domingo, maio 30, 2004

post 501

Não há resoluções novas. Não há promessas. Não há desejos. Um número é um número é um número.
Wish I was there (III)

Guerreiros de Terracota na Muralha da China

sábado, maio 29, 2004

Um corpo nú

Queria colocar aqui a fotografia de um corpo nú, mas não me satisfiz com nenhum. Pode o nú não aparecer e ficar só em branco?
















Esta estranha dor cúmplice e partilhada

Ser regular nas visitas a pacientes internados em hospitais, leva-nos [aos visitantes] a reconhecer outros que anseiam por melhoras. Melhoras essas que, no cuidados intensivos, podem ser vãs. Às vezes queremos acreditar que um certo rubor na cor da pele, ou uma reacção ao ventilador possam ser sinais de melhoras. Comparamos, em jeito de senso-comum, a nossa pulsação com a do doente e acabamos a sorrir, achando que, afinal, ele até está melhor que nós, dadas as circunstâncias.

Os visitantes dos pacientes que aguardam a vez na fria sala de espera, não sorriem, só olham uns para os outros, desejando secretamente as melhoras do ente querido. Às vezes, vemos uns saírem chorosos e sabemos que alguém não aguentou a doença e já fechou os olhos. Desejamos que não nos calhe a mesma sorte, mas sabemos que é difícil.

As horas de acompanhamento familiar são momentos de uma comunhão suspensa entre desconhecidos, como se quisessemos estabelecer uma corrente de forças que nos libertasse a todos, pacientes e visitantes.

Entretanto esperamos.
Grande coisa...

... esta de ganharem ao Luxemburgo. Mau era se perdessem. Estão a fazer um favor a alguém?????

Por um mundo melhor

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quarta-feira, maio 26, 2004

Não envergonharás o teu país (VI)

No melhor pano cai a nódoa:

ÁGUEDA
«Saco Azul» levanta suspeitas sobre finanças do PSD Há novas suspeitas sobre o financiamento ilegal dos partidos. Desta vez é o PSD que está em causa. As investigações à câmara de Águeda, que envolvem também o deputado social-democrata Cruz Silva, levantam suspeitas sobre as finanças «laranja».

A notícia é avançada pelo jornal «Público» desta quarta-feira, segundo o qual parte das verbas alegadamente desviadas da Câmara de Águeda foram depositadas numa conta do PSD. O primeiro titular dessa conta é o ministro José Luís Arnaut. O dinheiro foi depositado por Cruz Silva, empresário de Águeda e deputado do PSD.
Montanha Russa

Em dias de mudança de casa e novas instalações, com o meu avô no hospital e sem melhoras, e prazos finais nos vários afazeres, este blog regressa no fim de semana para, entre outras coisas, dar mais atenção a:

- Madonna em Portugal, 12 de Setembro, Pavilhão Atlântico;

- as novas séries da RTP 2.

Para já, este anjo está só banzado com o discurso de "descobri-a-pólovora" de Durão Barroso.

terça-feira, maio 25, 2004

Aviso à navegação

O Blogger anda com problemas, pelo que é necessário proceder-se à alteração de alguns dados. Assim, em vez de se escrever www.onomedoblog.blogspot.com, deve escrever-se http://onomedoblog.blogspot.com. A coluna ao lado já está alterada.
Novo mês, novo Workshop

WORKSHOP de PRODUÇÃO CRIATIVA


com Tiago Bartolomeu Costa

Local: Delegação Regional Instituto Português da Juventude
Via Moscavide lote 47 101, Lisboa (Parque das Nações)

N.º de horas: 19
Datas: 14 a 19 Junho
Horários: 19h – 22h; sábado 19: 15h-19h
Preço: 60 €
Informações: 96 550 9 550
tiagobartolomeucosta@hotmail.com

O workshop abordará os seguintes temas, através de exercícios práticos

O papel do produtor no processo de criação; Relação Estado/Sociedade – Cultura; Pesquisa de Financiamentos - Patrocínios, Mecenato, Apoios; Organização de estruturas; Desenho de Projecto,
orçamentação e imprevistos; Marketing, promoção e públicos.


Nossa Senhora em Portugal

Leia-se e repita-se:

Madonna em Portugal a 8 e 9 de Setembro, no Pavilhão Atlãntico. Bilhetes à venda a partir de dia 26.



