segunda-feira, fevereiro 28, 2005
Críticas de teatro
Excerto de uma crítica de Eduardo de Noronha à peça O Canto do Cysne, estreada no Teatro D. Amélia (actual S. Luiz) em Janeiro de 1910:
"Ângela Pinto foi uma feminista.. maravilhosa como são todas elas perdidinhas pelo sexo forte"
aqui, à esquerda, numa fotografia do filme O Primo Basílio (1923)
Excerto de uma crítica de Eduardo de Noronha à peça O Canto do Cysne, estreada no Teatro D. Amélia (actual S. Luiz) em Janeiro de 1910:
"Ângela Pinto foi uma feminista.. maravilhosa como são todas elas perdidinhas pelo sexo forte"
aqui, à esquerda, numa fotografia do filme O Primo Basílio (1923)
Muda de vida...
Parece que não sou o único a abrir a rádio e começar a ouvir o Muda de vida... que raio de maneira de começar uma semana.
(...)
Olha que a vida não, não é nem deve ser
Como um castigo que tu terás que viver
Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de
mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar
eu dizia-lhe era o que há dentro de mim a latejar...
Parece que não sou o único a abrir a rádio e começar a ouvir o Muda de vida... que raio de maneira de começar uma semana.
(...)
Olha que a vida não, não é nem deve ser
Como um castigo que tu terás que viver
Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de
mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar
eu dizia-lhe era o que há dentro de mim a latejar...
Mousse de manga
para a Annette Bening, o Leonardo DiCaprio, o Jorge Dextrel, o André e o Joaquim:
4 iogurtes naturais
1 lata de leite condensado
1 lata de polpa de manga
Mexe-se bem e vai ao frigorífico.
para a Annette Bening, o Leonardo DiCaprio, o Jorge Dextrel, o André e o Joaquim:
4 iogurtes naturais
1 lata de leite condensado
1 lata de polpa de manga
Mexe-se bem e vai ao frigorífico.
domingo, fevereiro 27, 2005
Tempo perdido (?)
A noite promete ser longa. Com a atribuição dos Oscars, várias são as pessoas que se reunem em frente à televisão para ver outros ganharem prémios. Com amigos ou sozinhos, há quem ganhe olheiras na manhã seguinte e passe o dia com a cabeça aos tombos.
Diz a organização que a razão pela qual milhares se juntam à ceremónia se prende om uma vontade de saber os resultados em primeira mão. Como se fosse um programa de informação. Infortainement, portanto.
Mas e porquê, de facto? Que nos leva a assistir a uma festa pela noite dentro?
Na verdade, a melhor forma de dar sentido a uma noite em claro é se não a passarmos sozinha. Um pouco como a passagem de ano, mas sem os festejos. O champanhe pode existir na mesma. Ou seja, o facto de se ver a cerimónia acompanhado pode contribuir para a recusa de perda de tempo. Em última instância impede uma ideia de tempo perdido. E não acentua uma noção de solidão.
Curiosa esta ideia: objectos artísticos que servem para imprimir aos nossos dias uma outra forma, acabam por poder ser responsáveis por uma reflexão sobre as escolhas que fazemos.
Porquê passar a noite em claro, de facto? Será para testar a ideia de que a arte pode salvar vidas?
De qualquer forma, eis as minhas previsões. (a ver se ganho o bilhetinho):
Filme:O Aviador; Realizador: Martin Scorcese (O Aviador); Actor: Jamie Foxx (Ray); Actriz: Imelda Stauton (Vera Drake); Actor Secundário: Clive Owen (Closer); Actriz Secundária: Cate Blanchett (O Aviador); Argumento Original: O Aviador; Argumento Adaptado: Million Dollar baby; Filme Estrangeiro: Mar Adentro; Montagem: Ray; Direcção Artística: O Aviador; Caracterização: A Paixão de Cristo; Fotografia: A Paixão de Cristo; Guarda-Roupa: O Aviador; Banda Sonora: A Paixão de Cristo; Canção Original: O fantasma da Ópera; Montagem de Som: Homem-Aranha 2; Mistura de Som: Ray; Efeitos Visuais: Homem-Aranha 2; Filme de Animação: The Incredibles; Documentário Longa-metragem: Super Size Me; Documentário Curta-Metragem: Mighty Times: The Children's March; Curta-metragem animação: Birthday Boy; Curta-metragem: Everything in this country must.
Estou cá com um feeling que não acerto nem metade. Eis as escolhas do Farpas, que regressou à blogosfera.
A noite promete ser longa. Com a atribuição dos Oscars, várias são as pessoas que se reunem em frente à televisão para ver outros ganharem prémios. Com amigos ou sozinhos, há quem ganhe olheiras na manhã seguinte e passe o dia com a cabeça aos tombos.
Diz a organização que a razão pela qual milhares se juntam à ceremónia se prende om uma vontade de saber os resultados em primeira mão. Como se fosse um programa de informação. Infortainement, portanto.
Mas e porquê, de facto? Que nos leva a assistir a uma festa pela noite dentro?
Na verdade, a melhor forma de dar sentido a uma noite em claro é se não a passarmos sozinha. Um pouco como a passagem de ano, mas sem os festejos. O champanhe pode existir na mesma. Ou seja, o facto de se ver a cerimónia acompanhado pode contribuir para a recusa de perda de tempo. Em última instância impede uma ideia de tempo perdido. E não acentua uma noção de solidão.
Curiosa esta ideia: objectos artísticos que servem para imprimir aos nossos dias uma outra forma, acabam por poder ser responsáveis por uma reflexão sobre as escolhas que fazemos.
Porquê passar a noite em claro, de facto? Será para testar a ideia de que a arte pode salvar vidas?
De qualquer forma, eis as minhas previsões. (a ver se ganho o bilhetinho):
Filme:O Aviador; Realizador: Martin Scorcese (O Aviador); Actor: Jamie Foxx (Ray); Actriz: Imelda Stauton (Vera Drake); Actor Secundário: Clive Owen (Closer); Actriz Secundária: Cate Blanchett (O Aviador); Argumento Original: O Aviador; Argumento Adaptado: Million Dollar baby; Filme Estrangeiro: Mar Adentro; Montagem: Ray; Direcção Artística: O Aviador; Caracterização: A Paixão de Cristo; Fotografia: A Paixão de Cristo; Guarda-Roupa: O Aviador; Banda Sonora: A Paixão de Cristo; Canção Original: O fantasma da Ópera; Montagem de Som: Homem-Aranha 2; Mistura de Som: Ray; Efeitos Visuais: Homem-Aranha 2; Filme de Animação: The Incredibles; Documentário Longa-metragem: Super Size Me; Documentário Curta-Metragem: Mighty Times: The Children's March; Curta-metragem animação: Birthday Boy; Curta-metragem: Everything in this country must.
Estou cá com um feeling que não acerto nem metade. Eis as escolhas do Farpas, que regressou à blogosfera.
9ª Mostra de Teatro de Almada (hoje)
O GRITO
CHOVE SOBRE O RIO DE AURÉLIA
de Paulo Andress
m/16
27 de Fevereiro às 21:30
no AUDITÓRIO FERNANDO LOPES GRAÇA
Encenação Anabela Neves Interpretação Joana Nascimento, João Vasco Henriques, Rui Silva Voz Off Anabela Neves, Mafalda Figurinos Anabela Neves, São - Oficina dos Trapos Fotografia Graça Neves Grafismo Jorge Xavier Luz Jorge Xavier Som Nuno Nascimento Cenografia Jorge Xavier Música Philip Glass, Anton Webern Produção Executiva Cláudia Inglês Caracterização Graça Neves
As cores da vida vistas pelos olhos de um pintor.
Um quadro que é um mundo. Um mundo que é um estúdio de pintura. Um estúdio de pintura que é o palco de vida.
Os sonhos cor-de-rosa, a música com cor própria, os bemóis sofridos, azuis. O imaginário a cores, rico de paixões e desejos.
O acreditar da eterna criança que "com" funde o sonho com a realidade. A criança que alimenta cada artista, que alimenta cada um de nós, embora tenhamos necessidade de afirmar a nossa maturidade, de complicar o que é simples. Somos a nossa verdade, e sonhamos que aquilo em que acreditamos é a verdade.
Um retrato de vida na vida de um pintor no auge do conceptualismo, a fusão da pintura, da música e da cor, da dança e do teatro. O crescer de uma obra que afinal não passa da ilusão que nós, enquanto espectadores, queremos ver. Afinal "a realidade de um sonho está na vida que lhe emprestamos. Talvez nós não sejamos mais que sonhos com vida".
O GRITO
CHOVE SOBRE O RIO DE AURÉLIA
de Paulo Andress
m/16
27 de Fevereiro às 21:30
no AUDITÓRIO FERNANDO LOPES GRAÇA
Encenação Anabela Neves Interpretação Joana Nascimento, João Vasco Henriques, Rui Silva Voz Off Anabela Neves, Mafalda Figurinos Anabela Neves, São - Oficina dos Trapos Fotografia Graça Neves Grafismo Jorge Xavier Luz Jorge Xavier Som Nuno Nascimento Cenografia Jorge Xavier Música Philip Glass, Anton Webern Produção Executiva Cláudia Inglês Caracterização Graça Neves
As cores da vida vistas pelos olhos de um pintor.
Um quadro que é um mundo. Um mundo que é um estúdio de pintura. Um estúdio de pintura que é o palco de vida.
Os sonhos cor-de-rosa, a música com cor própria, os bemóis sofridos, azuis. O imaginário a cores, rico de paixões e desejos.
O acreditar da eterna criança que "com" funde o sonho com a realidade. A criança que alimenta cada artista, que alimenta cada um de nós, embora tenhamos necessidade de afirmar a nossa maturidade, de complicar o que é simples. Somos a nossa verdade, e sonhamos que aquilo em que acreditamos é a verdade.
Um retrato de vida na vida de um pintor no auge do conceptualismo, a fusão da pintura, da música e da cor, da dança e do teatro. O crescer de uma obra que afinal não passa da ilusão que nós, enquanto espectadores, queremos ver. Afinal "a realidade de um sonho está na vida que lhe emprestamos. Talvez nós não sejamos mais que sonhos com vida".
sábado, fevereiro 26, 2005
9ª Mostra de Teatro de Almada (hoje)
MUNDO DO ESPECTÁCULO / TEATRO & TEATRO
estreia absoluta
O AUTOCARRO
a partir do original de Helena Teixeira, com acréscimos de textos de todos os elementos do grupo
m/6
26 de Fevereiro às 16:00
no ">AUDITÓRIO FERNANDO LOPES GRAÇA
Encenação Manuel João Interpretação Ana Vermelho, Sofia César, Paula Silva, Diogo Ferrinho, Daniel Duarte, João Rocha, Teresa Alves, Sara Freitas, Débora Cavaco, Inês Possante, Raquel Machado, Rita Maurício, Rita Miranda, Tatiana Miguel Dramaturgia Manuel João Figurinos Rita Miranda, Ana Gracinda e Isabel Almeida Grafismo Rita Miranda Operação de Luz Ricardo Fontaínhas Som (selecção) Manuel João Som (montagem) João Rocha Adereços Rita Miranda Produção Executiva Associação Cultural O Mundo do Espectáculo
" O Autocarro"…imagine catorze personagens - doze passageiros, um condutor de autocarro e um revisor (o Pica)…um espaço fechado (o autocarro)…uma viagem urbana que apenas acaba quando os actores decidem acabar o espectáculo. Imagine, caro espectador, as ralações e relações e não relações de seres que partem dum real imaginário para um real mais fantástico, quase a atingir as fronteiras do absurdo…Depois, gargalhadas e mais gargalhadas.
Assim terá um divertido espectáculo onde tudo pode acontecer a personagens sem destino marcado…mas com as contradições, as angústias, os traumas, os problemas que a sorte (talvez) lhes destinou…onde o simples parar, olhar, escutar o outro que está ali ao lado…podem dizer mais do que o discurso verborreico e barato da nossa praça.
Sensibilizar-se e rir…caro espectador…é o que lhe propomos com este espectáculo.
Associação Mundo do Espectáculo - Teatro & Teatro
O grupo surgiu no espaço escolar e, continuando a reunir vontades e esforços, cresceu e formou-se como núcleo da Associação Cultural O Mundo do Espectáculo, desde há cinco anos. Sendo constituído, neste momento, por gente nova entre os 18 e 22 anos.
Os espectáculos de maior relevo deste grupo são: "Autocarro" (a partir do original de Helena Teixeira, actriz do grupo), "História da Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar" (adaptação do texto de Luís Sepúlveda, "Casos e Casos" (adaptação do texto de José Régio), "Aos Homens Nada Escapa…" (a partir de três textos de Mário Costa - um autor na nova dramaturgia portuguesa), "Projecto sem Dó nem Piedade" (a partir de dois textos de Mário Costa), "A Invenção do Amor" (a partir do poema de Daniel Filipe).
CÉNICO DA INCRÍVEL ALMADENSE
AS CADEIRAS
de Eugene Ionesco
m/12
26 de Fevereiro às 21:30
no ">AUDITÓRIO FERNANDO LOPES GRAÇA
Encenação C.I.A. Interpretação Andreia Freire, André Canhão, João Teixeira Dramaturgia C.I.A. Figurinos Alice Rolo Fotografia Cristina Azevedo Luz José Carlos Santos Som José Carlos Santos Cenografia C.I.A. Produção Executiva C.I.A.
Eugene Ionesco e o seu teatro do insólito, que destrói pelo absurdo todos os mitos de uma estrutura social que teima em não ser coisa nenhuma, é novamente a aposta do C.I.A.
Primeiro "A Cantora Careca", depois "A Lição" e, desta feita, "As Cadeiras".
Acerca da peça, nada melhor do que as próprias palavras de Ionesco: "O tema da peça não é a mensagem, nem os revezes da vida, nem o desastre moral dos velhos, mas as cadeiras, ou seja, a ausência de pessoas, a ausência do Imperador, a ausência de Deus, a ausência de matéria, a irrealidade do mundo, o vazio metafísico. (...) as cadeiras vazias e a chegada das cadeiras, o turbilhão de cadeiras que se trazem, que ocupam todo o espaço cénico, como se, posso dizer, um vazio sólido, massivo, invadisse tudo, se instalasse. (...) É a multiplicação e a ausência, a proliferação e o nada".
MUNDO DO ESPECTÁCULO / TEATRO & TEATRO
estreia absoluta
O AUTOCARRO
a partir do original de Helena Teixeira, com acréscimos de textos de todos os elementos do grupo
m/6
26 de Fevereiro às 16:00
no ">AUDITÓRIO FERNANDO LOPES GRAÇA
Encenação Manuel João Interpretação Ana Vermelho, Sofia César, Paula Silva, Diogo Ferrinho, Daniel Duarte, João Rocha, Teresa Alves, Sara Freitas, Débora Cavaco, Inês Possante, Raquel Machado, Rita Maurício, Rita Miranda, Tatiana Miguel Dramaturgia Manuel João Figurinos Rita Miranda, Ana Gracinda e Isabel Almeida Grafismo Rita Miranda Operação de Luz Ricardo Fontaínhas Som (selecção) Manuel João Som (montagem) João Rocha Adereços Rita Miranda Produção Executiva Associação Cultural O Mundo do Espectáculo
" O Autocarro"…imagine catorze personagens - doze passageiros, um condutor de autocarro e um revisor (o Pica)…um espaço fechado (o autocarro)…uma viagem urbana que apenas acaba quando os actores decidem acabar o espectáculo. Imagine, caro espectador, as ralações e relações e não relações de seres que partem dum real imaginário para um real mais fantástico, quase a atingir as fronteiras do absurdo…Depois, gargalhadas e mais gargalhadas.
Assim terá um divertido espectáculo onde tudo pode acontecer a personagens sem destino marcado…mas com as contradições, as angústias, os traumas, os problemas que a sorte (talvez) lhes destinou…onde o simples parar, olhar, escutar o outro que está ali ao lado…podem dizer mais do que o discurso verborreico e barato da nossa praça.
Sensibilizar-se e rir…caro espectador…é o que lhe propomos com este espectáculo.
