Esta estranha dor cúmplice e partilhada
Ser regular nas visitas a pacientes internados em hospitais, leva-nos [aos visitantes] a reconhecer outros que anseiam por melhoras. Melhoras essas que, no cuidados intensivos, podem ser vãs. Às vezes queremos acreditar que um certo rubor na cor da pele, ou uma reacção ao ventilador possam ser sinais de melhoras. Comparamos, em jeito de senso-comum, a nossa pulsação com a do doente e acabamos a sorrir, achando que, afinal, ele até está melhor que nós, dadas as circunstâncias.
Os visitantes dos pacientes que aguardam a vez na fria sala de espera, não sorriem, só olham uns para os outros, desejando secretamente as melhoras do ente querido. Às vezes, vemos uns saírem chorosos e sabemos que alguém não aguentou a doença e já fechou os olhos. Desejamos que não nos calhe a mesma sorte, mas sabemos que é difícil.
As horas de acompanhamento familiar são momentos de uma comunhão suspensa entre desconhecidos, como se quisessemos estabelecer uma corrente de forças que nos libertasse a todos, pacientes e visitantes.
Entretanto esperamos.
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1 comentário:
Keep up the good work
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