a Luciana ficava com o Diogo;
- o Expedito deixava a Marina;
- a Sílvia arranjava um amante a sério, não um taxista;
- a Rosinha era despedida;
- o fantasma da Fernanda não aparecia;
- o filho do César não se apaixonava pela Paulinha, que merecia ficar sozinha e aprender tudo de novo;
- as duas míudas lésbicas beijavam-se de uma vez por todas ou iam para a cama que ninguém acredita em tantos abraços;
- a Lorena ia dar aulas de educação sexual na escola.

Mas isto era eu, que vejo sem reclamar mas descrente de que a novela por mais que se queira fazer passar por real, insiste em que tudo acabe bem.
Os dias que foram

De tudo o que se decide comentar, o mais relevante acaba, às vezes, por ser o que nos esquecemos. Uma vez por mês dou a volta aos jornais e faço uma selecção do que quero perpetuar. É aí que me apercebo que há masi mundo além daqule que se regista. E um mundo, por vezes, bem mais acutilante. Haverá uma biblioteca para a memória perdida?
Je est un autre

Manuela Fereira Leite chora antes de tomada de posse de qualquer cargo (coisa aí para dois dias, no mínimo). Manuela Ferreira ri e desarma os jornalistas com a sua argúcia. Manuela Ferreira Leite também se engana muitas vezes. Manuela Ferreira Leite é, afinal, uma mulher com as outras.

(post para ser lido sem ironia. pensado depois de ouvir a reportagem na TSF sobre uma entrevista que MFL deu. Ora leia lá outra vez)
O xoxo da amizade

O que é o xoxo da amizade Bruno?
Uma boa noite... se conseguir

Ontem, o Jornal Nacional, na TVI, informou-nos que havia um homem de 75 anos que aliciava jovens no jardim da Graça, no centro de Torres Vedras. Com imagens exclusivas, feitas pela própria vítima (aqui no papel de jornalista TVI no seu melhor) e negadas pelo aliciador. Depois, a preparação do atentado em Columbine, com uma frase tão certeira quanto preocupante: imagina o que isto [um buraco de uma bala num tronco de árvore] não faria na cabeça de uma pessoa. Logo a seguir, os familiares das vítimas do Teatro Bolshoi que se questionavam sobre o poder do gás utilizados pelo exército russo. A meio o comentário de Peres Metelo sobre a crise económica (em estilo mais moderado que o de terça feira com MST).Mais à frente, um padre pedófilo, com motorista e assistente já acusados. Ainda uma criança com síndrome de Wolf, capaz de morrer a qualquer instante e no final de novo a história do velho de torres Vedras. Quando terminou o corolário de desgraças, Manuela Moura Guedes desejou uma boa noite aos espectadores.

quinta-feira, outubro 23, 2003

Um outro blog pessoal

Faz-me lembrar as canções do Rufus Wainwright, mas não sei se têm a ver.
Tudo a seu tempo

Manuela ferreira Leite diz que vai baixar os impostos. Só não sabe é quando. De tudo o que me poderia ocorrer, tenho medo das primeiras coisas que me vêm à cabeça.
A lei dos Amantes (6)

"Estou tranquila, ele disse-me que quando se apaixonar me manda um toque para o telemóvel, até agora nada, sabes... já lá vão dois anos! (...) Combinámos que se o toque demorar muito chegar é porque se trata de um sinal para eu descer! (...) Há dias recebi um toque não identificado, mas não vi nenhum carro lá em baixo; não sei o que pensar. Mas estou tranquila. Achas que lhe ligue?"
Fórum Mulher

A TSF inaugurou na 2ª feira um novo espaço de debate, com a particularidade de ser dirigido à mulheres, para que estas possam falar de todos os temas que lhes interesam e lhes dizem respeito, ou seja, todos. Isto diz esse equívoco chamado Margarida Pinto Correia (ainda tenho pesadelos com a interpretação dela na bela peça que Marco d'Almeida encenou no S. Luiz). Ora, logo na 3ª feira, uma senhora se insurgiu contra tal ideia visto tratar-se de uma discriminação positiva e que o diálogo no mundo era feito entre homens e mulheres. Resposta de MPC: são os dados que temos; achou-se que as mulheres tinham pouca representação na TSF. Três ou quatro comentários femininos depois, mandaram chamar um homem para dar a sua opinião.
Ainda o Santana ( versão stereo)

No estado de alma de Santana Lopes pela positiva, dizia o edil que se sentia sensibilizado com Bill Clinton que nesse dia, 3ª feira, tinha estado numa conferência em Lisboa. Que até tinha tido a oportunidade de estar sentado ao lado dele no almoço e aprendido imenso. Isto foi na SIC. Minutos depois, no Contra-Informação pidemos saber o que tinham, afinal, conversado os dois: Santana pediu a Bill Clinton para intereceder junto de Gehry para que o arquitecto fizesse um desconto nos honorários da obra do Parque Mayer. Isto não é uma cunha?
Às terças com Santana

A mim faz-me um bocadinho de confusão que as reuniões entre a Câmara e a Asembleia Municipal de Lisboa sejam conduzidas por outra pessoa que não o presidente eleito. É que Santana Lopes sai a correr para o comentário na SIC, para que se avalie o seu estado de alma. Não deveria ele estar presente? Ou a Câmara é só quando tem tempo?
Um milhão e 600 mil

Um milhão e 600 mil pessoas assistiram à discussão entre o Miguel Sousa Tavares e a Manuela Moura Guedes, na passada terça feira. Eu já tinha lido nos blogs piadas acerca da paciência de MST, mas nunca tinha assistido. Tem um ar demasiado altivo e de mal com a vida que às vezes me incomoda. Prefiro lê-lo no PÚBLICo à sexta. E por isso não sabia ao que ia. E o que assisti faz-me perguntar: Ó Miguel, o que é te impede de seres igaul aos que se sujeitam a quase tudo para um comentário? Tens mesmo que te sujeitar?

