Equador, página 96 - 97
"Enquanto a acariciava, enquanto a beijava, enquanto a despia, enquanto a possuía, ia-se despedindo dela secreta mas lucidamente." (...) "Por isso mesmo, demorara todo o tempo do mundo ao seu lado, até o dia começar a romper e ouvirem lá fora as primeiras vozes dos vendedores ambulantes, apregoando leite fresco, horatliças ou jornais, ou ouvindo o barulho dos primeiros «eléctricos» que transportavam os trabalhadores para mais um dia de trabalho."
sábado, janeiro 31, 2004
Relógios de Lisboa (V)
- o da Mundial Confiança seguido do da Pastelaria Bénard, ambos no Chiado
O relógio do edificío da Mundial Confiança esteve parado muito tempo. Agora, quando se sai da estação de metro da Baixa/Chiado é a primeira coisa que se vê. Depois do relógio (onde se confirmaram as horas do atraso) seguem-se os cartazes a anunciar as exposições patentes. Mas a essas responde-se, apressadamente: Não tenho tempo.
O da Pastelaria Bénard, um pouco mais abaixo, também no Largo do Chiado, está mais escondido. É preciso ultrapassar o cheiro envolvente dos croissants com chocolate e atravessar o estreito corredor de mesas para nos sentarmos debaixo dele. É mais pequeno, envolve-o uma moldura de madeira e parece-me que tocava as horas, em agudas e curtas badaladas. Está ao lado de uma porta, que é a melhor maneira de não repararmos nele, pois está fora do seu local habitual: por cima dela.
- o da Mundial Confiança seguido do da Pastelaria Bénard, ambos no Chiado
O relógio do edificío da Mundial Confiança esteve parado muito tempo. Agora, quando se sai da estação de metro da Baixa/Chiado é a primeira coisa que se vê. Depois do relógio (onde se confirmaram as horas do atraso) seguem-se os cartazes a anunciar as exposições patentes. Mas a essas responde-se, apressadamente: Não tenho tempo.
O da Pastelaria Bénard, um pouco mais abaixo, também no Largo do Chiado, está mais escondido. É preciso ultrapassar o cheiro envolvente dos croissants com chocolate e atravessar o estreito corredor de mesas para nos sentarmos debaixo dele. É mais pequeno, envolve-o uma moldura de madeira e parece-me que tocava as horas, em agudas e curtas badaladas. Está ao lado de uma porta, que é a melhor maneira de não repararmos nele, pois está fora do seu local habitual: por cima dela.
sexta-feira, janeiro 30, 2004
Como uma rasgão na paisagem
Jorge Silva Melo, mentor dos Artistas Unidos, foi o distinguido pelo Instituto das Artes/Ministério da Cultura para o prémio Almada 2003 na área de Teatro.
Distinguido pelo seu percurso e pelo trabalho desenvolvido, Silva Melo é uma figura que suscita os mais diversos sentimentos. São por demais conhecidas as suas posições quanto à relação do Estado com os Artostas e aquilo que são os deveres de uns e os direitos de outros. São, também, de conhecimento público, as suas queixas quanto à falta de condições de trabalho desde que foi despejado d' A Capital, no Bairro Alto, em Lisboa. Silva Melo está agora no Teatro Taborda, de propriedade municipal, onde tem desenvolvido o seu trabalho. Recebeu um apoio bianual de 90 mil contos, renovado em 2002 e passível de sustentabilidade para este novo concurso. Ganhou uma querela judicial com a Câmara Municipal de Lisboa, que lhe rendeu 25 mil contos. Concorre também ao ICAM para fazer filmes. Tem um apoio agora para fazer um documentário sobre e com Glícinia Quartim.
Jorge Silva Melo recusou o prémio Almada.
Porque não aceita receber prémios para os quais não concorre. Porque ao Estado "não compete ao Estado distinguir uns em detrimento de outros". Porque "o artista é por natureza um traidor ao poder instituído". Porque "O artista desenvolve a sua actividade contra o Estado e, por isso, deve ser reconhecido por associações profissionais".
Na forma como eu entendo, um artista que assim se define não concorre a apoios do Estado, não trabalha sobre a sua protecção, não quer saber do Estado para nada. A meu ver, um artista assim deve ser auto-suficiente ou procurar outros apoios que não estatais. Ou Jorge Silva Melo se define ou não se contradiz. Quando Luís Miguel Cintra recebeu o prémio Almada, em 2001 pelo seu trabalho em CIMBELINO, de Shakespeare, estavamos em plena era Sasportes à frente do Ministério da Cultura. Os artistas estavam em polvorosa, estava tudo em causa. E consciente de que o ouviriam, Luís Miguel Cintra aceitou o prémio, recebeu-o das mãos do então Ministro e criticou o que lhe parecia mais correcto. A seguir entregou o dinheiro à Cornucópia para ajudar a pagar o maravilhoso livro antológico da companhia. Eduardo Lourenço, em artigo na Visão (As sandálias do Pescador, Visão, Março 2001) criticou-o mas percebeu. Silva Melo não percebeu, com certeza, o alcance do gesto.
Outro exemplo é Lúcia Sigalho, que quando recebeu o Prémio Acarte no início da década de 90, disse que os prémios de nada lhe serviam se para criar tivesse que passar fome. E fez um leilão onde vendeu a distinção.
Jorge Silva Melo, na sua pose de angry artist, de maneira nenhuma se torna credível. Melhor faria se utilizasse a distinção para promover um discurso sério sobre a relação Estado / Artistas. A ideia de que não se pode prevaricar com o prato do poder é tão vazia de senso quanto achar que a distinção, por parte do Estado, é sempre em detrimento de outros. Em todo o lado, em qualquer país, o Estado atribuí prémios. A recusa, ou é coerente com o percurso ou é uma graça para se fazer notar. Até para recusar prémios é preciso saber-se fâze-lo.
Jorge Silva Melo, mentor dos Artistas Unidos, foi o distinguido pelo Instituto das Artes/Ministério da Cultura para o prémio Almada 2003 na área de Teatro.
Distinguido pelo seu percurso e pelo trabalho desenvolvido, Silva Melo é uma figura que suscita os mais diversos sentimentos. São por demais conhecidas as suas posições quanto à relação do Estado com os Artostas e aquilo que são os deveres de uns e os direitos de outros. São, também, de conhecimento público, as suas queixas quanto à falta de condições de trabalho desde que foi despejado d' A Capital, no Bairro Alto, em Lisboa. Silva Melo está agora no Teatro Taborda, de propriedade municipal, onde tem desenvolvido o seu trabalho. Recebeu um apoio bianual de 90 mil contos, renovado em 2002 e passível de sustentabilidade para este novo concurso. Ganhou uma querela judicial com a Câmara Municipal de Lisboa, que lhe rendeu 25 mil contos. Concorre também ao ICAM para fazer filmes. Tem um apoio agora para fazer um documentário sobre e com Glícinia Quartim.
Jorge Silva Melo recusou o prémio Almada.
Porque não aceita receber prémios para os quais não concorre. Porque ao Estado "não compete ao Estado distinguir uns em detrimento de outros". Porque "o artista é por natureza um traidor ao poder instituído". Porque "O artista desenvolve a sua actividade contra o Estado e, por isso, deve ser reconhecido por associações profissionais".
