quarta-feira, março 22, 2006

A ponta do iceberg (III): Jorge Salavisa

Jorge Salavisa é, dos cinco entrevistados, o nome que há mais anos assina como programador. Com um percurso marcadamente relacionado com a dança (foi director artístico do Ballet Gulbenkian entre 1977 e 1996 e da Companhia Nacional de Bailado entre 1997 e 2001), entrou em 2002 num moribundo Teatro Municipal São Luiz a convite da presidência da Câmara Municipal de Lisboa, ao tempo nas mãos de Pedro Santana Lopes. O trabalho que tem vindo a desenvolver reposicionou o nome do teatro na cena artística da capital que, exageros incluídos, recupera a imagem, tradição e memória do capitalista que em 1898 o fundou, o Visconde S. Luiz de Braga, homem viajado e dado ao negócio teatral que revolucionou o modo de produção do princípio do século XX, ofuscando até o Teatro Nacional. Um século depois, o São Luiz não tem ambições de se sobrepôr a outros espaços, mas antes dotar a cidade de Lisboa de um teatro atento ao que se vai fazendo e no qual devem ser equilibradas as valências de um espaço municipal, as estratégias alternativas de produção e programação e a personalidade de quem os dirige. Dos vários teatros municipais, o São Luiz é o único que tem a possibilidade de entrar em diálogo directo com outros grandes espaços como o Centro Cultural de Belém, o Teatro Nacional ou a Culturgest. Mas, para Jorge Salavisa, um homem de discurso solto e a cumprir a vontade antiga de dirigir artisticamente um teatro, não é muito importante pôr-se em bicos de pés. Habituado a ouvir críticas, sabe bem que o que dele (e do teatro) esperam nem sempre é possível fazer. A personalidade do São Luiz pode estar moldada à sua imagem (e afasta até outros modelos europeus), mas a experiência diz-lhe que nada é eterno. E o risco e as falhas de uma programação, bem como a "marca" de uma casa encontram-se mais na honestidade com que se fazem as programações do que em discursos bem intencionados. O discurso de Jorge Salavisa faz-se de uma vontade de questionar sempre o que faz. Atento ao passar do tempo. Porque em sua casa não quer ninguém a olhar para o relógio .


«Não há a programação perfeita.»


Como é que surge este convite?

A Dra. Maria Manuel Pinto Barbosa, então vereadora da Cultura, sabia do meu interesse em ser director de um teatro, porque tinha trabalhado com ela na Lisboa 94 na área da dança. Ela conhecia a minha carreira e conhecia também uma faceta minha que é ser rigoroso com orçamentos. Na Lisboa 94 tivemos cá os nomes todos da dança contemporânea, salas cheias e orçamentos cumpridos. A bagagem de programar na Lisboa 94 e este meu desejo certamente contribuíram para a escolha. E com o meu entusiasmo comecei a fazer projectos e ela percebeu e concordou com o que fazia Quando estava nos últimos anos da Gulbenkian tive algumas propostas para um grande teatro em Lisboa.

Bom, não há muitas hipóteses…

Podia dizer, mas não digo. Enfim, até podia ser um teatro em Estarreja, não importa. Eu gostava de ter a experiência. O meu leque de interesses nunca foi só a dança. Interessou-me sempre o teatro, a música, a literatura… E eu adoro um teatro. Adoro este teatro. Adoro estar numa sala de teatro vazia, sem ninguém. É uma paixão. A grande paixão. Tal como a tinha o Visconde S. Luiz [de Braga, que dá nome ao teatro e foi o seu primeiro empresário/director, entre 1898 e 1914]. Eu nunca quis ser um criador nem nunca quis ser coreógrafo, sempre achei que não tinha o talento. Acho que sou muito crítico. Eu posso dizer que nunca fui um criador. Há muita gente que, infelizmente, me chama o coreógrafo Jorge Salavisa, mas é coisa com que eu embirro. Agora, o que eu tenho criado, de facto, é uma programação que é também uma forma de criação. Um programador é um criador. Ele cria algo, insere os espectáculos em lógicas, ciclos… Agrada-me neste teatro misturar uma peça de Shakespeare com o Camané a canta com a Orquestra Sinfónica Portuguesa. Isso dá a personalidade ao teatro. Um teatro aberto.

A tutela tinha certamente uma ideia para este teatro.

Sim tinha, mas eu sempre tive a maior autonomia no teatro. E eu tenho uma carreira atrás que responde por mim. Tanto com a anterior vereadora como agora com o Dr. José Amaral Lopes, não foram dadas indicações rigorosas, de todo. Um programador tem que saber que se tem mil tem que cumprir os mil. Se me dessem duzentos se calhar dizia “muito obrigado mas não posso”, mas deram-me um conforto para fazer uma programação.

Mas o cargo de programador pode ser visto como nomeação política?

Nunca. Não pode ser.

Porquê?

Porque não pode. Não concebo que um programador seja um lugar político. Um programador num teatro é alguém que tem aptidão para programar. Eu tenho a sorte de nunca ter sido outra coisa na minha vida senão programador de teatro e de dança e confiarem em mim. E a aptidão nasce com a pessoa. Não se acorda a dizer que se é coreógrafo ou encenador. Há uma veia artística que se tem. Se há um teatro, o político tem que ter o bom senso, o bom gosto e o profissionalismo de escolher a pessoa para pôr à frente desse teatro. Não pode ser por amizades políticas ou estratégias. É demasiado importante para ser um cargo político. Demasiado importante. O político, seja ministro, vereador ou presidente da câmara tem que saber escolher até a pessoa da cor politica contrária à sua se for a mais indicada para o cargo. É novamente o bom gosto, bom senso e profissionalismo. Se não sabe, ouça, que é aquilo que eu faço. Saber-se rodear é o maior trunfo que uma pessoa tem na vida. Saber ouvir as pessoas. Têm que ter humildade para se não souberem poderem perguntar. Há decisões tão importantes que mexem com a cultura do país, com o público, milhares de pessoas, criadores… é também pelo respeito pelo próprio teatro. Um ministro tem que ter saber ouvir, tem que ter bom senso. Não pode colocar nos lugares as pessoas amigas só porque sim. Tem que procurar a pessoa certa para o lugar certo

Foi isso que aconteceu com o Teatro Nacional?

Não sei.

A expectativa que se criou, vindo o Jorge da área da dança, seria de encontrar mais dança no S. Luiz.

Isso é exactamente a linha de pensamento reinante deste país. Acha que há pouca dança no S. Luiz?

Acho só que dado o percurso se esperava mais. É natural…

Eu gosto muito de dança mas havia dois factores importantíssimos: eu lutei desde o final da Expo 98, e sem haver outra escolha, que o Teatro Camões fosse o teatro da dança. Diziam que as pessoas não iam porque era longe... É tudo uma questão de hábito. Houve companhias que achavam que era vingança, que eu já não gostava de dança, mas foi uma estratégia.

Uma estratégia para abrir o teatro e dar a conhecer um espaço com história mas de percurso atribulado.

Este teatro esteve fechado por muito tempo. O [maestro] Vitorino de Almeida dizia que isto era uma espécie de pensão para onde as pessoas ligavam a reservar quartos. É preciso que o programador tenha bom senso para saber o que deve fazer num teatro que começa com ele. Uma pessoa tem que ser profissional: se está no D. Maria faz uma programação de Teatro Nacional, se está num teatro de 200 lugares pode ser muito mais experimental ou para espectáculos a pensar na rentabilidade. Sobretudo um programador é um profissional e tem que se adaptar à medida do teatro que aceita programar. Esta é uma sala grande para se arriscar. No primeiro ano [2002] se tivesse feito coisas muito experimentais tinha tido quê? Dez pessoas por noite? Era o fim do S. Luiz. As pessoas desconfiavam. Agora já não.

