quarta-feira, agosto 31, 2005
Profundezas
Representações do corpo
Representações do corpo (X)
Domain Field, 2004
terça-feira, agosto 30, 2005
A lei dos amantes (97)
segunda-feira, agosto 29, 2005
Processos criativos
Hoje, O ENCONTRO, de Luciana Fina
O impasse da incomunicabilidade e a cristalização das culturas
35 bailarinos e coreógrafos vindos de diferentes países encontram-se em Lisboa para participar no 7º Encontro Internacional "Dançar o que é Nosso". Questionam-se as práticas performativas e a formação da atenção como possível resposta das artes ao impasse da incomunicabilidade e da cristalização das culturas: um intenso mês de estudo e trabalho com o antropólogo André Lepecki e com coreógrafos convidados da Alemanha, Indonésia, Holanda, Espanha, Portugal, África do Sul, EUA, Burkina Faso.
Amanhã, TUTTO SOMATTO, de Margarida Ferreira de Almeida
Um lugar de (re)encontro com os protagonistas da arte contemporânea
Vinte anos de actividade da Galeria CÓMICOS / LUÍS SERPA Projectos [...] O documentário será assim, um lugar de (re)encontro com os protagonistas da arte contemporânea e uma oportunidade de ver aqueles que contribuíram decisivamente para o seu desenvolvimento cultural e cosmopolita. [...] cada momento as metodologias de abordagem aos diversos fenómenos artísticos permitiram a condução da galeria para um domínio menos comercial e mais cultural onde os temas artísticos e culturais são tomados como pretexto para uma discussão cultural pública. [...] O Documentário será centrado no personagem Luis Serpa que narra o que foi a vivência enquanto galerista, das duas fases distintas da história da Galeria, ou seja, dos seus primeiros e segundos 10 anos.
Políticas e práticas interculturais no âmbito da produção, do ensino e da criação na dança contemporânea
Projectos e problemáticas de uma organização financiada pela comunidade europeia para estimular a pesquisa, a criação e a circulação da dança contemporânea nos países do mediterrâneo: a rede das pessoas que habitam e animam o DBM, as suas expectativas e o seu desejo de movimento, atravessando momentos de encontro na Turquia, Sardenha, Tunísia, França e Portugal. Comunicar no âmbito de um circuito internacional é como dançar em contínuo desequilíbrio. Podem as capacidades de transmissão, de construção de circuitos e de ressonância convocadas nos processos criativos servir de inspiração para dinâmicas culturais e políticas?
O processo criativo da obra de José Pedro Croft
José Pedro Croft prepara no Centro Cultural de Belém uma retrospectiva de 20 anos de carreira.De câmara na mão, Margarida Ferreira de Almeida parte do(s) corpo(s) deste escultor como matéria viva para um processo exploratório e de pesquisa, através da re-montagem das peças do artista e do trabalho com os técnicos.De forma simétrica ao processo de montagem da exposição o filme ganha paulatinamente a forma de uma escultura instável.Adiro ao movimento do meu corpo e faço-o, é o movimento que desencadeia o movimento do plano e é este que lhe dá sentido, que sentido? É esse mistério, na certeza de que o que se move como corpo, regressa como movimento do pensamento.
Baseado e inspirado nas coreografias de Vera Mantero sendo Vera a principal protagonista
Construído de uma forma tão paradoxal quanto bizarra, atropelo de práticas e linguagens: Filme? Documentário? Ensaio? O Objecto deste trabalho é a dança que diz o que se move é Vera Mantero coreógrafa e bailarina, quando a convite da Culturgest apresentou em Março de 1999 a retrospectiva da sua oba. Foi então que Vera e Margarida se encontraram, daí resultou este vídeo, criado imaginado e sentido a partir de uma grande curiosidade, cumplicidade e aproximação ao universo de Vera enquanto pessoa, coreógrafa e bailarina. O corpo e o lugar do corpo. Na dança das imagens, nas imagens da dança ambas à procura de uma nova energia.Num corpo que se sente, hoje cada vez mais fragmentado.
Representações do corpo (IX)
Auto-retratos (2000)
David Houston Jones
domingo, agosto 28, 2005
Leituras de domingo
Troubled waters, crítica à mais recente [apresentaçao da] ópera de John Adams, The Death of Klinghoffer, que causou polémica no Festival de Edimburgo in The Guardian
Andy Warhol: prisioner of your own meat, artigo de Douglas Coupland sobre o trabalho em polaroid do artista plástico in EyeStorm
Especial Edimburgo 2005, o dossier sobre o maior festival de teatro do mundo no The Guardian
Europa no es un tribunal cultural, entrevista com o [poeta e] dramaturgo caribenho Derek Walcott, [prémio Nobel da Literatura 1992] in El Mundo
Passion and the prisioner, reportagem sobre o que vêem as mulheres nos prisioneiros in New York Times
sábado, agosto 27, 2005
Pedidos
Representações do corpo (VIII)
Lucien Freud (Alemanha, 1922)
Retrato de Isabel II, 2001
Os limites da representação (II)
Começou ontem, prolongando-se até dia 29, a apresentação dos mais recentes habitantes do Z00 de Londres. Desta vez, três homens e quatro mulheres mostram-se para quem os quiser ver, somente com uma folha de figueira. A experiência, chamada The Human Zoo procura pensar o impacto do Homo Sapiens no restante reino animal, sendo alimentados pelos tratadores e observados pelos visitantes, tal como os outros animais. A única (grande) diferença, é que estes 'animais' têm a possibilidade de ir dormir fora e na segunda-feira já estarão em casa (ou antes, se assim o desejarem).