Infos da responsabilidade deste blog e deste jornal e desta televisão.
Le trottoir



Fui ver The Dreamers - Os Sonhadores, de Bernardo Bertolluci mais para épater le bourgeouis que outra coisa e saí de lá a achar que o Maio de 68 foi um médio orgasmo fílmico de fim de tarde parisiense. I wonder why can't the frenchs fuck!

(Um amigo diz-me que eu não gostei do filme porque nada aconteceu entre os rapazes. Mesmo que isso fosse verdade - o que me obrigaria a imaginar o rabo do Bertolluci com 20 anos -, há um sufoco no filme que me parece demasiado falso. Mas esse é o erro de se quererem escrever auto-biografias a fingirem-se ensaios lúdicos)
Não envergonharás o teu país (V)

Manuela Ferreira Leite Não Esclarece Porque Ficou Isenta de Coima Fiscal

A ministra de Estado e das Finanças recusa-se a esclarecer as suas próprias declarações, na passada sexta-feira, de que não pagou qualquer multa quando corrigiu a declaração de rendimentos de 2001, por ter omitido a mais-valia obtida por venda de um imóvel. De acordo com o entendimento da administração fiscal e dos tribunais administrativos, Manuela Ferreira Leite não podia ter dispensa ou atenuação de coima pela infracção grave que cometeu.

domingo, maio 23, 2004

Serra da Estrela

para que o meu avô, em coma no hospital, possa voltar a ver a terra onde nasceu


Merda, odeio quando isto acontece, tinha a frase feita - um cliché e tudo - e agora foi-se.

sábado, maio 22, 2004

Não envergonharás o teu país (IV)

Toda e qualquer cobertura excesiva e pouco apropriada da boda espanhola. Anos e anos a lutar pela independência e é nisto que dá. Quer-me parecer que a TVE está a fazer a transmissão do casamento através de imagens recolhidas pelos canais portugueses.




El Príncipe Felipe y Letizia Ortiz se han jurado amor eterno y se han dado el 'sí quiero' ante el altar de la catedral de la Almudena. Con semblante sereno la voz quebrada por la emoción, los novios se han hecho las promesas de amor. Letizia es ya Princesa de Asturias

Para mim cheira-me a estratégia social-democrata, para afastar as atenções do Congresso.

sexta-feira, maio 21, 2004

O mundo comme il faut

Em Abu Grahib, denuncia o Washington Post, cães - um animal proibido de acordo com o Islão - foram usados para torturar os detidos...



Em Madrid, o jantar vai ser servido...
Pobre feira

Com o casamento em Espanha, o congresso do PSD, a aproximação do Euro, o Rock in Rio a começar, a chuva, o túnel e o défice... quem é que se lembrou que abriu uma feira do livro em Lisboa hoje?
Uma remodelação para a ceia, por favor

REMODELAÇÃO
Amílcar Theias substituído por Arlindo Cunha



Amílcar Theias foi exonerado do cargo de ministro das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente e será substituído por Arlindo Cunha, antigo ministro da Agricultura.

A Sic-Notícias disse na peça que anunciou a substituição, que o ex-ministro era tão discreto, tão discreto, que as únicas imagens que encontrou foram da tomade de posse.
Não envergonharás o teu país (III)

TRIBUNAL DE CONTAS
Autarquias endividadas por causa do Euro 2004
Uma auditoria do Tribunal de Contas indica que as autarquias vão ser obrigadas a desviar dinheiro de áreas prioritárias para compensar o endividamento das câmaras. Tudo por causa da remodelação e da construção dos estádios do Euro 2004.

É a pátria! É a pátria!, diz Arnaut.
Chuva

Abençoada sejas

quinta-feira, maio 20, 2004

Já começou...

Primeiro grande fogo florestal da época
Incêndio lavra no concelho de Valongo


(suspiro)

Sonâmbulo, é como estou. Em tudo. Como se me obrigasse a não acordar. E a não ver. Sobretudo a não ver.

quarta-feira, maio 19, 2004

Não envergonharás o teu país (II)

Exemplo II aka Alvo fácil



Eu nãm fui ke eu cei escrever

terça-feira, maio 18, 2004

Não envergonharás o teu país (I)

O cinzento e obscuro José Luís Arnaut, disse, quando os funcionários do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras ameaçaram fazer greve durante os dias do Euro 2004, que não acreditava que alguém fosse capaz de envergonhar e deixar mal Portugal. O Melhor Anjo vai ajudar o ministro-adjunto a identificar essas sacanas que, afinal, estão a contribuir para o afundanço em grande mortal encarpado deste nosso terreno por cultivar que se chama Condado Portucalense.

