quarta-feira, outubro 29, 2003

Os anjos bebem nas fontes

(...)
Do outro lado estou eu,
Como sou e como plano,
Na surda voz do piano
Que aos poucos endoideceu.

Sou eu, despida e vestida
Com as flechas que me atiraram.
Sou eu, dura e solitária,
Já vencida e convencida.

(...)

Mas ninguém leu horizontes
Em livros de cemitério...
E os Anjos bebem nas fontes


Natércia Freire
Anel de Sete Pedras (1952)

.


Sem comentários: