Se eu soubesse que ia chegar aqui, muito provavelmente desistiria. Um ano é muito tempo. Poucas coisas comigo duraram um ano. Este blog quebra a tradiçao maldita (que de todo desejo). Se soubesse sequer que este blog seria lido, comentado, citado e referido mais me custaria a crer a sua existência. A verdade é que por muito óbvia que fosse a existência de um blog assinado por mim, jamais conceberia que o fizesse. Afinal, ainda utilizo papel e caneta e de computadores só sei o número dos que se avariaram nas minhas maos. E, por outro lado, nunca fui de manter diários. O único que fiz (corriam os negros anos da adolescência) durou pouco mais de 3 meses e ainda assim foi alvo de auto-censura explicita e nao cifrada. Arranquei todas as páginas mais secretas passado um tempo. Tenho-o ali (o "ali" é relativo dada a constante mudança de casa... está num caixote qualquer numa garagem estranha em Linda - a - velha) e nao é coisa que me diga muito. Guardo-o por nostalgia e incapacidade de deitar coisas fora.
Este blog (o nome nem sequer é original e está preso a devaneios juvenis) mantém-se assim, malgré moi meme: figura instável, urbano-depressiv, conflictuosa e blase o suficiente para ter a sorte de cair mais vezes em graça que ser engraçado. Os que me conecem nao o lêem. Dizem, depois de rápida incursao, que se parece muito comigo. Pois. Os outros continuam. Há até alguns que voltam sempre. Eu sei. Só nao sei porquê (!?).
De tudo o que já escrevi neste blog (e nao o fiz sozinho... houve, em tempos, uma colaboraçao rápida mas sumarenta da minha amiga Ana Vicente) há coisas pessoais e outras nem tanto (algumas mais encriptadas que outras... tanto que nem eu as compreendo), sugestoes, teorias, tomadas de posiçao, homenagens, prendas, desabafos, consideraçoes e outras coisas quotidianas. Valem o que valem. Nem todas valem o mesmo. Há coisas que apagaria, outras que remodelava, coisas que faltam e algumas que me orgulham particularmente. Mas nao é a minha vida. Há pouca realidade neste blog. Da realidade crua e quotidiana. Tudo é postado através de um filtro. Um filtro que quer deixar marca. Um filtro que denuncia a incapacidade de lidar com a efemeridade dos acontecimentos.
Instigado pelos habitantes do agora defunto Santa Ignorância, comecei o Melhor Anjo com a notícia da morte de Leni Riefensthal. Comecei como gosto de o fazer. Sem dar conta que cheguei (riem-se agora os que me conhecem !!!). Como se fosse um passo mais. Passado um tempo dava conta do que acreditava serem as responsabilidades de quem tem um blog (se se puderem dizer estas coisas...). Um ano depois (da estaçao telefónica da PT, no Rossio, em Lisboa, a um locutório no centro de Madrid) continuo a vir cá, ás vezes a acreditar que há alguém que me espera ler. Na verdade, todos os dias abro este blog e continuo sem saber porquê. Se algum dia alguém tiver a resposta para perguntas como esta, faça o favor de nao me contar.
É que o apelo de carregar no delete também surge todos os dias.
Feliz aniversário Anjo.
2 comentários:
Muitos parabéns pelo aninho do Anjo! Que fique por cá durante muito tempo com a excelente qualidade a que nos habituou. Abraço
Parabéns Tiago!
Desde que saí do mosteiro do Santa Ignorância que abandonei as visitas aos blogs. Foi curioso hoje ter vindo cá parar e perceber que de facto, algo que fizemos naquele blog, ainda perdura. Sempre te vimos como um dos nossos leitores mais atentos e gostámos quando te lançaste nesta aventura (quando percebemos que o mosteiro corria o risco de ficar sozinho chegamos a pensar em convidar-te a ires para lá ajudar-nos a aguentar aquilo um bocado mais). A qualidade do blog é indiscutível e merece ficar por aqui mais um tempo. Só um pedido: quando te fartares, não carregues no delete! Ainda se há de construir um arquivo destes 2 anos de blogomania portuguesa...
Keep on rocking!
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