Na forma como eu entendo, um artista que assim se define não concorre a apoios do Estado, não trabalha sobre a sua protecção, não quer saber do Estado para nada. A meu ver, um artista assim deve ser auto-suficiente ou procurar outros apoios que não estatais. Ou Jorge Silva Melo se define ou não se contradiz. Quando Luís Miguel Cintra recebeu o prémio Almada, em 2001 pelo seu trabalho em CIMBELINO, de Shakespeare, estavamos em plena era Sasportes à frente do Ministério da Cultura. Os artistas estavam em polvorosa, estava tudo em causa. E consciente de que o ouviriam, Luís Miguel Cintra aceitou o prémio, recebeu-o das mãos do então Ministro e criticou o que lhe parecia mais correcto. A seguir entregou o dinheiro à Cornucópia para ajudar a pagar o maravilhoso livro antológico da companhia. Eduardo Lourenço, em artigo na Visão (As sandálias do Pescador, Visão, Março 2001) criticou-o mas percebeu. Silva Melo não percebeu, com certeza, o alcance do gesto.
Outro exemplo é Lúcia Sigalho, que quando recebeu o Prémio Acarte no início da década de 90, disse que os prémios de nada lhe serviam se para criar tivesse que passar fome. E fez um leilão onde vendeu a distinção.
Jorge Silva Melo, na sua pose de angry artist, de maneira nenhuma se torna credível. Melhor faria se utilizasse a distinção para promover um discurso sério sobre a relação Estado / Artistas. A ideia de que não se pode prevaricar com o prato do poder é tão vazia de senso quanto achar que a distinção, por parte do Estado, é sempre em detrimento de outros. Em todo o lado, em qualquer país, o Estado atribuí prémios. A recusa, ou é coerente com o percurso ou é uma graça para se fazer notar. Até para recusar prémios é preciso saber-se fâze-lo.
Romeu Runa
O Romeu, excelso bailarino integrado no Ballet Gulbenkian, recebeu o Prémio Ribeiro da Fonte 2003 para a área de dança. Atribuído pelo Instituto das Artes/Ministério da Cultura, este prémio distingue agora um intérprete generoso, respeitador, criativo e virtuoso. Distinguem-no "pela energia que transmite às suas interpretações". É uma grande alegria, já que ver o Romeu a trabalhar é das coisas mais bonitas a que se pode assistir. Quem já fez parte de um processo onde ele entrasse percebe o que digo. Parabéns Romeu.
O Romeu, excelso bailarino integrado no Ballet Gulbenkian, recebeu o Prémio Ribeiro da Fonte 2003 para a área de dança. Atribuído pelo Instituto das Artes/Ministério da Cultura, este prémio distingue agora um intérprete generoso, respeitador, criativo e virtuoso. Distinguem-no "pela energia que transmite às suas interpretações". É uma grande alegria, já que ver o Romeu a trabalhar é das coisas mais bonitas a que se pode assistir. Quem já fez parte de um processo onde ele entrasse percebe o que digo. Parabéns Romeu.
quinta-feira, janeiro 29, 2004
Contagem decrescente
Começa a contagem decrescente para a Festa da Música, a decorrer de 23 a 25 de Abril no CCB. Este ano, "A Geração de 1810". De cortar os pulsos com muita classe.
Começa a contagem decrescente para a Festa da Música, a decorrer de 23 a 25 de Abril no CCB. Este ano, "A Geração de 1810". De cortar os pulsos com muita classe.
Por uma questão de princípio
Pacheco Pereira escreve sobre o aborto e a liberdade de voto no PSD. Para ampliar e afixar em todo o lado.
Pacheco Pereira escreve sobre o aborto e a liberdade de voto no PSD. Para ampliar e afixar em todo o lado.
quarta-feira, janeiro 28, 2004
Sol de Inverno
Ah... o sol!
Fui almoçar ali às freirinhas, junto à Faculdade de Belas Artes. O sol, meu deus, esteve impiedoso, o regresso ao trabalho é mais difícil. Lembrou-me as idas a Cascais para almoçar peixe assado em frente à casa de Sta. Maria. A comida é maravilhosa, barata e imensa. O Portugal deprimido não insiste num lugar daqueles.
Ah... o sol!
Fui almoçar ali às freirinhas, junto à Faculdade de Belas Artes. O sol, meu deus, esteve impiedoso, o regresso ao trabalho é mais difícil. Lembrou-me as idas a Cascais para almoçar peixe assado em frente à casa de Sta. Maria. A comida é maravilhosa, barata e imensa. O Portugal deprimido não insiste num lugar daqueles.
terça-feira, janeiro 27, 2004
Terça feira, de cinzas talvez
O sistema de comentários deste blog tende a não funcionar, segundo me dizem.
Às vezes é assim, como se perdese a memória antes de abrir o blog. Apetece-me só fazer listas, listas de coisas que tenho para fazer, para ler, para ver, para conhecer. Apetece-me até escolher, de uma vez por todas, se opto por um registo mais sério ou menos sério. As leituras dos últimos dias têm sido um tanto distantes do habitual: sobre a hermeneutica da linguagem, sobre a maldição de Macbeth, sobre o melodrama enquanto género renovador do teatro, sobre deficiência mental...
Ando a ler o Equador. Bati no fundo.
O sistema de comentários deste blog tende a não funcionar, segundo me dizem.
Às vezes é assim, como se perdese a memória antes de abrir o blog. Apetece-me só fazer listas, listas de coisas que tenho para fazer, para ler, para ver, para conhecer. Apetece-me até escolher, de uma vez por todas, se opto por um registo mais sério ou menos sério. As leituras dos últimos dias têm sido um tanto distantes do habitual: sobre a hermeneutica da linguagem, sobre a maldição de Macbeth, sobre o melodrama enquanto género renovador do teatro, sobre deficiência mental...
Ando a ler o Equador. Bati no fundo.
domingo, janeiro 25, 2004
Essa certeza chamada Oscar Wilde
Mal ou bem, o importante é que falem de mim, dizia o Wilde. Se este não for o blog de Anabela Mota Ribeiro, ela não tem que se envergonhar. De qualquer forma toda a gente nasce sempre com opiniões sobre tudo. Ela só sai a lucrar com o facto de lhe andarem a construir uma persona. Acontecimento bloguístico do mês, e esquecido que está o interesse no autor do Pipi, andam todos á procura da Anabela. E se ela leva isto a sério? Qualquer dia termina o Magazine a dizer: hoje vou escrever num blog.
Mal ou bem, o importante é que falem de mim, dizia o Wilde. Se este não for o blog de Anabela Mota Ribeiro, ela não tem que se envergonhar. De qualquer forma toda a gente nasce sempre com opiniões sobre tudo. Ela só sai a lucrar com o facto de lhe andarem a construir uma persona. Acontecimento bloguístico do mês, e esquecido que está o interesse no autor do Pipi, andam todos á procura da Anabela. E se ela leva isto a sério? Qualquer dia termina o Magazine a dizer: hoje vou escrever num blog.
Für Jane
Eu não sou do tempo dela, nem sequer fruto das suas canções. Vim muito mais tarde, longe que estava dos romantismos chiques e revolucionários que a ela se associam. Quando nasci, e muito tempo depois disso, Jane Birkin e Serge Gainsbourg já se tinham conhecido, separado, amado e discutido. Não sabia quem ela era antes de ouvir, à laia de consumo revivalista e unilateral, Je t'aime... moi non plus. Mas Jane Birkin existia para mim como existe um imenso passado de referências e referentes. Ela era mais uma. Ainda que a pudesse isolar e perceber a sua dimensão. Hoje ela cantou para mim. Sim, eu sei que cantou para mim e para mais uns quantos. Todos quantos aqueles que couberam na Culturgest. Mas quero acreditar que cantou para mim, especialmente para mim. Ela disse-o e agradeceu-o.
No conforto da Culturgest não se sentaram os políticos, intelectuais, professores, advogados, bancários, apresentadores, escritores, artistas, arquitectos ou empregados de balcão. No conforto da Culturgest sentaram-se aqueles que se quiseram perder na avenida da memória, mas fazê-lo sem saudosismo; e sentaram-se, também, os outros, aqueles para quem ela era uma voz, um corpo, uma imagem... mas ainda fragmentada. Jane Birkin, para mim e para os outros que não a viveram no tempo que ela hoje recordou, fará parte do resto das nossas memórias felizes.
Os amantes, aqueles a quem ela dedicou as canções, voltaram a namorar e esqueceram os outros problemas todos. Assim, como se tivesse sempre estado ali, Jane Birkin veio recordar-lhes que "o tempo do amor" - essa metáfora encontrada para definir os tempos de outrora - está, deverá estar, sempre presente.
Não importa se a voz ou o corpo ou a música não são coincidentes porque, afinal, o amor é perfeito. Quando, ao fim de 20 canções, se soletrava La Javanaise, um enorme calor invadiu a sala - e o calor tinha estado lá sempre - e de luzes acesas, olhámo-nos espantados e dissémos: olha, tu tambérm estás apaixonado como eu. E que bom que isso foi.
Hoje, quando me deitar, serei tanto o miúdo que ouvia as músicas às escondidas e tinha um poster dela colado na parede, aquele que se masturbava a enrolar um cigarro antes de adormecer, e o homem feito, de vida constituída e atravessada que sentiu uma ligeira erecção ao se lembrar de ontem, da juventude, do tempo em que ia ser capaz, sozinho, de mudar o mundo. No meio, estará o verdadeiro eu, o que não a conhecia e que se apaixonou. Jane... comment te dire adieu?
Eu não sou do tempo dela, nem sequer fruto das suas canções. Vim muito mais tarde, longe que estava dos romantismos chiques e revolucionários que a ela se associam. Quando nasci, e muito tempo depois disso, Jane Birkin e Serge Gainsbourg já se tinham conhecido, separado, amado e discutido. Não sabia quem ela era antes de ouvir, à laia de consumo revivalista e unilateral, Je t'aime... moi non plus. Mas Jane Birkin existia para mim como existe um imenso passado de referências e referentes. Ela era mais uma. Ainda que a pudesse isolar e perceber a sua dimensão. Hoje ela cantou para mim. Sim, eu sei que cantou para mim e para mais uns quantos. Todos quantos aqueles que couberam na Culturgest. Mas quero acreditar que cantou para mim, especialmente para mim. Ela disse-o e agradeceu-o.
No conforto da Culturgest não se sentaram os políticos, intelectuais, professores, advogados, bancários, apresentadores, escritores, artistas, arquitectos ou empregados de balcão. No conforto da Culturgest sentaram-se aqueles que se quiseram perder na avenida da memória, mas fazê-lo sem saudosismo; e sentaram-se, também, os outros, aqueles para quem ela era uma voz, um corpo, uma imagem... mas ainda fragmentada. Jane Birkin, para mim e para os outros que não a viveram no tempo que ela hoje recordou, fará parte do resto das nossas memórias felizes.
Os amantes, aqueles a quem ela dedicou as canções, voltaram a namorar e esqueceram os outros problemas todos. Assim, como se tivesse sempre estado ali, Jane Birkin veio recordar-lhes que "o tempo do amor" - essa metáfora encontrada para definir os tempos de outrora - está, deverá estar, sempre presente.
Não importa se a voz ou o corpo ou a música não são coincidentes porque, afinal, o amor é perfeito. Quando, ao fim de 20 canções, se soletrava La Javanaise, um enorme calor invadiu a sala - e o calor tinha estado lá sempre - e de luzes acesas, olhámo-nos espantados e dissémos: olha, tu tambérm estás apaixonado como eu. E que bom que isso foi.
Hoje, quando me deitar, serei tanto o miúdo que ouvia as músicas às escondidas e tinha um poster dela colado na parede, aquele que se masturbava a enrolar um cigarro antes de adormecer, e o homem feito, de vida constituída e atravessada que sentiu uma ligeira erecção ao se lembrar de ontem, da juventude, do tempo em que ia ser capaz, sozinho, de mudar o mundo. No meio, estará o verdadeiro eu, o que não a conhecia e que se apaixonou. Jane... comment te dire adieu?
sábado, janeiro 24, 2004
quinta-feira, janeiro 22, 2004
Pequenos apontamentos à margem (das árvores) III
Lido aqui:
Lux - É inevitável que se pense como é possível fazer um casamento
daqueles com a situação em que o país se encontra...
Tchizé dos Santos - É verdade, há pessoas com muitas dificuldades. Mas, se ao invés de
procurarmos e inventarmos falhas na sociedade e na economia angolana,
enfatizássemos o facto de Angola ser uma economia em franca expansão, com
empresários capazes e um país excelente para fazer investimentos, talvez a
miséria acabasse mais depressa. Claro que há muita coisa por mudar, mas
Angola precisa de receber investimentos. Tivémos uma guerra longa, tivémos
de defender a nossa soberania... Mas agora temos uma paz para ficar.
De repente, achei que estava a ler as deliciosas prosas da Ana Sá Lopes, no Público, ao domingo
Lido aqui:
Lux - É inevitável que se pense como é possível fazer um casamento
daqueles com a situação em que o país se encontra...
Tchizé dos Santos - É verdade, há pessoas com muitas dificuldades. Mas, se ao invés de
procurarmos e inventarmos falhas na sociedade e na economia angolana,
enfatizássemos o facto de Angola ser uma economia em franca expansão, com
empresários capazes e um país excelente para fazer investimentos, talvez a
miséria acabasse mais depressa. Claro que há muita coisa por mudar, mas
Angola precisa de receber investimentos. Tivémos uma guerra longa, tivémos
de defender a nossa soberania... Mas agora temos uma paz para ficar.
De repente, achei que estava a ler as deliciosas prosas da Ana Sá Lopes, no Público, ao domingo
Pequenos apontamentos à margem (das árvores) II
Estava Onã em seu deleite habitual, quando quis interromper o coito e foi castigado por Deus. A semente do homem não pode ser lançada à terra, com prejuízo de se tornar infértil, disse o omnipotente. Onã, desgraçado plebeu, ficou para a história não como o "pai" (o que não deixa de ser irónico) da masturbação, mas o do coito interrompido (prática ancestral e por provar de infalibilidade para quem não quer engravidar). Vem a isto a propósito do post do Bruno, como não podia deixar de ser.
Das borbulhas na cara aos pêlos nas mãos, tudo se diz da masturbação, essa espécie de "amor consigo mesmo", como dizia o Woody Allen. A questão que o Bruno coloca é de facto sintomática: masturbam-se menos as mulheres?
Deve-se à "interiorização da censura que se abaterá com maior acuidade sobre o auto-erotismo das mulheres, levando com maior frequência a comportamentos de "abstinência", este comportamento feminino ou antes à ideia de que para a masturbação é preciso ser-se mais físico? Se um homem para o fazer precisa de uma "ginástica", a mulher pode praticá-lo num banco de autocarro, numa sala de concertos, enquanto descaca cebolas... aplicando não a ideia de solidão e recolhimento subjacente ao acto, mas o individualismo egoísta. Pode estar uma mulher a masturbar-se e nem dar-mos por cima. Basta ver o filme com a Meg Ryan, When Harry met Sally, para percebermos isso.