Entretanto, e por isso o post, o 24 Horas publica na 1ª página, hoje, que eles já se conhecem à 20 anos e que não evitam uma discussão. O que me leva a pensar que, afinal, a espontaniedade é programada? Ou não?

terça-feira, outubro 21, 2003

Lavar as mãos

O comentário irónico de Marcelo Rebelo de Sousa, no passado domingo, acerca da opção pelo direito indonésio, em casos omissos no direito timorense, em vez do direito português deixa-me com um sentimento ambíguo. Por um lado, reforça a minha convicção de que não valia a pena manifestarmo-nos por Timor, mais do que por qualquer outra situação de violação de direitos humanos, por outro lado apetece-me organizar um contingente terrorista e ir lá dinamitar aquilo tudo.

Mais a sério, a opção é compreensível do ponto de vista estratégico, se atendermos que a internacionalização de um pequeno país tem que ser feita pelo lado dos que têm o poder: o dólar americano, a língua indonésia, as embaixadas em países importantes. Fica-lhes é mal que só se lembrem de Portugal quando é para pedir dinheiro.

É por estas e por outras que as afirmações de Alberto João Jardim são, por vezes proféticas (mesmo que ele não saiba disso). "Nem mais um tostão para Timor" é, agora, uma obrigação moral e um verdadeiro sentido de Estado. O que falta a uns, tem que existir noutros.
Prioridades

A Faculdade de Letras fecha hoje em protesto. Um protesto civilizado e democrático, segundo informa. A faculdade estará aberta mas nãop encerrada e os alunos, docentes e funcionários serão convidados a não irem ás aulas e a juntarem-se num churrasco. Haverá também um atelier de pintura de t-shirts para se utilizar na manifestação de 5 de Novembro.
Pergunta inconsequente: quem paga a carne e a tinta?
Forças de coacção

E eles lá desceram dos autocarros, sorrisos amarelos e as caras ainda marcadas pela almofada. Era dia da defesa nacional, diziam entre dentes. Qual defesa? Contra quem? Sabes o hino pá? Olha, leva estas folhinhas e diz que foste bem tratado? Percebeste o que queriam? E porque é que não vieram miúdas também? Se vim com prazer? Ya, deu pra faltar às aulas?
Alteridade

Ontem, Arthur Rimbaud fez anos. Faria, se estivesse vivo. Que terá acontecido no preciso momento em que abandonou a escrita e foi para África? Que "outro eu" nasceu daí?

Eternuridade

Fixei-me nesta novidade ao longo do fim de semana. O melhor acompanhamento para os dias de chuva, jornais espalhados no chão, chá de camomila e o kempff ao piano

domingo, outubro 19, 2003

Uma recomendação esperada

Noblesse obligé, eis o link para o pai
Já dizia o outro...

Estas revelações acerca da linguagem de Ferro Rodrigues, recordam-me o Major Valentim quando dizia: Quantos são? Quantos são?
Nação Prozac

O país tal como o merecemos.
Conversas do alheio

À saída de uma garagem, diz a marquesa para o empregado:

- Quando os vires, dis-le que a sôra marquesa pergunta-le quando la veiem vêr.
Em início de carreira

Um blog, nascido em início de outono.
O Natal está à porta

Depois das iluminações dos manos Castro, os anúncios começam a preparar o terreno para a ofensiva consumidora em que se tornou o Natal. Hoje de manhã, ouvia na rádio que as compras feitas num qualquer supermercado, acumulavam pontos e descontos para as prendas de Natal; que o consumidor estivesse atento às novidades. Mais tarde, na televisão, um miúdo esfregava o nariz na montra de uma loja e sorria com a legenda: Eu acredito no Pai Natal.
Saber Amar

Como é que é possível que Rodrigo, que tinha 16 anos na altura em que a Carmo engravidou, seja o pai dos gémeos? Ela perverteu um miúdo foi? Em pleno folhetim casapiano, os alunos das escolas que agora estudam os resumos das telenovelas nas aulas de português, acharão isto normal?
Piu

Ando perturbado com um MUPI do BCP que anda por aí que anuncia um crédito bonificado que cresce que nem pintos. A questão é que há dias, centenas de pintos morreram electrocutados num aviário.
Vai ser tão bom, não foi?

E afinal a coisa não vai acontecer. Santana Lopes, em nome da hombridade e honestidade contabilista diz não ceder a protocolos e portanto o Parque Mayer vai ficar como está. Ou melhor, pior. Se é que tal era possível. Sr. Presidente, que cartaz vai colocar agora na fachada do espaço? Sugere-se: “Construa o Parque Mayer comigo. Alivie-me do pagamento e deixe aqui a sua contribuição.” ou “Eis mais uma das minhas. Aguarde pelo próximo bluff” ou ainda “Dentro de meses vai poder entrar no túnel do Marquês e estacionar aqui.”
E agora, acredito em quê?

Anos e anos de ilusão e afinal a muralha da China não se vê do espaço. Condenação à morte já para o profanador.

Em nome de quê?

No Actual do Expresso, a companhia de teatro Seiva Trupe, sediada no Porto e a ocupar o Teatro do Campo Alegre, fez publicar um anúncio acerca da estreia do seu próximo espectáculo, Copenhagen de Michael Fray. Até aqui nada de muito extraordinário (a não ser o facto, claro, a Seiva Trupe ser o único a acreditar – bom, o único não, há outras companhias iguais – a achar que ainda podem chamar teatro ao que fazem), a peça é um sucesso internacional e por isso a companhia até publicou um anúncio de 2 colunas, a cores e na página direita (não foi barato, portanto). Mas há menos de 6 meses atrás o Novo Grupo apresentou no Teatro Aberto a mesma peça. Se não se pode recusar a ideia de que o mesmo texto pode ser apresentado com leituras diferentes, outras questões mais importantes se devem, no entanto, colocar. Por exemplo, não ocorreu às companhias uma co-produção? O júri do Instituto Português das Artes do Espectáculo (actual Instituto das Artes) no dia em se prestou a ler o plano de produção das duas companhias não lhes fez notar isso mesmo? Será que o Teatro Aberto não podia ir apresentar a peça ao Porto? Porquê, pergunto. Porquê? Em nome de que ideia de teatro é que não trabalharam em conjunto as duas companhias? Será coincidência ou inconsciência?
As saudades que já tínhamos

A sempre bem informada Al Jazira, com certeza com informações recolhidas pelos seus correspondentes nas grutas em território desconhecido, divulgaram mais uma mensagem do terrorista Bin Laden. Tanto alarido para nada: afinal, era só para dizer, uma vez mais, que os americanos estavam a ocupar ilegalmente o Iraque, que estavam a destruir a cultura da região e, sobretudo, para se prepararem para a vingança.
Informação registada, ó Bin Laden.

quinta-feira, outubro 16, 2003

O tempo que há-de vir

Dentro de 6 meses, mais mês menos mês, o contrato com Pinamontti, director do S. Carlos, acaba. E que tal um abaixo assinado para que Rui Vieira Nery fosse convidado. A ideia surgiu-me daqui.
Os dias que passam

Não sei se é do tempo e da depressão que se instalou na nossa costa, mas não me tem dado para escrever. Venho aqui ao computador, abro e faço as ligações e depois nada. Não me sai nada, nem mesmo as razões que me levaram até aqui.
A lei dos amantes (5)

a quarta pessoa do singular

terça-feira, outubro 14, 2003

Acerca das fábricas de ilusões

Um dos males mais evidentes do nosso tempo é com toda a certeza esta banalização do aparecer, do ser famoso, conhecido, talentoso, com o “bichinho” e por aí fora. Há uma espécie de síndroma “big brother”, “Caras”, “pimba”, que parece afectar as pessoas e, principalmente, a malta mais nova. As pessoas querem aparecer na televisão, querem ser conhecidas. Algumas decidem ir para modelos porque o que querem mesmo ser é actrizes. Alguém percebe a relação?
O facilitismo da mediatização, que torna qualquer idiota ilustre, é tão evidente que apetece desligar. Quem? Quem são essas pessoas? É o que faço, tentando desviar-me do excesso de tempo de antena que parecem ter. A selecção rigorosa é difícil, mas há que fazer um esforço.
Eu, confesso, tenho uma fraqueza. Mas também não tenho vergonha de admiti-la. Sou fã da Operação Triunfo. Adoro as galas, os resumos e até a Catarina Furtado me começa a chatear menos. O nível desta segunda edição é claramente superior e até custa a crer. Não querendo convencer-vos de nada, a verdade é que o conceito da OT é totalmente diferente de qualquer outro programa do género. É uma escola com bons professores, senão os melhores. É um facto que personifica alguma visão fascizóide, como se apenas os escolhidos pudessem lá entrar. No entanto, consegue formar, ao mesmo tempo que entretém. Por isso não incorre nesse erro gravíssimo de todos nós de achar que é fácil ou que não é preciso esforço. Gosto daqueles alunos, como gostava dos anteriores. Não são concorrentes, como na triste réplica da SIC, são alunos a tentarem evoluir, aprender e, também, ganhar.
Esta é a diferença fundamental.
Mas não pretendia que este post fosse (apenas) um elogio ao programa da RTP. Todas as áreas “artísticas” e sociais estão minadas por essa ideia de popularidade e pela banalidade da mediatização.
Até a literatura. Ontem, a esperar por uma amiga, estive uns dez, quinze minutos em frente a um cartaz do novo livro da Margarida Rebelo Pinto, a nossa escritora best-seller de serviço. O cartaz, para quem não viu, tem a figura da dita encostada ao seu livro em pose. O livro chama-se “I’m in love with a pop-star” e, aparentemente, conta a história de uma mulher que está apaixonada, adivinhem, pelo cantor Robbie Williams. Não conseguia deixar de olhar para o cartaz. Pensava. Por um lado, apesar de ser uma grande beta, ela tem atitude. Por outro, é insuportável a sua imagem. A imagem que transmite é o contrário daquela que idealizamos para qualquer escritor. Isso, no entanto, não seria importante se os livros dela fossem bons. Ela diz que é POP. Mas não é, antes fosse. Não precisa ter uma imagem pré-idealizada nem uma pseudo-intelectual. Bastava-lhe ser uma boa escritora. Acho que é sobre isso que estamos a falar, não?
Quem dera a mim que, em vez da austeridade, os bons escritores também cultivassem uma imagem mais leve, mais colorida, mais POP. Seria mais divertido.
O que é a imagem afinal? Qual o papel que ela tem? E como é que nos livramos da sujidade do excesso de vedetas? Não há nada a fazer. Impõe-se a tal selecção rigorosa e, principalmente, pessoal. Nós ficamos sossegaditos e eles que continuem a falar noutra casa, noutro ecrãn de TV, num rádio de outro carro.
Até breve!
Contra a irresponsabilidade pública