Ver o ensaio de Desmond Morris, The Human Zoo.
Os limites da representação (I)
Ver reportagem no New Tork Times.
Ver instalação da obra na 49ª Bienal de Veneza (1999) e texto de Jose Manuel Springer acerca do contexto da obra na Bienal, Entre lo real y lol ficticio.
Ler artigo Es esto Arte?, publicado na Revista do El Mundo.
quinta-feira, agosto 25, 2005
O corpo aprisionado II
Encontro Lisboa 2005
NEGÓCIO
19 Agosto 2005
21h30
sala cheia
Concebo os meus trabalhos como histórias da minha experiência física.
Robert Whitman
O 2º grupo de apresentações informais do Encontro Lisboa 2005, cruzou o trabalho da portuguesa Filipa Francisco (Leitura de listas..., 2003) e da brasileira Cláudia Müller (Dois do seis de setenta, 2003). Ambas construíram propostas que tentavam inscrever no movimento e na relação corpo-espaço, uma história pessoal, fosse esta ficcionada ou visivelmente verdadeira. Esta ideia de trabalhar a biografia no corpo, relaciona-se não só com a vontade de inscrição física de uma memória, mas também com a potenciação do corpo como entidade concreta. Um caminho de dois sentidos, que nem sempre se cruzam.
No caso de Filipa Francisco trata-se da busca de um espaço para o corpo enquanto instrumento de manipulação do quotidiano, da vivência e da reflexão organizada sobre essa mesma vivência. Leitura de listas... (45 minutos), procura ser tão simples e metódico quanto o resultado final de uma lista (porque intencionalmente finita) proporciona. Ou seja, é um espectáculo cumulativo, de coreografia reduzida e apostado numa cumplicidade entre o espectador e os itens listados. Memórias de infância, recusas, afazeres profissionais, desvios filosóficos, tradicionais listagens de filmes, discos, canções ou observações irónicas, são a matéria que a coreógrafa combina, numa proposta algo previsível e superficialmente envolvente.
O maior handicap de Leitura de listas... não está, por isso, na construção e organização de um todo pessoal e pretensamente biográfico, mas no modo como Filipa Francisco hermetiza a proposta. A relação que estabelece com o espectador, chegando mesmo a procurar convencê-lo de que a escolha arbitrária de uma lista se prende com uma cumplicidade momentânea, não consegue ultrapassar a sensação de preparação e controlo de toda a proposta. Assim, essa escolha de um caderno, que por vezes se apresenta como um novo desafio (sobretudo quando a essa leitura associa movimento, sai do espaço ou constrói uma ambiência sonora e visual), remete sempre para a frieza e bidimensionalidade das próprias listas.
A ideia preliminar - um trabalho algo informal e up-to-date sobre o próprio processo criativo - parece, assim, ser anulada em nome de uma proposta de conversão de um conjunto de aleatoriedades e coincidências em esquemas formatados, que só a observação atenta força a uma organização. Não obstante, o universo que a criadora escolheu para trabalhar, é suficientemente rico para abrir possibilidades de interpretação e, sobretudo, validar a realização dessas mesmas listas. Parece, no entanto faltar um lado humano, mesmo que normativo, de modo a que esta proposta pudesse ser vista como mais do que um exercício criativo (quando denunciava ser crítico) sobre processos de experimentação e mapeamento de obsessões.
Já em Dois do seis de setenta (20 minutos), Cláudia Müller parte do corpo para construir uma coreografia da dor e da sobre-exposição biográfica. A proposta faz-se de dois segmentos narrativos, um em que a coreógrafa explora uma ideia de libertação e deslocação do corpo no espaço. E outro em que re-inscreve na pele as marcas de acidentes que sofreu. No primeiro segmento, ao fazer do chão e das peças de roupa adversários, a coreógrafa executa um trabalho de minuciosa e angustiante violência. O espaço que a rodeia, com os espectadores espalhados pelas paredes, torna-se demasiado pequeno e é trabalhada uma ideia de claustrofobia. Quase sempre deitada no chão, os gestos são bruscos, animalescos e desesperantes. A sensualidade inerente a um corpo que se despe é aqui substituída por um discurso ausente de delicadeza. Mesmo que, de uma maneira geral, a violência seja sobejamente coreográfica. Mas se na primeira parte o trabalho ergonómico e metamorfoseante da criadora pode impressionar não tanto pela destreza coreográfica, mas pelo modo como desenvolve possibilidades de confronto entre memória e espaço, no segundo segmento Cláudia Müller não resiste a uma figuração dessa memória.