A questão que o Bruno levanta leva-nos a outra e que tem a ver com o facto de se crer que a masturbação está associada ao celibatário. Essa ideia, para além de falsa é perniciosa, pois se um casal não incluir a masturbação nas suas práticas sexuais, jamais poderá sentir o corpo do outro na sua plenitude. Nesse caso, que diriam os gays activos que não se podem penetrar, ou as lésbicas?
Outra questão que se coloca tem a ver com a ideia de que a partir do momento em que se encontra algém para o coito a masturbação deixa de ser necessária. Ela é tanto mais necessária quanto a necessidade de não se perder a individualidade dentro da relação.
Estava Onã em seu deleite habitual, quando quis interromper o coito e foi castigado por Deus. A semente do homem não pode ser lançada à terra, com prejuízo de se tornar infértil, disse o omnipotente. Onã, desgraçado plebeu, ficou para a história não como o "pai" (o que não deixa de ser irónico) da masturbação, mas o do coito interrompido (prática ancestral e por provar de infalibilidade para quem não quer engravidar). Vem a isto a propósito do post do Bruno, como não podia deixar de ser.
Das borbulhas na cara aos pêlos nas mãos, tudo se diz da masturbação, essa espécie de "amor consigo mesmo", como dizia o Woody Allen. A questão que o Bruno coloca é de facto sintomática: masturbam-se menos as mulheres?
Deve-se à "interiorização da censura que se abaterá com maior acuidade sobre o auto-erotismo das mulheres, levando com maior frequência a comportamentos de "abstinência", este comportamento feminino ou antes à ideia de que para a masturbação é preciso ser-se mais físico? Se um homem para o fazer precisa de uma "ginástica", a mulher pode praticá-lo num banco de autocarro, numa sala de concertos, enquanto descaca cebolas... aplicando não a ideia de solidão e recolhimento subjacente ao acto, mas o individualismo egoísta. Pode estar uma mulher a masturbar-se e nem dar-mos por cima. Basta ver o filme com a Meg Ryan, When Harry met Sally, para percebermos isso.
A questão que o Bruno levanta leva-nos a outra e que tem a ver com o facto de se crer que a masturbação está associada ao celibatário. Essa ideia, para além de falsa é perniciosa, pois se um casal não incluir a masturbação nas suas práticas sexuais, jamais poderá sentir o corpo do outro na sua plenitude. Nesse caso, que diriam os gays activos que não se podem penetrar, ou as lésbicas?
Outra questão que se coloca tem a ver com a ideia de que a partir do momento em que se encontra algém para o coito a masturbação deixa de ser necessária. Ela é tanto mais necessária quanto a necessidade de não se perder a individualidade dentro da relação.
Pequenos apontamentos à margem (das árvores) I
- o post de JPP sobre o concurso do IA, com relação ao Euro 2004 é imperceptível de um posto de vista intelectual e orgâncio, visto o Euro 2004 ser tanto mais fácil de entender enquanto, somente, elemento agregador de outraas formas de exportação cultural. Vejo-me, aqui, na posição incómoda, de concordar com o princípio de organização de um concurso de outras artes que, literalmente, se "cole" ao futebol para que este - e não o contrário - se torne menos opressor do país.
O facto de ser por pouco tempo, ainda que ache pouco realista, deverá ter a ver com a escassez de verbas. E antes rápido e premeditado que não concretizado. Resta acreditar que o IA vai ter verbas para a causa. A crer nas últimas entrevistas do novel director, tudo pode não passar de uma falácia. E aí, em vez de se dar razão a JPP, há antes que pedir desculpa aos interessados.
Uma palavra final para esta coisa da "subsidio-dependência": se tudo é subsidiado neste país - e noutros também - porque é que é só a cultura que leva porrada? Se a lei do mecenato não funciona, se não há uma tradição de benfeitorias, se o país vive de pequenas e médias empresas que não podem investir, de que é que irão viver os que fazem outras coisdas menos mediáticas? A JPP fica-lhe mal tamanho papel censório.
- o post de JPP sobre o concurso do IA, com relação ao Euro 2004 é imperceptível de um posto de vista intelectual e orgâncio, visto o Euro 2004 ser tanto mais fácil de entender enquanto, somente, elemento agregador de outraas formas de exportação cultural. Vejo-me, aqui, na posição incómoda, de concordar com o princípio de organização de um concurso de outras artes que, literalmente, se "cole" ao futebol para que este - e não o contrário - se torne menos opressor do país.
O facto de ser por pouco tempo, ainda que ache pouco realista, deverá ter a ver com a escassez de verbas. E antes rápido e premeditado que não concretizado. Resta acreditar que o IA vai ter verbas para a causa. A crer nas últimas entrevistas do novel director, tudo pode não passar de uma falácia. E aí, em vez de se dar razão a JPP, há antes que pedir desculpa aos interessados.
Uma palavra final para esta coisa da "subsidio-dependência": se tudo é subsidiado neste país - e noutros também - porque é que é só a cultura que leva porrada? Se a lei do mecenato não funciona, se não há uma tradição de benfeitorias, se o país vive de pequenas e médias empresas que não podem investir, de que é que irão viver os que fazem outras coisdas menos mediáticas? A JPP fica-lhe mal tamanho papel censório.
terça-feira, janeiro 20, 2004
Serviço público
Se andarmos atrás de um director qualquer por causa de um assunto qualquer, uma e outra vez, inevitalvemente acontece o seguinte:
- Bom dia, queria falar com o Dr. X
- Eu não o vi.
- Pois, mas se pudesse verificar
- Mas é como lhe digo... (pausa para ver se desistimos) É só um bocadinho que eu não sei se está... (vozes confusas e gritadas, entre papéis, insultos ao patrão e considerações sobre a novela de ontem... até que se apercebem que se ouviu tudo) É só um bocadinho sim, não desligue... Pois, tem a extensão ocupada.
- Posso aguardar.
- Olhe que deve demorar.
- Bom, então ligo mais tarde.
O auscultador é atirado raivosamente para o descanso
Nova tentativa
- Bom dia, o Dr. X ainda está ocupado?
- Olha que eu não o vi chegar. Não está.
- Mas se ainda agora estava ocupado.
- Não sei, só se entrou quando eu fui tomar café.
- Pode verificar.
- É só um bocadinho...
(a chamada, misteriosamente, cai)
Se andarmos atrás de um director qualquer por causa de um assunto qualquer, uma e outra vez, inevitalvemente acontece o seguinte:
- Bom dia, queria falar com o Dr. X
- Eu não o vi.
- Pois, mas se pudesse verificar
- Mas é como lhe digo... (pausa para ver se desistimos) É só um bocadinho que eu não sei se está... (vozes confusas e gritadas, entre papéis, insultos ao patrão e considerações sobre a novela de ontem... até que se apercebem que se ouviu tudo) É só um bocadinho sim, não desligue... Pois, tem a extensão ocupada.
- Posso aguardar.
- Olhe que deve demorar.
- Bom, então ligo mais tarde.
O auscultador é atirado raivosamente para o descanso
Nova tentativa
- Bom dia, o Dr. X ainda está ocupado?
- Olha que eu não o vi chegar. Não está.