Associação Mundo do Espectáculo - Teatro & Teatro
O grupo surgiu no espaço escolar e, continuando a reunir vontades e esforços, cresceu e formou-se como núcleo da Associação Cultural O Mundo do Espectáculo, desde há cinco anos. Sendo constituído, neste momento, por gente nova entre os 18 e 22 anos.
Os espectáculos de maior relevo deste grupo são: "Autocarro" (a partir do original de Helena Teixeira, actriz do grupo), "História da Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar" (adaptação do texto de Luís Sepúlveda, "Casos e Casos" (adaptação do texto de José Régio), "Aos Homens Nada Escapa…" (a partir de três textos de Mário Costa - um autor na nova dramaturgia portuguesa), "Projecto sem Dó nem Piedade" (a partir de dois textos de Mário Costa), "A Invenção do Amor" (a partir do poema de Daniel Filipe).
CÉNICO DA INCRÍVEL ALMADENSE
AS CADEIRAS
de Eugene Ionesco
m/12
26 de Fevereiro às 21:30
no ">AUDITÓRIO FERNANDO LOPES GRAÇA
Encenação C.I.A. Interpretação Andreia Freire, André Canhão, João Teixeira Dramaturgia C.I.A. Figurinos Alice Rolo Fotografia Cristina Azevedo Luz José Carlos Santos Som José Carlos Santos Cenografia C.I.A. Produção Executiva C.I.A.
Eugene Ionesco e o seu teatro do insólito, que destrói pelo absurdo todos os mitos de uma estrutura social que teima em não ser coisa nenhuma, é novamente a aposta do C.I.A.
Primeiro "A Cantora Careca", depois "A Lição" e, desta feita, "As Cadeiras".
Acerca da peça, nada melhor do que as próprias palavras de Ionesco: "O tema da peça não é a mensagem, nem os revezes da vida, nem o desastre moral dos velhos, mas as cadeiras, ou seja, a ausência de pessoas, a ausência do Imperador, a ausência de Deus, a ausência de matéria, a irrealidade do mundo, o vazio metafísico. (...) as cadeiras vazias e a chegada das cadeiras, o turbilhão de cadeiras que se trazem, que ocupam todo o espaço cénico, como se, posso dizer, um vazio sólido, massivo, invadisse tudo, se instalasse. (...) É a multiplicação e a ausência, a proliferação e o nada".
Informações da responsabilidade do Departamento de Acção Socio-Cultural da Câmara Municipal de Lisboa e das companhias.
Subsídios
Pior que não se atribuir um subsídio em Portugal, é atribuir-se um subsídio ao vizinho.
A famosa blague de José Sasportes (infame ex-ministro da Cultura socialista) assenta que nem uma luva na altura em que o Instituto das Artes anuncia os resultados finais da atribuição de apoios sustentados plurianuais às estruturas e criadores.
A Companhia Teatral do Chiado aproveita o seu blog para desancar as actas dos júris, e por conseguinte, as outras estruturas. Fá-lo do alto da sua "isenção" e maneira de ver/fazer o teatro: a piada fácil, o comentário jocoso, a graça inútil, o ataque puro. Sem posição crítica, sem consciência, sem inveja. O que vai muito ao encontro dos comentários que por lá se fazem: o dinheiro dos contribuintes, o dinheiro dos contribuintes...
Já começaram a dissecação (o insulto, na verdade): Teatro Praga, Artistas Unidos, Casa dos Dias da Água e Sensurround, Teatro da Garagem, Festival de Teatro de Almada, Teatro Aberto, O Bando e a Cornucópia foram os primeiros. Resta saber se vão fazer o mesmo ao seu projecto.
Se a vergonha matar, a Companhia Teatral do Chiado há muito que re-tre-quadrimolou. Mas isso fica para outro post, com a devida crítica ao espectáculo Casa de Bonecas.
Pior que não se atribuir um subsídio em Portugal, é atribuir-se um subsídio ao vizinho.
A famosa blague de José Sasportes (infame ex-ministro da Cultura socialista) assenta que nem uma luva na altura em que o Instituto das Artes anuncia os resultados finais da atribuição de apoios sustentados plurianuais às estruturas e criadores.
A Companhia Teatral do Chiado aproveita o seu blog para desancar as actas dos júris, e por conseguinte, as outras estruturas. Fá-lo do alto da sua "isenção" e maneira de ver/fazer o teatro: a piada fácil, o comentário jocoso, a graça inútil, o ataque puro. Sem posição crítica, sem consciência, sem inveja. O que vai muito ao encontro dos comentários que por lá se fazem: o dinheiro dos contribuintes, o dinheiro dos contribuintes...
Já começaram a dissecação (o insulto, na verdade): Teatro Praga, Artistas Unidos, Casa dos Dias da Água e Sensurround, Teatro da Garagem, Festival de Teatro de Almada, Teatro Aberto, O Bando e a Cornucópia foram os primeiros. Resta saber se vão fazer o mesmo ao seu projecto.
Se a vergonha matar, a Companhia Teatral do Chiado há muito que re-tre-quadrimolou. Mas isso fica para outro post, com a devida crítica ao espectáculo Casa de Bonecas.
Re.Al_LAB 11: Mário Afonso
No LAB os artistas falam do que ainda não sabem. Aquilo que pensam saber, será útil para dar início aos trabalhos, mas aquilo que verdadeiramente nos interessa é que venha à superfície o que se encontra nas entrelinhas desse saber. Para estimular e provocar essa qualidade, acompanhamos os artistas em residência na evolução dos seus processos. No final de cada residência, cria-se um momento de confronto com o público, momento delicado e frágil para objectos tão voláteis, mas tão necessário para que um olhar ainda virgem e bruto possa questionar, e se possível desfazer, quaisquer ideias que tenham entretanto sido construídas.
O projecto do Mário Afonso recebeu o acompanhamento artístico de João Fiadeiro (coreógrafo, bailarino e director artístico da RE.AL), João Queiroz (pintor) e Filomena Molder (professora e ensaísta).
ENTRADA GRATUITA com reserva obrigatória
Lotação limitada, levantamento do bilhete até às 17h45
dia 26 FEVEREIRO _ 18H00
ATELIER RE.AL
RUA POÇO DOS NEGROS Nº55_1200-336 LISBOA
TELF: 21 390 92 55 FAX: 21 390 92 54
E-MAIL: real.j.fiadeiro@mail.telepac.pt
Sobre o 11º LAB
No LAB os artistas falam do que ainda não sabem. Aquilo que pensam saber, será útil para dar início aos trabalhos, mas aquilo que verdadeiramente nos interessa é que venha à superfície o que se encontra nas entrelinhas desse saber. Para estimular e provocar essa qualidade, acompanhamos os artistas em residência na evolução dos seus processos. No final de cada residência, cria-se um momento de confronto com o público, momento delicado e frágil para objectos tão voláteis, mas tão necessário para que um olhar ainda virgem e bruto possa questionar, e se possível desfazer, quaisquer ideias que tenham entretanto sido construídas.
O projecto do Mário Afonso recebeu o acompanhamento artístico de João Fiadeiro (coreógrafo, bailarino e director artístico da RE.AL), João Queiroz (pintor) e Filomena Molder (professora e ensaísta).
ENTRADA GRATUITA com reserva obrigatória
Lotação limitada, levantamento do bilhete até às 17h45
dia 26 FEVEREIRO _ 18H00
ATELIER RE.AL
RUA POÇO DOS NEGROS Nº55_1200-336 LISBOA
TELF: 21 390 92 55 FAX: 21 390 92 54
E-MAIL: real.j.fiadeiro@mail.telepac.pt
Sobre o 11º LAB
Estrela
enviado, via mail, por A.
Imagem obtida no passado mês de Outubro de 2004 pelo Telescópio Espacial Hubble dos ecos de luz que se continuam a observar em torno da estrela V838 Monocerotis. Esta estrela é uma estrela variável situada nos limites da nossa galáxia e cuja surpreendente actividade foi detectada em 2002. Desde essa altura a luz emitida pela estrela tem vindo a atravessar as camadas de poeira que a envolvem, dando origem a um cenário magnífico de luz e escuridão. A imagem estende-se por cerca de 14 anos-luz, à distância estimada de 20000 anos-luz.
enviado, via mail, por A.
sexta-feira, fevereiro 25, 2005
Zapping teatral ou a teatralização dos media?
a propósito da estreia de Sobre a mesa a faca, convidei o Dr. Daniel do Carmo Francisco, docente de Teoria da Comunicação, para uma breve observação do novo espectáculo das companhias Cão Solteiro e Teatro Praga.
O estatuto da linguagem dos media é muito próprio, e teve sempre como objectivo o rigor e a isenção, fugindo daquilo que foi o seu passado como "legado do medo" e de manipulação voluntarista das opiniões. Fundamento das primeiras teorias da comunicação colectiva, a manipulação foi a palavra de luto e aversão de qualquer meio de mass media.
No entanto a linguagem - e os próprios media em todas as suas variantes, estruturas e técnicas -, é uma interpretação de realidades. Isto é, são acontecimentos e realidades dadas sempre em segunda mão; há sempre um fio condutor, um pensamento, uma forma de manipulação de linguagem e de palavra para que audiência ganhe uma informação ou um conhecimento não tendencioso.
Aliás Aristóteles nas suas famosas dissonâncias com Platão, dizia que era muito mais grave e infeliz parecer cometer uma injustiça do que cometer a própria injustiça. E a linguagem dos media ao tentar escapar à etiqueta de manipuladora, esquece-se por vezes da sua origem manipulada.
Sobre a mesa a faca, uma co-produção das companhias Cão Solteiro e Teatro Praga, abre com um eloquente pastiche de entrevistas. Aliás, toda a peça é um pastiche de entrevistas, sentido-se quase um comando na mão para ir controlando os canais do cabo. Mas o controlo não é nosso, não somos nós que temos o comando. Mas ficamos com essa sensação e esse acto, passado um tempo, torna-se incómodo.
Um espectáculo feito de fragmentos de entrevistas - uma das linguagens e dos géneros jornalísticos mais temidos, porque é o que menos se controla já que é sempre uma comunicação a dois -, torna-se uma luta entre aquilo que se quer saber, o que se pensa querer, o que nos é dito ou o que se pensa que se nos quer dizer.
Afinal o comum espectador, até o mais habituado à inovação, mesmo que goste de sentir as franjas a tocarem acaba sempre por preferir que sejam só isso mesmo: franjas. Mas que dizer quando se começa a gostar e se deixa de sentir que se está numa cadeira de um teatro mas que se chegou à poltrona da sala?
Afinal, não há mesa, não há faca, mas ficamos sentados com a faca pronta a bater sobre a mesa, enquanto olhamos talvez o nosso jantar, e pelo canto do olho para um media qualquer. Ficamos a pensar: são eles que nos que querem dizer algo?
Ou é simplesmente mais uma imaterialidade própria das artes cénicas, feita de flashbacks, reversões e amputações de sentimentos e, sobretudo, de confissões? Talvez algo diferente: uma comunicação tripartida entre o significado solto das entrevistas, as imagens, as muito felizes entrevistas aos ídolos do vinil, aos fantasmas do desejo secreto de cada um, o desejo do reconhecimento e da glória... Afinal a entrevista é sempre um reconhecimento de importância pessoal a quem se deu tempo ou cinco minutos de fama.
Não deixa, ainda, de ser inquietante perceber a transmutação de linguagens, não só dos media, mas também a do cinema, da arquitectura, da música, da pintura... E do próprio teatro. A manipulação da linguagem, uma teatralização de um discurso quotidiano, do informativo e, porque não, do desejo do conhecimento da intimidade alheia.
Sobre a mesa a faca será, finalmente, uma proposta para a eleição dos media a oitava arte?
Daniel do Carmo Francisco
Docente de Teorias da Comunicação da Universidade Autonoma de Lisboa. Doctorando e Professor Investigador em Comunicação Empresarial e Institucional da Universidade Complutense de Madrid
Sobre a mesa a faca co.criação: cão solteiro + teatro praga | interpretação: André e. Teodósio, Carlos Alves, Marcello Urgeghe, Paula Sá Nogueira, Pedro Penim e Sofia Ferrão | apoio à dramaturgia: Manuela Correia | figurinos: Mariana Sá Nogueira | cenografia: Nuno Carinhas | execução de figurinos: Teresa Louro, Palmira Abranches e Natália Ferreira | produção e promoção: Pedro Pires | desenho do cartaz e postal: Mariana Sá Nogueira | design gráfico: Triplinfinito
a propósito da estreia de Sobre a mesa a faca, convidei o Dr. Daniel do Carmo Francisco, docente de Teoria da Comunicação, para uma breve observação do novo espectáculo das companhias Cão Solteiro e Teatro Praga.
O estatuto da linguagem dos media é muito próprio, e teve sempre como objectivo o rigor e a isenção, fugindo daquilo que foi o seu passado como "legado do medo" e de manipulação voluntarista das opiniões. Fundamento das primeiras teorias da comunicação colectiva, a manipulação foi a palavra de luto e aversão de qualquer meio de mass media.
No entanto a linguagem - e os próprios media em todas as suas variantes, estruturas e técnicas -, é uma interpretação de realidades. Isto é, são acontecimentos e realidades dadas sempre em segunda mão; há sempre um fio condutor, um pensamento, uma forma de manipulação de linguagem e de palavra para que audiência ganhe uma informação ou um conhecimento não tendencioso.
Aliás Aristóteles nas suas famosas dissonâncias com Platão, dizia que era muito mais grave e infeliz parecer cometer uma injustiça do que cometer a própria injustiça. E a linguagem dos media ao tentar escapar à etiqueta de manipuladora, esquece-se por vezes da sua origem manipulada.
Sobre a mesa a faca, uma co-produção das companhias Cão Solteiro e Teatro Praga, abre com um eloquente pastiche de entrevistas. Aliás, toda a peça é um pastiche de entrevistas, sentido-se quase um comando na mão para ir controlando os canais do cabo. Mas o controlo não é nosso, não somos nós que temos o comando. Mas ficamos com essa sensação e esse acto, passado um tempo, torna-se incómodo.
Um espectáculo feito de fragmentos de entrevistas - uma das linguagens e dos géneros jornalísticos mais temidos, porque é o que menos se controla já que é sempre uma comunicação a dois -, torna-se uma luta entre aquilo que se quer saber, o que se pensa querer, o que nos é dito ou o que se pensa que se nos quer dizer.
Afinal o comum espectador, até o mais habituado à inovação, mesmo que goste de sentir as franjas a tocarem acaba sempre por preferir que sejam só isso mesmo: franjas. Mas que dizer quando se começa a gostar e se deixa de sentir que se está numa cadeira de um teatro mas que se chegou à poltrona da sala?
Afinal, não há mesa, não há faca, mas ficamos sentados com a faca pronta a bater sobre a mesa, enquanto olhamos talvez o nosso jantar, e pelo canto do olho para um media qualquer. Ficamos a pensar: são eles que nos que querem dizer algo?
Ou é simplesmente mais uma imaterialidade própria das artes cénicas, feita de flashbacks, reversões e amputações de sentimentos e, sobretudo, de confissões? Talvez algo diferente: uma comunicação tripartida entre o significado solto das entrevistas, as imagens, as muito felizes entrevistas aos ídolos do vinil, aos fantasmas do desejo secreto de cada um, o desejo do reconhecimento e da glória... Afinal a entrevista é sempre um reconhecimento de importância pessoal a quem se deu tempo ou cinco minutos de fama.
Não deixa, ainda, de ser inquietante perceber a transmutação de linguagens, não só dos media, mas também a do cinema, da arquitectura, da música, da pintura... E do próprio teatro. A manipulação da linguagem, uma teatralização de um discurso quotidiano, do informativo e, porque não, do desejo do conhecimento da intimidade alheia.
Sobre a mesa a faca será, finalmente, uma proposta para a eleição dos media a oitava arte?
