sexta-feira, julho 01, 2005

AGATHA CHRISTIE

estreia amanhã

AGATHA CHRISTIE
Uma criação do Teatro Praga
Culturgest
dias 2, 3, 5, 6, 7 e 8 de Julho 21h30 dia 3 Julho 17h00
CAPA Centro de Artes Performativas do Algarve
15 e 16 de Julho
Armazém Hospital Miguel Bombarda, Lisboa
22 de Julho a 28 de Agosto, 4ª a Sábado, 21h30


Image hosted by Photobucket.com


She's an assassin / She's melting steel in my heart / But I beg for more
Alphaville, Fallen Angels



A obra de Agatha Christie, como a da maioria dos escritores de romances policiais, apoia-se numa descrição e análise cabal do estilo mobiliário (Walter Benjamin, Rua de Sentido Único) que determina a acção. Ter de acontecer algo nalgum lugar é a base de todo este tipo de literatura que determina um consentimento implícito do leitor, que se deixa levar por algo que de todo não controla e que só serve para o espantar e a obra de Mrs. Christie não é excepção: uma técnica literária, de senso comum, muitas vezes considerada menor.

O espectáculo do Teatro Praga pretende ser um gesto de mão esquerda desse mesmo método. Um espectáculo de travestis and ordeals, twists and loops, de Sucessos e Fracassos. Não é, contudo, a história de uma velhota do countryside inglês que é assassinada por...si mesma, mas sim a sua exposição teatral.

Sabe-se que algo tem de acontecer. A razão é incerta. Todos os dias um actor sai culpado, um é ilibado e outro assassinado. Todos esperam uns pelos outros, ninguém sabe ao certo o que poderá acontecer. Até pode acontecer nada, pelo menos no palco.

Em The Murder of Roger Ackroyd, Agatha Christie conduz o leitor através de uma série de previsões destinadas a serem todas desmentidas porque o assassino é o próprio narrador. Mas no fim do romance o narrador adverte o leitor de que não o enganou, porque sempre disse aquilo que fazia, mesmo quando cometeu o delito, só que em forma de eufemismo. E convida o leitor a reler as páginas precedentes para reconhecer que se ele (leitor) tivesse querido, teria podido descobrir quem era o assassino.

Neste sentido, o livro contrata com o leitor uma possibilidade de dupla leitura, uma ingénua e uma critica, e convida o leitor ingénuo, no fim da sua leitura ingénua, a iniciar uma (re)leitura critica.

Umberto Eco, Sobre os Espelhos e outros ensaios (trad. Helena Domingos e João Furtado), ed. Difel.



AGATHA CHRISTIE
Co-criação e interpretação: André Teodósio, Carlos Alves, Cláudia Gaiolas, Cláudia Jardim, Diogo Bento, Patrícia da Silva, Paula Diogo, Pedro Penim, Sandra Simões e Sofia Ferrão | Design Gráfico: Triplinfinito | Fotografias: Ângelo Fernandes e Sofia Ferrão | Desenho de Luz e Direcção Técnica: Daniel Worm dAssumpção | Direcção de Produção e Promoção: Pedro Pires | Co-produção: Teatro Praga, Culturgest

Documentação aqui.
dias 5, 6, 7 e 8 incluídos na Programação do Festival Internacional de Teatro de Almada

Informações enviadas por e-mail pelo Teatro Praga

Outros espectáculos do Teatro Praga analisados neste blog:

Private Lives (2003)
Título (2004) (1ª parte, 2ª parte)
Sobre a mesa a faca (2005)

Sem comentários: