Addicted Man, de Paulo Guerreiro
Thèâtre de L'l, Bruxelas
28 e 29 Outubro
21h30
O que se convoca para um processo criativo? Quem define a fronteira entre o espaço de criação e o espaço biográfico? Que se pode mostrar numa primeira obra?
Paulo Guerreiro tem 23 anos, está em Bruxelas há um ano depois de um percurso errático em Portugal, entre o clássico e contemporâneo, e Addicted Man é a sua primeira criação. Uma encomenda para o festival Danse en Vol, quando ainda não sentia qualquer urgência pessoal em apresentar trabalho próprio. “Por isso é difícil definir esta proposta”.
Inevitavelmente será lida como um cartão de apresentação, mas a ideia não é tanto estar à altura da aposta do festival, mas antes dos limites que se impõe enquanto performer: “respeitar tudo aquilo a que o meu corpo se propõe. Não fazer réplicas do movimento de quem seja. Pegar numa frase (improvisada ou não) e dissecá-la, para saber no que o meu corpo acredita. Verdadeiro e falso. Tudo o que for virtuoso e anti-natura é recusado. Pode o questionamento ser anti-natural?”.
Addicted Man, cuja coreografia partilha com Sandra de Freitas (mas cuja assinatura assume como sua), desenvolve-se a partir de um processo em que a ironia sobre a própria vida é o mote para um jogo paralelo entre personagem e criador. As situações são extremadas, de modo a que se esvaziem e esgotem. Um trabalho no limite da observação, em que a fronteira entre realidade e surreal é muito ténue. Um exercício o mais à flor da pele possível: “tentei ser o mais honesto comigo próprio. Procurei questionar o que faço (e o que fazemos), sem me preocupar em encontrar uma lógica. Explorar emotivamente (e através da improvisação) todos os pequenos vícios que temos.”
É por isso que de uma revolta contra o sistema (o quase-habitual nas primeiras obras), Addicted Man se tornou num trabalho de auto-crítica, “por vezes através de caminhos nada saudáveis”. Este é, também, um trabalho no qual “as decisões que se tomam e nas quais se acredita, são o teu objectivo. Mas são os problemas que te impedem de os concretizar que interessa serem pensados”.
Assim, esta é uma proposta tão colada à vida (a pessoal) quanto possível. O que é criar? O que é firmar um discurso? O que se pensa, se mostra e se vê? Quem vê, afinal, vê-me como? E quem começa é visto como?
Paulo Guerreiro tem 23 anos, está em Bruxelas há um ano depois de um percurso errático em Portugal, entre o clássico e contemporâneo, e Addicted Man é a sua primeira criação. Uma encomenda para o festival Danse en Vol, quando ainda não sentia qualquer urgência pessoal em apresentar trabalho próprio. “Por isso é difícil definir esta proposta”.
Inevitavelmente será lida como um cartão de apresentação, mas a ideia não é tanto estar à altura da aposta do festival, mas antes dos limites que se impõe enquanto performer: “respeitar tudo aquilo a que o meu corpo se propõe. Não fazer réplicas do movimento de quem seja. Pegar numa frase (improvisada ou não) e dissecá-la, para saber no que o meu corpo acredita. Verdadeiro e falso. Tudo o que for virtuoso e anti-natura é recusado. Pode o questionamento ser anti-natural?”.
Addicted Man, cuja coreografia partilha com Sandra de Freitas (mas cuja assinatura assume como sua), desenvolve-se a partir de um processo em que a ironia sobre a própria vida é o mote para um jogo paralelo entre personagem e criador. As situações são extremadas, de modo a que se esvaziem e esgotem. Um trabalho no limite da observação, em que a fronteira entre realidade e surreal é muito ténue. Um exercício o mais à flor da pele possível: “tentei ser o mais honesto comigo próprio. Procurei questionar o que faço (e o que fazemos), sem me preocupar em encontrar uma lógica. Explorar emotivamente (e através da improvisação) todos os pequenos vícios que temos.”
É por isso que de uma revolta contra o sistema (o quase-habitual nas primeiras obras), Addicted Man se tornou num trabalho de auto-crítica, “por vezes através de caminhos nada saudáveis”. Este é, também, um trabalho no qual “as decisões que se tomam e nas quais se acredita, são o teu objectivo. Mas são os problemas que te impedem de os concretizar que interessa serem pensados”.
Assim, esta é uma proposta tão colada à vida (a pessoal) quanto possível. O que é criar? O que é firmar um discurso? O que se pensa, se mostra e se vê? Quem vê, afinal, vê-me como? E quem começa é visto como?
texto feito a partir de uma conversa a 12 de Setembro 2005 e escrito para a folha de sala do espectáculo.
Tenho fome. Corro para o supermercado mais próximo, entro. Percorro todos os corredores, perguntando-me o que me impede de descobrir um novo medicamento, de levantar um bloco de cimento, ou trepar uma árvore gigantesca, até mesmo de ler o jornal e de beber um café … tudo isso porque … “ estou-me a vir”. Olho-me ao espelho e … fantástico!!! Sou tão pálido! As pessoas com classe são pálidas, as pessoas pomposas que param em palácios são pálidas. No entanto eu como cereais. O estômago incha e quase explode, e eu como mais cereais, o meu estômago incha e explode, mas não paro de comer cereais! Um solo irónico em que um homem revela-se através da sua batalha contra o sistema e ele mesmo.
Paulo Guerreiro
Conceito, texto e coreografia: Paulo Guerreiro (com a colaboração de Sandra de Freitas) Interpretação: Paulo Guerreiro Voz off: Inês Ferreira de Almeida Co-produção: Théâtre de L’l
Conceito, texto e coreografia: Paulo Guerreiro (com a colaboração de Sandra de Freitas) Interpretação: Paulo Guerreiro Voz off: Inês Ferreira de Almeida Co-produção: Théâtre de L’l
Ver aqui sobre Paulo Guerreiro neste blog. Ver aqui e aqui sobre o 5º Festival Danse en Vol neste blog. Ver aqui toda a programação do festival. Brevemente será publicado neste blog um artigo sobre o festival, em colaboração com a revista flamenga ReKto:verso, que o publicará em Janeiro 2006
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