Daniel do Carmo Francisco
Docente de Teorias da Comunicação da Universidade Autonoma de Lisboa. Doctorando e Professor Investigador em Comunicação Empresarial e Institucional da Universidade Complutense de Madrid
Sobre a mesa a faca co.criação: cão solteiro + teatro praga | interpretação: André e. Teodósio, Carlos Alves, Marcello Urgeghe, Paula Sá Nogueira, Pedro Penim e Sofia Ferrão | apoio à dramaturgia: Manuela Correia | figurinos: Mariana Sá Nogueira | cenografia: Nuno Carinhas | execução de figurinos: Teresa Louro, Palmira Abranches e Natália Ferreira | produção e promoção: Pedro Pires | desenho do cartaz e postal: Mariana Sá Nogueira | design gráfico: Triplinfinito
Temporada: 15 de Fevereiro a 5 de Março_20h30 - armazém Hospital Miguel Bombarda | bilhetes: 5€ s/descontos para profissionais, jovens ou idosos.
Informações: 21 887 21 52 | 96 526 47 05 | praga_teatro@hotmail.com
O texto é da responsabilidade do autor, excepto hiperligações e informações adicionais. A análise ao espectáculo será publicada até ao fim da carreira do mesmo.
Lux Woman
Fui comprar a revista Lux Woman já que começou a fazer-se acompanhar de um serviço de café da marca Bodum. Para mulheres de verdade, dizem. Este mês é um açucareiro.
Bom, se for mesmo assim, as mulheres de verdade não devem ter formigas em casa. É que o açucareiro vêm sem tampa.
Fui comprar a revista Lux Woman já que começou a fazer-se acompanhar de um serviço de café da marca Bodum. Para mulheres de verdade, dizem. Este mês é um açucareiro.
Bom, se for mesmo assim, as mulheres de verdade não devem ter formigas em casa. É que o açucareiro vêm sem tampa.
Coitado do Jorge
O canto uruguaio Jorge Drexler, nomeado para os Oscars de domingo com a canção original Al otro lado del río, do filme Os diários de Che Guevara, viu substituída a sua participação na cerimónia de domingo por um Antonio Banderas. Vai daí decidiu escrever uma carta, apresentada hoje no El Mundo:
Me hubiera gustado cantar yo mismo mi canción, o al menos que la producción de la gala de los Oscar me consultara acerca de cómo presentarla en vivo, cosa que nunca ocurrió. Tampoco se han puesto jamás en contacto conmigo para comunicarme sus decisiones. (...) Puede que para los productores de la ceremonia de los Oscar una canción no sea más que una oportunidad para lograr un índice de audiencia determinado, pero a mi modo de ver, una canción es antes que nada un hecho artístico y debería haber sido tratada como tal. (...) Estoy muy contento con mi nominación y no voy a renunciar a esta alegría por mis diferencias de criterio artístico con la producción de un programa masivo de televisión. Asímismo, me gustaría pensar que esta circunstancia puede impulsar un debate cultural acerca de qué significa ser un artista latino, al margen de guetos, estereotipos y preconceptos. (...) No nos van a aguar la fiesta.
A música pode ser ouvida aqui.
Chega a ser injusto, já que o Banderas parece que tem o seu prémio em casa.
O canto uruguaio Jorge Drexler, nomeado para os Oscars de domingo com a canção original Al otro lado del río, do filme Os diários de Che Guevara, viu substituída a sua participação na cerimónia de domingo por um Antonio Banderas. Vai daí decidiu escrever uma carta, apresentada hoje no El Mundo:
Me hubiera gustado cantar yo mismo mi canción, o al menos que la producción de la gala de los Oscar me consultara acerca de cómo presentarla en vivo, cosa que nunca ocurrió. Tampoco se han puesto jamás en contacto conmigo para comunicarme sus decisiones. (...) Puede que para los productores de la ceremonia de los Oscar una canción no sea más que una oportunidad para lograr un índice de audiencia determinado, pero a mi modo de ver, una canción es antes que nada un hecho artístico y debería haber sido tratada como tal. (...) Estoy muy contento con mi nominación y no voy a renunciar a esta alegría por mis diferencias de criterio artístico con la producción de un programa masivo de televisión. Asímismo, me gustaría pensar que esta circunstancia puede impulsar un debate cultural acerca de qué significa ser un artista latino, al margen de guetos, estereotipos y preconceptos. (...) No nos van a aguar la fiesta.
A música pode ser ouvida aqui.
Chega a ser injusto, já que o Banderas parece que tem o seu prémio em casa.
Estreia (hoje)
7 crónicas de Natal para um autógrafo
Teatro da Garagem
Em 7 Crónicas de Natal para um Autógrafo, procura-se a estrutura do presépio para albergar o nascimento da memória e aguardar a régia epifania da imaginação, do humor e da assinatura que o tempo e as coisas deixam em nós.
Os presépios, como se sabe, nada devem à descoberta da disposição naturalista das personagens e dos objectos naturais e sobrenaturais na paisagem, cuja incongruência cronológica, espacial e, eventualmente, politicamente incorrecta não parece causar qualquer preocupação a Jesus menino. Encontramos assim uma espécie de três grupos de pessoas despreocupadas com o mesmo objecto, a saber: os que fazem o presépio na Índia ou no Poço do Bispo, na utopia indolente de uma Belém com musgo e sem conflitos, o divino nascituro, ainda perdido no sonho lúcido de todas as crianças com sono, em todos os sítios possíveis para dormir, brincar ou dizer adeus, e os que observam o presépio, como quem procura descobrir uma memória de infância, cada dia mais distante e nublada por um presente, mais arrumado, apetecível e cheio de advérbios de modo, do tipo "supostamente", "esteticamente", "felizmente", "logicamente" e por aí fora.
Esta distância entre preocupações de natureza histórica e estética e a estrutura e o conceito de presépio deixa-nos, a oriente, um horizonte amplo e religioso para o olhar, para a surpresa das ruas e das vozes e para investirmos de uma vida própria as figuras do nosso presépio, dando assim um novo sentido à frase "Natal é quando e como os homens e os animais quiserem", cuja veracidade, no entanto, ainda não foi descoberta pela sempre perspicaz estratégia comercial (felizmente!).
7 Crónicas de Natal para um Autógrafo é por conseguinte um exercício de disponibilidade para recebermos os presentes oferecidos pelo tempo às gavetas da memória, que nos alimenta e veste, para os abrir no frenesim do mistério, sem o cuidado de preservarmos os papeis ou os laços para o Natal seguinte, e para nos maravilharmos sem quaisquer advérbios de modo.
David Antunes
7 crónicas de Natal para um autógrafo Texto, encenação e concepção plástica Carlos J. Pessoa Dramaturgia David Antunes Música (composição e interpretação) Daniel Cervantes Figurinos Maria João Vicente Assistência de Figurinos Ana Palma Actores Ana Palma, Fernando Nobre, Flávia Gusmão, Maria João Vicente e Miguel Mendes Vídeo Luísa Homem e Tiago Miranda Fotografia Rodrigo Duarte Design Gráfico Paula Cardoso Desenho, montagem e operação de som Vasco Soares Montagem e operação de luz José Diogo Operação de Vídeo Tiago Miranda Direcção de produção Maria João Vicente Produção Bruno Coelho
Data 24 de Fevereiro a 27 de Março, Quarta a Domingo, pelas 21.30h
Local Teatro da Garagem (R. Afonso Annes Penedo, 1 - Poço do Bispo)
Bilhetes 10€ Público Geral; 5€ Est., Prof. Espectáculo, Ref. e Grupos(>10); 2,5€ Est. Artes do Espectáculo
Informações e Reservas 21 868 85 50, 91 472 37 32
Informações da responsabilidade do Teatro da Garagem.
7 crónicas de Natal para um autógrafo
Teatro da Garagem
Em 7 Crónicas de Natal para um Autógrafo, procura-se a estrutura do presépio para albergar o nascimento da memória e aguardar a régia epifania da imaginação, do humor e da assinatura que o tempo e as coisas deixam em nós.
Os presépios, como se sabe, nada devem à descoberta da disposição naturalista das personagens e dos objectos naturais e sobrenaturais na paisagem, cuja incongruência cronológica, espacial e, eventualmente, politicamente incorrecta não parece causar qualquer preocupação a Jesus menino. Encontramos assim uma espécie de três grupos de pessoas despreocupadas com o mesmo objecto, a saber: os que fazem o presépio na Índia ou no Poço do Bispo, na utopia indolente de uma Belém com musgo e sem conflitos, o divino nascituro, ainda perdido no sonho lúcido de todas as crianças com sono, em todos os sítios possíveis para dormir, brincar ou dizer adeus, e os que observam o presépio, como quem procura descobrir uma memória de infância, cada dia mais distante e nublada por um presente, mais arrumado, apetecível e cheio de advérbios de modo, do tipo "supostamente", "esteticamente", "felizmente", "logicamente" e por aí fora.
Esta distância entre preocupações de natureza histórica e estética e a estrutura e o conceito de presépio deixa-nos, a oriente, um horizonte amplo e religioso para o olhar, para a surpresa das ruas e das vozes e para investirmos de uma vida própria as figuras do nosso presépio, dando assim um novo sentido à frase "Natal é quando e como os homens e os animais quiserem", cuja veracidade, no entanto, ainda não foi descoberta pela sempre perspicaz estratégia comercial (felizmente!).
7 Crónicas de Natal para um Autógrafo é por conseguinte um exercício de disponibilidade para recebermos os presentes oferecidos pelo tempo às gavetas da memória, que nos alimenta e veste, para os abrir no frenesim do mistério, sem o cuidado de preservarmos os papeis ou os laços para o Natal seguinte, e para nos maravilharmos sem quaisquer advérbios de modo.
David Antunes
7 crónicas de Natal para um autógrafo Texto, encenação e concepção plástica Carlos J. Pessoa Dramaturgia David Antunes Música (composição e interpretação) Daniel Cervantes Figurinos Maria João Vicente Assistência de Figurinos Ana Palma Actores Ana Palma, Fernando Nobre, Flávia Gusmão, Maria João Vicente e Miguel Mendes Vídeo Luísa Homem e Tiago Miranda Fotografia Rodrigo Duarte Design Gráfico Paula Cardoso Desenho, montagem e operação de som Vasco Soares Montagem e operação de luz José Diogo Operação de Vídeo Tiago Miranda Direcção de produção Maria João Vicente Produção Bruno Coelho
Data 24 de Fevereiro a 27 de Março, Quarta a Domingo, pelas 21.30h
Local Teatro da Garagem (R. Afonso Annes Penedo, 1 - Poço do Bispo)
Bilhetes 10€ Público Geral; 5€ Est., Prof. Espectáculo, Ref. e Grupos(>10); 2,5€ Est. Artes do Espectáculo
Informações e Reservas 21 868 85 50, 91 472 37 32
Informações da responsabilidade do Teatro da Garagem.
9ª Mostra de Teatro de Almada (hoje)
MURMURIU
estreia absoluta
WHY CAN I BE ME
Maria João Machado e John Romão
m/16
25 de Fevereiro às 21:30
no AUDITÓRIO FERNANDO LOPES GRAÇA
Concepção e Direcção John Romão Co-criação e Interpretação John Romão, Maria João Machado Participações Especiais Óscar Reis, Banda da Academia Almadense Vídeo Sérgio Cruz Assistência Miguel Ângelo Almeida Fotografia Rui Eduardo Botas Produção Murmuriu
O objectivo deste trabalho é aprofundar a significação da identidade pessoal, não como ela é ressentida isoladamente, mas como ela emerge na lógica complexa das relações sociais.
Aqui existem dois mundos que se cruzam num universo comum, que se alimentam do consciente e do inconsciente, do natural e do artificial, do animado e inanimado, e onde os gestos são metáfora dos impulsos obscuros que se escondem na normalidade, e deixam exposto o território vital onde se produzem as incoerências e se desatam as forças indomáveis das ânsias e das frustrações do homem actual.
O ser humano é cada vez menos humano e cada vez mais um número da massa amorfa, e o mundo que habita converteu-se num grande mercado onde o homem se compra e se vende como mais um produto. Que corpo? Que discurso? Que direcção?
Contaminação.
Informações da responsabilidade do Departamento de Acção Socio-Cultural da Câmara Municipal de Almada e da companhia, excepto hiperligações.
MURMURIU
estreia absoluta
WHY CAN I BE ME
Maria João Machado e John Romão
m/16
25 de Fevereiro às 21:30
no AUDITÓRIO FERNANDO LOPES GRAÇA
Concepção e Direcção John Romão Co-criação e Interpretação John Romão, Maria João Machado Participações Especiais Óscar Reis, Banda da Academia Almadense Vídeo Sérgio Cruz Assistência Miguel Ângelo Almeida Fotografia Rui Eduardo Botas Produção Murmuriu
O objectivo deste trabalho é aprofundar a significação da identidade pessoal, não como ela é ressentida isoladamente, mas como ela emerge na lógica complexa das relações sociais.
Aqui existem dois mundos que se cruzam num universo comum, que se alimentam do consciente e do inconsciente, do natural e do artificial, do animado e inanimado, e onde os gestos são metáfora dos impulsos obscuros que se escondem na normalidade, e deixam exposto o território vital onde se produzem as incoerências e se desatam as forças indomáveis das ânsias e das frustrações do homem actual.
O ser humano é cada vez menos humano e cada vez mais um número da massa amorfa, e o mundo que habita converteu-se num grande mercado onde o homem se compra e se vende como mais um produto. Que corpo? Que discurso? Que direcção?
Contaminação.
Informações da responsabilidade do Departamento de Acção Socio-Cultural da Câmara Municipal de Almada e da companhia, excepto hiperligações.
Carne, o anterior espectáculo da estrutura Murmuriu.
quinta-feira, fevereiro 24, 2005
Sócrates
in Portugal dos Pequeninos
RASGO
José Sócrates tem agora formalmente a incumbência de formar um governo. O resultado que obteve liberta-o dos constrangimentos paroquiais e da "angústia da influência". Sócrates tem, pois, o dever indeclinável e indesculpável de formar um bom governo. Deverá recolher no seu partido as pessoas com passado, presente e futuro que intuam politicamente o que vai estar verdadeiramente em causa nos próximos tempos. Pessoas que se adaptem e promovam um registo de não-facilidade e de realismo. Homens e mulheres sérios que dediquem o melhor do seu esforço à causa pública, sem estarem constantemente a pensar no ganho caciqueiro imediato. Também deve recolher o contributo de não-socialistas empenhados em fazer as coisas de modo diferente, disponíveis - e não meros oportunistas de circunstância - para ajudar a fazer sair o país da decepção, do atoleiro e da mediocridade em que a coligação do "tempo novo" nos enfiou. Sócrates inicia hoje uma "vida nova" com a noção certa de que "já não temos mais começos". O "tempo longo" de que Sócrates dispôe exige soluções maduras, responsáveis e "anti-depressivas". No fundo, aquilo a que Mário Soares chama um "governo de salvação nacional". Só lhe posso desejar rasgo, já que o rasgo que Sócrates mostrar nestes primeiros dias é a nossa "sorte" para os próximos tempos.
João Gonçalves
in Portugal dos Pequeninos
RASGO
José Sócrates tem agora formalmente a incumbência de formar um governo. O resultado que obteve liberta-o dos constrangimentos paroquiais e da "angústia da influência". Sócrates tem, pois, o dever indeclinável e indesculpável de formar um bom governo. Deverá recolher no seu partido as pessoas com passado, presente e futuro que intuam politicamente o que vai estar verdadeiramente em causa nos próximos tempos. Pessoas que se adaptem e promovam um registo de não-facilidade e de realismo. Homens e mulheres sérios que dediquem o melhor do seu esforço à causa pública, sem estarem constantemente a pensar no ganho caciqueiro imediato. Também deve recolher o contributo de não-socialistas empenhados em fazer as coisas de modo diferente, disponíveis - e não meros oportunistas de circunstância - para ajudar a fazer sair o país da decepção, do atoleiro e da mediocridade em que a coligação do "tempo novo" nos enfiou. Sócrates inicia hoje uma "vida nova" com a noção certa de que "já não temos mais começos". O "tempo longo" de que Sócrates dispôe exige soluções maduras, responsáveis e "anti-depressivas". No fundo, aquilo a que Mário Soares chama um "governo de salvação nacional". Só lhe posso desejar rasgo, já que o rasgo que Sócrates mostrar nestes primeiros dias é a nossa "sorte" para os próximos tempos.
João Gonçalves
Em torno do trágico e da tragédia
A Escola Superior de Teatro e Cinema recebe hoje a visita de José Pedro Serra, professor de Antiguidade Clássica e Estética de Teatro na Faculdade de Letras de Lisboa, para uma conferência/encontro intitulado Em torno do trágico e da tragédia, no âmbito dos encontros de História do Teatro Antigo.
A decorrer entre as 15h e as 19h, será, certamente, um verdadeiro bálsamo nestes dias de pouco pensamento. As conversas com José Pedro Serra são uma descoberta de novos sentidos para coisas que achamos obsoletas, mas tão essencias para compreender estes tempos que são os nossos.
Mais informações
Escola Superior de Teatro e Cinema
Av. Marquês de Pombal, 22B - 2700-571 Amadora
T. 21 498 94 00/52 F.21 498 94 01
A Escola Superior de Teatro e Cinema recebe hoje a visita de José Pedro Serra, professor de Antiguidade Clássica e Estética de Teatro na Faculdade de Letras de Lisboa, para uma conferência/encontro intitulado Em torno do trágico e da tragédia, no âmbito dos encontros de História do Teatro Antigo.
A decorrer entre as 15h e as 19h, será, certamente, um verdadeiro bálsamo nestes dias de pouco pensamento. As conversas com José Pedro Serra são uma descoberta de novos sentidos para coisas que achamos obsoletas, mas tão essencias para compreender estes tempos que são os nossos.
Mais informações
Escola Superior de Teatro e Cinema
Av. Marquês de Pombal, 22B - 2700-571 Amadora
T. 21 498 94 00/52 F.21 498 94 01
9ª Mostra de Teatro de Almada (hoje)
NINHO DE VÍBORAS - ASSOCIAÇÃO CULTURAL
estreia absoluta
PUNCHWORK
de Inês Nogueira e Maria João Garcia (a partir da banda desenhada de Neil Gaiman e Dave McKeena)
m/12
24 de Fevereiro às 21:30
no CASA MUNICIPAL DA JUVENTUDE DE CACILHAS
Direcção Maria João Garcia Interpretação Inês Nogueira, Vítor D'Andrade Dramaturgia Inês Nogueira e Maria João Garcia Luz Paulo Diegues e Maria João Garcia Cenografia e Adereços Catarina Pé-Curto Produção Ninho de Víboras
Uma história sobre a memória e a infância, família e traição.
"O caminho da memória não é recto nem seguro, e percorremo-lo por nossa conta e risco. É mais fácil fazer pequenas viagens pelo passado, relembrando em miniatura, construindo pequenas peças de fantoches na cabeça."
Um narrador, um tio-avô corcunda, os avós, uma sereia: a construção da memória, uma praia.
"Nessa altura eu vivia numa terra de gigantes. Todas as crianças vivem."
NINHO DE VÍBORAS
"O Ninho de Víboras é uma associação cultural criada em 1996 por um colectivo de artistas com formações e percursos distintos, que partilham entre si um conjunto de valores éticos e estéticos. A sua área de intervenção privilegiada é o concelho de Almada. As suas realizações, de natureza multidisciplinar, têm-se manifestado nas áreas do Teatro, Dança, Música, Artes Plásticas e Audiovisuais, organizando também acções de formação, conferências e debates.
Os trabalhos do Ninho de Víboras dão primazia à comunicação franca e clara com os espectadores, à provocação e à subjectividade, procurando aprofundar o diálogo com a sociedade e cultura portuguesas".
Informações da responsabilidade do Departamento Socio-Cultural da Câmara Municipal de Alamada e companhia, excepto hiperligações.
NINHO DE VÍBORAS - ASSOCIAÇÃO CULTURAL
estreia absoluta
PUNCHWORK
de Inês Nogueira e Maria João Garcia (a partir da banda desenhada de Neil Gaiman e Dave McKeena)
m/12
24 de Fevereiro às 21:30
no CASA MUNICIPAL DA JUVENTUDE DE CACILHAS
Direcção Maria João Garcia Interpretação Inês Nogueira, Vítor D'Andrade Dramaturgia Inês Nogueira e Maria João Garcia Luz Paulo Diegues e Maria João Garcia Cenografia e Adereços Catarina Pé-Curto Produção Ninho de Víboras
Uma história sobre a memória e a infância, família e traição.
"O caminho da memória não é recto nem seguro, e percorremo-lo por nossa conta e risco. É mais fácil fazer pequenas viagens pelo passado, relembrando em miniatura, construindo pequenas peças de fantoches na cabeça."
Um narrador, um tio-avô corcunda, os avós, uma sereia: a construção da memória, uma praia.
"Nessa altura eu vivia numa terra de gigantes. Todas as crianças vivem."
NINHO DE VÍBORAS
"O Ninho de Víboras é uma associação cultural criada em 1996 por um colectivo de artistas com formações e percursos distintos, que partilham entre si um conjunto de valores éticos e estéticos. A sua área de intervenção privilegiada é o concelho de Almada. As suas realizações, de natureza multidisciplinar, têm-se manifestado nas áreas do Teatro, Dança, Música, Artes Plásticas e Audiovisuais, organizando também acções de formação, conferências e debates.
Os trabalhos do Ninho de Víboras dão primazia à comunicação franca e clara com os espectadores, à provocação e à subjectividade, procurando aprofundar o diálogo com a sociedade e cultura portuguesas".
Informações da responsabilidade do Departamento Socio-Cultural da Câmara Municipal de Alamada e companhia, excepto hiperligações.
Por palavras (pode ser que doa menos)
Em boa hora a Relógio d'água edita a versão portuguesa da peça de Patrick Marber, que serviu para o filme Closer (ainda em exibição). Em português o texto chamou-se Quase, e estreou no Teatro Aberto, em 1999.
Por duas razões: primeiro porque resgata do esquecimento o trabalho de Vera San Payo Lemos e João Lourenço, dando à dramaturgia editada em português mais um exemplo de cruzamento de linguagens e técnicas. Em segundo lugar, porque permite forçar as palavras do texto a um jogo de verdade e reconhecimento, que ultrapassando o filme, o texto, a peça e os actores, busca no espectador/leitor as razões (e as opções) de espelho. Em português o texto chamou-se Quase, e estreou no Teatro Aberto, em 1999.
De: Patrick Marber Versão: João Lourenço, Vera San Payo de Lemos Dramaturgia: Vera San Payo de Lemos Luz: João Lourenço, Melim Teixeira Cenário e Figurinos: Vera Castro Encenação: João Lourenço Interpretação: Catarina Furtado, Diogo Infante, Virgílio Castelo, Ana Nave
Recorda-se que a votação (a decorrer na coluna da direita) para saber quem ganha o jogo, termina no domingo.
Em boa hora a Relógio d'água edita a versão portuguesa da peça de Patrick Marber, que serviu para o filme Closer (ainda em exibição). Em português o texto chamou-se Quase, e estreou no Teatro Aberto, em 1999.
Por duas razões: primeiro porque resgata do esquecimento o trabalho de Vera San Payo Lemos e João Lourenço, dando à dramaturgia editada em português mais um exemplo de cruzamento de linguagens e técnicas. Em segundo lugar, porque permite forçar as palavras do texto a um jogo de verdade e reconhecimento, que ultrapassando o filme, o texto, a peça e os actores, busca no espectador/leitor as razões (e as opções) de espelho. Em português o texto chamou-se Quase, e estreou no Teatro Aberto, em 1999.
De: Patrick Marber Versão: João Lourenço, Vera San Payo de Lemos Dramaturgia: Vera San Payo de Lemos Luz: João Lourenço, Melim Teixeira Cenário e Figurinos: Vera Castro Encenação: João Lourenço Interpretação: Catarina Furtado, Diogo Infante, Virgílio Castelo, Ana Nave
Recorda-se que a votação (a decorrer na coluna da direita) para saber quem ganha o jogo, termina no domingo.
terça-feira, fevereiro 22, 2005
Caravaggio em Londres
Salome with the Head of St John the Baptist
There is a frisson of the trans-gressive about Caravaggio's art, a morbidity as much spiritual as it is - to modern eyes - sexual and social. It's difficult not to come over a bit queer looking at Caravaggio, whatever one's sexual orientation or habits; whatever, even, one's actual sex. Women, I think, must see Caravaggio differently. But how differently? It's a question I can never answer - and I doubt that such questions were ever much on the artist's mind, even if they occur to us.
in The Guardian
Salome with the Head of St John the Baptist
There is a frisson of the trans-gressive about Caravaggio's art, a morbidity as much spiritual as it is - to modern eyes - sexual and social. It's difficult not to come over a bit queer looking at Caravaggio, whatever one's sexual orientation or habits; whatever, even, one's actual sex. Women, I think, must see Caravaggio differently. But how differently? It's a question I can never answer - and I doubt that such questions were ever much on the artist's mind, even if they occur to us.
in The Guardian
Anti-Christo em Nova York
Just who is Hargo? Is he some kind of genius wrapper? His name is Geoff Hargadon, he is 50 and, in a telephone interview, he would only say, enigmatically, "Art is not my profession." His last installation was a studio full of discarded ATM receipts. The show was called "Balance." It was about "people, privacy and money," he said, adding: "You want to know how much people have? Here it is." (...) Each saffron-colored gate that makes up "The Somerville Gates" is a 3.5-inch-high structure made of wooden dowels, cut-up roof shingles and clear corrugated plastic, all painted with orange tempera. (Hargo made 16 individual gates and moved them from room to room, following Edie's footsteps.)
Instalação completa aqui
A instalação de Christo e Jeanne-Claude no Central Park, aqui.
in New York Times
Just who is Hargo? Is he some kind of genius wrapper? His name is Geoff Hargadon, he is 50 and, in a telephone interview, he would only say, enigmatically, "Art is not my profession." His last installation was a studio full of discarded ATM receipts. The show was called "Balance." It was about "people, privacy and money," he said, adding: "You want to know how much people have? Here it is." (...) Each saffron-colored gate that makes up "The Somerville Gates" is a 3.5-inch-high structure made of wooden dowels, cut-up roof shingles and clear corrugated plastic, all painted with orange tempera. (Hargo made 16 individual gates and moved them from room to room, following Edie's footsteps.)
Instalação completa aqui
A instalação de Christo e Jeanne-Claude no Central Park, aqui.
in New York Times
Rirkrit Tiravanija em Paris
Il n'y a rien à voir dans la rétrospective de l'artiste Rirkrit Tiravanija, que tout le monde appelle Rirkrit de peur d'abîmer son nom. Absolument rien. Si ce n'est des cloisons de contreplaqué qui ne portent pas la moindre œuvre et découpent au sol des surfaces vides de tout objet. Seulement des dates et des titres, par exemple Untitled 1990 (Pad Thaï) ou Untitled 2002 (He Promised). (...) L'artiste part de la conviction que l'art, aujourd'hui, doit essentiellement permettre des rencontres entre les gens, des conversations, des émotions communes, du convivial, du ludique. Nourrir et abreuver les visiteurs est le meilleur moyen d'y parvenir vite.
Il n'y a rien à voir dans la rétrospective de l'artiste Rirkrit Tiravanija, que tout le monde appelle Rirkrit de peur d'abîmer son nom. Absolument rien. Si ce n'est des cloisons de contreplaqué qui ne portent pas la moindre œuvre et découpent au sol des surfaces vides de tout objet. Seulement des dates et des titres, par exemple Untitled 1990 (Pad Thaï) ou Untitled 2002 (He Promised). (...) L'artiste part de la conviction que l'art, aujourd'hui, doit essentiellement permettre des rencontres entre les gens, des conversations, des émotions communes, du convivial, du ludique. Nourrir et abreuver les visiteurs est le meilleur moyen d'y parvenir vite.
in Le Monde
9ª Mostra de Teatro de Almada (hoje)
NNT - Novo Núcleo de Teatro da Faculdade de Ciências e Tecnologia
estreia absoluta
LISSÃO
m/12
22 de Fevereiro às 21:30
no AUDITÓRIO FERNANDO LOPES GRAÇA
Autor(a) adaptação de vários textos "A Lição" de Eugene Ionescu, "Cosmicómicas" e "Novas Cosmicómicas" de Ítalo Calvino, " À Espera de Godot" de Samuel Beckett Encenação Alexandre Calado Interpretação Carina Maurício, Carolina Patrocínio, Gustavo Vargas, João Cleto, Leonora Lorena, Marco André, Teresa Meira Figurinos NNT Fotografia Jorge Gomes Grafismo Rui Santos Luz Alexandre Calado Som João Taquelim Cenografia NNT Música Ricardo Leote Vídeo Jorge Gomes, João Taquelim Produção Executiva NNT
Absurdo - a partir de A Lição estudantes procuram um espectáculo - professores, aprendem.
No auditório de conferências da faculdade, a peça um pretexto para um repto colectivo. Nos tempos que correm o poder de impor e a escolha da submissão, o malogro da comunicação e o triunfo da indiferença, o niilismo, o tecnicismo - qual, qual é a lição do dia?
Desmesura. Retalhado o poeta, a escrita de Eugéne Ionesco cozida com Italo Calvino, com Samuel Beckett. Mas neste mar tem mais de haver pessoas e não os peixes ou os cometas dos discursos e dos tratados. Este é um ramo ou a árvore toda do deserto? A botânica do desespero é uma ciência exacta, só um outro sempre eu-mesmo dentro da garrafa, o que é que estamos aqui a dizer, percebes?
Espetos cornos no destino - a certeza da busca. De um hoje, por aqui, de sujeitos. No lugar onde se vê o corpo todo é visão, a palavra uma pele que se toca. E até há lá homens e mulheres dentro acordados! Imagino.
NNT - Novo Núcleo de Teatro da Faculdade de Ciências e Tecnologia
O NNT conta agora com nove anos de existência desde a sua formação em 1995. Ao longo dos anos realizaram-se vários workshops, nomeadamente de Expressão corporal, Interpretação, Voz e Iniciação ao teatro, orientados por nomes como Paula Freitas, Ávila Costa, Luís Castanheira, Alexandre Calado, Sandra Hung e João Tempera. Já foram postos em cena conhecidos textos como "O Destino Morreu de Repente", "A Mais Baixa Profissão", "As Três Irmãs", "O Pelicano", "A Boda", "Jacques e o Seu Amo"; que contaram com encenações de membros da casa a nomes como Natália Luíza e Jorge Fraga, Paula Só; assim como outros textos menos conhecidos: a "Feira de S.Nicolau" e "Esquartejamento para todos", ambos encenados por Alexandre Calado, um dos membros fundadores do NNT, que também escreveu e encenou "Fértil Feitiço" e "Fértil Fátuo" para o grupo.
A mais recente produção foi "O Ventre de Jeremias" escrito pelo Maestro Victorino d´Almeida, com encenação Catarina Santana, membro fundador do NNT e direcção musical de André Louro. O grupo conta ainda com participações anuais no FATAL e na Mostra de Teatro de Almada, assim como em festivais universitários nacionais como o aCTUS, e internacionais universitários, como é o de Santiago de Compostela.
NNT - Novo Núcleo de Teatro da Faculdade de Ciências e Tecnologia
estreia absoluta
LISSÃO
m/12
22 de Fevereiro às 21:30
no AUDITÓRIO FERNANDO LOPES GRAÇA
Autor(a) adaptação de vários textos "A Lição" de Eugene Ionescu, "Cosmicómicas" e "Novas Cosmicómicas" de Ítalo Calvino, " À Espera de Godot" de Samuel Beckett Encenação Alexandre Calado Interpretação Carina Maurício, Carolina Patrocínio, Gustavo Vargas, João Cleto, Leonora Lorena, Marco André, Teresa Meira Figurinos NNT Fotografia Jorge Gomes Grafismo Rui Santos Luz Alexandre Calado Som João Taquelim Cenografia NNT Música Ricardo Leote Vídeo Jorge Gomes, João Taquelim Produção Executiva NNT
Absurdo - a partir de A Lição estudantes procuram um espectáculo - professores, aprendem.