Porque ao escrever datas e locais, ou simplesmente fazer círculos nas marcas e cicatrizes, Cláudia Müller já não está no território da criação de um efeito seja de distanciamento dos eventos reais, seja de evolução dos pressupostos coreográficos. O facto de partir de matéria que se convenciona considerar verdadeira, obrigaria ao desenvolvimento de um outro nível dramatúrgico. O corpo (duplamente) marcado deixa de ser um dispositivo instigador para passar a concentrar toda uma memória, passando então a importar o modo (e a razão) como se percepcionam confrontos com essa mesma memória. A pele, que deveria funcionar como fronteira para o peso que as marcas têm, torna-se espaço para uma exposição inconsequente, porque superficial. A dupla identificação deveria criar novas relações, não só com a memória, mas também com o futuro. E o que Cláudia Müller oferece, numa atitude falhada de ex-machinaé a hipótese de confronto entre as marcas do público e as suas. Fixa, assim, uma ideia de marca e cicatriz que têm menos a ver com uma aprendizagem, mas mais com uma obsessão.
Se considerarmos que o trabalho de Filipa Francisco e Cláudia Müller (bem como o de Cristina Blanco, Andrea Sonnberger, Gustavo Ciríaco e Ana Borralho/João Galante, apresentados anteriormente no âmbito do Encontro Lisboa 2005) pressupõe a criação de diálogos entre corpo, o espaço mas, sobretudo, a criação de teias, redes e pontos de contacto, devemos ter em conta que a coreografia dependente da memória, obriga a uma consciencialização do modo como se organizam discursos performáticos. António Pinto Ribeiro abre o seu ensaio por exemplo a cadeira (Edições Cotovia, 1997), exactamente com aquilo que pode ser um aviso para esta relação memória/ficção corpo/realidade: "um corpo não é uma entidade abstracta, um receptáculo onde se podem colocar atributos tais como alto, baixo, forte, magro; não é uma esfera a que se circunscreve o ser num determinado tempo, mas é uma energia, onde se inscrevem circulações, substâncias, forças, pigmentações, comportamentos resultantes de treinos, de técnicas e de linguagens a que está permanentemente sujeito. Esta é uma constatação essencial e uma alteração radical no modo de colocar o problema do corpo no final deste século". (p.7).
Ver outros textos produzidos sobre o Encontro Lisboa 2005:
No Body Never Mind 002, de Ana Borralho/João Galante
Apresentações informais de Cristina Blanco, Andrea Sonnberger, Gustavo Ciríaco
Desvios e traduções (palestra)
Tinta desperdiçada (actualizado)
A escolha do quadro de Paula Rego foi feita pelo historiador Tristam Hunt: I really hate so many paintings. All those really busty Rubens in the National Gallery, for instance. But I tell you the one I really loathe. It's that portrait of Germaine Greer in the National Portrait Gallery where she's got her legs open and even though she's fully clothed she looks terrible in this nasty red dress. It's a horrible picture in an otherwise lovely gallery.'
Representações do corpo (VII)
Ilona's House Ejaculation, 1991
Ottmann: What is your main interest as an artist?
Koons: I'm interested in the morality of what it means to be an artist. As an artist I'm most concerned with what art means to me, how it defines my life, etc. And then after that, my next concern is my actions, the responsibility of my own actions in art in regard to other artists, and then to a wider range of the art audience, such as critics, museum people, collectors, etc. Art to me is a humanitarian act and I believe that there is a responsibility that art should somehow be able to effect mankind, to make the word a better place (this is not a cliche!).
Klaus Ottman
Koons' source material is kitsch (but never camp) and most people, artworld or not, would agree on that point. And yet lowbrow source material for high art has been one of the essential givens of the past 50 years, so the low/high schism is not the issue with Koons (or, as one might ironically say, 'Jeff'). The big issue with Koons then, if not the source material itself, is his stance towards that source material. This issue is always phrased in binary terms, YES: Jeff Koons is ironic and detached and is secretly mocking the images he professes to love, or NO: Koons loves and feels emotional about his source material and the work it subsequently spawns.
Douglas Coupland
A lei dos amantes (96)
Serviço Educativo
Um é pensado para os professores de música, chama-se Teacher Resource Book, foi feito pela University Musical Society's Youth Education Program e serve de guia para a encenação de David Smith da ópera Orfeu e Eurídice, de Gluck.
O outro exemplo é um guia do MOMA - Museum of Modern Art, de Nova York. Chama-se MOMA's Guide of Looking e faz uma viagem por algumas das obras de autores contemporâneos, questionando os modos de observação e propondo relações.
A ver e descobrir, por todas as idades.
Noites Longas têm as óperas
Ver aqui uma entrevista a John Adams, na altura da estreia da ópera, em Paris, no Theatre du Chatelet, em Dezembro 2000. Ver crítica à apresentação em São Francisco (2001), conduzida por Kent Nagano, e em Londres (2003), pelo próprio John Adams.