- Mas se ainda agora estava ocupado.
- Não sei, só se entrou quando eu fui tomar café.
- Pode verificar.
- É só um bocadinho...
(a chamada, misteriosamente, cai)
domingo, janeiro 18, 2004
1001 noites: artes performativas no Mercado da Ribeira
Começou na sexta feira passada e estende-se por mais dois fins de semana, o Festival X (ex-pertença do OLHO e agora sob orientação do seu membro mais mediático, João Garcia Miguel). Trata-se de um evento de performances, vídeo, instalações ou concertos dos nomes mais ou menos alternativos da cena performativa.
Se este fim de semana passaram vídeos de, por exemplo, Catarina Campino e Edgar Pêra, no próximo fim de semana Nelson Guerreiro (coordenador de um dos mais interessantes projectos de descentralização cultural, a Transforma, em Torres Vedras) convida uma série de criadores da dança, do teatro, da música e da escrita para jantarem: JP Simões, Beatriz Cantinho, Lula Pena ou Miguel Moreira. Um jantar, que ecoa Última Ceia e La Gran Bouffe por todos os lados e que se estenderá das 21h às 02h. Porque comer também é ser comido, diz a nota da folha de sala. Sexta e sábado, portanto, no Mercado da Ribeira, em Lisboa.
No fim de semana seguinte, as Mil e Uma Noites comme il faut, ou antes como a sentem as iminências pardas, e outras nem tanto iminências e menos pardas: Clara Andermatt, Teresa Prima, João Galante, Rogério Nuno Costa, Miguel Clara Vasconcelos, ...
A nota de divulgação fica dada.
É que há outra questão a ser tomada em conta e que muito diz acerca do alternativo na concepção artística. Para além de uns cartazes confusos e uns flyers pouco distribuídos, alguém viu mais informação sobre este evento? Pois. É que, segundo a organização - e o leitmotiv inscrito no cartaz "A ordem total é o caos total" (Marx) - se uma catástrofe não precisa ser anunciada, também os eventos culturais não devem procurar a mediatização, antes disponibilizatem-se para a receberem. O que é tanto mais estranho é que estes criadores defendem-se com argumentos de Warhol, Duchamp quanto ao acesso à informação, ao que é menos óbivio, à necessidade de "equidade" (arrepio!!!) do clássico e do contemporâneo, do sagrado e do profano, do novo e do velho, mas depois recusam alimentar a máquina que os faz respirar. Que espécie de memória existirá deste evento se dele não houver publicidade? Que espécie de confronto podem os criadores fazer com um público desconhecedor do seu trabalho, se este não comparecer por pura e simples falta de informação? Se tido for um programa estético, então nem sequer os cartazes são justificados, nem sequer os nomes devem ser divulgados... em última análise, nem sequer se devem procurar patrocinadores já que a razão úlitma da concretização de apoios é sempre - sempre - a exposição de um nome. Se os artistas alternativos não perceberem que isolarem-se não é um statement mas antes um acto de puro egoísmo que não os levará a lado algum, então bem podem continuar a falar sozinhos. Dos que não se mostram não reza a história.
Da minha parte contrario a tendência, inverto o princípio e renego tal atitude isolacionista. Por causa de uma aproximação e, sobretudo, contra os discursos extremados e fundamentalistas da arte versus público.
Começou na sexta feira passada e estende-se por mais dois fins de semana, o Festival X (ex-pertença do OLHO e agora sob orientação do seu membro mais mediático, João Garcia Miguel). Trata-se de um evento de performances, vídeo, instalações ou concertos dos nomes mais ou menos alternativos da cena performativa.
Se este fim de semana passaram vídeos de, por exemplo, Catarina Campino e Edgar Pêra, no próximo fim de semana Nelson Guerreiro (coordenador de um dos mais interessantes projectos de descentralização cultural, a Transforma, em Torres Vedras) convida uma série de criadores da dança, do teatro, da música e da escrita para jantarem: JP Simões, Beatriz Cantinho, Lula Pena ou Miguel Moreira. Um jantar, que ecoa Última Ceia e La Gran Bouffe por todos os lados e que se estenderá das 21h às 02h. Porque comer também é ser comido, diz a nota da folha de sala. Sexta e sábado, portanto, no Mercado da Ribeira, em Lisboa.
No fim de semana seguinte, as Mil e Uma Noites comme il faut, ou antes como a sentem as iminências pardas, e outras nem tanto iminências e menos pardas: Clara Andermatt, Teresa Prima, João Galante, Rogério Nuno Costa, Miguel Clara Vasconcelos, ...
A nota de divulgação fica dada.
É que há outra questão a ser tomada em conta e que muito diz acerca do alternativo na concepção artística. Para além de uns cartazes confusos e uns flyers pouco distribuídos, alguém viu mais informação sobre este evento? Pois. É que, segundo a organização - e o leitmotiv inscrito no cartaz "A ordem total é o caos total" (Marx) - se uma catástrofe não precisa ser anunciada, também os eventos culturais não devem procurar a mediatização, antes disponibilizatem-se para a receberem. O que é tanto mais estranho é que estes criadores defendem-se com argumentos de Warhol, Duchamp quanto ao acesso à informação, ao que é menos óbivio, à necessidade de "equidade" (arrepio!!!) do clássico e do contemporâneo, do sagrado e do profano, do novo e do velho, mas depois recusam alimentar a máquina que os faz respirar. Que espécie de memória existirá deste evento se dele não houver publicidade? Que espécie de confronto podem os criadores fazer com um público desconhecedor do seu trabalho, se este não comparecer por pura e simples falta de informação? Se tido for um programa estético, então nem sequer os cartazes são justificados, nem sequer os nomes devem ser divulgados... em última análise, nem sequer se devem procurar patrocinadores já que a razão úlitma da concretização de apoios é sempre - sempre - a exposição de um nome. Se os artistas alternativos não perceberem que isolarem-se não é um statement mas antes um acto de puro egoísmo que não os levará a lado algum, então bem podem continuar a falar sozinhos. Dos que não se mostram não reza a história.
Da minha parte contrario a tendência, inverto o princípio e renego tal atitude isolacionista. Por causa de uma aproximação e, sobretudo, contra os discursos extremados e fundamentalistas da arte versus público.
quinta-feira, janeiro 15, 2004
De malas aviadas
Estou à espera do dia em que os advogados de Carlos Cruz venham dizer que desapareceu uma das malas com documentos comprovativos. Com tanta exposição das ditas malas em telejornais, fotografias e rádios, começa-se a querer saber se o que lá vai dentro não é antes a salvação do mundo... quem sabe um outro segredo de Fátima. Ou é antes para que se crie uma espécie de relação emocional com as malas?
Estou à espera do dia em que os advogados de Carlos Cruz venham dizer que desapareceu uma das malas com documentos comprovativos. Com tanta exposição das ditas malas em telejornais, fotografias e rádios, começa-se a querer saber se o que lá vai dentro não é antes a salvação do mundo... quem sabe um outro segredo de Fátima. Ou é antes para que se crie uma espécie de relação emocional com as malas?
Comentários
Não sei se são já os efeitos da discutida alteração à lei de imprensa (que em matéria de progresso ainda é capaz de incluir os blogs), mas a verdade é que os comentários têm vindo a desaparecer. A questão é frequente em diversos blogs, o que significa que é uma acção concertada. Ainda nos acusam de censura, é o que é.
Não sei se são já os efeitos da discutida alteração à lei de imprensa (que em matéria de progresso ainda é capaz de incluir os blogs), mas a verdade é que os comentários têm vindo a desaparecer. A questão é frequente em diversos blogs, o que significa que é uma acção concertada. Ainda nos acusam de censura, é o que é.
the sky is the limit ...(III)
Santana Lopes é o Kennedy português, disse Rui Verde ao jornal O Diabo. Como?
De facto, a única analogia que encontro (porque o charme não é o mesmo, a prole não é dilecta, a Cinha nunca fez as vezes sequer de uma sopeira oxigenada e o único muro que Santana conhece é do Palácio de Belém que pretende escalar) tem mais a ver com o deixar a coisa como está e arvorar-se de paradigma das oportunidades: ask not what your country can do for you, but what you can do for your country. Já estou a ver os cartazes a entrarem nas casas dos lisboetas: O que é que fez por Lisboa hoje?
Santana Lopes é o Kennedy português, disse Rui Verde ao jornal O Diabo. Como?
De facto, a única analogia que encontro (porque o charme não é o mesmo, a prole não é dilecta, a Cinha nunca fez as vezes sequer de uma sopeira oxigenada e o único muro que Santana conhece é do Palácio de Belém que pretende escalar) tem mais a ver com o deixar a coisa como está e arvorar-se de paradigma das oportunidades: ask not what your country can do for you, but what you can do for your country. Já estou a ver os cartazes a entrarem nas casas dos lisboetas: O que é que fez por Lisboa hoje?
the sky is the limit... (II)
... e neste caso ultrapassaste-o. Bush, o homem que falseou as eleições no seu país, que impõe a ordem mundial, que se engasga com pretzels, quer por o homem em Marte até 2015. E quem sabe mundos mais longínquos. Em ano de eleições, as promessas valem o que valem. A verdade é que se Bush filho avançou por onde o pai não andara (no caso do Iraque), não se pode esquecer que, depois do anúncio de novas expedições à lua, o pai teve que voltar para casa. Clinton derrotava-o. Estará Bush a trilhar o mesmo caminho?
... e neste caso ultrapassaste-o. Bush, o homem que falseou as eleições no seu país, que impõe a ordem mundial, que se engasga com pretzels, quer por o homem em Marte até 2015. E quem sabe mundos mais longínquos. Em ano de eleições, as promessas valem o que valem. A verdade é que se Bush filho avançou por onde o pai não andara (no caso do Iraque), não se pode esquecer que, depois do anúncio de novas expedições à lua, o pai teve que voltar para casa. Clinton derrotava-o. Estará Bush a trilhar o mesmo caminho?
the sky is the limit... (I)
Como é mais que natural, rejubilo com a ideia de Portugal preparar a organização de uns Jogos Olímpicos. Mas também sei que antes sonhar que pagar a factura. Se com o Euro 2004 os estádios não foram aproveitados e pensados com esse intuito, tempo que o país se alcatroasse e a cada esquina pusesse um balneário e uma piscina olímpica. Assim sendo, por muito que os olhos do Presidente do Comité Olímpico Português brilhem ante a notícia de que o Secretário de Estado do Desporto o vai receber até ao fim do mês, não posso deixar de achar que é só para não o ouvir mais. Um homem que diz que Atenas era uma cidade que nada tinha antes da cidade olímpica e que pouco mais valia que umas pedras e ah sim... ser o berço da Europa... merece ser calado antes que sonhe em preparar algo pior. Sei lá, a travessia do Atlântico a nado, por exemplo.
Como é mais que natural, rejubilo com a ideia de Portugal preparar a organização de uns Jogos Olímpicos. Mas também sei que antes sonhar que pagar a factura. Se com o Euro 2004 os estádios não foram aproveitados e pensados com esse intuito, tempo que o país se alcatroasse e a cada esquina pusesse um balneário e uma piscina olímpica. Assim sendo, por muito que os olhos do Presidente do Comité Olímpico Português brilhem ante a notícia de que o Secretário de Estado do Desporto o vai receber até ao fim do mês, não posso deixar de achar que é só para não o ouvir mais. Um homem que diz que Atenas era uma cidade que nada tinha antes da cidade olímpica e que pouco mais valia que umas pedras e ah sim... ser o berço da Europa... merece ser calado antes que sonhe em preparar algo pior. Sei lá, a travessia do Atlântico a nado, por exemplo.
É assim... (síndrome da afirmação a todo o custo)
... o quê? É assim o quê? Não pode ser de outra forma? Não é, então, uma sugestão que vais dar? A tua opinião que vais partilhar? É assim e pronto, ponto final, fim? Que se quer dizer quando se diz É Assim... Encerras o assunto, colocas uma pedra no tema, não alteras uma vírgula? E se se provar que não foi assim? É de outra maneira?
Onde é que aprendeste a ser tão imperativo?
... o quê? É assim o quê? Não pode ser de outra forma? Não é, então, uma sugestão que vais dar? A tua opinião que vais partilhar? É assim e pronto, ponto final, fim? Que se quer dizer quando se diz É Assim... Encerras o assunto, colocas uma pedra no tema, não alteras uma vírgula? E se se provar que não foi assim? É de outra maneira?
Onde é que aprendeste a ser tão imperativo?
Agridoce
O Pedro tem um dos blogs que mais me diverte. Tem duas "colunas" mais ou menos fixas/regulares: The 80's e Na Livraria . Sem ordem nem regra, como lhe vai apetecendo (ou deveria escrever sucedendo?), o melhor (e o pior) de portugal que quer ler - a todo custo. Mas como eu não sirvo de desculpa, ora atentem aqui, aqui, aqui ou aqui. E sigam.
O Pedro tem um dos blogs que mais me diverte. Tem duas "colunas" mais ou menos fixas/regulares: The 80's e Na Livraria . Sem ordem nem regra, como lhe vai apetecendo (ou deveria escrever sucedendo?), o melhor (e o pior) de portugal que quer ler - a todo custo. Mas como eu não sirvo de desculpa, ora atentem aqui, aqui, aqui ou aqui. E sigam.
quarta-feira, janeiro 14, 2004
Relógios de Lisboa (IV)
- o da estação do Rossio
Quem conseguir atravessar a fachada da estação do Rossio e não sentir os olhos em ferida, irá encontrar um relógio encardido mas funcional. Fica ali, no canto do olho, ao subir-se a rua e entrar nos Restauradores. Postal ilustrado nos anos 50, a estação do Rossio sobrevive desgraçada, sem que dela se diga o que quer que seja. às vezes só se diz mal. Da fachada, da cor, das marcas, das pessoas, do que representa. E o que representa é mais do que o que indica.
Construída quando o Estado decidiu rasgar Lisboa com uma linha de comboio, a actual estação do Rossio fez demolir o maior espaço de recreios da Lisboa da viragem do século XIX. O coliseu Whitonney, que ocupava o espaço que vai da estação até ao Palácio Foz era o maior da península ibérica e recebia de tudo, desde circo a esposições de automóveis. Foi demolido. Em compensação construiu-se o Coliseu dos Recreios, umas ruas ao lado.
O relógio da estação do Rossio marca o tempo, mas um tempo que já está decorado. Lá dentro há uns electrónicos, que marcam logo a hora de partida do próximo comboio. Este relógio, que espreita o Largo do Rossio por um canto fez-se discreto com o tempo. Ao contrário da fachada que o ostenta. Que fará D. Sebastião debaixo do relógio?
- o da estação do Rossio
Quem conseguir atravessar a fachada da estação do Rossio e não sentir os olhos em ferida, irá encontrar um relógio encardido mas funcional. Fica ali, no canto do olho, ao subir-se a rua e entrar nos Restauradores. Postal ilustrado nos anos 50, a estação do Rossio sobrevive desgraçada, sem que dela se diga o que quer que seja. às vezes só se diz mal. Da fachada, da cor, das marcas, das pessoas, do que representa. E o que representa é mais do que o que indica.
Construída quando o Estado decidiu rasgar Lisboa com uma linha de comboio, a actual estação do Rossio fez demolir o maior espaço de recreios da Lisboa da viragem do século XIX. O coliseu Whitonney, que ocupava o espaço que vai da estação até ao Palácio Foz era o maior da península ibérica e recebia de tudo, desde circo a esposições de automóveis. Foi demolido. Em compensação construiu-se o Coliseu dos Recreios, umas ruas ao lado.
O relógio da estação do Rossio marca o tempo, mas um tempo que já está decorado. Lá dentro há uns electrónicos, que marcam logo a hora de partida do próximo comboio. Este relógio, que espreita o Largo do Rossio por um canto fez-se discreto com o tempo. Ao contrário da fachada que o ostenta. Que fará D. Sebastião debaixo do relógio?
terça-feira, janeiro 13, 2004
É sempre a mesma cantiga
Chegou a vez de David Justino. Impostos, outra vez. Mas então não há inspectores no governo? Não se verificam todas as dúvidas, equívocos, ambiguidades antes de se confirmar a aceitação de um cargo governamental? Não há equipas especializadas para tratarem de eventuais problemas? Será que é a tendência para o caos, desastre e disparate que faz com que os ministros continuem a não aprender que não se pode ter telhados de vidro? Com o precedente "António Vitorino" aberto, que se segue?
Chegou a vez de David Justino. Impostos, outra vez. Mas então não há inspectores no governo? Não se verificam todas as dúvidas, equívocos, ambiguidades antes de se confirmar a aceitação de um cargo governamental? Não há equipas especializadas para tratarem de eventuais problemas? Será que é a tendência para o caos, desastre e disparate que faz com que os ministros continuem a não aprender que não se pode ter telhados de vidro? Com o precedente "António Vitorino" aberto, que se segue?
segunda-feira, janeiro 12, 2004
A inocência perdida
Poder-se-ia ignorar Alberto João Jardim, não fossem os factos por demais evidentes. Escamotear a ideia de que a pedofilia não é um negócio na Madeira é tão falacioso quanto acreditar-se que este tipo de comportamente é resultado dos tempos.
Recordo-me de ver na Madeira, em Câmara de Lobos, os homens a embebedarem-se, deprimidos porque as embarcações não podiam sair para o mar, e a tentarem não se agredir. Bebidas fortíssimas que misturavam concentrado de ananás com cachaça e gelado, cerveja com martini, copos de três feitos com uísque... depois iam arrastados até casa. Aos miúdos via-os também, deitados na amurada do porto, à espera que os turistas deitassem moedas para as manchas de óleo e a oferecerem-se para mostrar a ilha. Nunca me apercebi de qualquer intenção de protecção daqueles miúdos, à mercê de redes pedófilas. Filhos de gente que nada tem, que nunca puderam ter, que nunca lhes deram mais alguma coisa para além de umas migalhas comunitárias a fingirem-se progresso.
Ao mesmo tempo que o aeroporto crescia e os cofres do casino se enchiam dos dinheiros das avultadas fortunas de idosos europeus, o governo regional fechava os olhos à pior das misérias: aquela que existe à nossa frente e não a queremos ver. Do alto do miradouro pode-se observar o assédio cerrado que estes miúdos fazem, inocentes que não o são. São antes o resultado de falta de apoios na educação, desinteresse no investimento cultural, capacidade de utilização de recursos, resignação e muita falta de coragem.
A miséria da pedofilia na Madeira pouco tem a ver com o que se passa na Casa Pia. Se, no continente houve incúria do Estado, na Madeira é toda uma cultura que subsiste e que se alimenta de esquemas primários e em nada dignificantes. Comportamento pré-eleitoral à parte, nunca foi por causa disso que o "Fidelizado" João Jardim deixou de comandar o destino de uma ilha que já foi mais. Nunca foi é sinónimo de coragem.
A verdade é que a Madeira é só um lugar com mais visibilidade. Num país que se descobriu pedófilo, quantas Madeiras existirão por aí? Achar-se que não é grave é tanto mais criminoso quanto a continuação desta situação.
Poder-se-ia ignorar Alberto João Jardim, não fossem os factos por demais evidentes. Escamotear a ideia de que a pedofilia não é um negócio na Madeira é tão falacioso quanto acreditar-se que este tipo de comportamente é resultado dos tempos.
Recordo-me de ver na Madeira, em Câmara de Lobos, os homens a embebedarem-se, deprimidos porque as embarcações não podiam sair para o mar, e a tentarem não se agredir. Bebidas fortíssimas que misturavam concentrado de ananás com cachaça e gelado, cerveja com martini, copos de três feitos com uísque... depois iam arrastados até casa. Aos miúdos via-os também, deitados na amurada do porto, à espera que os turistas deitassem moedas para as manchas de óleo e a oferecerem-se para mostrar a ilha. Nunca me apercebi de qualquer intenção de protecção daqueles miúdos, à mercê de redes pedófilas. Filhos de gente que nada tem, que nunca puderam ter, que nunca lhes deram mais alguma coisa para além de umas migalhas comunitárias a fingirem-se progresso.
Ao mesmo tempo que o aeroporto crescia e os cofres do casino se enchiam dos dinheiros das avultadas fortunas de idosos europeus, o governo regional fechava os olhos à pior das misérias: aquela que existe à nossa frente e não a queremos ver. Do alto do miradouro pode-se observar o assédio cerrado que estes miúdos fazem, inocentes que não o são. São antes o resultado de falta de apoios na educação, desinteresse no investimento cultural, capacidade de utilização de recursos, resignação e muita falta de coragem.
A miséria da pedofilia na Madeira pouco tem a ver com o que se passa na Casa Pia. Se, no continente houve incúria do Estado, na Madeira é toda uma cultura que subsiste e que se alimenta de esquemas primários e em nada dignificantes. Comportamento pré-eleitoral à parte, nunca foi por causa disso que o "Fidelizado" João Jardim deixou de comandar o destino de uma ilha que já foi mais. Nunca foi é sinónimo de coragem.
A verdade é que a Madeira é só um lugar com mais visibilidade. Num país que se descobriu pedófilo, quantas Madeiras existirão por aí? Achar-se que não é grave é tanto mais criminoso quanto a continuação desta situação.
domingo, janeiro 11, 2004
Precoce ou as causas da cultura
Se é ainda cedo para se falar de Presidenciais (e ainda me estão por convencer da urgência de se falar da corrida para um cargo que poucos ouvem e muitos ignoram - Santana Lopes e Marcelo querem mesmo falar para o "boneco" num futuro próximo?), mais cedo é ainda para se falar de autárquicas. Se a proto-candidatura de Carrilho (ou um desejo dito demasiado alto) surte algum efeito neste momento não sei mas não deixa sempre de parecer um esticar de pernas para não cair no esquecimento. E depois, por muito que Lisboa seja Paris no seu pior não acredito que Carrilho tivesse pacîência para a burocracia camarária de Lisboa. Terá ele alguma vez solicitado um requerimento à C.M.L.?
Se é ainda cedo para se falar de Presidenciais (e ainda me estão por convencer da urgência de se falar da corrida para um cargo que poucos ouvem e muitos ignoram - Santana Lopes e Marcelo querem mesmo falar para o "boneco" num futuro próximo?), mais cedo é ainda para se falar de autárquicas. Se a proto-candidatura de Carrilho (ou um desejo dito demasiado alto) surte algum efeito neste momento não sei mas não deixa sempre de parecer um esticar de pernas para não cair no esquecimento. E depois, por muito que Lisboa seja Paris no seu pior não acredito que Carrilho tivesse pacîência para a burocracia camarária de Lisboa. Terá ele alguma vez solicitado um requerimento à C.M.L.?
sábado, janeiro 10, 2004
A última fronteira
Diz o Luis Miguel Nava a dada altura: "A boca/ onde a memória/ vem levantar fervura,/ contrai-se, há quem a sinta/ de súbito emergir da trasparência. (...)". Vem isto a propósito do que diz o Bruno acerca do beijo. E entendo eu daquilo que diz o Bruno a alturas tantas, que melhor se define o beijo quantos mais lábios tivermos tocado. Sim, é verdade. Essa será uma verdade tanto maior quanto maior fosse a nossa vontade de encontrarmos o beijo perfeito. Mas nem sempre o beijo perfeito vem acompanhado do resto da perfeição.
O peso dos lábios alheios nos nossos perpetua-se, mesmo que conheçamos novos pesos. Recordaremos sempre os gestos iniciáticos que levaram ao toque primeiro... com uns foram céleres, com outros bruscos ou ainda podem ter sido curtos, ao lado, abertos, molhados... mas o primeiro beijo é o primeiro beijo. Mais depressa se vai ao resto do corpo que do primeiro olhar ao primeiro beijo. E é dessa memória que me parece o Bruno se refere, sempre por interposta pessoa, como faz perversamente, de cada vez que fala das relações humanas.
Diz quem beija que se sabe se os lábios nossos conheceram outros terceiros, porque se perderão todas as pontes; as coincidências; os pontos de contacto. E depois é o fim...
Mas tal como o primeiro, também o último beijo se recorda com força. Sobretudo porque é muito mais ambíguo que o primeiro. Depois do último beijo já se sabe que não se seguirão telefonemas, nem mãos a percorrerem os corpos nem palavras inaudíveis. Depois do último beijo (que, por vezes, só se torna último depois de o ser) já só sobra a memória. Nem sequer a saudade. Porque essa saudade é a do primeiro. O momento perfeito. Termina o Nava dizendo: "O mar, há quem o faça/ subir no encalço dela: é quando ao engolirmo-la a saliva/ nos vai para a memória/ que todo o nosso coração fica à mercê das águas."
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Diz o Luis Miguel Nava a dada altura: "A boca/ onde a memória/ vem levantar fervura,/ contrai-se, há quem a sinta/ de súbito emergir da trasparência. (...)". Vem isto a propósito do que diz o Bruno acerca do beijo. E entendo eu daquilo que diz o Bruno a alturas tantas, que melhor se define o beijo quantos mais lábios tivermos tocado. Sim, é verdade. Essa será uma verdade tanto maior quanto maior fosse a nossa vontade de encontrarmos o beijo perfeito. Mas nem sempre o beijo perfeito vem acompanhado do resto da perfeição.
O peso dos lábios alheios nos nossos perpetua-se, mesmo que conheçamos novos pesos. Recordaremos sempre os gestos iniciáticos que levaram ao toque primeiro... com uns foram céleres, com outros bruscos ou ainda podem ter sido curtos, ao lado, abertos, molhados... mas o primeiro beijo é o primeiro beijo. Mais depressa se vai ao resto do corpo que do primeiro olhar ao primeiro beijo. E é dessa memória que me parece o Bruno se refere, sempre por interposta pessoa, como faz perversamente, de cada vez que fala das relações humanas.
Diz quem beija que se sabe se os lábios nossos conheceram outros terceiros, porque se perderão todas as pontes; as coincidências; os pontos de contacto. E depois é o fim...
Mas tal como o primeiro, também o último beijo se recorda com força. Sobretudo porque é muito mais ambíguo que o primeiro. Depois do último beijo já se sabe que não se seguirão telefonemas, nem mãos a percorrerem os corpos nem palavras inaudíveis. Depois do último beijo (que, por vezes, só se torna último depois de o ser) já só sobra a memória. Nem sequer a saudade. Porque essa saudade é a do primeiro. O momento perfeito. Termina o Nava dizendo: "O mar, há quem o faça/ subir no encalço dela: é quando ao engolirmo-la a saliva/ nos vai para a memória/ que todo o nosso coração fica à mercê das águas."
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Kempff
Dizem às crianças que os bébés vêm de Paris. Mentem-lhes. De Paris vêm antes outras coisas mais maravilhosas, como uma edição rara, esgotadíssima e preciosa como é a edição da Deusche Grammophon das transcrições para piano dos coros e prelúdios de Bach, bem como as fugas e excertos do cravo bem temperado. Em complemento Gluck com Orphée et Eurydice. As transcrições foram, quase todas, feitas por Wilhelm Kempff, exímio e austero pianista alemão. A edição que me chegou - a última e dada em oferta - fez parte de uma série limitada chamada Double, mas consta que há uma outra edição, na série Eloquence, com outros acrescentos.. Para perceberem melhor do que se trata, leiam aqui. E se conseguirem ouvir, estão aqui excertos. Depois, fechem os olhos, abram as janelas e deixem-se ir. O mundo será outro, depois disso.
Dizem às crianças que os bébés vêm de Paris. Mentem-lhes. De Paris vêm antes outras coisas mais maravilhosas, como uma edição rara, esgotadíssima e preciosa como é a edição da Deusche Grammophon das transcrições para piano dos coros e prelúdios de Bach, bem como as fugas e excertos do cravo bem temperado. Em complemento Gluck com Orphée et Eurydice. As transcrições foram, quase todas, feitas por Wilhelm Kempff, exímio e austero pianista alemão. A edição que me chegou - a última e dada em oferta - fez parte de uma série limitada chamada Double, mas consta que há uma outra edição, na série Eloquence, com outros acrescentos.. Para perceberem melhor do que se trata, leiam aqui. E se conseguirem ouvir, estão aqui excertos. Depois, fechem os olhos, abram as janelas e deixem-se ir. O mundo será outro, depois disso.
sexta-feira, janeiro 09, 2004
A lei dos amantes (13)
O silêncio não mata a fome. Mas o fim de uma relação tira-nos o apetite. Continua...
O silêncio não mata a fome. Mas o fim de uma relação tira-nos o apetite. Continua...
Marte... e ainda estás tão longe.
Acordo com uma notícia maravilhosa: Bush quer mandar um homem a Marte. Finalmente o homem decidiu o seu destino. Agora já podemos escrever, da próxima vez que ele cá vier, nas paredes das Lages: Bush go Mars!!! Eis uma coisa que ninguém ousaria não estar do lado do pateta.
Acordo com uma notícia maravilhosa: Bush quer mandar um homem a Marte. Finalmente o homem decidiu o seu destino. Agora já podemos escrever, da próxima vez que ele cá vier, nas paredes das Lages: Bush go Mars!!! Eis uma coisa que ninguém ousaria não estar do lado do pateta.
quinta-feira, janeiro 08, 2004
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