No auditório de conferências da faculdade, a peça um pretexto para um repto colectivo. Nos tempos que correm o poder de impor e a escolha da submissão, o malogro da comunicação e o triunfo da indiferença, o niilismo, o tecnicismo - qual, qual é a lição do dia?
Desmesura. Retalhado o poeta, a escrita de Eugéne Ionesco cozida com Italo Calvino, com Samuel Beckett. Mas neste mar tem mais de haver pessoas e não os peixes ou os cometas dos discursos e dos tratados. Este é um ramo ou a árvore toda do deserto? A botânica do desespero é uma ciência exacta, só um outro sempre eu-mesmo dentro da garrafa, o que é que estamos aqui a dizer, percebes?
Espetos cornos no destino - a certeza da busca. De um hoje, por aqui, de sujeitos. No lugar onde se vê o corpo todo é visão, a palavra uma pele que se toca. E até há lá homens e mulheres dentro acordados! Imagino.
NNT - Novo Núcleo de Teatro da Faculdade de Ciências e Tecnologia
O NNT conta agora com nove anos de existência desde a sua formação em 1995. Ao longo dos anos realizaram-se vários workshops, nomeadamente de Expressão corporal, Interpretação, Voz e Iniciação ao teatro, orientados por nomes como Paula Freitas, Ávila Costa, Luís Castanheira, Alexandre Calado, Sandra Hung e João Tempera. Já foram postos em cena conhecidos textos como "O Destino Morreu de Repente", "A Mais Baixa Profissão", "As Três Irmãs", "O Pelicano", "A Boda", "Jacques e o Seu Amo"; que contaram com encenações de membros da casa a nomes como Natália Luíza e Jorge Fraga, Paula Só; assim como outros textos menos conhecidos: a "Feira de S.Nicolau" e "Esquartejamento para todos", ambos encenados por Alexandre Calado, um dos membros fundadores do NNT, que também escreveu e encenou "Fértil Feitiço" e "Fértil Fátuo" para o grupo.
A mais recente produção foi "O Ventre de Jeremias" escrito pelo Maestro Victorino d´Almeida, com encenação Catarina Santana, membro fundador do NNT e direcção musical de André Louro. O grupo conta ainda com participações anuais no FATAL e na Mostra de Teatro de Almada, assim como em festivais universitários nacionais como o aCTUS, e internacionais universitários, como é o de Santiago de Compostela.
Informações da responsabilidade do Departamento de Acção Socio-Cultiral da câmara Municipal de Almada e da companhia, excepto hiperligações
Dia Europeu da Vítima do Crime
A Associação Portuguesa de Apoio à Vítimas está sem fundos e pode mesmo vir a fechar em Março. Esta situação está a ocorrer uma vez que a organização não conseguiu renovar os apoios do Estado há dois anos.
A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) está em risco de fechar portas, pois neste momento apenas dispõe de fundos suficientes para sobreviver até Março, isto após dois anos de tentativas de renegociação de apoios do Estado.
Em declarações à TSF, o secretário-geral da APAV vê como muito complicada a manutenção da associação a manter-se este estado de coisas, que já levou à diminuição dos processos de apoio devido ao corte nos horários de alguns gabinetes e ao fecho de outro na área metropolitana de Lisboa.
João Lázaro indicou que falta o dinheiro para pagar não só aos técnicos que coordenam o voluntariado da APAV, mas também as contas da água, luz e rendas, pois o protocolo que estabelece o apoio do Estado não foi renovado há dois anos.
«Depois de grande esforço da APAV para fazer com que o Governo, a nível dos ministérios e do Gabinete do primeiro-ministro, pudesse chegar a um acordo que para nós é essencial este ainda não foi possível», acrescentou.
O secretário-geral da organização clarificou ainda que esta alerta não chega por causa da realização das eleições, mas porque os fundos da APAV estão esgotados.
in TSF
Homens queixam-se cada vez mais de maus tratos
São cada vez mais os homens que se queixam de violência doméstica, representando 15% das participações na GNR e PSP em 2004, segundo o Gabinete Coordenador de Segurança (GCS). A percentagem das vítimas masculinas é idêntica nos meios rurais e urbanos, o que revela uma alteração das mentalidades, defendem autoridades policiais e os técnicos. No ano passado registaram-se 14 959 processos no total, menos 2468 do que em 2003.
"O número de vítimas homens está a aumentar e, provavelmente, são muito mais que os que se queixam", refere a socióloga Elza Pais, a fazer um doutoramento sobre violência conjugal. De acordo com a socióloga, o homem que admite ser maltratado pelo cônjuge ou companheira ainda é malvisto na sociedade portuguesa. "É preciso ter muita coragem para apresentar queixa por ter sido agredido pela mulher, sobretudo nos meios pequenos", diz Leonel Carvalho, secretário-geral do GCS.
in DN
Site da APAV
A Associação Portuguesa de Apoio à Vítimas está sem fundos e pode mesmo vir a fechar em Março. Esta situação está a ocorrer uma vez que a organização não conseguiu renovar os apoios do Estado há dois anos.
A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) está em risco de fechar portas, pois neste momento apenas dispõe de fundos suficientes para sobreviver até Março, isto após dois anos de tentativas de renegociação de apoios do Estado.
Em declarações à TSF, o secretário-geral da APAV vê como muito complicada a manutenção da associação a manter-se este estado de coisas, que já levou à diminuição dos processos de apoio devido ao corte nos horários de alguns gabinetes e ao fecho de outro na área metropolitana de Lisboa.
João Lázaro indicou que falta o dinheiro para pagar não só aos técnicos que coordenam o voluntariado da APAV, mas também as contas da água, luz e rendas, pois o protocolo que estabelece o apoio do Estado não foi renovado há dois anos.
«Depois de grande esforço da APAV para fazer com que o Governo, a nível dos ministérios e do Gabinete do primeiro-ministro, pudesse chegar a um acordo que para nós é essencial este ainda não foi possível», acrescentou.
O secretário-geral da organização clarificou ainda que esta alerta não chega por causa da realização das eleições, mas porque os fundos da APAV estão esgotados.
in TSF
Homens queixam-se cada vez mais de maus tratos
São cada vez mais os homens que se queixam de violência doméstica, representando 15% das participações na GNR e PSP em 2004, segundo o Gabinete Coordenador de Segurança (GCS). A percentagem das vítimas masculinas é idêntica nos meios rurais e urbanos, o que revela uma alteração das mentalidades, defendem autoridades policiais e os técnicos. No ano passado registaram-se 14 959 processos no total, menos 2468 do que em 2003.
"O número de vítimas homens está a aumentar e, provavelmente, são muito mais que os que se queixam", refere a socióloga Elza Pais, a fazer um doutoramento sobre violência conjugal. De acordo com a socióloga, o homem que admite ser maltratado pelo cônjuge ou companheira ainda é malvisto na sociedade portuguesa. "É preciso ter muita coragem para apresentar queixa por ter sido agredido pela mulher, sobretudo nos meios pequenos", diz Leonel Carvalho, secretário-geral do GCS.
in DN
Site da APAV
Site da Aministia Internacional
segunda-feira, fevereiro 21, 2005
A lei dos amantes (60)
Fico Assim Sem Você
Adriana Calcanhoto
Avião sem asa, fogueira sem brasa
Sou eu assim sem você
Futebol sem bola. Piu-Piu sem Frajola
Sou eu assim sem você
Por que é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil alto-falantes
Vão poder falar por mim
Amor sem beijinho,
Buchecha sem Claudinho
Sou eu assim sem você
Circo sem palhaço, namoro sem amasso
Sou eu assim sem você
To louca pra te ver chegar
To louca pra te ter nas mãos
Deitar no teu abraço, retomar o pedaço
Que falta no meu coração
Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo Porque? Pooooooorque?
Neném sem chupeta, Romeu sem Julieta
Sou eu assim sem você
Carro sem estrada, queijo sem goiabada
Sou eu assim sem você
Por que é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil alto-falantes
Vão poder falar por mim
Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo
Para dançar aos saltos em cima de um colchão. Com ou sem amor.
Fico Assim Sem Você
Adriana Calcanhoto
Avião sem asa, fogueira sem brasa
Sou eu assim sem você
Futebol sem bola. Piu-Piu sem Frajola
Sou eu assim sem você
Por que é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil alto-falantes
Vão poder falar por mim
Amor sem beijinho,
Buchecha sem Claudinho
Sou eu assim sem você
Circo sem palhaço, namoro sem amasso
Sou eu assim sem você
To louca pra te ver chegar
To louca pra te ter nas mãos
Deitar no teu abraço, retomar o pedaço
Que falta no meu coração
Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo Porque? Pooooooorque?
Neném sem chupeta, Romeu sem Julieta
Sou eu assim sem você
Carro sem estrada, queijo sem goiabada
Sou eu assim sem você
Por que é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil alto-falantes
Vão poder falar por mim
Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo
Os tempos que mudam
Parece-me que a vitória do PS não é histórica pelo facto de ser maioria absoluta. É histórica porque obriga o PS a tomar decisões, as difíceis e as que podem mudar o país. Não há ilusões quanto ao estado das coisas. E não pode haver ilusões quanto ao facto de ser necessário continuar a pedir sacrifícios. A todos.
Um voto no PS porque significava a libertação das obrigações foi um voto vão. Espero que Sócrates perceba isso. Porque a maioria absoluta implica uma responsabilidade acrescida. Sobretudo porque nos votos do Ps se incluêm muitos contra a forma como o PSD tratou o país. Especialmente na 2ª metade da legislatura. Continuo sem dúvidas de que se a escolha tivesse sido Manuela Ferreira Leite não teríamos tido eleições. Mas o PSD não percebeu isso. E preferiu o poder pelo poder.
Agora, o PS é, efectivamente, o governo de todos os portugueses. Incluíndo aqueles que daqui a quatro anos (espera-se) poderão voltar para perceber se valeu a pena.
Mas a vitória de ontem é, ainda, uma vitória de mudança. Mais do que pela maioria absoluta, pelo fim de mitos como o de Santana Lopes; de politicas de direita conservadora pouco condicentes com a necessidades da sociedade como as de Paulo Portas; de uma definição do papel e lugar do Bloco de Esquerda; e de uma responsabilidade para José Socrates em ser, realmente, um Primeiro Ministro com convicção. Coisa que, aliás, não mostrou na campanha.
Parece-me que a vitória do PS não é histórica pelo facto de ser maioria absoluta. É histórica porque obriga o PS a tomar decisões, as difíceis e as que podem mudar o país. Não há ilusões quanto ao estado das coisas. E não pode haver ilusões quanto ao facto de ser necessário continuar a pedir sacrifícios. A todos.
Um voto no PS porque significava a libertação das obrigações foi um voto vão. Espero que Sócrates perceba isso. Porque a maioria absoluta implica uma responsabilidade acrescida. Sobretudo porque nos votos do Ps se incluêm muitos contra a forma como o PSD tratou o país. Especialmente na 2ª metade da legislatura. Continuo sem dúvidas de que se a escolha tivesse sido Manuela Ferreira Leite não teríamos tido eleições. Mas o PSD não percebeu isso. E preferiu o poder pelo poder.
Agora, o PS é, efectivamente, o governo de todos os portugueses. Incluíndo aqueles que daqui a quatro anos (espera-se) poderão voltar para perceber se valeu a pena.
Mas a vitória de ontem é, ainda, uma vitória de mudança. Mais do que pela maioria absoluta, pelo fim de mitos como o de Santana Lopes; de politicas de direita conservadora pouco condicentes com a necessidades da sociedade como as de Paulo Portas; de uma definição do papel e lugar do Bloco de Esquerda; e de uma responsabilidade para José Socrates em ser, realmente, um Primeiro Ministro com convicção. Coisa que, aliás, não mostrou na campanha.
Vitória
Pelo fim da direita, de Portas e Santana. Pelo aumento dos deputados do BE e da CDU. E pela capacidade de podermos responsabilizar o PS por qualquer coisa que façam. Acabaram desculpas para não se cumprir Portugal.
A :2 , ao mesmo tempo que Sócrates se lança nos braços dos votantes, passa o Serenata à Chuva. Não poderia pensar em melhor forma de celebrar a noite de alegria deste seco e frio Fevereiro.
Pelo fim da direita, de Portas e Santana. Pelo aumento dos deputados do BE e da CDU. E pela capacidade de podermos responsabilizar o PS por qualquer coisa que façam. Acabaram desculpas para não se cumprir Portugal.
A :2 , ao mesmo tempo que Sócrates se lança nos braços dos votantes, passa o Serenata à Chuva. Não poderia pensar em melhor forma de celebrar a noite de alegria deste seco e frio Fevereiro.
domingo, fevereiro 20, 2005
Vou a tua casa - lado b
No Caminho (prolongamento de datas)
Olá,
O meu nome é Rogério Nuno Costa, tenho 26 anos e gostava de fazer uma performance para ti. Chama-se 'NO CAMINHO', porque acontece num local público à tua escolha, a caminho de minha casa, a caminho da tua, no meio. Até ao final de Abril (contrariamente ao que tenho vindo a anunciar...), estarei disponível para me encontrar contigo. Onde quiseres. Quando quiseres. Isto não é spam. Isto é verdade. Isto acontece. Tal qual as chuvas de sapos e os navios-fantasma do triângulo das Bermudas. Eu sou real. E como sei que também és, convido-te a convidares-me. Espero por ti. A performance começou.
Agora.
R.
fotografia: Luísa Cassela
(para mais informações: 91 640 99 98, www.vouatuacasa.blogspot.com)
informações enviadas via e-mail por Rogério Nuno Costa
A análise ao espectáculo Vou a tua casa - No Caminho será publicada neste blog até ao fim da próxima semana.
Sobre o espectáculo, ver o blog Vou a tua casa.
Sobre a 1ª parte de Vou a tua casa analisada neste blog.
Outras análises aos espectáculos de/com Rogério Nuno Costa disponíveis aqui.
No Caminho (prolongamento de datas)
Olá,
O meu nome é Rogério Nuno Costa, tenho 26 anos e gostava de fazer uma performance para ti. Chama-se 'NO CAMINHO', porque acontece num local público à tua escolha, a caminho de minha casa, a caminho da tua, no meio. Até ao final de Abril (contrariamente ao que tenho vindo a anunciar...), estarei disponível para me encontrar contigo. Onde quiseres. Quando quiseres. Isto não é spam. Isto é verdade. Isto acontece. Tal qual as chuvas de sapos e os navios-fantasma do triângulo das Bermudas. Eu sou real. E como sei que também és, convido-te a convidares-me. Espero por ti. A performance começou.
Agora.
R.
fotografia: Luísa Cassela
(para mais informações: 91 640 99 98, www.vouatuacasa.blogspot.com)
informações enviadas via e-mail por Rogério Nuno Costa
A análise ao espectáculo Vou a tua casa - No Caminho será publicada neste blog até ao fim da próxima semana.
Sobre o espectáculo, ver o blog Vou a tua casa.
Sobre a 1ª parte de Vou a tua casa analisada neste blog.
Outras análises aos espectáculos de/com Rogério Nuno Costa disponíveis aqui.
9ª Mostra de Teatro de Almada (hoje)
ARMADILHA
MIAUZZ UMA RATSÓDIA PARA TODOS
de António Rocha
espectáculo para bebés
20 de Fevereiro às 15:30 e às 17:30
no AUDITÓRIO FERNANDO LOPES GRAÇA
Encenação Armadilha Interpretação António Rocha, Arminda Moisés Coelho, Pedro Sousa, Katarzyna Pereira, Miguel Cintra e Manuel Vieira Figurinos Arminda Moisés Coelho Grafismo Rui Rocha Luz Celestino Verdades Som Armadilha Cenografia Arminda Moisés Coelho Produção Executiva Armadilha em co-produção com Teatro Extremo Co-Produção Teatro Extremo
O "Miauzz" é um espectáculo para bebés, crianças pequenas e pais. Não vamos "dar uma aula", "ensinar música". Pensamos que todos têm direito a ter momentos lúdicos/artísticos independentemente da idade. Gostaríamos que os nossos espectadores tivessem uma resposta estética em relação a este trabalho.