Ver aqui informações sobre o registo da estreia em Paris em 1999, de Orfeu e Eurídice, conduzida por Sir John Elliot Gardiner.
quarta-feira, agosto 24, 2005
Representações do corpo (VI)
Petites culottes, 1999
Sans doute l'œuvre n'est-elle pas neutre. Sans doute consiste-t-elle, à force de patience, d'humour, d'insolence et d'obstination, à rendre à elles-mêmes (et à nous-mêmes) les images confisquées par la sottise, le négoce ou l'idéologie ; sans doute les fragmentations qu'elle nous propose de l'image (ou de l'image de l'image) ont-elles pour effet de miner les fragmentations et la violence qu'une société marchande entend imposer à la réalité, au corps, au plaisir, comme celles, combien terrifiantes aussi, qui sont dictées par les nationalismes ou par les religions. Mais subversion laisse entendre qu'il suffirait de retourner les choses, de montrer une bonne fois leur envers, pour toucher enfin leur vérité. D'écarter par exemple le rideau idéologique en transgressant ses interdits. Or une idéologie peut être remplacée par une autre idéologie, aussi dogmatique et dommageable que la première. Le travail de l'artiste est plus subtile, moins simple. Moins simpliste. Il voile et dévoile en même temps.
Alain Frontier
Até ao fim do mês de Agosto, aproveita-se a canícula e os corpos mais descobertos para dar a ver (e a pensar) o corpo como matéria de criação artística. A escolha não será certamente representativa de um estudo do corpo através da arte, mas serve para olhar o corpo como mais do que mera massa. Ou talvez não. Primeiro apresentam-se propostas de mulheres, para depois se escolherem propostas masculinas. O corpo, como a arte o vê e representa. Sugestões, comentários, referências, outros nomes podem ser enviados para o mail ou deixados na caixa de comentários. Até ao fim de agosto n'O Melhor Anjo, dá-se ao corpo o espaço materializável.
Ler os outros
Posing, speaking, revealing, uma reportagem sobre uma proposta plástica acerca do quotidiano de alguns jovens indigentes americanos, in New York Times
I was a thug in lycra, sobre um dos espectáculos do Fringe 2005 onde se confunde bear loving, wrestling e comédia, in The Guardian
Camille Paglia, em entrevista no Morning News (via Portugal dos Pequeninos)
The Passion of Tom Cruise, um excerto sobre o actor e a cientologia, in Radar (via All of me)
terça-feira, agosto 23, 2005
A RE.AL PROCURA COLABORADORES (anúncio)
A Companhia RE.AL é uma estrutura intimamente ligada à criação, difusão e investigação na área da dança contemporânea. Com direcção artística do coreógrafo João Fiadeiro, completa este ano 15 anos de actividade. Este é também o momento em que, com um novo espaço próprio e a produção e difusão dos coreógrafos Tiago Guedes e Cláudia Dias para além de João Fiadeiro, as suas actividades se alargam e se complexificam. Estamos por isso à procura de dois novos colaboradores nas áreas da produção e gestão financeira que possam completar a equipa actual da RE.AL. A equipa é pequena e de funcionamento 'transversal', ou seja, existem muitas áreas da nossa actividade que exigem um entrosamento e colaborações fora do comum. Procuramos por isso pessoas que tenham uma grande capacidade de trabalho em equipa e, sobretudo para o(a) produtor(a), experiência e conhecimentos aprofundados da realidade da dança contemporânea portuguesa em particular e arte contemporânea no geral.
O(a) colaborador(a) na área de Produção trabalharia de uma forma directa com João Fiadeiro na área ligada ao desenvolvimento e implementação dos projectos de investigação e experimentação da RE.AL. Trata-se de organizar projectos já existentes como sejam o caso dos LAB - Projectos em Movimento ou o lançamento de novas actividades no novo espaço, com carácter regular, ligadas à transmissão e investigação da metodologia de 'Composição em Tempo-Real' desenvolvida pela RE.AL nos últimos anos. Esta função terá uma componente executiva forte, com a angariação de novos investimentos, organização dos eventos e interface com os fornecedores e colaboradores, no entanto procura-se também alguém com iniciativa própria e capacidade de se envolver na concepção e desenho das actividades. É fundamental que fale e escreva em inglês e francês e que domine, na óptica do utilizador, os ambientes Microsoft Windows e Mac OS.
O(a) colaborador(a) na área da Gestão Financeira teria a seu cargo a elaboração, em proximidade com os responsáveis da produção, dos orçamentos provisionais estruturais e de cada actividade, o acompanhamento da execução orçamental, a elaboração dos relatórios financeiros para as entidades com as quais a RE.AL é obrigada a prestar contas, entre outras actividades relacionadas com o cargo como sejam a relação com a segurança social, o fisco ou a banca. Pretende-se ainda, que participe e colabore na tomada de decisões e desenho de estratégias gerais da companhia tendo em consideração a sua sensibilidade e conhecimentos técnicos na área da gestão financeira.
Agradecemos envio de CV para: info@re-al.org
Entrevistas a serem realizadas na primeira quinzena de Setembro. Entrada imediata.
Mais informações: 21 390 92 55
segunda-feira, agosto 22, 2005
Representações do corpo (V)
Bettina Rheims (frança, 1952)
Chambre Close, 22 Outubro 1992
At first glance, the photographs of Bettina Rheims appear sleek and professional and perfectly composed. The pictures are handsome. As a former member of the glamour business, she’s got the seductive language of media imagery down pat. Her work can easily be admired and dismissed as brilliant celebrity portraiture and stylish magazine photography. But it would be a mistake to jump to such conclusions. Her relentless exploration of the glamorous image demands a different kind of scrutiny. Bettina Rheims’ prime subject is glamour. Not sentiment, not nostalgia, and – though it can be a useful element – not even beauty. (...) Their images are no more or less special than those of the nameless temptresses, seductresses, strippers, shop-girls, and models in garter belts or lingerie. Sexy nudes, glamorous transsexuals, boudoir semi-nudes in poses of mock-abandon, and portraits of naughty ingenues with perfectly glistening flesh share equally in her fictive portraits and scenes. Overly red lipstick and a dangling cigarette are more overt elements of image construction than a recognizable name, because what is at the core of these pictures is always an awareness of the creation of an illusion, for that’s what glamour is.
in Catálogo Retrospective Bettina Rheims, Munique 2004
domingo, agosto 21, 2005
I love you (not)
de Lúcia Sigalho
Casa dos Dias da Água, de 14 Julho a 14 Agosto
Lúcia Sigalho inscreveu já o seu nome na história recente das artes performativas nacionais. Seja pela sua iconoclastia biográfica, ou pelo modo como as propostas rasgaram determinados conceitos (espaço, corpo, dramaturgia, lugar do intérprete, papel do espectador), em nome não da criação de novas definições, mas de um trabalho alicerçado num discurso acerca da entrega performática, do acto de criar e da importância que a arte tem na vida quotidiana. Muito em virtude do poder de sedução que a criadora exerce no tecido cultural, entre ódios viscerais e paixões declaradas, esta procurou sempre, através de espectáculos epidérmicos, desenvolver uma relação estreita entre esse quotidiano (metafórica e literalmente falando) e a construção de estruturas dramatúrgicas que o pensassem e organizassem, fazendo do 'espaço-mundo' um lugar de convergência entre discursos artísticos e não-artísticos.
Um percurso feito de confrontos cria expectativas que, podendo por em causa a recepção, são inerentes ao modo como se parte para um espectáculo. Mas devem os espectáculos ser analisados individualmente ou enquanto passos na construção de um corpo criativo e artístico? A The End of Love, a sua mais recente encenação, impõem-se algumas questões que não podem deixar de reflectir o carácter duvidoso da proposta, mesmo tratando-se de um objecto apelativo e, aparentemente, acessível. Nele reconhecem-se algumas das linhas do trabalho de Lúcia Sigalho. Nomeadamente o desequilíbrio de forças nas relações entre homens e mulheres e o diálogo sobre a construção cénica.
Mas a posição sexista, e não feminista (porque isso seria uma leitura pertinente e o assumir de um ponto de vista criativo), no qual a autora se coloca, não tem o fulgor das adaptações de Adília Lopes (A birra da viva, 2000) ou a violência do diptíco Puro Sangue (Homens, 1995/Mulheres, 1997). E se, com o passar do tempo, os espectáculos de Lúcia Sigalho vinham adoptando uma postura mais interior e de diálogo não só com a envolvente, mas também com a estrutura de um espectáculo (e a sua utilidade/funcionalidade) - são disso exemplo Seres Solitários (1999), Viagem à Grécia (2001) ou Obras na Fachada (2004) -, neste há uma espécie de paragem discursiva. Não tanto no sentido prospectivo, como era Dedicatórias (2000), mas enquanto objecto de reflexão. Incluindo sobre a razão de criar.
O espectáculo constrói-se numa lógica sequencial, através de um discurso feito de resíduos, memórias, afectividades e cedências amorosas. Ou pelo menos assim parecer ser. Vera Paz e Tiago Barbosa compõem o frágil par mudo, dedicado a este desfilar de momentos que se querem plásticos e conceptuais, mas não são mais que formais e ilustrativos. Obrigam-se a um exercício de revisitação com pendor saudosista, ao qual não é alheia a divisão em prateleiras e quadrados que o cenário (de Manuel Graça Dias e José Egas Vieira) constrói. Uma ideia de arrumação dos sentimentos em gavetas?
Este melting pot dramatúrgico transforma The End of Love numa proposta hermética e pouco equilibrada, quando a ideia parecia passar por uma universalização de sentimentos. Mas, sobretudo, ilude o espectador, não lhe oferecendo uma oportunidade de reflexão conjunta. Prefere encerrar-se numa imagética que, por não ser explorada, não chega sequer a uma universalização. E, afinal, o discurso denunciava ser sobre coisas comuns. Há aqui lugar para a violência física (quando caem em cima dos estrados) e emocional (quando ela lhe atira tarteletes à cara, ou destrói uma ideia de território comum com o atirar da terra para o chão). E também há espaço para memórias colectivas (como o teatro, nas projecções de fachadas de edifícios ainda existentes ou destruídos - o Armazém do Ferro, por exemplo, onde a companhia esteve até 2002) ou relações artísticas (passam aqui os fantasmas de Chagall, Pina Bausch, Robert Doisneau e Edward Hopper). Existe ainda a criação de leituras semióticas sobre a importância de uma certa ordem no caos (os quatro elementos: água - chove num dos quadrados; fogo - o calor que o obriga a procurar refrescar-se com um pano molhado; ar - as ventoinhas; terra - que ela deita para o chão). Mas nada disto parecer oferecer uma leitura de conjunto, quanto mais política e artística sobre a importância da criação artística para pensar o quotidiano.
Ao procurar ser tão simples quanto abstracto (quase circular e auto-fágico), The End of Love redunda numa exploração de códigos fátuos e símbolos sobre-expostos, sem que desse acumular resulte uma implosão. E dela a renovação. Seja do amor, da arte, do teatro, da vida ou do mais simples gesto sem significado. E, no entanto, o potencial da proposta existe. Se isolarmos determinados momentos (os pés a pegarem em maçãs, a voz que grita que não é artista, o vídeo final quase 'hara-kiriano') conseguimos perceber porque razão é este um espectáculo que deve ser pensado (e até apreciado) na sua relação criador-objecto-recepção. Há ali uma ideia de trabalho sobre a razão de ser das obras. Essa urgência criativa que durante tanto tempo justificou um conjunto de propostas. E, sobretudo, determinou as linhas e pontos de interesse (e fuga?) dos criadores. Mas sabe a pouco. Se calhar como as relações interrompidas, de que o espectáculo parece querer dar conta.
Provavelmente, o problema de The End of Love está em querer ser uma espécie de ponte entre a memória e o futuro, tal como a canção homónima de Leonard Cohen. Faz-me e leva-me, baseado no que já fui e quis ser. Mas se o amor vive de impulsos, onde está o impulso de The End of Love? Porque mesmo o corte (a 'boneca gigante' que Vera Paz personifica, no alto da estrutura, com o título inscrito na roupa) não é mais do que um convite à sedução. E, depois, novamente presos, segue-se para onde? Aqui, estamos presos. E o carcereiro não é certamente a pessoa por quem gostaríamos de nos apaixonar.
sábado, agosto 20, 2005
Representações do corpo (IV)
Dog Bites (1992-7)
In this early series of photographs, a young woman is captured in an array of poses mimicking the body language of a dog. Stretching, crouching, begging, she appears to replicate the actions of a pet striving to please its owner. The images are humorous but unsettling. Ahtila is equivocal about the person depicted in the photographs, refusing to identify the woman, or even confirm authorship of the work. After suggestions that the model could be the artist herself, Ahtila published an accompanying text entitled The woman is not me. She wrote: 'What happened when I or we took the photos? Did I extend my body - postures and attitudes - the history of my character, upon her body? If the point in the photos is posing and my friend is doing it, isn't she doing it all? Was she making the photos and I taking them? So maybe I'll ask you, am I not the woman?'
Tate Modern
Até ao fim do mês de Agosto, aproveita-se a canícula e os corpos mais descobertos para dar a ver (e a pensar) o corpo como matéria de criação artística. A escolha não será certamente representativa de um estudo do corpo através da arte, mas serve para olhar o corpo como mais do que mera massa. Ou talvez não. Primeiro apresentam-se propostas de mulheres, para depois se escolherem propostas masculinas. O corpo, como a arte o vê e representa. Sugestões, comentários, referências, outros nomes podem ser enviados para o mail ou deixados na caixa de comentários. Até ao fim de agosto n'O Melhor Anjo, dá-se ao corpo o espaço materializável.
Encontro Lisboa 2005
Espectáculos e apresentações informais:
No body Never Mind 002 , de Ana Borralho/João Galante - 06 Agosto
O corpo aprisionado I: apresentações informais de Cristina Blanco (cUADRADO_fLECHA_pERSONA qUE cORRE), Andra Sonnberger (Der Boxer I) e Gustavo Ciríaco (Uma conferência imaginária sobre os meus arredores) - 12 Agosto
O corpo aprisionado II: Apresentações informais de Filipa Francisco (Leitura de listas...) e Cláudia Müller (Dois do seis de setenta) - 19 Agosto
Palestras:
Desvios e Traduções, com Sergej Pristas e Nicolina Pristas - 13 Agosto
sexta-feira, agosto 19, 2005
Estados
Pertinências
"What turns us on is not perfect images of supersize beefcake, oiled and ready to please. What works for us is intimacy, or the illusion thereof. And thats the illusion these photos bring, precisely because its a shot no one would ever pose for Jude Law, sans fluffer. It jibes with the most precious images from our most private memories, not only just before, but just after. In other words, those pictures are hot because when we look at them, were not thinking of Jude Law, were thinking of you: Our husbands, our boyfriends, not the strangers but the men we've known" diz o Defamer.
Fotos aqui e aqui. Polémica aqui, aqui e aqui.
A lei dos amantes (95)
quinta-feira, agosto 18, 2005
Demolição
Colina 2005
Representações do corpo (III)
Consider the theater of Orlan. It aims to impact memory, to physically condition this mental state, thereby suggesting that one's thoughts and the recollection upon which they rely can somehow be tangibly modeled, shaped. In its deliberate diversity Orlan's art constructs memory through a plurality of media that will ensure that "something"--whether a face (hers), a feeling (yours), a desire (of artist and spectator)--be both transmitted and received. Text plays an active role in this process and is submitted to as wide a range of articulations as are images, Orlan's self- produced self- imagery. (...) Orlan's art is essentially produced through staged performances that take place (theatrically, dramatically) within the hospital's operating room, her "studio." (...) In addition to the videotapes, photographs, and reliquaries resulting from the operations, a significant portion of Orlan's work is presented in gallery spaces, on the white walls created by modernism's belief in painting. (...) Here one may index Orlan's method as similarly engaged in a reckoning with how process gives rise to form, and finally to (self- )formulation. Her process videos and the resultant still photography from the operations are akin to glimpses into the transitive formation of a de Kooning painting, where stages of becoming determine the next action within the stream of impulse. (...) How such memory attaches to states of being will be in the phenomenal sphere of art where perception connects to the physical body--a new type of being that is opened as a horizon to include all distance, both without and within.
David Moss
Até ao fim do mês de Agosto, aproveita-se a canícula e os corpos mais descobertos para dar a ver (e a pensar) o corpo como matéria de criação artística. A escolha não será certamente representativa de um estudo do corpo através da arte, mas serve para olhar o corpo como mais do que mera massa. Ou talvez não. Primeiro apresentam-se propostas de mulheres, para depois se escolherem propostas masculinas. O corpo, como a arte o vê e representa. Sugestões, comentários, referências, outros nomes podem ser enviados para o mail ou deixados na caixa de comentários. Até ao fim de agosto n'O Melhor Anjo, dá-se ao corpo o espaço materializável.
quarta-feira, agosto 17, 2005
O maravilhoso mundo do espectáculo
Festival diary
There are two kinds of performers on the Fringe. The first is irritable, nervy and preoccupied; the second is beaming, relaxed, the life and soul of the party. They are, of course, the same person, one pre-show and the other post-show. If a performer is irritable, nervy and preoccupied directly after coming off stage, this is a sure sign that their show is an absolute stinker.
A Fringe performer's day normally starts at the newsagent, where he buys a paper he wouldn't normally handle without tongs and then scours it for the three words "Brian was brilliant". If those three words or similar variations are in the paper, he then buys another seven copies of the paper.
Normally, just after the third cup of coffee, the gut pixie arrives. This is the small but ever-growing awareness of that day's upcoming show. After mundane chores have been completed - washing pants and stilted telephone conversation with absent partner - the "notes" session begins. This is where the director fine-tunes his or her show by oiling the egos of the performers. In reality, everyone knows it's far too late to change the show, but it gives the director something to do.
There is then the pre-show hour, when nerves are tightening. The two things that performers really want/don't want to know before they start is that night's ticket sales and whether there are any critics in attendance. Knowing that you've got a really big audience in but they're all critics would be a bit of a mixed blessing.
Two minutes before curtain up, the performer hears the siren call of a proper job in a bank. Two minutes after the curtain has come down, to warm applause, the performer hears the siren calls of Hollywood with all its noble artistic endeavour.
Guy Browning
terça-feira, agosto 16, 2005
Representações do corpo (II)
A family one evening in a nudist camp, 1965
Her pictures taken during a number of visits to nudist camps are unusual in that they tend to show the normal events of everyday life. We see comfortable middle class Americans doing the kind of things they do - as Arbus said, the first naked man she saw at the camp was mowing a lawn . A family sits on some rough grass a few feet from the tailfin of their parked car, mother father and chubby teen daughter, or sit around in their holiday home, nonchalantly facing the camera. Ordinary pictures of ordinary people - the only difference is that the people don't have clothes on.
Peter Marshall
Até ao fim do mês de Agosto, aproveita-se a canícula e os corpos mais descobertos para dar a ver (e a pensar) o corpo como matéria de criação artística. A escolha não será certamente representativa de um estudo do corpo através da arte, mas serve para olhar o corpo como mais do que mera massa. Ou talvez não. Primeiro apresentam-se propostas de mulheres, para depois se escolherem propostas masculinas. O corpo, como a arte o vê e representa. Sugestões, comentários, referências, outros nomes podem ser enviados para o mail ou deixados na caixa de comentários. Até ao fim de agosto n'O Melhor Anjo, dá-se ao corpo o espaço materializável.
O corpo aprisionado
segunda-feira, agosto 15, 2005
Representações do corpo (I)
I
Sarah Lucas (1962, Londres)
Sex baby (2000)
Food representing or standing in for sexual body parts is a common theme in Lucas's work, mainly employed to reveal and subvert degrading objectification of the body in vernacular language. (...) One of the principal themes in her work is a confrontation with traditional female roles and identities. She explores the ambiguities in her own attitudes and those of others (men as well as women) towards sexual objectification and desire. One of the ways she does this is by making physical and literal representations of vernacular terms for bodies, focusing, in particular, on sexual body parts and their connection to foods. (...) More recent works Baby 2000 and Sex Baby 2000 (both exist as a photograph and a sculpture) utilise a chicken with a pair of lemons and a t-shirt to evoke a still more sinister connection between the flesh and orifice of an oven-ready chicken and the female sex object.