Exemplo I:
Ministro e responsável da segurança em desacordo
O ministro da Administração Interna garante que o país está pronto para enfrentar todos os desafios do Euro 2004. Já o responsável pela segurança do torneiro sublinha que «não há milagres».
Eu não vou!

A lei dois amantes (25)

Ele olhava para ela que olhava para ele que olhava para o primeiro.
Junho, eleições, futebol, calor e abstenção

Marcelo Rebelo de Sousa disse na sua missa dominical que até agora não se tinha falado de Europeias na pré-campanha e que (espanto!) os partidos estavam, até, resignados com os níveis de elevada abstenção indicados. Ou seja, e por outras palavras, estas eleições serão internas, não ao nível nacional, mas inter-partidárias, o que já é dizer muito acerca do sistema eleitoral. Enfim...

Mas a mim faz-me alguma confusão que não se tenha pensado que a data das eleições ia coincidir com a euforia do Euro 2004 e que isso iria impossibilitar um acesso da informação necessária aos votantes. Dizem-me pessoas amigas, que não deve ser a política a submeter-se às regras do futebol, mas vá lá, não sejamos ingénuos. Aqui ganha a lei do mais forte. E não me parece (aceito reclamações em sentido contrário) que se tenham organizado manifestações ou petições (há-as para tudo, meu Deus!) para que a data das eleições fosse alterada. Em pleno 13 de Junho ocorrem dois jogos, e um deles entre França e Inglaterra. Fará parte da estratégia dos partidos no governo (de todos os países envolvidos) o alheamento das populações? Pão e circo, de novo?

Sei que a data das eleições está condicionada por uma série de regras e circunstâncias, mas, caramba, um outro dia não ia com certeza, alterar grande coisa.

Em Portugal teremos o 10 de Junho na quinta feira, o que originará a única ponte dos últimos 6 meses e debaixo de um calor intenso, e as festas de Santo António, a 13, com as marchas em Lisboa em plena avenida invadida de turistas-adeptos. Será que não viram isto? Servem para quê as Comissões Nacionais de Eleições?

Lembro-me das primeiras eleições para a Europa e de um helicóptero da RTP ter sobrevoado as praias da Costa da Caparica, onde as pessoas acenavam como que a dizerem "quero lá saber da Europa com este calor!". Eu incluído.

A abstenção não vai ajudar ninguém e é, em suma, da responsabilidade de todos.

domingo, maio 16, 2004

Composição para pigmento preto, papel de cenário, movimento, escuridão e infra-vermelhos



No espectáculo I am here, apresentado esta semana no CCB, João Fiadeiro (JF) encontra o universo da artista plástica Helena Almeida (HA) e assume uma certa cumplicidade e até mesmo ordem aparente na apresentação da proposta. Sente-se, neste solo, uma relação emocionada, mais até do que emocional, com a obra de HA e que se vai transmitindo através da desorientação do espectador. Desorientação essa que assenta, aparentemente, na escuridão em que o coreógrafo/intérprete envolve o espectador, mas, no fundo, tem mais a ver com a anulação do sentido de repetição do que na ausência de iluminação.

Se, por um lado, JF aposta no desconhecimento do espectador acerca do que se vai passando no palco, dá-lhe - coisa rara - oportunidade para escutar, efectiva e sensorialmente o som que os movimentos fazem. Dessa forma o espectador está mais perto do que nunca do que se está a passar. Pode "ver", efectivamente, o que quiser. No entanto, e por outro lado, JF envolve o espectador numa sequencial cadência que lhe permite começar a estabelecer um padrão que, imagina-se, culminará na total ocupação gráfica e pictórica do papel de cenário que é utilizado como suporte para os contornos da figura do intérprete, fotografado no escuro por uma câmara de infra-vermelhos. É quando essa cadeia se rompe - e novamente se romperá para a sequência final do espectáculo - que a desorientação no espectador acontece.