Quem é o publico que vem ver as peças apresentadas aqui?

Um público muito variado. Gente muito nova. Mas varia com as peças. O Jardim de Inverno, por exemplo, adquiriu um público muito jovem. Depois de dois anos e meio, três anos acho que já ganhamos um público com que se pode arriscar. Para trabalhar com a Lúcia [Sigalho] tive que esperar. Como em muitos casos tive que esperar. Uma pessoa tem que ser realista e pragmática. Não pode só fazer o que quer. É impossível.

Foi uma estratégia abrir a programação a um leque tão diversificado de propostas…

Sim, propositada.

Que lhe trouxe criticas.

Uma pessoa não aprende nada com elogios. Aprende é com as criticas. O Augusto Seabra escreveu uma crítica violenta no primeiro ano em que programei onde dizia que o leque de propostas era muito aberto e que havia outros teatros municipais que podiam fazer isso. Eu até lhe dei razão. Eu sempre achei que devia haver uma programação concertada com os outros teatros municipais:o Maria Matos, o Taborda e o Fórum Lisboa. Não defendi ao começo onde achava que era preferível a total independência de programação, mas nessa altura o Taborda tinha a sua programação própria com os Artistas Unidos e o Maria Matos estava para obras… era quase incapaz. E essa critica era absolutamente razoável, até me fez abrir um bocadinho mais os olhos. Mas como profissional era o que devia fazer na altura: abrir.

Já passamos a fase em que é preciso acorrer a todos os fogos?

Neste momento sim. Mas atenção, eu não acorri a todos os fogos. Primeiro estava a qualidade. E é para isso que é preciso coragem. Dizer à tutela que não.

Mas têm havido interferências?

Nunca interferiu com a minha programação. O que há é, muito educadamente um “acha que?”.

E o que é que podia acontecer para se ir embora?

Só depende de mim. Estou muito feliz de estar neste teatro. Estou aqui há quatro anos. Até só tenho contrato há pouco tempo [pausa longa] Eu não vou esconder...tenho a idade que tenho e horror de não perceber as coisas. De achar que não percebo e o problema não ser a coisa e ser eu. Tenho muito medo disso. E outra coisa é sentir que devo dar oportunidade a outra pessoa. Estou aqui e talvez haja espaço para outra pessoa. É como estar a jantar em casa de alguém e as pessoas começarem a olhar para o relógio. Não quero que as pessoas olhem para o relógio. Quando isso acontecer vou-me embora.

O S. Luiz quer ser a sala de visitas da cidade de Lisboa?

Eu não o vejo como sala de visitas da cidade mas como um teatro aberto à cidade sempre com a exigência da qualidade mas não completamente fechado. Isso é o grande interesse do S. Luiz.

Mas há um modelo com o qual possamos estabelecer uma comparação? O Thèâtre de la Ville, em Paris, por exemplo?

Não. Eu conheço muito bem o Thèâtre de la Ville, como conheço outros. Muitos dos espectáculos são de minha iniciativa porque tento dar uma dinâmica e uma certa personalidade ao espaço…

A personalidade do programador?

Talvez. Claro que esse lado criativo tem que sair. Mas acima da criatividade está o bom senso, o bom gosto e a coragem. É preciso ter muita coragem. Às vezes é preciso dizer não, ser-se directo mesmo com pessoas de quem gostamos e admiramos mas cujo projecto não é o mais correcto no S. Luiz. Pessoas consagradas que nunca encenaram e querem encenar não é aqui que vão começar. Experimentar sim, tudo. Tenho uma curiosidade enorme de coisas novas que se estão a formar, as novas tendências. Há coisas fabulosas e outras péssimas. Sempre adorei, mas sempre com um ar crítico. Tenho o horror de pensar que com a idade possa ficar conservador. Sou sempre cauteloso. Tento analisar isso.

E consegue identificar as linhas fortes do que se anda a fazer?

Sim, consigo. E as fracas também.

Quer desenvolver?

Não. [risos]

Mas há diferenças entre programar uma companhia de dança e dirigir um teatro com uma programação mais alargada.

Sim há. Mas a dada altura com a dança, passei a ter muito medo na dança. Houve coisas que começaram a entrar numa facilidade que não me agradava nada e talvez seja por isso que deixei a dança. Tinha grandes responsabilidades. Aqui são as mesmas e até mais alargadas.

Que responsabilidades são essas?

Num teatro municipal é preciso encontrar um bom senso que dê resposta às várias solicitações sempre dentro do nível de exigência de qualidade que aqui apresentamos. Esta sala é muito grande para umas coisas e muito pequena para outras e é preciso um equilíbrio. Há acolhimentos que faço porque por questões financeiras não posso produzir. Eu não faço toda a programação que me oferecem, faço também a programação que imagino como o caso recente dos espectáculos do Teatro Meridional/José Luís Peixoto e Gonçalo M. Tavares/Lúcia Sigalho-Sensurround ou o Contos com Música ou a Festa do jazz português, que tem um lado pedagógico fortíssimo com as escolas de jazz e que a imprensa nem pegou. Isso foram iniciativas minhas… Há uma faceta invisível que tem a ver com apostas que eu faço, coisas em que arrisco. É o caso do programa de óperas novas, uma ideia do Paulo Matos, para co-produzir óperas para o ano, ou o Novos Actores Novos, audições para actores que produzem resultados concretos. Ou as sessões do Polaroids da Poesia Portuguesa que apresentaram 21 novos poetas. Estamos a dar uma imagem do país, que é das coisas mais importantes. Temos responsabilidades para com todo o meio artístico.

No seu conjunto, as propostas que são feitas aqui respondem a quê?

Há uma coisa que para mim é absolutamente essencial que é a defesa do que faço. Uma pessoa arrisca. Eu sou uma pessoa honesta e já criei coisas horríveis enquanto coreógrafo. Mas quando há uma criação arrisca-se. Um produto final pode ser fantástico ou ir para o lado exactamente oposto. Por exemplo, eu acho que impus o meu gosto literário às companhias porque acredito muito no lado teatral da escrita deste autores. E acho que acertei. Há certas actividades que fazemos com escolas, com jovens criadores – coisa que sempre ocupou a minha carreira, do Ballet Gulbenkian à Companhia Nacional de Bailado -, concertos de canção urbana, que num espaço como o S. Luiz faz todo o sentido, relações com as escolas, do Conservatório de Música às escolas de Jazz, há os debates do Jardim de Inverno. O Jardim de Inverno ganhou uma personalidade própria, com as conferências, os lançamentos de livros, com eventos que nós temos para cumprir certas solicitações da parte da Câmara por exemplo. Há coisas que fazemos que nem vêm na programação.

O que é uma boa programação?

Uma boa programação depende de tanta coisa. Depende da sala, dos gastos, do dinheiro que temos, daquilo que idealizámos e que não pode ser concretizado. O que eu tento fazer é ver quais as opções viáveis que sejam de interesse para a minha ideia de programação. Não há a programação perfeita.

Não?

… há a programação que se pode fazer. E eu não me queixo. Eu talvez a faça a programação que queira fazer porque tenho plena consciência das limitações que tenho e não tenho. Eu estou muito confortável. Nunca me cortaram um orçamento. Aceitei as condições, as regras. Não choro por ter mais dinheiro, de todo. Eu sei as condições financeiras da Câmara, do país… Aceitei, cumpro. Eu sei cumprir os orçamentos. Mas há programadores que se queixam porque não percebem O ideal deles seria fazer isto e isto e isto… se eu tivesse o dinheiro que tem os teatros em Espanha como o Teatro Real, que é gigantesco, mas não tenho. Às vezes entusiasmo-me e começo a pensar, mas há coisas que não funcionam, agendas que não se compatibilizam… e aceitam-se essas desilusões. O calo ajuda. E por isso é que não há programações perfeitas. Nem estou a falar de dinheiro, mas de indisponibilidades de agenda. A nível financeiro aceitei e pronto. E não penso mais nisso. Por exemplo, o ano passado tive que pedir autorização para ultrapassar o orçamento para ter cá a Pina Bausch [Setembro/Outubro 2005]. Tive a preocupação de com dois anos de antecedência de pedir essa autorização. Desde que cheguei ao S. Luiz que estava em conversações para a trazer cá, tinha-a orçamentado, e propus.

Mas não pode haver Pina Bausch todos os anos.

Não, mas eu conformo-me com isso [risos].

Ser programador de um teatro é também saber conformar-se?

Eu tenho sempre receios de falhar. Por isso é que estou cá de manhã à noite, sempre a controlar, a ver, a querer saber. Tenho uma equipa fantástica que me atura, porque eu estou atento a tudo, da carpete à perna esticada, das portas fechadas ao ar condicionado. Vou a todas. Quero que as pessoas estejam bem no teatro. E se estou preocupado com todas estas coisas, também estou muito preocupado com os espectáculos. Quando correm bem é uma felicidade muito grande, quando não corre é menos, pronto, sinto-me menos feliz, mais triste. Não há nada melhor que ter um sucesso, mas não se pode ter sempre sucessos. Na minha carreira felizmente tive muitos sucessos mas também momentos em que as coisas correram menos bem. Acontece. Há coisas que têm tudo para ser fantásticas e não resultam.

Há uma relação de poder entre programadores e criadores?

De poder? O criador tem liberdade de acção ou não se convida. Ou há confiança ou não há. É óbvio que quando se convida alguém se discute o que se vai fazer. Discute-se repertório, com quem quer trabalhar, trocam-se sugestões. Pelo entusiasmo e paixão que tenho pelas coisas sempre procurei provocar quem cá vem. O cast é feito comigo, escolhem a equipa comigo dentro da liberdade de cada um. Eu só posso influenciar até um certo momento. Há um lado financeiro. É preciso encontrar um equilíbrio entre os colaboradores. Se eu convido alguém é porque confio na pessoa e gosto dela. A partir disso posso gerir coisas. Mas quando começam os ensaios afasto-me e deixo-os em paz. Há liberdade.

Isso são características que partem das possibilidades que o S. Luiz dá?

Isso existe em função do criador.

E há um “selo S. Luiz”?

Parece imodesto da minha parte dizer isso mas com aquilo que vejo e as propostas que tenho fico com a ideia que toda a gente quer vir para o S. Luiz. Todos os dias recebo propostas. Agora dou-me conta da quantidade de pessoas que querem fazer teatro em Portugal. É inacreditável. Pessoas que querem fazer teatro mas não vão ao teatro. Querem trabalhar para o umbigo, para os amigos e para os primos. Alguns, outros não. Recebo imensos projectos de pessoas que não vão ao teatro. E há muitas pessoas que aparecem sem talento e insistem em criar, insistem em ser coreógrafos ou encenadores. Insistem em ser actores, em compor. Eu às vezes digo a brincar que se todas as pessoas que querem fazer teatro fossem ao teatro não havia crise, as salas estavam cheias. Mas as pessoas não vão ver teatro.

E o Jorge vai ver espectáculos?

[risos] Sim, mas ultimamente digo que só vou ao S. Luiz. Temos tanta coisa que tenho pouco tempo para ir ver outras coisas.



Amanhã: Francisco Frazão, assessor para o teatro na Culturgest
Já publicadas:
Giacomo Scalisi, consultor para o teatro do Centro Cultural de Belém; Marta Furtado, responsável pela programação de artes performativas da Galeria Zé dos Bois

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