Faleceu hoje de manhã, aos 38 anos, a coreógrafa e bailarina Paula Castro, vítima de doença prolongada. Formada pelo Conservatório Nacional de Dança, e bolseira do Théàtre Contemporain de la Danse, trabalhou como intérprete com vários coreógrafos portugueses, Rui Nunes, Joana Providência, Aldara Bizarro, Madalena Vitorino, Paula Massano, João Galante e Teresa Prima, Vera Mantero, Francisco Camacho e Filipa Francisco, para além de ter criado Sem Título, Ever Wanting, Vertigem e Nevoeiro (co-autoria de Sandra Faleiro).
Hospitalizada há já algum tempo Paula Castro mantinha ainda assim uma intensa actividade, tendo apresentado, em nova versão, Pequenas grandes Histórias no programa Let's Dance, no passado mês de Setembro no Teatro Camões. Amigos como as coreógrafas Teresa Prima e Aldara Bizarro, o performer Rafael Alvarez, a actriz Carla Bolito, o programador Mark Deputter ou a directora do Fórum Dança Cristina Santos, são unânimes no reconhecimento de uma vontade em “não se deixar invadir pela ameaça da grave doença que a atingiu”. Carla Bolito recorda que, nas últimas semanas, já no hospital, era a própria Paula Castro que lhes dizia no fim das horas das visitas “divirtam-se”.
Este humor, “mal compreendido, aguçado e muito sarcástico”, diz Rafael Alvarez, resultante de uma vida crente numa “utopia muito própria” refere Cristina Santos, mas “nada lírica”, acrescenta Carla Bolito, são, nas palavras de Teresa Prima, características que definiam a “excepcional” e “rara intérprete”. “Eu gosto é de te ver dançar!”, disse-lhe uma vez Aldara Bizarro querendo referir-se à sua “dança muito particular”.
Cristina Santos, que a conhecia há vinte anos, e Aldara Bizarro, que com ela trabalhou, referem ainda a expressividade de Paula Castro como uma das marcas mais reconhecíveis da sua imagem enquanto artista. Aldara lembra-se de a ver, desde os dezasseis anos, a seguir as aulas dos professores de dança clássica, “com o seu fatinho de lã preta e os calções de meia perna” a cobrirem um corpo “pequeno, mas de mãos e pés enormes”. Era na cara, de uma “expressividade muito particular”, que se concentrava a energia desta bailarina, reconhecida unanimemente como um exemplo de resistência, “que não se acomodava a trabalhos mais fáceis ou mais seguros”, diz Cristina Santos.
Teresa Prima e Rafael Alvarez, que partilharam com Paula Castro “amores e a cidade de Nova York”, falam desta “pessoa especial”, da “grande perda” que agora sentem e do “exemplo inspirador de sobrevivência”. Uma posição que se manifestava no trabalho “determinado e rigoroso”, mais reconhecido enquanto intérprete do que como coreógrafa, com “coisas boas e outras duras”, recorda Aldara Bizarro.
Era uma “estranha forma de viver” a desta criadora, diz Carla Bolito que a acompanhou nas últimas semanas. Com um trabalho “onírico” e “perto dos sonhos”, Paula Castro foi construindo um percurso que Mark Deputter, programador do Teatro Camões e do Alkantara, assinala como “muito seu”. Deputter, que recentemente a convidou a integrar a plataforma coLABoratóRIO – Encontro Sul-Americano Europeu de Coreógrafos, no Rio de Janeiro, fala de uma atitude “muito aberta, interessada em aprender e atenta aos pormenores”. A viagem, entretanto cancelada por causa do internamento hospitalar a que acabou por não resistir, seria “uma boa oportunidade para fazer evoluir o seu trabalho”, que o programador recorda como “calmo” e “sem querer tudo de uma vez”.
Paula Castro deixa um percurso por cumprir mas, pelo qual, se bateu até ao fim. É essa resistência que os que lhe eram próximos vão guardar. Isso, o exemplo de persistência e, nas palavras de Teresa Prima, “a coragem em não aceitar as coisas como elas são”.
Este humor, “mal compreendido, aguçado e muito sarcástico”, diz Rafael Alvarez, resultante de uma vida crente numa “utopia muito própria” refere Cristina Santos, mas “nada lírica”, acrescenta Carla Bolito, são, nas palavras de Teresa Prima, características que definiam a “excepcional” e “rara intérprete”. “Eu gosto é de te ver dançar!”, disse-lhe uma vez Aldara Bizarro querendo referir-se à sua “dança muito particular”.
Cristina Santos, que a conhecia há vinte anos, e Aldara Bizarro, que com ela trabalhou, referem ainda a expressividade de Paula Castro como uma das marcas mais reconhecíveis da sua imagem enquanto artista. Aldara lembra-se de a ver, desde os dezasseis anos, a seguir as aulas dos professores de dança clássica, “com o seu fatinho de lã preta e os calções de meia perna” a cobrirem um corpo “pequeno, mas de mãos e pés enormes”. Era na cara, de uma “expressividade muito particular”, que se concentrava a energia desta bailarina, reconhecida unanimemente como um exemplo de resistência, “que não se acomodava a trabalhos mais fáceis ou mais seguros”, diz Cristina Santos.