Na base deste espectáculo está o nosso grande prazer em trabalharmos com crianças pequenas. Somos todos professores e as sessões de música para bebés têm sido uma fonte inesgotável para a nossa criatividade. Temos objectivos pedagógicos, mas descobrimos o lado prazenteiro de ensinar/orientar as crianças. Antes de sermos professores, somos músicos. Por isso, procurámos fugir ao lado pedagógico-didáctico envolvido neste trabalho e tentámos encontrar o nosso lado mais musical e teatral, de "faz de conta". Todavia, somos devedores dos estudos sobre psicologia da música e, em particular, da obra de Edwin Gordon, investigador e pedagogo musical norte-americano. A sua Teoria de Aprendizagem Musical para Recém-nascidos e Crianças Pequenas preconiza a orientação musical a partir do nascimento, visto que a música se aprende como uma língua. O objectivo desta orientação musical é levar as crianças a compreender a música como músicos, ou seja, audição. Esta é a forma como entendemos a música. Ela é da mesma natureza que o pensamento, mas própria do fenómeno musical.
Este espectáculo é para se ouvir, seja por bebés, por crianças pequenas e adultos de acordo com as capacidades e o gosto que cada um possui. Por tudo isto "Miauzz" vai divertir e cativar os pais e os mais pequenos.
Armadilha
A Armadilha Associação de Teatro e Música com Cultura, é uma nova Associação sem fins lucrativos com sede no concelho de Almada.
O projecto Armadilha teve início com a peça "Armadilha de Medusa" de Erik Satie, subsidiada pelo IPAE - MC no ano de 2002., espectáculo que teve a responsabilidade de Arminda Moisés Coelho. Este projecto tem como objectivo criar um grupo de trabalho à volta de espectáculos multidisciplinares, com artistas de várias áreas (música, dança, teatro, expressões plásticas, etc.).
A base sobre a qual pretendemos apoiar o nosso trabalho será a exploração de textos literários/teatrais de músicos. Nesta perspectiva, procuramos futuramente criar espectáculos a partir de textos dramáticos, nomeadamente, Schoenberg e John Cage.
A peça "Armadilha de Medusa" de Erik Satie, apresentada no Teatro Extremo, em Almada, teve boa adesão por parte do público havendo já um trabalho feito para o Festival Sementes - Mostra Internacional de Artes para o Pequeno Público, do Teatro Extremo, em Maio de 2001, fomos convidados a criar um novo espectáculo para o ano seguinte.
Daqui nasceu o espectáculo "Miauzz - Uma Ratsódia para todos", destinado a bebés, crianças pequenas e pais. Autoria de António Rocha. Este espectáculo de objectivos pedagógicos procurou essencialmente o lado lúdico de ensinar/orientar as crianças, principalmente a dimensão mais musical e teatral de "faz-de-conta". Deste modo, o objectivo desta orientação musical é levar as crianças a compreender a música como músicos, ou seja, fazendo audição. Esta é a forma como entendemos a música. Este espectáculo é para se ouvir, quer por bebés e crianças pequenas, quer por adultos de acordo com as capacidades e gosto que cada um possui.
O espectáculo esteve em cena de Setembro a Novembro, com pedido inicial de dois meses, no entanto, devido à grande adesão por parte do público, prolongámo-lo mais um mês, mantendo sala esgotada com lista de espera.
Em resultado destes projectos e numa consolidação da "Armadilha", criámos uma Associação Cultural com o mesmo nome: Armadilha Associação de Teatro e Música com Cultura.
O GRITO
PAQUITA, OU ESTIMULANTE, AMARGO E NECESSÁRIO
de Ernesto Caballero
m/12
20 de Fevereiro às 21:30
">Casa Municipal da Juventude de Cacilhas
Tradução José Vaz Encenação José Vaz Interpretação Eunice Martins Figurinos José Vaz, São - Oficina dos Farrapos Fotografia Nuno Nascimento Grafismo Nuno Nascimento Luz Jorge Xavier Som Nuno Nascimento Cenografia Nuno Nascimento Produção Executiva Cláudia Inglês Caracterização Graça Neves
Paquita é uma mulher só e está apaixonada. Uma mulher vulgar que abusa do café e tem mantido uma vida simples, cinzenta e solitária. Até agora. Enquanto beberrica uma fumegante chávena de café, ela pede ajuda para sair da sua angústia. O seu discurso tem algo de ingénuo e delirante, entre o cómico e o terno. Divertida e inquietante, ela fala-nos dos seus amantes e faz-nos descobrir a pouco e pouco os perigos dessa doença que é o amor.
O público não é apenas espectador mas cúmplice. Inopinadamente, os espectadores vêem-se transportados e sucessivamente imersos em três espaços diversos que remetem para o carácter caleidoscópico da identidade de Paquita.
Esta peça, constituída por três monólogos interligados, foi definida pelo autor como uma "comédia amarga trágico-grotesca, mas tratada com delicadeza" e assenta em aspectos tanto dramáticos como cómicos, sem inteiramente tomar partido numa ou noutra direcção. É uma conversa em discurso directo, estimulante, amargo e necessário, como o café… como o amor.
O Grito
"O Grito" é, no teatro vicentino, a forma específica de prevenir o público de que o espectáculo vai começar, uma versão lusa das "pancadas de Molière". Mas a denominação que escolhemos é também sinal de empenho num teatro que questiona e incomoda. Um teatro que não é "de intervenção" - fórmula sempre redutora - mas que se quer interventor. Para que, num mundo cada vez mais acrítico e conformista, o teatro possa ser ainda "o Grito".
Informações da responsabilidade do Departamento de Acção Socio-Cultural da Câmara Municipal de Almada e Companhia de teatro, excepto hiperligações. Fotografia retirada do programa da 9ª Mostra de teatro de Almada.
ARMADILHA
MIAUZZ UMA RATSÓDIA PARA TODOS
de António Rocha
espectáculo para bebés
20 de Fevereiro às 15:30 e às 17:30
no AUDITÓRIO FERNANDO LOPES GRAÇA
Encenação Armadilha Interpretação António Rocha, Arminda Moisés Coelho, Pedro Sousa, Katarzyna Pereira, Miguel Cintra e Manuel Vieira Figurinos Arminda Moisés Coelho Grafismo Rui Rocha Luz Celestino Verdades Som Armadilha Cenografia Arminda Moisés Coelho Produção Executiva Armadilha em co-produção com Teatro Extremo Co-Produção Teatro Extremo
O "Miauzz" é um espectáculo para bebés, crianças pequenas e pais. Não vamos "dar uma aula", "ensinar música". Pensamos que todos têm direito a ter momentos lúdicos/artísticos independentemente da idade. Gostaríamos que os nossos espectadores tivessem uma resposta estética em relação a este trabalho.
Na base deste espectáculo está o nosso grande prazer em trabalharmos com crianças pequenas. Somos todos professores e as sessões de música para bebés têm sido uma fonte inesgotável para a nossa criatividade. Temos objectivos pedagógicos, mas descobrimos o lado prazenteiro de ensinar/orientar as crianças. Antes de sermos professores, somos músicos. Por isso, procurámos fugir ao lado pedagógico-didáctico envolvido neste trabalho e tentámos encontrar o nosso lado mais musical e teatral, de "faz de conta". Todavia, somos devedores dos estudos sobre psicologia da música e, em particular, da obra de Edwin Gordon, investigador e pedagogo musical norte-americano. A sua Teoria de Aprendizagem Musical para Recém-nascidos e Crianças Pequenas preconiza a orientação musical a partir do nascimento, visto que a música se aprende como uma língua. O objectivo desta orientação musical é levar as crianças a compreender a música como músicos, ou seja, audição. Esta é a forma como entendemos a música. Ela é da mesma natureza que o pensamento, mas própria do fenómeno musical.
Este espectáculo é para se ouvir, seja por bebés, por crianças pequenas e adultos de acordo com as capacidades e o gosto que cada um possui. Por tudo isto "Miauzz" vai divertir e cativar os pais e os mais pequenos.
Armadilha
A Armadilha Associação de Teatro e Música com Cultura, é uma nova Associação sem fins lucrativos com sede no concelho de Almada.
O projecto Armadilha teve início com a peça "Armadilha de Medusa" de Erik Satie, subsidiada pelo IPAE - MC no ano de 2002., espectáculo que teve a responsabilidade de Arminda Moisés Coelho. Este projecto tem como objectivo criar um grupo de trabalho à volta de espectáculos multidisciplinares, com artistas de várias áreas (música, dança, teatro, expressões plásticas, etc.).
A base sobre a qual pretendemos apoiar o nosso trabalho será a exploração de textos literários/teatrais de músicos. Nesta perspectiva, procuramos futuramente criar espectáculos a partir de textos dramáticos, nomeadamente, Schoenberg e John Cage.
A peça "Armadilha de Medusa" de Erik Satie, apresentada no Teatro Extremo, em Almada, teve boa adesão por parte do público havendo já um trabalho feito para o Festival Sementes - Mostra Internacional de Artes para o Pequeno Público, do Teatro Extremo, em Maio de 2001, fomos convidados a criar um novo espectáculo para o ano seguinte.
Daqui nasceu o espectáculo "Miauzz - Uma Ratsódia para todos", destinado a bebés, crianças pequenas e pais. Autoria de António Rocha. Este espectáculo de objectivos pedagógicos procurou essencialmente o lado lúdico de ensinar/orientar as crianças, principalmente a dimensão mais musical e teatral de "faz-de-conta". Deste modo, o objectivo desta orientação musical é levar as crianças a compreender a música como músicos, ou seja, fazendo audição. Esta é a forma como entendemos a música. Este espectáculo é para se ouvir, quer por bebés e crianças pequenas, quer por adultos de acordo com as capacidades e gosto que cada um possui.
O espectáculo esteve em cena de Setembro a Novembro, com pedido inicial de dois meses, no entanto, devido à grande adesão por parte do público, prolongámo-lo mais um mês, mantendo sala esgotada com lista de espera.
Em resultado destes projectos e numa consolidação da "Armadilha", criámos uma Associação Cultural com o mesmo nome: Armadilha Associação de Teatro e Música com Cultura.
O GRITO
PAQUITA, OU ESTIMULANTE, AMARGO E NECESSÁRIO
de Ernesto Caballero
m/12
20 de Fevereiro às 21:30
">Casa Municipal da Juventude de Cacilhas
Tradução José Vaz Encenação José Vaz Interpretação Eunice Martins Figurinos José Vaz, São - Oficina dos Farrapos Fotografia Nuno Nascimento Grafismo Nuno Nascimento Luz Jorge Xavier Som Nuno Nascimento Cenografia Nuno Nascimento Produção Executiva Cláudia Inglês Caracterização Graça Neves
Paquita é uma mulher só e está apaixonada. Uma mulher vulgar que abusa do café e tem mantido uma vida simples, cinzenta e solitária. Até agora. Enquanto beberrica uma fumegante chávena de café, ela pede ajuda para sair da sua angústia. O seu discurso tem algo de ingénuo e delirante, entre o cómico e o terno. Divertida e inquietante, ela fala-nos dos seus amantes e faz-nos descobrir a pouco e pouco os perigos dessa doença que é o amor.
O público não é apenas espectador mas cúmplice. Inopinadamente, os espectadores vêem-se transportados e sucessivamente imersos em três espaços diversos que remetem para o carácter caleidoscópico da identidade de Paquita.
Esta peça, constituída por três monólogos interligados, foi definida pelo autor como uma "comédia amarga trágico-grotesca, mas tratada com delicadeza" e assenta em aspectos tanto dramáticos como cómicos, sem inteiramente tomar partido numa ou noutra direcção. É uma conversa em discurso directo, estimulante, amargo e necessário, como o café… como o amor.
O Grito
"O Grito" é, no teatro vicentino, a forma específica de prevenir o público de que o espectáculo vai começar, uma versão lusa das "pancadas de Molière". Mas a denominação que escolhemos é também sinal de empenho num teatro que questiona e incomoda. Um teatro que não é "de intervenção" - fórmula sempre redutora - mas que se quer interventor. Para que, num mundo cada vez mais acrítico e conformista, o teatro possa ser ainda "o Grito".
Informações da responsabilidade do Departamento de Acção Socio-Cultural da Câmara Municipal de Almada e Companhia de teatro, excepto hiperligações. Fotografia retirada do programa da 9ª Mostra de teatro de Almada.
sábado, fevereiro 19, 2005
História(s) a meio
Não sei se foi o Camilo Castelo Branco que o disse ou o Dostoievsky (ou qualquer outro): não há vida para ler tudo o que gostaríamos. Aproveito o dia de reflexão para arrumar definitivamente (e outra vez) a biblioteca. Descubro livros que não li, outros que leio sempre, uns que me ofereceram, que me devolveram, que não sei porque comprei, que comprei com outros... e uns que deixei a meio. Dentro dos que suspendi a leitura encontro postais, marcas, notas e outras memórias. Não sei porque deixei de os ler, mas lembro-me onde fiquei. A lista das suspensões é mais ou menos esta:
Marguerite Duras, uma biografia, de Laura Adler
Sonetos de amor de Shakespeare, tradução de Vasco Graça Moura
Maria Lamas - biografia, de Maria Antónia Fiadeiro
O Primo Bazílio, de Eça de Queiroz
Life with Picasso, de Françoise Gilot & Carlton Lake
A vida de Charlot, de Georges Sadoul
Os génios do cristianismo - histórias de profetas, de pecadores e de santos, Henri Tincq
Nenhum olhar, de José Luis Peixoto
Retrato do artista quando jovem, de James Joyce
A valsa do adeus, de Milan Kundera
Paisagens depois da batalha, de Juan Goytisolo
Dona Flor e seus dois maridos, de Jorge Amado
Os indiferentes, de Alberto Moravia
A dívida ao prazer, de John Lanchester
Enquanto a Inglaterra dorme, de David Leavitt
Parei para reflectir também?
Não sei se foi o Camilo Castelo Branco que o disse ou o Dostoievsky (ou qualquer outro): não há vida para ler tudo o que gostaríamos. Aproveito o dia de reflexão para arrumar definitivamente (e outra vez) a biblioteca. Descubro livros que não li, outros que leio sempre, uns que me ofereceram, que me devolveram, que não sei porque comprei, que comprei com outros... e uns que deixei a meio. Dentro dos que suspendi a leitura encontro postais, marcas, notas e outras memórias. Não sei porque deixei de os ler, mas lembro-me onde fiquei. A lista das suspensões é mais ou menos esta:
Marguerite Duras, uma biografia, de Laura Adler
Sonetos de amor de Shakespeare, tradução de Vasco Graça Moura
Maria Lamas - biografia, de Maria Antónia Fiadeiro
O Primo Bazílio, de Eça de Queiroz
Life with Picasso, de Françoise Gilot & Carlton Lake
A vida de Charlot, de Georges Sadoul
Os génios do cristianismo - histórias de profetas, de pecadores e de santos, Henri Tincq
Nenhum olhar, de José Luis Peixoto
Retrato do artista quando jovem, de James Joyce
A valsa do adeus, de Milan Kundera
Paisagens depois da batalha, de Juan Goytisolo
Dona Flor e seus dois maridos, de Jorge Amado
Os indiferentes, de Alberto Moravia
A dívida ao prazer, de John Lanchester
Enquanto a Inglaterra dorme, de David Leavitt
Parei para reflectir também?
Prémio de Poesia Natércia Freire 2005
"Quando se escreve poesia está-se sempre a saltar para o lado de lá das coisas, o lado obscuro das coisas", disse Jaime Rocha. A poesia está em toda a parte, em todas as imagens. "Está no urinol de Duchamp ou na Pietá de Miguel Ângelo. Está na 'Palavra', de Dreyer, no 'Cinema Paraiso' ou nos filmes intragáveis do César Monteiro", diz Nuno Higino.
Gosto de ler as cartas dos Poetas.
Algumas dizem pouco. Quase nada...
Um lívido circuito nas rosetas
Das letras... às vezes sol
Fugindo entre águias pretas
A Dor que se adivinha sob
As unhas rosadas
Que influem no papel e nas canetas.
Natércia Freire, Os Colaboradores (1969)
A Câmara Municipal de Benavente lança um novo Prémio de Poesia, em homenagem a Natércia Freire.
O Regulamento e outras informações devem ser solicitadas para o Centro Cultural de Benavente - 2130-014 Benavente, ou pelo telefone 263 516 923.
Este anúncio foi retirado do suplemento Mil Folhas, do jornal Público
"Quando se escreve poesia está-se sempre a saltar para o lado de lá das coisas, o lado obscuro das coisas", disse Jaime Rocha. A poesia está em toda a parte, em todas as imagens. "Está no urinol de Duchamp ou na Pietá de Miguel Ângelo. Está na 'Palavra', de Dreyer, no 'Cinema Paraiso' ou nos filmes intragáveis do César Monteiro", diz Nuno Higino.
Gosto de ler as cartas dos Poetas.
Algumas dizem pouco. Quase nada...
Um lívido circuito nas rosetas
Das letras... às vezes sol
Fugindo entre águias pretas
A Dor que se adivinha sob
As unhas rosadas
Que influem no papel e nas canetas.
Natércia Freire, Os Colaboradores (1969)
A Câmara Municipal de Benavente lança um novo Prémio de Poesia, em homenagem a Natércia Freire.
O Regulamento e outras informações devem ser solicitadas para o Centro Cultural de Benavente - 2130-014 Benavente, ou pelo telefone 263 516 923.
Este anúncio foi retirado do suplemento Mil Folhas, do jornal Público
Dia de reflexão
Confesso que o dia de reflexão me faz confusão. Deixa-se mesmo de falar de política, ou finge-se que não se fala? Não deveria o dia de reflexão servir para se discutir ainda mais? Para esclarecer todas as dúvidas? Andaremos todos, de facto, a reflectir? Afinal, ligam-se as televisões e abrem-se os jornais e até se acredita que amanhã é dia de mudança.
9ª Mostra de Teatro de Almada (hoje)
TEATRO EXTREMO
OS SALTIMBANCOS
de Luis Enriquez e Sérgio Bardotti
m/4
19 de Fevereiro às 16:00
no TEATRO EXTREMO
Rua Serpa Pinto 16, Almada
Tel.: 212 723 660
Adaptação de texto e musica original Chico Buarque Encenação Arimatan Martins Interpretação Ana Russo Alves, Carlos Fartura, Fernando Rebelo, Isabel Leitão, Patrícia Guida Magro Figurinos Alice Rolo Fotografia José Frade Grafismo Catarina Pé-Curto Luz Celestino Verdades Operação de Luz e Som Sérgio Moreira Cenografia Fernando Jorge Lopes Concepção de Cenário David Oliveira Construção de Cenografia e Adereços David Oliveira Música Chico Buarque Produção Executiva Paulo Mendes Secretariado de Produção Paula Almeida Divulgação Vitória Horta Assessoria de Imprensa Nádia Santos Promoção Vítor Pinto Angelo Webdesign Filipe Oliveira Webcam Film João Lima
1 gata, 1 galinha, 1 jumento e 1 cão. parece pouco, mas juntos podem muito. desiludidos com o tratamento que os seus donos lhes dão, unem-se e partem em busca da tão sonhada liberdade. tornam-se saltimbancos e formam um conjunto musical, tentando alcançar o sucesso na cidade. no caminho, encontram os seus antigos donos e resolvem vingar-se. uma fábula musical para toda a família onde 4 animais protagonistas lutam pela justiça e igualdade de direitos.
Teatro Extremo
Este espectáculo resulta de um trabalho em progresso desde 2002, altura em que o encenador brasileiro arimatan martins se deslocou a portugal com o propósito de ministrar um workshop a professores, educadores e crianças sobre teatro brasileiro contemporâneo. em 2004 chegou a vez do teatro extremo fazer uma montagem de os saltimbancos, encenada por arimatan martins e representada, desta feita, por actores e músicos profissionais. é uma fábula musical para toda a família, que traz a cena com eficiência a questão das diferenças de oportunidades sociais, mostrando a união dos pequenos como um caminho para sobreviver e lutar pela justiça e igualdade de direitos.
OFICINA DE TEATRO DE ALMADA
HÁ DOMINGOS ASSIM...
de Fernando Rebelo
m/16
19 de Fevereiro às 21:30
no AUDITÓRIO FERNANDO LOPES GRAÇA
Encenação Fernando Rebelo Interpretação Susana Gonzalez Figurinos OTA Fotografia Nuno Quá Grafismo Nuno Quá Luz Carlos Salgado Som OTA Cenografia OTA Produção Executiva OTA Apoios Câmara Municipal Almada, Escola Secundária Cacilhas-Tejo
Uma manhã de Domingo poderá não ser sinónimo de um bom acordar.
João - esse mesmo, o Doutor João que faz parte da Direcção Financeira de uma grande empresa e que está divorciado há pouco tempo - acorda e tem uma grande surpresa.
Metempsicose?
Não exageremos.
De uma coisa estamos certos: podem haver domingos assim...
Oficina de Teatro de Almada
Fundada em 24 de Setembro de 1992, a Oficina de Teatro de Almada - Associação começou por contar com o apoio logístico da SRUPragalense. Nesse espaço montou e apresentou 15 produções.
Participou com os seus espectáculos em diversos espaços e realizou acções de formação no domínio da iniciação teatral.
Actualmente, a OTA ensaia num espaço cedido pela Escola Secundária Cacilhas- Tejo.
"Há domingos assim...", é a 18ª produção teatral da OTA
Informações e fotografias da responsabilidade do Departamento de Acção Socio-Cultural da Câmara Municipal de Almada e das companhias, excepto hiper-ligações. Fotografia de Saltimbancos retirada do programa da 9ª Mostra de Teatro de Almada.
TEATRO EXTREMO
OS SALTIMBANCOS
de Luis Enriquez e Sérgio Bardotti
m/4
19 de Fevereiro às 16:00
no TEATRO EXTREMO
Rua Serpa Pinto 16, Almada
Tel.: 212 723 660
Adaptação de texto e musica original Chico Buarque Encenação Arimatan Martins Interpretação Ana Russo Alves, Carlos Fartura, Fernando Rebelo, Isabel Leitão, Patrícia Guida Magro Figurinos Alice Rolo Fotografia José Frade Grafismo Catarina Pé-Curto Luz Celestino Verdades Operação de Luz e Som Sérgio Moreira Cenografia Fernando Jorge Lopes Concepção de Cenário David Oliveira Construção de Cenografia e Adereços David Oliveira Música Chico Buarque Produção Executiva Paulo Mendes Secretariado de Produção Paula Almeida Divulgação Vitória Horta Assessoria de Imprensa Nádia Santos Promoção Vítor Pinto Angelo Webdesign Filipe Oliveira Webcam Film João Lima
1 gata, 1 galinha, 1 jumento e 1 cão. parece pouco, mas juntos podem muito. desiludidos com o tratamento que os seus donos lhes dão, unem-se e partem em busca da tão sonhada liberdade. tornam-se saltimbancos e formam um conjunto musical, tentando alcançar o sucesso na cidade. no caminho, encontram os seus antigos donos e resolvem vingar-se. uma fábula musical para toda a família onde 4 animais protagonistas lutam pela justiça e igualdade de direitos.
Teatro Extremo
Este espectáculo resulta de um trabalho em progresso desde 2002, altura em que o encenador brasileiro arimatan martins se deslocou a portugal com o propósito de ministrar um workshop a professores, educadores e crianças sobre teatro brasileiro contemporâneo. em 2004 chegou a vez do teatro extremo fazer uma montagem de os saltimbancos, encenada por arimatan martins e representada, desta feita, por actores e músicos profissionais. é uma fábula musical para toda a família, que traz a cena com eficiência a questão das diferenças de oportunidades sociais, mostrando a união dos pequenos como um caminho para sobreviver e lutar pela justiça e igualdade de direitos.
OFICINA DE TEATRO DE ALMADA
HÁ DOMINGOS ASSIM...
de Fernando Rebelo
m/16
19 de Fevereiro às 21:30
no AUDITÓRIO FERNANDO LOPES GRAÇA
Encenação Fernando Rebelo Interpretação Susana Gonzalez Figurinos OTA Fotografia Nuno Quá Grafismo Nuno Quá Luz Carlos Salgado Som OTA Cenografia OTA Produção Executiva OTA Apoios Câmara Municipal Almada, Escola Secundária Cacilhas-Tejo
Uma manhã de Domingo poderá não ser sinónimo de um bom acordar.
João - esse mesmo, o Doutor João que faz parte da Direcção Financeira de uma grande empresa e que está divorciado há pouco tempo - acorda e tem uma grande surpresa.
Metempsicose?
Não exageremos.
De uma coisa estamos certos: podem haver domingos assim...
Oficina de Teatro de Almada
Fundada em 24 de Setembro de 1992, a Oficina de Teatro de Almada - Associação começou por contar com o apoio logístico da SRUPragalense. Nesse espaço montou e apresentou 15 produções.
Participou com os seus espectáculos em diversos espaços e realizou acções de formação no domínio da iniciação teatral.
Actualmente, a OTA ensaia num espaço cedido pela Escola Secundária Cacilhas- Tejo.
"Há domingos assim...", é a 18ª produção teatral da OTA
Informações e fotografias da responsabilidade do Departamento de Acção Socio-Cultural da Câmara Municipal de Almada e das companhias, excepto hiper-ligações. Fotografia de Saltimbancos retirada do programa da 9ª Mostra de Teatro de Almada.
sexta-feira, fevereiro 18, 2005
Porque vou votar PS (enfim...)
Convêm dizer que não tenho partido nem sou simpatizante de nenhum. Não por uma questão de descrença, mas porque sou incapaz de assinar de cruz todas as opções dos partidos. A única coisa em que acho que vale tudo é no amor. E aí fecho os olhos e voto sempre. Seja ou não pela maioria absoluta.
Tenho um pai comunista militante ortodoxo. Dos que acham que a relação entre cristianismo e comunismo não é assim tão absurda. Eu até concordo com ele, de facto. Tenho uma mãe alheada politicamente e que vota no PS porque entre o ex-marido preso à foice e ao martelo e uns pais sociais democratas sem saberem bem porquê (mas sobretudo em oposição ao terror vermelho), lhe restou a rosa pálida. Mas, a bem da verdade, nem sequer vai votar.
Por ser agente cultural, sou tendencialmente de esquerda.
E voto em Almada. Tenho que tratar do recenseamento eleitoral mas só me lembro disso na altura das eleições e aí já é tarde. Voto desde os 18 anos e só falhei duas vezes. Nas eleições de 1999, porque estava no Porto a trabalhar e no referendo ao aborto, porque quando cheguei ás urnas eram já 17h30, tinha-me esquecido do cartão de eleitor e já não tive tempo de voltar a casa. Voto porque acho que só assim tenho o direito de ter uma opinião. Mas isto não quer dizer que ache que o voto deva ser obrigatório. Cada um sabe de si. Deviam era saber um bocadinho mais. Irrita-me tanto a expressão "povo" como o "olhe por nós que somos pobres"
E voto, ainda, porque me lembro sempre das primeiras eleições para o Parlamento Europeu terem decorrido durante o verão e estar na praia a acenar para um avião da RTP a gravar os banhistas. Todos acenavam para provarem que não se interessavam por política. E eu achei isso um disparate e senti-me envergonhado, mesmo que não pudesse votar na altura.
Votei sempre na CDU para as eleições autárquicas, mas só para a Câmara Municipal. Desconhecia os candidatos à Assembleia Municipal, Junta e Assembleia de Freguesia. E quando saí de Almada e vim viver para Lisboa, passei a votar em branco. Nas eleições presidenciais votei no Sampaio. Portanto, é fácil imaginar o murro no estômago que foi a crise do verão passado. E quanto às Europeias também votei sempre em branco, excepto na última. Ainda não percebi bem como contribuir para uma aproximação entre a Comunidade Europeia e os eleitores. E como não me parece que deva votar num qualquer, resta-me o branco.
Nas últimas legislativas votei no PSD.
E votei no PSD porque não quis votar em quem não tinha resistido a um desaire autárquico. Porque não quis acreditar numa leitura nacional dos resultados. Porque não acredito no unanimismo. Porque achava que um país de cor diferente do governo poderia significar um choque que permitisse a evolução.
E votei no PSD porque achei que, sendo agente cultural, estava cansado de pedinchar por verbas. Acreditei (como acredito) que só com as finanças públicas organizadas e uma sociedade com as necessidades básicas garantidas (habitação, saúde, educação) é que a cultura iria deixar de ser olhada como um "ladrão" de verbas. Votei para que algo mudasse. Eu acreditava nisso. Votei portanto em Manuela Ferreira Leite e numa política económica que desse a Portugal melhores condições de vida. E também porque me recordava de uma entrevista de Durão Barroso em que dizia que o PSD era um partido de esquerda moderada.
Mas um voto é só uma cruz num boletim. Não é um discurso, um fundamento, uma manifestação, uma posição. Um voto é uma cruz no boletim. Apercebi-me disso na noite em que anunciaram a coligação. E senti-me traído. Eu não tinha votado em Paulo Portas. Eu não gosto de Paulo Portas. Eu não acredito no CDS-PP.
O fim do governo socialista levou ao cancelamento de projectos que aguardavam financiamento; ao corte de verbas que estavam acertadas; ao endividamento pessoal em nome desses projectos. Ou seja, não me trouxe grandes vantagens. E trouxe-me tristeza por terem feito com o meu voto um acordo que não queria.
Por isso, quando houve Europeias, votei contra o PSD. Votei para me vingar. E Durão Barroso foi-se embora. Acreditei que se a escolha tivesse sido Manuela Ferreira Leite a coligação acabava e o meu voto seria respeitado. Mas veio Santana. E eu senti-me traído por Barroso e por Sampaio. E traído pelo meu próprio voto. Fiquei com náuseas, furioso, irritado. E arrependi-me de não ter tratado do recenseamento eleitoral mais cedo para não deixar que Santana ganhasse Lisboa.
E agora vou votar PS. Não porque ache que Sócrates será um bom primeiro-ministro. Não acho sinceramente. É um peixe escorregadio, ambíguo e suspeito. Não acredito numa só palavra do que diz, tal como acho que o discurso dele é imposto. Não sei se ele acredita no que diz. Por isso, decidi não tratar do recenseamento eleitoral a tempo. Votar em Almada permite-me votar em António Vitorino. O único que vi fazer algo decente quando se demitiu. Mesmo que me irrite a pose de D. Sebastião.
Vou votar PS, mesmo que ache que é um saco de gatos tão grande como o PSD. Vou votar PS mesmo que ache que vão voltar os mesmos que desistiram do país em 2001. Mas vou votar PS porque quero que Santana desapareça de vez; e quero que o PSD sofra com isso; e quero que uma maioria absoluta não lhes dê desculpas para não fazerem o que têm de ser feito; e porque quero mudança num país que não se respeita.
Não vou votar CDU porque um partido que não considera a renovação e expulsa os críticos, não é um partido democrático, mas uma asfixia. Tenho pena de não votar CDU. Tenho mesmo pena porque apresentam trabalho, porque acreditam no que fazem e porque dão ao partido o que ganham na Assembleia.
Não vou votar no Bloco de Esquerda porque não acredito. Parece-me sempre que se estão a candidatar à Associação de Estudantes de uma escola secundária. Não acredito na pose neo-anarca que mantêm e porque desperdiçam o espaço que têm para ser negligentes com questões sérias: prostituição, toxicodependência, homossexualidade. Tratam-nas de forma abrupta e quase arrogante. O que, por vezes, os aproxima do fundamentalismo do CDS-PP. É por isso que a frase de Louçã não me surpreendeu. Eu sabia que debaixo daquela figura se escondia um burguês do pior.