Se tivermos em linha de conta o que diz Pierre Francastel acerca da natureza do objecto plástico (in Arte e Técnica nos séculos XIX e XX), "o artista que compõe um quadro ou que concebe uma escultura produz objectos de civilização que, sob certo ponto de vista, possuem caracteres comuns às obras saídas da actividade mais especulativa, mais experimental ou mais mecânica da sociedade. Em qualquer dos casos, há produção de coisas que são exteriores ao produtor, utilizáveis por outrem e acerca das quais se estabelecem interferências de julgamento e acção". Dessa forma, o cruzamento da linguagem de HA com o processo criativo de JF encontra em I am here, um campo fértil na partilha de conceitos, técnicas, métodos e formas de conservação do trabalho a efectuar.

Delfim Sardo, na apresentação do catálogo do espectáculo, trabalha exactamente essa condição dupla observador/observado - objecto/criador, definindo a possibilidade de diálogo toranada fluída, "porque só se pode dialogar com o que é diverso, só se pode interrogar o que se quer conhecer". É, talvez por isso, que o discurso que tanto HA como JF querem fazer passar em relação ao ponto de partida (o trabalho plástico de HA e a apreciação deste por JF) e o ponto intermédio (I am here) - o ponto final será o cruzamento interno feito por cada espectador - é um só. Ou seja, não há a obra de um e a obra de outro em I am here, mas antes uma terceira obra, feita com as memórias a/efectivas de JF e o reconhecimento no espectador da obra de HA. Trata-se, citando novamente Francastel, de "uma última razão que impede de considerar a arte como um jogo puramente imaginário de especulação" e essa é a de "não ser crível a possibilidade de acrescentar ou de amputar à vontade certos elementos de um conjunto orgâncio, uma vez este formado". HA, sim. JF, sim. mas os dois em confronto directo, por justa e explícita posição. Não há I am here sem a obra de HA - não me parece que essa seja, sequer, uma intenção - nem, por espantosa relação, memória de HA depois do movimento de JF. Delfim Sardo estabelece uma linha entre "a imagem, o espaço e o corpo que o habita".

Se à dança se chama arte visual, JF apaga as luzes; se o gesto é abstracto, mostra o seu som; se o movimento é efémero, regista a sua marca. Anulam-se, por isso, as noções de aleatório e eventual num processo estritamente relacionado com o desconforto do espectador. O aleatório e o eventual deixam de o ser a partir do momento em que "sabemos" que na escuridão JF dança e que os perfis desenhados no papel de cenário tomam formas cuja interpretação cabe a cada um relacionar. As luzes apagadas, porque dão ilusoriamente toda a liberdade ao espectador (no caso do intérprete, este afirma tratar-se do espectáculo onde se sente menos livre), obrigam-no a uma atenção redobrada a todo o tipo de acontecimentos. No fundo, JF propõe que o espectador seja parte da ambiência sonora do espectáculo, na mesma medida em que John Cage trabalhou a sua "obra silenciosa" 4'33". É claro que, do ponto de vista do espectador, estas sensações são potenciadas pela "ausência" de espectáculo visual, habituados que estamos ao excesso de imagens. É neste ponto que a obra de JF mais se toca na de HA. Depois do criador, há o vazio, ou, se quisermos, o criador em estado-zero, pronto a recomeçar. E a isso o espectador não está habituado. Antes prefere sustentar-se numa estrutura mais linear, menos dispersa ou íntima.

Um último aspecto a salientar relaciona-se com esta ideia de aleatório e na capacidade que o espectador tem de poder equilibra o que desconhece, mais por segurança que por deleite interpretativo. Estabelece uma lógica para o aleatório e o eventual, que assenta em princípios racionais e da física alicerçados no dispositivo que permite esse aleatório, a máquina fotográfica de infra-vermelhos ligada a um computador. Dá-se, assim, a anulação do efeito pretendido por JF, a libertação do autor na obra de outro, através de uma descoberta privada. O espectador, porque observador (entre o cúmplice e o distante) desse caminho vê mais linhas do que aquelas pretendidas. Não olhar para o corpo a fazer coisas, mas antes para o que este deixa feito torna-se assim um exercício de racionalização e compreensão solitário. Não há um I am here. Há uma proposta de se estar. De porta aberta e para quem quiser.

No final, JF funde-se na obra de HA como se dela tivesse saído. Como se se libertasse do seu corpo e fosse só pigmento preto. está dado o primeiro passo para essa terceira obra a nascer. HA + JF = nuit et brouillard.

Tróia

O filme onde tudo se passa ao lado

Se queres ver o Brad Pitt nú, vai aqui;

Se queres conhecer a verdadeira Helena, por quem todos tombaram, lê aqui;

Se quiseres perceber alguma coisa do que se está ali a falar, procura aqui;

Se queres saber onde está o tendão de Aquiles vê aqui e trata-o assim, se tiveres problemas;

Se quiseres ver outro filme, escolhe aqui.
Wish I was there (II)

Ilha da Páscoa

quinta-feira, maio 13, 2004

Contagem decrescente

Eles vêm aí.

quarta-feira, maio 12, 2004

Volte-face

De que forma poderá estar relacionada a afirmação bombástica de Durão Barroso acerca de não ser de direita...



com o facto de hoje quase todos os restaurantes da baixa lisboeta apresentarem cherne grelhado ao almoço?


terça-feira, maio 11, 2004

Veneno cura

I AM 61% ASSHOLE/BITCH!
61% ASSHOLE/BITCH
I am abrasive, some people really hate me, but there may be a group of other tight knit assholes and bitches that I can hang out with and get me. Everybody else? Fuck ‘em.
Mi casa es tu casa

Ando à procura de uma casa para comprar. E se é verdade que não estou a comprar um par se sapatos, falta-me a paciência... ou o engenho e a arte, como ao Camões.
Se vou comprar uns sapatos, não quero que me digam, entre cinco mastigadelas a uma pastilha já dura, que só há o que está exposto, sente-se ali, vou chamar a minha colega, isso já tem desconto ou acha que com esse preço conseguia melhor? Em suma, não tenho muita paciência para comprar sapatos, o que é um drama já que nos meus pés estraga-se tudo com muita facilidade e é ver-me sapatos rotos rua fora, até alguém, às escondidas, os deitar fora.

Se estou a comprar uma casa, como posso eu acreditar em alguém que me despacha, não é solícito, atende telefonemas enquanto me mostra a casa, não me propõe outras coisas, fuma a visita toda, quer convencer-me que para uma pessoa sozinha uma área de 4 metros quadrados é mais do que suficiente, os jovens não precisam de muito, blá, blá, blá... Viveriam eles nas coisas que me estão a mostrar? Bem me parecia que não.

Ando à procura de casa, e no meio disso uma pessoa tem que viver. Como já passei por várias casas, já não tenho o encanto dos primeiros tempos, já só quero uma casa de dimensões razoáveis, sem problemas no prédio, com luz e distância mínima e higiénica do prédio em frente, integrada num sítio com bons cafés, jornaleiros, supermercado, transportes e uns objectos erotizáveis à volta. É pedir muito?

domingo, maio 09, 2004

Wish I was there (I)

Muralha da China

La Bartoli

Só agora comprei o último album de Cecilia Bartoli, dedicado às esquecidas áreas de Antonio Salieri, o génio-criminoso, que fez mais - contra vontade - pela fortuna de Mozart que pela sua. Imperdível.

Não me apetece...

- observar as fotografias escandalosas dos prisioneiros americanos;
- insistir que o Euro 2004 não irá adiantar nada para o nosso país (não na mesma medida que a Expo'98, por exemplo - o que já de si é duvidoso);
- acreditar que a montanha venha a parir um rato na Casa Pia;
- ver que as eleições europeias estão, novamente, a passar ao lado do país;
- ...
A lei dos amantes (24)

Um beijo é um beijo é um beijo

sábado, maio 08, 2004

É um espectáculo muito feio

análise-comentário-divagação especulativa ao espectáculo Gog Knows Whati! - Dá Deus nozes a quem não tem dentes (GKW), de Rogério Nuno Costa (RNC) e Marina Nabais (MN), reposto a 7 e 8 de Maio 2004 no Espaço M, ao Ateneu Comercial de Lisboa
 
http://www.rogerionunocosta.com/galeria/god_knows_what!/2g.jpg">

I

É um espectáculo muito feio, disse ele. Ao que me apetece responder, citando Antonin Artaud, que o teatro "não está dentro de nada, mas se serve de todas as linguagens: gestos, palavras, sons, palavras, fogo, gritos, encontra-se exactamente no ponto em que o espírito tem necessidade de uma linguagem para produzir e produz a sua continuidade." Ou seja, se é feio, que se mostre o belo; se sujo, que se sinta o limpo; se forte, que se perceba o fraco; se completo, que se sinta falta de mais... se teatro, enfim, que seja também vida.

