1001 noites: artes performativas no Mercado da Ribeira
Começou na sexta feira passada e estende-se por mais dois fins de semana, o Festival X (ex-pertença do OLHO e agora sob orientação do seu membro mais mediático, João Garcia Miguel). Trata-se de um evento de performances, vídeo, instalações ou concertos dos nomes mais ou menos alternativos da cena performativa.
Se este fim de semana passaram vídeos de, por exemplo, Catarina Campino e Edgar Pêra, no próximo fim de semana Nelson Guerreiro (coordenador de um dos mais interessantes projectos de descentralização cultural, a Transforma, em Torres Vedras) convida uma série de criadores da dança, do teatro, da música e da escrita para jantarem: JP Simões, Beatriz Cantinho, Lula Pena ou Miguel Moreira. Um jantar, que ecoa Última Ceia e La Gran Bouffe por todos os lados e que se estenderá das 21h às 02h. Porque comer também é ser comido, diz a nota da folha de sala. Sexta e sábado, portanto, no Mercado da Ribeira, em Lisboa.
No fim de semana seguinte, as Mil e Uma Noites comme il faut, ou antes como a sentem as iminências pardas, e outras nem tanto iminências e menos pardas: Clara Andermatt, Teresa Prima, João Galante, Rogério Nuno Costa, Miguel Clara Vasconcelos, ...
A nota de divulgação fica dada.
É que há outra questão a ser tomada em conta e que muito diz acerca do alternativo na concepção artística. Para além de uns cartazes confusos e uns flyers pouco distribuídos, alguém viu mais informação sobre este evento? Pois. É que, segundo a organização - e o leitmotiv inscrito no cartaz "A ordem total é o caos total" (Marx) - se uma catástrofe não precisa ser anunciada, também os eventos culturais não devem procurar a mediatização, antes disponibilizatem-se para a receberem. O que é tanto mais estranho é que estes criadores defendem-se com argumentos de Warhol, Duchamp quanto ao acesso à informação, ao que é menos óbivio, à necessidade de "equidade" (arrepio!!!) do clássico e do contemporâneo, do sagrado e do profano, do novo e do velho, mas depois recusam alimentar a máquina que os faz respirar. Que espécie de memória existirá deste evento se dele não houver publicidade? Que espécie de confronto podem os criadores fazer com um público desconhecedor do seu trabalho, se este não comparecer por pura e simples falta de informação? Se tido for um programa estético, então nem sequer os cartazes são justificados, nem sequer os nomes devem ser divulgados... em última análise, nem sequer se devem procurar patrocinadores já que a razão úlitma da concretização de apoios é sempre - sempre - a exposição de um nome. Se os artistas alternativos não perceberem que isolarem-se não é um statement mas antes um acto de puro egoísmo que não os levará a lado algum, então bem podem continuar a falar sozinhos. Dos que não se mostram não reza a história.
Da minha parte contrario a tendência, inverto o princípio e renego tal atitude isolacionista. Por causa de uma aproximação e, sobretudo, contra os discursos extremados e fundamentalistas da arte versus público.
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