E não vou votar Bloco de Esquerda porque a aproximação que estão a fazer ao PS não só é escandalosa, como me parece perverter os seus princípios. Seriam (são) mais úteis na oposição que no governo. E espero que assim consigam mudar o estado das coisas. Mas não sou capaz de votar neles. Mesmo que esteja com eles na necessidade de discutir políticas de ruptura. Acho é que questões como o aborto, eutanásia, casamentos entre homossexuais e liberalização de drogas não vão lá por referendo. Vão por imposição. O país não sustenta a evolução natural. É muito lenta.
Vou votar PS porque estou cansado de instabilidades políticas. Porque quero um país que cresça. Porque preciso de me sentir capaz de trabalhar sem andar constantemente a perceber quem vai ser o decisor das questões que me interessam. E vou votar PS mesmo sem ter percebido o que é o choque tecnológico, sem saber como vai o PS tratar das questões que importam sem ceder aos interesses maiores e aos populismos, sem saber que futuro me reserva. E também sem acreditar que para a cultura irão fazer melhor.
Mas vou votar no PS porque já não aguento mais. Vou, pela primeira vez, votar de forma inconsciente, por necessidade e de olhos fechados. Vou votar no PS porque, enfim, quero acreditar que um dia uma nova geração de políticos vai surgir. Mas que isso só surge com um Portugal confiante. E não quero que me acusem de não ter ajudado. Como só temos duas hipóteses de formação de governo, resta-me votar em quem tem essa oportunidade.
O meu voto é, por isso, também e ainda um voto de protesto. Incluíndo contra o PS que fugiu.
Eu acredito nas instuições, nos que têm o poder, nos que podem ajudar. Eu quero ajudar, preciso que me digam como. Se o meu voto no PS ajudar, contem com ele. Mas, por favor, não me traiam. Outra vez. Estarei atento. Ao mínimo deslize revolto-me. E não responderei por mim.
Este texto pode parecer incoerente, incompleto e inseguro. Mas é o resultado de desilusões políticas.
Convêm dizer que não tenho partido nem sou simpatizante de nenhum. Não por uma questão de descrença, mas porque sou incapaz de assinar de cruz todas as opções dos partidos. A única coisa em que acho que vale tudo é no amor. E aí fecho os olhos e voto sempre. Seja ou não pela maioria absoluta.
Tenho um pai comunista militante ortodoxo. Dos que acham que a relação entre cristianismo e comunismo não é assim tão absurda. Eu até concordo com ele, de facto. Tenho uma mãe alheada politicamente e que vota no PS porque entre o ex-marido preso à foice e ao martelo e uns pais sociais democratas sem saberem bem porquê (mas sobretudo em oposição ao terror vermelho), lhe restou a rosa pálida. Mas, a bem da verdade, nem sequer vai votar.
Por ser agente cultural, sou tendencialmente de esquerda.
E voto em Almada. Tenho que tratar do recenseamento eleitoral mas só me lembro disso na altura das eleições e aí já é tarde. Voto desde os 18 anos e só falhei duas vezes. Nas eleições de 1999, porque estava no Porto a trabalhar e no referendo ao aborto, porque quando cheguei ás urnas eram já 17h30, tinha-me esquecido do cartão de eleitor e já não tive tempo de voltar a casa. Voto porque acho que só assim tenho o direito de ter uma opinião. Mas isto não quer dizer que ache que o voto deva ser obrigatório. Cada um sabe de si. Deviam era saber um bocadinho mais. Irrita-me tanto a expressão "povo" como o "olhe por nós que somos pobres"
E voto, ainda, porque me lembro sempre das primeiras eleições para o Parlamento Europeu terem decorrido durante o verão e estar na praia a acenar para um avião da RTP a gravar os banhistas. Todos acenavam para provarem que não se interessavam por política. E eu achei isso um disparate e senti-me envergonhado, mesmo que não pudesse votar na altura.
Votei sempre na CDU para as eleições autárquicas, mas só para a Câmara Municipal. Desconhecia os candidatos à Assembleia Municipal, Junta e Assembleia de Freguesia. E quando saí de Almada e vim viver para Lisboa, passei a votar em branco. Nas eleições presidenciais votei no Sampaio. Portanto, é fácil imaginar o murro no estômago que foi a crise do verão passado. E quanto às Europeias também votei sempre em branco, excepto na última. Ainda não percebi bem como contribuir para uma aproximação entre a Comunidade Europeia e os eleitores. E como não me parece que deva votar num qualquer, resta-me o branco.
Nas últimas legislativas votei no PSD.
E votei no PSD porque não quis votar em quem não tinha resistido a um desaire autárquico. Porque não quis acreditar numa leitura nacional dos resultados. Porque não acredito no unanimismo. Porque achava que um país de cor diferente do governo poderia significar um choque que permitisse a evolução.
E votei no PSD porque achei que, sendo agente cultural, estava cansado de pedinchar por verbas. Acreditei (como acredito) que só com as finanças públicas organizadas e uma sociedade com as necessidades básicas garantidas (habitação, saúde, educação) é que a cultura iria deixar de ser olhada como um "ladrão" de verbas. Votei para que algo mudasse. Eu acreditava nisso. Votei portanto em Manuela Ferreira Leite e numa política económica que desse a Portugal melhores condições de vida. E também porque me recordava de uma entrevista de Durão Barroso em que dizia que o PSD era um partido de esquerda moderada.
Mas um voto é só uma cruz num boletim. Não é um discurso, um fundamento, uma manifestação, uma posição. Um voto é uma cruz no boletim. Apercebi-me disso na noite em que anunciaram a coligação. E senti-me traído. Eu não tinha votado em Paulo Portas. Eu não gosto de Paulo Portas. Eu não acredito no CDS-PP.
O fim do governo socialista levou ao cancelamento de projectos que aguardavam financiamento; ao corte de verbas que estavam acertadas; ao endividamento pessoal em nome desses projectos. Ou seja, não me trouxe grandes vantagens. E trouxe-me tristeza por terem feito com o meu voto um acordo que não queria.
Por isso, quando houve Europeias, votei contra o PSD. Votei para me vingar. E Durão Barroso foi-se embora. Acreditei que se a escolha tivesse sido Manuela Ferreira Leite a coligação acabava e o meu voto seria respeitado. Mas veio Santana. E eu senti-me traído por Barroso e por Sampaio. E traído pelo meu próprio voto. Fiquei com náuseas, furioso, irritado. E arrependi-me de não ter tratado do recenseamento eleitoral mais cedo para não deixar que Santana ganhasse Lisboa.
E agora vou votar PS. Não porque ache que Sócrates será um bom primeiro-ministro. Não acho sinceramente. É um peixe escorregadio, ambíguo e suspeito. Não acredito numa só palavra do que diz, tal como acho que o discurso dele é imposto. Não sei se ele acredita no que diz. Por isso, decidi não tratar do recenseamento eleitoral a tempo. Votar em Almada permite-me votar em António Vitorino. O único que vi fazer algo decente quando se demitiu. Mesmo que me irrite a pose de D. Sebastião.
Vou votar PS, mesmo que ache que é um saco de gatos tão grande como o PSD. Vou votar PS mesmo que ache que vão voltar os mesmos que desistiram do país em 2001. Mas vou votar PS porque quero que Santana desapareça de vez; e quero que o PSD sofra com isso; e quero que uma maioria absoluta não lhes dê desculpas para não fazerem o que têm de ser feito; e porque quero mudança num país que não se respeita.
Não vou votar CDU porque um partido que não considera a renovação e expulsa os críticos, não é um partido democrático, mas uma asfixia. Tenho pena de não votar CDU. Tenho mesmo pena porque apresentam trabalho, porque acreditam no que fazem e porque dão ao partido o que ganham na Assembleia.
Não vou votar no Bloco de Esquerda porque não acredito. Parece-me sempre que se estão a candidatar à Associação de Estudantes de uma escola secundária. Não acredito na pose neo-anarca que mantêm e porque desperdiçam o espaço que têm para ser negligentes com questões sérias: prostituição, toxicodependência, homossexualidade. Tratam-nas de forma abrupta e quase arrogante. O que, por vezes, os aproxima do fundamentalismo do CDS-PP. É por isso que a frase de Louçã não me surpreendeu. Eu sabia que debaixo daquela figura se escondia um burguês do pior.
E não vou votar Bloco de Esquerda porque a aproximação que estão a fazer ao PS não só é escandalosa, como me parece perverter os seus princípios. Seriam (são) mais úteis na oposição que no governo. E espero que assim consigam mudar o estado das coisas. Mas não sou capaz de votar neles. Mesmo que esteja com eles na necessidade de discutir políticas de ruptura. Acho é que questões como o aborto, eutanásia, casamentos entre homossexuais e liberalização de drogas não vão lá por referendo. Vão por imposição. O país não sustenta a evolução natural. É muito lenta.
Vou votar PS porque estou cansado de instabilidades políticas. Porque quero um país que cresça. Porque preciso de me sentir capaz de trabalhar sem andar constantemente a perceber quem vai ser o decisor das questões que me interessam. E vou votar PS mesmo sem ter percebido o que é o choque tecnológico, sem saber como vai o PS tratar das questões que importam sem ceder aos interesses maiores e aos populismos, sem saber que futuro me reserva. E também sem acreditar que para a cultura irão fazer melhor.
Mas vou votar no PS porque já não aguento mais. Vou, pela primeira vez, votar de forma inconsciente, por necessidade e de olhos fechados. Vou votar no PS porque, enfim, quero acreditar que um dia uma nova geração de políticos vai surgir. Mas que isso só surge com um Portugal confiante. E não quero que me acusem de não ter ajudado. Como só temos duas hipóteses de formação de governo, resta-me votar em quem tem essa oportunidade.
O meu voto é, por isso, também e ainda um voto de protesto. Incluíndo contra o PS que fugiu.
Eu acredito nas instuições, nos que têm o poder, nos que podem ajudar. Eu quero ajudar, preciso que me digam como. Se o meu voto no PS ajudar, contem com ele. Mas, por favor, não me traiam. Outra vez. Estarei atento. Ao mínimo deslize revolto-me. E não responderei por mim.
Este texto pode parecer incoerente, incompleto e inseguro. Mas é o resultado de desilusões políticas.
Estreia (hoje)
Sobre a mesa a faca
Co-criação Cão Solteiro + Teatro Praga
Fotografia: Susana Paiva
Sobre a mesa a faca é um espectáculo co-produzido pelas companhias Cão Solteiro e Teatro Praga, que sentiram a necessidade de levantar a seguinte questão: Qual é a possibilidade de concretização de um objecto artístico comum, sem que nenhuma das companhias perca a sua identidade?
Sobre a mesa a faca apresenta um esforço de colaboração e um confronto de identidades e, dando seguimento aos últimos trabalhos das duas companhias, é um trabalho que se quer como um ensaio visual/vital, de leitura aberta.
Num ringue, e em tumulto constante, desfilam as mais diversas interrogações: O que é público e o que é privado? O que é meu e o que é teu? Lutaremos? Quem sobreviverá? Quem terá mais poder? Alguém aniquilará alguém? Um universo transparente ou reflector? O que é verdade e o que é mentira? Quem és tu e quem sou eu? Isto é real ou inventado? Estão a olhar para mim ou estão a olhar para ti? Sou eu um micróbio sobre a faca? E a mesa, o mundo? E eu, e eu (entra a música)....
Deve:
Não há mesa. Não há faca. Não há tendência para definir o espectáculo segundo uma regra simples ou segundo uma única cena ou actividade. Não é sobre nada. É sobre tudo. Não há só um sítio onde se pode falar. Não se fala só para o público. Não se fala. Fala-se.
Haver:
As personagens são finalmente bem-vindas. Há o lixo do mundo. Há mãos que se erguem em prol de atenção. Há segundas peles de protecção. Há uma cidade. Há a cidade e os seus textos. Há os artistas e os seus textos. Há conversas/entrevistas. Há o reconhecimento individual a partir duma estrutura de "refém do outro". E a cidade ergue-se. E a cidade desmorona-se. Há o hino da América. Há dinheiro, muito dinheiro. Há morte sem sangue. Há feridas com sangue. Há cão com peste, há pragas que ladram. Há vozes do além. Há o aqui e o agora. E nada mais.
Sobre a mesa a faca co.criação: cão solteiro + teatro praga | interpretação: André e. Teodósio, Carlos Alves, Marcello Urgeghe, Paula Sá Nogueira, Pedro Penim e Sofia Ferrão | apoio à dramaturgia: Manuela Correia | figurinos: Mariana Sá Nogueira | cenografia: Nuno Carinhas | execução de figurinos: Teresa Louro, Palmira Abranches e Natália Ferreira | produção e promoção: Pedro Pires | desenho: Mariana Sá Nogueira | design gráfico: Triplinfinito
Sobre a mesa a faca
Co-criação Cão Solteiro + Teatro Praga
Fotografia: Susana Paiva
Sobre a mesa a faca é um espectáculo co-produzido pelas companhias Cão Solteiro e Teatro Praga, que sentiram a necessidade de levantar a seguinte questão: Qual é a possibilidade de concretização de um objecto artístico comum, sem que nenhuma das companhias perca a sua identidade?
Sobre a mesa a faca apresenta um esforço de colaboração e um confronto de identidades e, dando seguimento aos últimos trabalhos das duas companhias, é um trabalho que se quer como um ensaio visual/vital, de leitura aberta.
Num ringue, e em tumulto constante, desfilam as mais diversas interrogações: O que é público e o que é privado? O que é meu e o que é teu? Lutaremos? Quem sobreviverá? Quem terá mais poder? Alguém aniquilará alguém? Um universo transparente ou reflector? O que é verdade e o que é mentira? Quem és tu e quem sou eu? Isto é real ou inventado? Estão a olhar para mim ou estão a olhar para ti? Sou eu um micróbio sobre a faca? E a mesa, o mundo? E eu, e eu (entra a música)....
Deve:
Não há mesa. Não há faca. Não há tendência para definir o espectáculo segundo uma regra simples ou segundo uma única cena ou actividade. Não é sobre nada. É sobre tudo. Não há só um sítio onde se pode falar. Não se fala só para o público. Não se fala. Fala-se.
Haver:
As personagens são finalmente bem-vindas. Há o lixo do mundo. Há mãos que se erguem em prol de atenção. Há segundas peles de protecção. Há uma cidade. Há a cidade e os seus textos. Há os artistas e os seus textos. Há conversas/entrevistas. Há o reconhecimento individual a partir duma estrutura de "refém do outro". E a cidade ergue-se. E a cidade desmorona-se. Há o hino da América. Há dinheiro, muito dinheiro. Há morte sem sangue. Há feridas com sangue. Há cão com peste, há pragas que ladram. Há vozes do além. Há o aqui e o agora. E nada mais.
Temporada: 15 de Fevereiro a 5 de Março_20h30 - armazém Hospital Miguel Bombarda | bilhetes: 5€ s/descontos para profissionais, jovens ou idosos.
Sobre a mesa a faca co.criação: cão solteiro + teatro praga | interpretação: André e. Teodósio, Carlos Alves, Marcello Urgeghe, Paula Sá Nogueira, Pedro Penim e Sofia Ferrão | apoio à dramaturgia: Manuela Correia | figurinos: Mariana Sá Nogueira | cenografia: Nuno Carinhas | execução de figurinos: Teresa Louro, Palmira Abranches e Natália Ferreira | produção e promoção: Pedro Pires | desenho: Mariana Sá Nogueira | design gráfico: Triplinfinito
Informações: 21 887 21 52 | 96 526 47 05 | praga_teatro@hotmail.com
Zapping teatral ou a teatralização dos media?, um comentário do Dr. Daniel do Carmo Francisco ao espectáculo
Espectáculos do teatro Praga analisados neste blog:
Título (1ª parte, 2ª parte)
Private Lives
Sobre o contexto cultural em que as duas estruturas se inserem
Reportagem de Joana Gorjão Henriques no suplemento Y do jornal Público
Título (1ª parte, 2ª parte)
Private Lives
Sobre o contexto cultural em que as duas estruturas se inserem
Reportagem de Joana Gorjão Henriques no suplemento Y do jornal Público
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