Teresa Prima e Rafael Alvarez, que partilharam com Paula Castro “amores e a cidade de Nova York”, falam desta “pessoa especial”, da “grande perda” que agora sentem e do “exemplo inspirador de sobrevivência”. Uma posição que se manifestava no trabalho “determinado e rigoroso”, mais reconhecido enquanto intérprete do que como coreógrafa, com “coisas boas e outras duras”, recorda Aldara Bizarro.
Era uma “estranha forma de viver” a desta criadora, diz Carla Bolito que a acompanhou nas últimas semanas. Com um trabalho “onírico” e “perto dos sonhos”, Paula Castro foi construindo um percurso que Mark Deputter, programador do Teatro Camões e do Alkantara, assinala como “muito seu”. Deputter, que recentemente a convidou a integrar a plataforma coLABoratóRIO – Encontro Sul-Americano Europeu de Coreógrafos, no Rio de Janeiro, fala de uma atitude “muito aberta, interessada em aprender e atenta aos pormenores”. A viagem, entretanto cancelada por causa do internamento hospitalar a que acabou por não resistir, seria “uma boa oportunidade para fazer evoluir o seu trabalho”, que o programador recorda como “calmo” e “sem querer tudo de uma vez”.
Paula Castro deixa um percurso por cumprir mas, pelo qual, se bateu até ao fim. É essa resistência que os que lhe eram próximos vão guardar. Isso, o exemplo de persistência e, nas palavras de Teresa Prima, “a coragem em não aceitar as coisas como elas são”.
O funeral realiza-se amanhã às 15h30 com saída da Igreja das Furnas, em Benfica, dirigindo-se depois para o Cemitério de Benfica.
Na foto: Paula Castro na peça Riso, de Filipa Francisco
4 comentários:
Escrevi ontem uma carta à Paula.
Esta publicada neste endereço: http://lif-zone.blogspot.com
Aproveito este momento para abraçar todos as pessoas que a conheceram.
Teresa Prima
Custa-me muito estar longe, não estar em Lisboa rodeado pelos amigos.
Uma perda destas precisa de abraços, sem dúvida.
Embrulho-me no teu, Teresa.
Pietro Romani
Desculpem mas deixei mal o endereço
http://lif-zon.blogspot.com
Querida Paula,
Nao sei como começar.... só sei que quero escrever, escrever para ti, escrever para que fique escrito, escrito para ti.
Custa-me muito saber que nao te voltarei a ver, nao te voltarei a abraçar... pelo menos o meu corpo nao. A minha mente, as minhas recordaçoes, sim... com toda a certeza sim!
A última vez que nos vimos.... recordo-me tao bem... recordo-te tanto... tantas vezes... tantos momentos... tantas coisas... mas mais que nada recordo-me no teu olhar, no teu sorriso, mais que nada na nossa complicidade, na nossa amizade.
Sei que nao deves ter lido o mail que te enviei quando fui informado que estavas de novo hospitalizada, sabia que nao o lerias.... mas de qualquer das formas queria escrever-te esse mail, na impossibilidade de poder falar contigo, de poder estar contigo ao teu lado, para abraçar-te, rir-me uma vez mais contigo... és tao linda!! acho que nunca me o atrevi a dizer-te isto... nao porque nao houvesse a confiança para o dizer, nem a complicidade, simplesmente porque estas coisas nao se dizem, sentem-se e ambos sentiamos a grande amizade que nos unia.
Vou sentir muito a tua falta.. muito... mais uma coisa que nao é necessaria dizer... jejeje ambos sabemos que sim... mas escrevo-te porque como te disse hoje mais uma vez decidi escrever-te...
Voltei a escrever-te um segundo mail... no dia em que o Rafael me telefonou e me disse que tinhas partido... mas escrevi, porque sei que nao sera concerteza uma suposta "morte" que nos vai separar... nao o vou permitir... por isso escrevo-te... para que esteja escrito, para que fique dito, para que seja lido, por quem tenha que o ler... tu, eu, ou quem for... escrevo-te e seguirei escrevendo-te, porque estaras sempre presente na minha vida, de uma forma ou de outra... na minha e de muitas outras pessoas... muitos outros amigos que gostam tanto de ti, como gosto eu de ti.
Acho que o facto de que a ultima vez que nos vimos, nao nos tenhamos despedido... mesmo sabendo que voltavas para Portugal, foi pelo facto de ambos sabermos que nos voltariamos a ver... e assim será.. com toda a certeza do mundo... algum dia será. Até lá continuarei a escrever-te...
Ate sempre amiga.
o teu amigo que nunca te esquecerá...
Rui Silveira
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