Ele chega e ela chega. Homem e mulher - e logo as referências, Adão e Eva e demais seguidores - em jeito de conformismo iconoclasta. Recomeço. Eu.

Há uma famosa crónica do António Lobo Antunes, que identifica o homem português e o classifica de acordo com todos os clichés já batidos e pisados. Todos a sabem de cor... é aquela do homem de fato de treino roxo que calça os ténis brancos e põe o fio de ouro para ir ao centro comercial. É o português médio. O de Fátima, do Futebol, de Salazar... (ups), do Fado. O português médio que somos todos nós, pobretes mas alegretes, os do "cá se vai andando co' a cabeça entre as orelhas", aqueles de quem nos orgulhamos e fugimos; e aqueles que são artistas. Médios, também.

É sobre o mal-estar, o air du temps, a paz podre, o chove-não-molha e o tentar viver no meio "desta merda toda", gritou-me a Marina já no tempo de desconto pós- espectáculo-tese.

Mas escrevia eu: Ele chega e ela chega. Casados, sem futuro, já com os desejos recalcados e resignados. A quererem viver sem saber como ou o quê. A viver de quê? Remediados, conformados, escondidos, recalcitrados, reprimidos... juntos, apesar de tudo... porque ele, no fundo, é bom homem, coitado e ela, enfim, não sendo como uma certa namorada que tive no tempo do liceu - que deixei incompleto para ir à vidinha custosa - sempre é uma companhia que se têm. Até ao fim da demonstração - chamemos-lhe assim, porque o "te - a - tro" acaba antes de se poder classificar esta... demonstração - eles vão aparecer-nos sentados a lado a lado e entre um bitoque gorduroso; espantados com as luzes, as fontes, os golfinhos... em suma, o génio que concebeu o centro comercial; a comentar a vida dos outros; presos às flatulências da vida; adiados sem saberem bem à espera de quê.

Ao seu lado, com lentes de aumentar e ampliar, dois assexuados observadores, cuja epiderme ferve de tensão. O macho e a fêmea; o pavão no ritual de acasalamento; na coreografia - chamam-lhe (????) - do amor; Movimento, movimento, movimento... e uma só palavra: TU! Sim, TU que me olhas, espectador satisfeito e acomodado - EU que te acendi as luzes para que a escuridão do "te - a - tro" não te proteja (nem a mim, caramba!!! e agora??) - estás a ver onde estás? Queres sair daqui? Queres? E o que é que estás disposto a fazer por isso? Vais aplaudir, dizer que gostaste muito, parabéns, continuem, depois telefono??? Hã? Que te diz a ti o que eu te estou a dizer?

Estamos longe, portanto, do ideal nietzscheano de levar a vida como se agrada, ou não levar vida nenhuma. Português e artista, a mesma face de uma só moeda - que ironia, já nem moeda temos - que revolve entre cara e coroa e volta sempre ao mesmo. É sobre o mal estar sim, e sobre como sobreviver a isso. Pode sobreviver-se a isso? Quer-se sobreviver a isso?

O espectáculo não acaba. Obviamente que não acaba. Simplesmente interrompe-se para que ao espectador seja dada a vez de contra-argumentar. Mas, óh médio espectador, que fizeste tu? Exactamente, pergunta agora e bem alto, para que Ele te ouça: "Pai, porque me abandonaste?"

II

God Knows Whati! (GKW) estreou em Janeiro de 2003, em Braga, ou seja, é anterior a Vou a tua casa e Saudades de tempo em que se dizia texto, o que, se por um lado, permite identificar algumas linhas mestras destes dois espectáculos, por outro, desvirtua outros aspectos que achávamos peculiares. Não é grave se tomarmos em linha de conta, a figura de RNC e a verificarmos em GKW mais do que MN. E tal sucede, porque a actriz/bailarina/coreógrafa acompanhou os espectáculos seguintes de RNC, sobretudo no trabalho de campo e desbastação de material.

E o que se nota, para além de uma coerência afirmativa acerca da ocupação do seu - de RNC - espaço íntimo, ou seja, o escasso perímetro que o rodeia é trabalhado não como elemento exterior ao corpo, mas como parte integrante deste - o que é no fundo, a eterna questão do bailarino, viver além do seu corpo... no espaço que o rodeia - e por isso mesmo, plasticamente coerente, é que se cumpre à risca - e citando novamente Artaud - a ideia do actor como cumpridor de dois planos, um físico (atleta) e um psicológico (actor), no qual o físico actua como um paralelo análogo ao psicológico através de um jogo cujos movimentos dramáticos percorrem os mesmos pontos. Actor e atleta são, assim, dois elementos - duas metades - de um mesmo jogo, cujo vencedor é a conjugação dessas mesmas forças.

No entanto, é consciente fazer-se notar, que a fisicalidade de RNC, a qual se alicerça no trabalho interior de MN, é fruto de uma pesquisa sobre a ocupação de um espaço bem mais lato que o perímetro íntimo e que pode atingir zonas de verdadeira violência confrontacional. Nesse sentido, a fisicalidade de MN, se posta em confronto, pode funcionar como espelho - ou duplo -, sem, no entanto, se resignar a sê-lo. Ou seja, percebem-se melhor as movimentações de RNC nos espectáculos subsequentes, depois de visto GKW, do que enquanto objectos isolados. É por isso, talvez, que a presença de MN não é, de todo, desprovida de provocação/invasão de espaço alheio, obviamente perceptível nos espectáculos seguintes.

O que se pretende afirmar - e porque, reafirma-se, a visão de GKW é ulterior a Vou a tua casa e Saudades... - é que o espaço de cada um é invadido pelo outro, mas invadido não para trazer um objecto novo, mas para o confronto do mesmo objecto (teoria que aliás poderia ser aplicada a qualquer relação amorosa). E esse objecto, tendo sido construído pelos dois, não deixa de aparentar tratar-se de fragmentos que se apresentam como um puzzle a construir. Provavelmente - e essa é uma das melhores noções que se obtém dos espectáculos de RNC - é que só irá ser construído pelo próprio intérprete. O espectador é um mero peão. Ou antes, um auxiliador de memórias. Para além de tudo poder parecer um eterno jogo infantil.

Contudo, GKW, parece não assimilar, na sua construção, que o contexto no qual se insere pode aniquilar esse mesmo percurso, ou seja, os intérpretes/criadores preocupam-se em apresentar as cartas do jogo mas não a mostrar o seu truque. Se é deliberado ou não, cabe a cada um escolher. Mas dada a proposta, o espectador prefere o caminho mais fácil que, neste caso, é a escalpelização do conceito de criação em ponto-morto, ou seja, se a situação é o que é, é porque a vivemos dia-a-dia. No fundo, é como se no final percebessemos onde queriam eles chegar - ou seja, o contexto - e, ao mesmo tempo, pressentissemos que esse foi o ponto de partida.

Afinal, deram-nos só pistas e indicações para os seguirmos e, quando nos equivalemos, abandonam-nos. Se isso pode ser uma opção interesante - porque nos deixa algo fantasiosos quanto ao "que vem a seguir" -, ao mesmo tempo, sente-se um certo je ne sais quoi de frustração. Afinal, se nos queriam mostrar o ponto de partida e agora que já o percebemos, seguimos para onde????

Tanto RNC como MN defendem a teoria de que não pretendem apresentar a solução para o problema, mas antes dar o seu contributo para um alterar desse problema. O mais violento, quando assimilada esta noção, é que a solução - se a houver - caberá ao espectador apresentar.

E o "te - a - tro" também é isso. Deixar-nos desamparados.


sexta-feira, maio 07, 2004

FNAC Chiado, 12h45

- Se pagar com o seu cartão FNAC recebe um bilhete para uma peça de teatro [Sondaime, Sondheim de Ricardo Pais] ... ah... ali no teatro do Rossio... ah... Maria Vitória.
- O Nacional?

- Sim, o branco.

- Ah.

Pelo menos ela sabia que houve um teatro chamado Maria Vitória. Não há uma recruta nestes sítios culturais?????
God Knows Whati - Dá Deus nozes a quem não tem dentes

Hoje, às 23h30, com repetição amanhã à mesma hora, no Ateneu Comercial (entrada pelo lado esquerdo do Coliseu dos Recreios) Rogério Nuno Costa e Marina Nabais, repõe o espectáculo God Knows Whati - Dá Deus nozes a quem não tem dentes.

De acordo com as informações, trata-se de um "espectáculo de dança e teatro que se apresenta como uma simbiose de diferentes trajectos artísticos unidos por um denominador comum, performativo e multidisciplinar. Vários suportes, nomeadamente o videográfico, constituem a base e o móbil de toda a estrutura do espectáculo, ela própria objecto de reflexão por parte dos intérpretes, de uma forma sarcasticamente incisiva, pensando o próprio espectáculo que vão construindo e a sua própria condição de artistas."

Entradas a 5 €. Duração 50 minutos.

quarta-feira, maio 05, 2004

a dor de cabeça é tão grande que mal consigo abrir os olhos

terça-feira, maio 04, 2004

A lei dos amantes (23)

A cidade torna-se muito grande para um amor desencontrado.

segunda-feira, maio 03, 2004

Tableaux - vivants



Segundo Victor Turner, teórico da performance, o termo performance provém do francês arcaico parfournir e quer significar o final da representação, o ponto máximo do que se quer dizer. Conforme tinha dito nuns posts mais abaixo, fui a Braga ver Pictures at an Exhibition, apresentação/intervenção urbana/site-specific/exercício do TUM - Teatro Universitário do Minho, dirigido por Rogério Nuno Costa, e o que encontrei foi um grupo de disponíveis (digamos assim) que se ofereceram a uma cidade suspensa com a pré-eliminatória da Taça UEFA, um festival de tunas, um segredado 1º de Maio e até chuva. Por causa disso - por causa de tudo, provavelmente - foram coisas quase secretas as coisas que aconteceram em galerias de arte, um bar, um cabeleireiro e na Torre de Menagem.

Secretas porque o que mostraram não foi um espectáculo, mas sim um presente a quem os procurou - antes, os encontrou. E um presente que, dependendo da forma como cada um - performer e espectador - se relacionava com o espaço e um com o outro, adoptava diferentes significados. O mais musical de toda esta intervenção prende-se exactamente com a facilidade com que se poderiam ler atitudes auto-biográficas e com a surpresa de não o serem, muito pelo contrário. Tais intervenções - e essa é a vantagem dos que fazem as coisas por gosto, longe das classificações amador ou profissional e que não se apresentam com um discurso formatado, preso a teorias ou convencionalismos - pautaram-se por uma discrição, assente numa ocupação milimétrica do espaço em relação ao que seria de esperar.

Todos, sem excepção - dos que me foram dados a ver, as intervenções de sexta feira falharam-me - trataram de se desenvolver enquanto performers, menos preocupados com quem os ia ver e mais com o que tinham para fazer - até mesmo mais do que com o que tinham para dizer. Silenciosos, distantes, presentes, abertos. Displicentes, quase.

A uma cidade que se quer a respirar cultura, e face à apatia generalizada, as intervenções pautaram-se por um desenho leve de diversos percursos, feito de sorrisos e cúmplicidades várias. Não existia uma ordem aparente, a não ser pelo horário das apresentações, e muito menos uma linha programática. Pelo que me foi dado a perceber, o percurso individual de cada um foi valorizado, bem como a verdadeira vontade de o fazer. Num certo sentido, aquilo a que pude asistir foi menos a uma demostração e mais a uma intenção. Eis-nos para que eu me olhe.

Nota negativa para o Teatro Universitário do Minho que não pautou por uma extensa divulgação, atendendo aos diversos eventos a decorrer na cidade. Nota mais do que positiva para o Gaspar, o Paulo, a Clara, o João Pedro, a Sandra, a Eduarda, o Luís, o Fred e para o Rogério. Há imagens que me ficaram. Imagens muito belas. Imagens a recusarem a interpretação. Só isso, o que nos quiseram dar.

Kill is love

rendido que estou às graças de Uma, parte dois. Dentro de momentos, segue carta de amor.

On - Off

Regresso a Lisboa para descobrir que aquilo que achava ser um erro meu, é afinal um vírus mundial que nos desliga o computador. As gotas serão contadas consoante a permissão do dito vírus.