Aqui, um elucidado e incómodo texto, antes dos lobos desceram á aldeia (vulgo, manifestações estudantis)
Mulheres Apaixonadas

Li o Bruno e apetecia-me falar mais da telenovela Mulheres Apaixonadas, mas estou preso ás emoções dos capítulos.

Pontos nos iiis

À Dra. Ana Gomes, não sei se a avisem se a deixem que se estampe sozinha. Para ler aqui, e aqui .

segunda-feira, outubro 13, 2003

Outra vez ao lado

A situação era no mínimo embaraçosa. Finalmente, o Herman Sic estava a haver uma conversa adulta, responsável, edificante e actual: Carlos Pinto Coelho e o apresentador dirimiam argumentos acerca do estado da RTP. O público estava absorto e confuso: mas então isto não é para rir? E foi assim que a conversa acabou, com um qualquer a despir-se e o povo a bater palmas.
Fábrica de ilusões

Ontem, Herman José recebeu como convidadas Rute Marques e Evelina Pereira que, espantosamente, anunciaram a abertura de uma escola de técnicas de representação, compltemanete diferente do que até agora existia. E para dar a aula de expressão corporal convidaram a actriz Ana Brito e Cunha (que está a fazer uma peça de teatro chamada, penso "fui com o autocolismo") que demostrou o que seria um bom exercício de expressão facial. O que se assistiu é por demais preocupante. A facilidade, o sonho, a ilusão, a ideia de oportunidade com que se iludem os alunos é demasiado alvitrante para se acreditar que alguém, minimamente consiente, possa acreditar que ser actor é ser famoso. E por aí segue a ideia de todos os reality shows. Que responsabilidades tem a Escola Superior de Teatro e Cinema que nada diz, nada fala, não se ouve? Porque será que ninguém explica que nada se consegue sem esforço? porque será que o mais importante não é aparecer?

Quando me passar a raiva, tentarei um novo post sobre o papel da formação nas artes do espectáculo e de como há muito os responsáveis de demitiram dessa função.
Geração enformada

Tenho, para mim, a ideia de que a utilização do regulamento do Big Brother e demais exemplos televisivos nos manuais escolares não é um efeito perverso se for levado no sentido certo. Ou seja, é tanto mais relevante se o exemplo de um regulamento é o do programa de televisão ou a constituição portuguesa. Não pode é existir um sem o outro e, sobretudo, se a intenção é utilizar os conhecimentos que os alunos trazem de casa, então que se utilizem para estudar fenómenos de popularidade, efeitos perversos da fama, o papel dos média na substituição dos educadores... Tratar os alunos como imbecis, dando-lhes exemplos que possam reconhecer sem esforço é q está errado.

A substituição de conceitos e conhecimentos fundamentais para qualquer pessoa por outros que em pouco vão contribuir para o alargar de conhecimentos, em nada os vai ajudar a tornarem-se melhores cidadãos. E essa é a função da escola. Não é facilitar o trabalho aos alunos. É construir com eles um percurso.

Por isso me parece que se está a fugir ao lado da questão que, para mim, será: porque é que foi necessário ir buscar o Big Brother para explicar o que é um regulamento (e este é um exemplo entre tantos)
“Ilusão estatística?” Nããããã

Segundo o Público online, a Grande Lisboa é a região da Península Ibérica mais rica em poder de compra. Essa afirmação baseia-se na base de dados da Comissão Europeia e está relatada num estudo encomendado pelo BCP e realizado pelo Centro de Estudos Aplicados da Universidade Católica portuguesa. E o que é que isto de facto quer dizer? Basicamente, o artigo (longo) explica-nos que o índice de poder de compra é calculado através da relação entre o PIB (neste caso, Lisboa já aparece em 5ºlugar) e os preços. Como, aparentemente, os nossos preços são mais baratos do que os de Espanha, feitas as contas, nós conseguimos comprar mais, mesmo recebendo menos.
“Qual é o problema? O país está pessimista e quando aparece em primeiro lugar, ninguém acredita?”, afirma o coordenador do estudo. É caso para pensar que este senhor não conhece as casas portuguesas, que nem tudo depende das notícias nos jornais, mas mais nas contas ao fim do mês. E essas estão mesmo em crise.
O artigo continua, falando na hipótese de ilusão estatística. Ao que parece, a presença do governo na capital da nação poderá balancear grandemente a tabela de salários e o nosso poder de compra. Há também outras considerações acerca dessa hipotética ilusão. Todas elas refutadas por uma série de argumentos. A questão com que me deparo é a seguinte: por que é que estes dados não sobressaem quando tenho de fazer as minhas compras de primeira necessidade? Quando gostava de comprar um livro, ir ao cinema, ao teatro? Comprar um carro novo, porque o meu recusa-se a deslocar-se com chuva? E por aí fora. Onde estão os dados na vida real? É um caso bicudo, até para os melhores especialistas.
O coordenador do estudo, embora ache que estamos de facto em primeiro lugar, não se faz rogado em justificar por que é que isso não tem validade nenhuma. Alerta para o facto “de maiores rendimentos ‘per capita’ nem sempre se traduzem em maior desenvolvimento.” Pois, também acho, porque senão nós notávamos alguma coisa.
Mas isto não fica por aqui, não pensem. A certa altura, parece que o coordenador é uma espécie de messias da governação, quando diz “É importante que se saiba gerir bem o dinheiro público” e depois fala sobre outros dados estatísticos “importantes”. Nem a Manuela Azeda o Leite o teria colocado da melhor forma.
Depois penso como será difícil gerir os dinheiros públicos. A dificuldade de cortar nas despesas é nossa bem conhecida em casa. Corta-se nos doces, nas bolachas, na vaca, no marisco, no queijo, na charcutaria, no teatro, no cinema, nos brinquedos, nas viagens, na roupa,…
Mas, xiça, não devíamos ter nós poder de compra? Coitados dos madrilenos que, ao pé de nós, têm de cortar no pão.
É por causa destas coisas que toda a gente sabe que a estatística é a maior mentira mascarada de ciência alguma vez inventada. Talvez se divulgarem bem estes dados, as pessoas se sintam subitamente optimistas e com uma grande predisposição para gastar dinheiro.
Enfim. Até breve!


sexta-feira, outubro 10, 2003

Uma ideia de cultura, por favor

A notícia só podia ser boa. Finalmente a TVI ia ter um programa de divulgação cultural, ainda que atirado para a madrugada. Mas aquilo a que se assistiu ontem no novo programa Cartaz das artes foi tudo menos um programa cultural. Não será de estranhar, por isso, que o logotipo da TVI não tenha aparecido na ficha técnica.

José Paulo Sacadura, mais excitado que apresentador, movimenta-se coordenado com as mudanças de cãmara e falava dos eventos que iriam mudar os hábitos dos espectadores. Agora sim, finalmente o espectador da TVI poderia optar por um programa diferente (e eu a pensar que o objectivo da TVI era agarrar o espectador ao ecrã a todo o custo) ainda que entre as reportagens se misturassem eventos já acontecidos, ausência de indicações de data, hora, local, nome dos intervenientes ou qualquer outra informação que permitisse a dita escolha.

No final, uma agenda cultural que dava conta de eventos a acontecer só daqui a dois meses e alguns deles também sem essa preocupação de outra informação que não fosse o registo factual.

A TVI nunca foi famosa pelo seu tratamento à cultura. De cada vez que se pretendia marcar uma reportagem ou convidar para um qualquer lançamento, lá vinha a resposta de que a equipa era pequena, as prioridades eram outras... ao menos já sabíamos com o que contar. Agora, não só há a ilusão de que a TVI tem um programa cultural como se crê que o destaque serve para alguma coisa.
Souto Moura

Porque é que será que eu acho que Souto Moura tem razão? Independentemente de todas as razões e dúvidas que possam se apontadas ao processo, a verdade é que Paulo Pedroso não foi, ainda, ilibado. E até lá é arguido.

quinta-feira, outubro 09, 2003

O caminho...

Hoje de manhã, no Fórum TSF, dizia José Miguel Júdice que tla como a maior parte do povo ele também não sabia muito do código processual. É por isso que isto e isto são relevantes. Belo sinal, sim senhor
Borges, pré-blog

Disse o Jose Luis Borges a determinada altura que um livro dele, que apenas tinha vendido 37 exemplares, lhe tinha dado vontade de saber quem tinham sido os compradores, esses que tinham um rosto e uma casa e uma família. Os que se tinham sentido motivados pelo que liamPorque vender milhares de livros era como não vender nenhum. Talvez essa seja a resposta para os blogs que não chegam aos milhares de leitores
Casa Pia, capítulo 3456

Ás novidades sobre a casa mais famosa do país cita-se o Wittegenstein... o silêncio é a melhor forma de falar quando não se sabe o que dizer.
O peixe e a Água

Podia ser o título de uma parábola, ou talvez seja, mas foi uma metáfora utilizada por Frederico Lourenço para definir a sua posição face às questões de classificação que a sua trilogia romanesca, que entretanto se viu alargada, precisamente, com o 3º livro da história do camonista Nuno Galvão. à  beira do mundo é, assim, o capí­tulo final - a chave - nesta história de amores académicos e homossexuais, sem que nenhum destes aspectos seja o mais relevante no que se conta, mas somente linhas por detràs da construção da história.

Falou, ontem, em jeito de introdução ao universo de Frederico Lourenço, o romancista - além do professor, do tradutor ou do melómano, entre tantas definições - Osvaldo manuel Silvestre, no auditório da FNac-Colombo, sobre a transparência das emoções e de como isso se reflecte nas personagens, espelhos uns dos outros, sem o saberem ou sem o serem, por vezes. Mais além do que a 1ª leitura - sempre breve - possa ir, o crí­tico e editor salientou aspectos que, estando presentes na obra do escritor - o universo académico, as relações homossexuais, a formação individual, o elitismo das classes média/alta - não a condicionam, antes a elevam para um registo maior que as próprias palavras utilizadas para contar a história. Não sem, no entanto, deixar de frisar que tais classificações impedem a boa performance dos livros no mercado editorial.

E Frederico Lourenço, do alto da fragilidade emocional de quem fala de uma criação e fascinado com o mundo que "inventou" - personagens que lhe resolvem alguns problemas e trabalham questões para as quais ele considera, por vezes, não ter mão - confessou o quão perplexo ficava ante a classificação dos seus livros. Porque seria, precisamente, como perguntar ao peixe como é que definia a água. Ora, nem o peixe sabe viver sem água, nem Frederico Lourenço sabe falar de outras coisas que não lhe sejam naturais.

É por isso que os ombros encolhidos, as mãos abertas, os olhos vagos dizem muito mais e definem um trabalho onde o pormenor de certas passagens - e o prazer em criar situaçõees limite a partir do quotidiano - são bem mais importantes que um resultado, quem sabe falacioso - e quem é que não utilizou já uma falácia esperando que ninguém notasse o salto na argumentação, questionou Osvaldo Silvestre, entre olhares cúmplices da assistência.

Mas ainda que Frederico Lourenço não se importe com as vicissitudes das classificações, Gastão Cruz, presente entre o público, afirmou que a discriminação positiva a que o autor era sujeito, o impedia de chegar a um público mais vasto, assim como Camilo ou Eça chegavam, precisamente por não verem a sua condição sexual incluída no rol das apreciações. Osvaldo Silvestre remeteu a questão para o ensaio que Eduardo Pitta preparou para a Angelus Novus a propósito da homossesualidade na literatura portuguesa. porque, concluiu Osvaldo Silvestre, entre abespinhada argumentação com Gastão Cruz que existem poetas gays e gays que escrevem poesia.

Mas, como afirma o autor, Frederico Lourenço, e ainda que não se possa deixar de pensar que, efectivamente, por mais que se pretenda fugir aos estereótipos e classificações, a sua encantadora e iluminada trilogia - o percurso de Nuno Galvão - é, como definiu, com ironia o apresentador da obra, um romance snob, elitista, gay, académico e falacioso. Mas tudo isto não passam, afirmo eu, de linhas de leitura numa história de amores mais profundos que o previsível, com reflexos através dos tempos e algumas premonições arrepiantes. E é na leitura global que se encontra a beleza, inclassificá¡vel, da história. Tal como Frederico Lourenço, o romancista, éo conjunto de outros tantos Fredericos Lourenços.

Aguarda-se, ansiosamente, por conhecer outras facetas.
O rebuliço

Tenho estado bastante caladinha, é um facto. Estes tempos modernos trazem-nos por vezes aquela desorientação irreversível, em que as coisas parecem que nunca mais vão voltar ao lugar. Assim, o lugar a ficar passa a ser a desorientação. Estou há meses a tentar endireitar os meus dias e ainda não consegui. Amigos com os quais combino coisas e que falho à última da hora. O meu único compromisso sério parece ser com a minha casa e, mesmo assim, há dias em que julgo que também falho isso.
Que tipo de vida moderna é esta? O rebuliço! Não é só o trabalho. O ano passado estive desempregada seis meses e sentia a mesma desorientação, a mesma incapacidade de gerir o meu tempo.
Dedico-o a mim e aos que mais amo? Ou dedico-o à criação e aos amigos? E outras questões… tantas, tantas. Assim, os amigos mais resistentes ficam e os outros, aqueles que até julgávamos que eram para sempre, partem.
Eu seria uma boa amiga de mim mesma, até a um certo ponto. Passado esse ponto, achar-me-ia uma grande cabra e seguiria em frente.
Com esta conclusão, é bom começar a fazer telefonemas. Mas o problema é que já comecei e acabo sempre por voltar ao mesmo ponto. Onde está a minha vida?
Até breve!

P.S. Estou muito constipada. Isso deve desculpar o meu mau humor.
Conversas
(o que nos chega ao mail)

- Tens um minuto?
- Sim, claro.
- Decidi ir para Medicina.
- Decidiste ir para Medicina... Assim?!
- ... sim!
- Mas, ouve lá, falaste com o teu Pai ?
- Não! Falei com o teu.


quarta-feira, outubro 08, 2003

O regresso de Ulisses

Logo depois do volumoso trabalho de tradução da Odisseia, eis que Frederico Lourenço regressa ao romance. Depois do prémio para melhor primeira obra, a 3ª parte das desventuras do professor Nuno são lançadas hoje. Antes da leitura, a resenha por quem é uma lufada de ar fresco na crítica (não sabia é que tanta ia à literatura)
Arrumar a casa

Afinal já se sabe quem está por detrás de todas estas demissões: os movimentos feministas. Mais mulheres para lugares de chefia. Se não é a bem é a mal.
Teresa Patrício Gouveia é a próxima. Mas e Serralves Dra?
Agora juntas irão arrumar a casa. Já estão 4. Quem é a próxima?
Fúria Justiceira

Não fosse a perplexidade e tinha desligado a televisão ontem. Tanto na TVI como na SIC, se dava a notícia que o ministro se demitia não por causa da falat de ética, não por causa da ilegalidade, não por causa da palavra de hinra ou solidariedade mas porque a televisão tinha avançado com a notícia.

Afinal quem é que está a fazer o trabalho de quem?
Sinfonia A Despedida

Graça Moura antes de ir embora ainda levou com mais um não, desta feita dos alunos. O concerto de encerramento do festival de órgão foi cancelado. Independentemente de todas as questões subjacentes às causas, onde é que ficou o respeito e a considerão pela organização do festival (ainda me lembro de ouvir os responsáveis garantirem à Judite Lima, na Antena 2 que sim, o concerto se ia realizar apesar de tudo. Ela voltou a questionar a confiança e levou como resposta: Nós confiamos nos alunos da orquestra e no seu maestro) e pelo público?

Um espectáculo marcado não se cancela, sejam quais forem as razões. A arte é feita para a fruição de todos e não só para os executantes.

Do outro lado do hemisfério

Em boa hora a Atalanta e a Embaixada da Argentina lembraram-se de organizar um ciclo de cinema para apresentar o novo cinema argentino. Um mais novo que outro, mas todos uma lufada de ar fresco nas nossas salas de cinema.

Um cinema depurado, minucioso e preciso... com uma inteligência acima da média e sem pedir nada a psicologismos europeus ou fragilidades americanas. Uma descoberta prazeirosa para aprender, ver e repetir. Se há semelhanças entre a cinematografia argentina e a portuguesa não as reconheço. É que lá os filmes não têm todos uma mensagem e os que cá não querem ter uma mensagem perdem-se em discursos redondos.

Exageros e generalidades á parte, descubram por favor.
Adeus lenine ou o bucolismo serôdio

Tendo a concordar com A Praia na crítica ao filme, ainda que eu não seja fã quer deste quer da amélia histérica ou do albergue espanhol.Parece-me sempre um subterfúgio para a facilidade ao perceberem que as questões levantadas são demasiados pesadas para as respostas que o filme está preparado para dar.
Se for possível, entrem só na 2º parte do filme (se o virem numa sala com intervalo claro) pois só aí o filme caminha para um sentido mais profundo e menos circense, falso e insonso.
Há algo deprofundamente verdadeiro e assuastadoe em Adeus Lenine quando a certa altura Alex, o Poulain da ex-RDA, afirma que o lado oriental que criou é mais verdadeiro que o que existiu, e por isso mais justo. O que nos levaria a falar do conforto da ignorãncia em determinados regimes.
Última questão, antes de bater no Yan Tiersen: será que ninguém viu que a pérche estava sempre presente nos planos?
Eu já tinha detestado a música ecológica e salvífico-sonhadora da fabulosa Amélia, mas que raio deu na cabeça do compositor para sufocar o filme de órgãos electrónicos?
La nave va

E eis que a ética - ou a razão - o tomaram na certa. Martis da Cruz lá se demitiu, alegando fragilidades e perturbações no seio familiar, principalmente para a filha (?????????). Hoje, ao ler o perfil dele nos jornais espanta-me como é que chegou a este ponto. No melhor pano cai a nódoa.

terça-feira, outubro 07, 2003

Piropos

Um distinto senhor, de idade já avançada atravessa a Gomes Freire e encadeado diz a uma jovem rapariga que vê uma montra:
-Você é muito bonita.
Ela, sem saber se ele está a ser sincero ou obsceno, agradece e tropeça num canteiro.
já não sabem receber elogios, as mulheres?
Ser ou não ser, eis a demissão

Falou-se de honra e de honestidade política e cívica; compararam-se casos para justificar uns e outros, mas ninguém me consegue explicar porque é que uns são mais culpados que outros. Hoje de manhã na TSF, alguém dizia que o instigador da ilegalidade era tão culpado quanto o responsável por ela. Não será mais?
E não se pode a filha do Martins da Cruz demitir?
Estes dias de Outubro

Portugal celebrou com mais veemência a passagem do 4º aniversário da morte da Amália que os 93 anos da queda da monarquia. E ainda falam da alma lusa... é por estas e por outras que os monárquicos têm razão: deváimso antes comemorar o Tratado de Zamora, afinal foi aí que nascemos.

domingo, outubro 05, 2003

Estou envergonhado

Confesso que me sinto envergonhado. Hoje é dia 5 de Outubro e só me lembrei agora, ao ler as felicitações no Kleist. estou tão envergonhado que nem sei o que escrever. Serei menos português assim? Em jeito de redenção, aqui fica a letra e alguns dados.
Quem és tu?