Elisabeth Manchester
Encontros Lisboa 2005 - palestras (I)
Palestra com Sergej Pristas e Nicolina Pristas
Encontros Lisboa 2005
13 Agosto 2005, 19h00
ZBD
No caso da BADco., composta por 2 bailarinos/coreógrafos, 2 dramaturgos e 1 filósofo, e na qual todos podem ser performers, criam-se disponibilidades em nome do objecto, mesmo que este venha a assumir outras formas ao longo do processo de criação. Esta transferência de responsabilidades tanto pode contribuir para uma melhor orgânica hierárquica como potenciar o aparecimento de novas regras. Ao acreditarem nesta uniformização de comportamentos, a BADco. procura não só transferir leituras políticas para o seu trabalho, mas criar novas relações de inter-dependência entre fazedores, observadores e envolvente.
No que diz respeito às leituras políticas, não se trata tanto de integrar o discurso numa proposta, tornando-a politizada, mas ter consciência que qualquer acção pública é um acto político. E, assim sendo, importa menos um combate por ideais e utopias, mas antes observar o que os rodeia, e perceber o que pode ser alterado pela acção directa dos seus espectáculos. Mas sobretudo trabalhar em prol de um paradigma, no que isso represente de construção de uma identidade própria e não tanto de um exemplo. E, portanto, alcançar uma utopia não cristalizada. Já que, como diz Deleuze, 'os nómadas são os que se recusam a desaparecer e não os que se movem'. E é esta noção de mobilidade que parece fazer do trabalho da BADco. um exercício de observação e reflexão sobre os comportamentos artísticos. Venham eles do meio cultural ou do público que neles participa, já que a deslocação provoca descontinuidades que accionam alertas.
Dois dos exemplos citados na palestra partiam exactamente de convergências artísticas, a nível histórico, confrontacionais e de percepção. Man.Chair(2000), recriava uma performance dos anos 80, construindo à sua volta uma estrutura assente não numa ideia de imitação ou contextualização da peça (que foi feita como resposta às dificuldades de criação de uma encomenda), mas de uma nova linguagem que integrasse na história da dança aquela performance, ao mesmo tempo que potenciava novas leituras. Dois performers partiam do trabalho original para um trabalho próprio, estabelecendo novos diálogos e ligações. Ou seja, era um trabalho que desenvolvia uma 'tradução', sem criar 'um sistema de encaixe para as coordenadas do espaço'. Antes se acreditava num trabalho de tradução que 'mudasse essas mesmas coordenadas'. Os dois oradores falam não de uma imitação, mas de um completar do processo. Ou seja, fazer-se um trabalho paralelo numa estrutura 'a-paralela'. E, sobretudo, 'deixar ir' o espectáculo em vez de o mimetizar.
Em Deleted Messages (2005), acreditavam que o público podia, de facto, comandar um espectáculo. Se esta ideia de indiferenciação é, acredito, uma falácia em si mesma, o que a companhia croata propunha era uma observação dos movimentos do público, em busca de uma organicidade e estrutura coreográfica. Num armazém controlado por câmaras de vigilância, público e performers (incluindo performers convidados que não tinham funções atribuídas mas podiam intervir) faziam parte de um 'espectáculo invisível'. A busca dos espectadores por uma 'organização cénica' era o mote para a construção de uma proposta, na qual os criadores deveriam intervir de forma aparentemente inusitada e de improviso. À 'estrutura social do movimento da audiência' forçava-se a 'radicalização de um ponto de vista'. E, por consequência, a recepção do espectáculo. Nem todos os espectáculos eram interessantes, assumiram os oradores.
Questões como a transferência, manipulação de coordenadas, movimentações e desvios performáticos são linhas que começam a estar cada vez mais presentes nas propostas contemporâneas. Se podemos falar na construção de um todo criativo, é porque esse todo é consciente do modo como deve pensar as condições em que quer criar. Logo, o modo como as suas propostas se vão desenvolver. Por isso, é importante considerar uma experimentação artística e criação de estruturas coreográficas que não seja omissa ao modo como todos os elementos se organizam. Sobretudo porque há relações, consequências e influências imprevisíveis. No caso da BADco., trata-se de operar num campo onde o sujeito funcione como um pretexto para pensar as relações entre processo e reflexão.
Mais informações sobre a programação do Encontro Lisboa 2005 aqui.
Análises às propostas ds Encontros Lisboa 2005 já apresentadas neste blog:
No body never mind 002, de Ana Borralho e João Galante (06 Agosto 2005)
domingo, agosto 14, 2005
Sunday's state of mind
in Monastero Segreto
Lambuzado
sábado, agosto 13, 2005
Ler o Expresso (IV)
IV
Na página 15 da revista Única, escreve-se, a propósito da força da família Ferreira Leite:
'Neste início de Agosto, quem teve um Verão preenchido por outras emoções foi Manuela Ferreira Leite. A ex-ministra das Finanças estreou-se no estauto de avó com o nascimento da primeira neta. E, confirmando-se a tradição das mulheres de armas na família, não foi nenhum dos filhos mas a filha a dar-lhe essa alegria.'