A sociedade civil volta a dar que falar. Depois de ter recebido o 2º canal da RTP, agora Carlos Monjardino vem dizer que, ao falar-se de uma eventual candidatura sua à Presidência da República, afirma que "desde que parta da sociedade civil. Porque estou convicto de que essa era a melhor solução, que o nome partisse da sociedade civil." Mas quem é esta sociedade civil afinal?
Do outro lado do espelho

O que quem vê a sua cidade transformada?
Sexta à noite na Sé

Fui à Sé de Lisboa assistir ao concerto de Vincent DuBois no âmbito do Festival de órgão de Lisboa. Obras de Liszt num espaço fenomenal. Faltaram-me as palavras, mas aqui fica uma crítica entretanto saída. Espero ler em breve a opinião do Crítico e do pequenino.

sábado, outubro 04, 2003

Este blog tem erros. Assumo isso.

Já perdi a conta aos erros que detectei neste blog. erros gramaticais. Alguns corrijo, outros não. Narciso por narciso, prefiro-os assim. Ainda não tenho 202138 visitantes e por isso ainda tenho alguns luxos.
O futuro à Cruz pertence

Ouvidas com atenção, as afirmações de Durão Barroso em Roma mais não são que uma sentança a prazo de Martins da Cruz. É claro que, como escrevi abaixo, Portugal não se poderia fazer representar por um ministro demissionário. Ferro Rodrigues pode descansar, ainda que tenha exagerado na demagogia.
É mais do que natural perceber-se que Martins da Cruz não vai resistir muito tempo. Resta saber se a filha vai fazer novo comunicado.
Afinal, és ou não cúmplice?

António Lobo Xavier sentiu-se insultado por Freitas. Mas onde estava Lobo Xavier quando aprovaram o vídeo sobre a história do CDS-PP que passou no congresso?
Estaline, versão Lusa

Não sei qual o candidato mais indicado para o papel: se Portas ou os promotores da Orquestra Metropolitana de Lisboa.
O realismo, versão pobrezinha e sem imaginação

Eis que alguém fala dessa tristeza ambulante e incómoda que se passeia no Chiado, mas também na gulbenkian, com um cabelo mal lavado e umas roupas descozidas. Se aquilo é anarquia eu sou cristão convicto.
os poemas dessa rapariga são maus, eu mesmo já lhe disse para ela procurar uma editora ou fazer uma edição de autor já que lhe incomoda tanto o desprezo dos outros, mas ela insiste.
Obrigado Pedro. Fiquei foi confuso com a frase final, ambiguamente favorável à rapariga
Ainda sobre o Lynce, a Cruz e a filha deste

Pois eu também acho que o Ministro dos Negócios Estrangeiros se devia demitir, mas isto da ética é uma coisa pessoal. E quem a tem passa fome.
Agora percebo bem que fosse complicado ele ir à Conferência Intergovernamental como ministro demissionário. No entanto, quantos ministros estrangeiros lêem os jornais portugueses?
Toda a verdade, mas não tanto

Ainda sobre a transparência do Ministério da Ciência e Ensino Superior, foi apresentado aqui, o certificado de habilitações da filha de Martins da Cruz. Há que ter decoro senhores, para se evitar piadas maldosas como a de ficar espantado com o facto de uma tão pouco ágil aluna a Educação Física ser tão hábil a inventar uma excepção à excepção.
Graça Moura has left the building (ainda não!!)

De acordo com a TSF, Miguel Graça Moura vai mesmo abandonar a direcção da Orquestra Metropolitana de Lisboa. Aguarda-se, agora, que os promotores (leia-se Santana Lopes e a C.M.L.) não abandonem o projecto.
Toda a verdade

E para que não os acusassem de falta de transparência ou má-fé, o MCES deciciu apresentar toda a verdade. Aqui está a carta da filha do Ministro Martins da Cruz.
Estou com o ADeus, também espero que a menina não desista do curso a meio. Continuo é sem perceber porque raio optou ela por vir estudar medicina em Portugal.
A velocidade dos acontecimentos

Os estudantes achavam que a demissão de Lynce se deveria dar por outras razões e o povo (essa entidade abstracta) jamais verão a "coisa" como um proceso administrativo. O Ministro dos Negócios Estrangeiros não se demite e a filha vai para fora estudar (pergunto-me como éque alguém pode dizer uma coisa destas em plena crise contestatária). E afinal descobre-se que Martins da não é um recorrente em expedientes.

quinta-feira, outubro 02, 2003

Efeitos Colaterais

A crónica de Pacheco Pereira hoje no PÚBLICO é não só assustadora como concretizável. proponho o seguinte: que tal um silêncio de protesto contra Paulo Portas? Se o que não o mata o torna mais forte, que tal ignorá-lo? Pode ser que assim se veja sem força e a falar sozinho.
A chuva, essa impossível inimiga

E às primeiras chuvadas desfaleci. O tempo cinzento, as primeiras castanhas assadas, o vento desoldor e o Lugansky com Chopin ao piano foram razões mais do que fortes para me manter afastado deste blog. Tempo de reflexão? tempo de quê, afinal?