peeping me
de paulo guerreiro
instalação . performance (interdita a menores de16 anos)
carte blanche no quadro do projecto d.a.n.c.e.
22 junho das 16h30 às 19h . cité du livre – amphithéâtre de la verriére . aix-en-provence . frança
29 junho às 19h . festival de marseille - studio kéléminis . marselha . frança
06 a 12 de Novembro . festival des jeunes créateurs européens . théâtre vitez . aix-en-provence . frança
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em peeping me toca-se, observa-se, é-se observado. os papéis (re)invertem-se num jogo de poderes e completam-se um ao outro. corpo performático e público sobrepõem-se, espelham-se. cria-se uma relação sensorial e perversa, onde ora se permite o toque, mas é privado o olhar, ora se vê (espreita), mas perde-se o contacto táctil. "voyeur" e "exibicionista" mantêm esta relação através de orifícios num espaço tri-partido: tacto, visão e exposição. mais que uma instalação, é um espaço performático interactivo, onde o movimento surge da relação performer/público. a coreografia existe no momento, a partir do toque e da ausência deste. As suas qualidades são partilhadas, são dependentes de ambos, do corpo/objecto e do observador/manipulador. mais do que improvisação trata-se de instrumentalização, comunicação, reacção entre corpos, onde os limites se situam entre o físico e o emocional. quebradas as convenções de relação espectador/interprete, é dando lugar a uma relação mais intima e subjectiva, onde os papéis activo e passivo são subvertidos, para depois serem novamente repostos, ou seja, (re)invertidos. o corpo performático é exposto e disposto, habita a relação dos corpos (o dele com o espectador), representa-se por códigos e afirma-se como objecto. Um objecto que tanto é de contemplação e serviçal, como se serve de quem o observa. um objecto feito em corpo, da sobreposição de corpos e papéis. o que observa, toca e manipula, é conduzido à sua exposição e integra o objecto. «... o sujeito expõe-se e faz da carne o espectáculo que oferece aos outros e que vampiricamente busca no outro» (maria augusta babo in Para uma semiótica do corpo).
paulo guerreiro
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[…] é corpo visível de mostrar subtil
o corpo de contenda,
é corpo de oferenda, de inflamar
em teatro. teatralizar.
é corpo de ombrear opúsculos,
de cavaquear opulento o pulsar.
é corpo de convidar a surrupiar meu corpo.
meu corpo de querer, de perceber que
quero teu corpo para não mais o perder
e nunca silenciar.
excerto de corpo verbal, de pedro carreira de jesus (inédito, 2006)
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não é nova a deslocação do olhar na história da performance. aliás, a implicação do outro no resultado final do objecto é uma das recorrências mais frequentes. no ainda breve percurso de paulo guerreiro essa implicação relaciona-se com a vontade de construção de um percurso comum entre observador e observado. se em addicted man (Bruxelas, Thêatre de L'l, 2005) procurava inscrever-se no mundo que observava, em peeping me trabalha e amplia uma dimensão particular desse acto de observar: o voyeurismo. o corpo do performer e o do espectador partilham um mesmo devir fetichista sem que se saiba quem observa quem. é, por isso, uma experiência comum que depende inteiramente de uma vontade de se ser provocado/provocar. é uma experiência individual sobre a qual pouco se pode dizer a não ser pedir uma disponibilidade, física e sensorial. para o performer estão em causa questões como a intimidade, o limite (do corpo, da representação, do espaço) e a manipulação dos sentidos. para perceber sobre que mecanismo assenta um possível discurso coreógrafico, descarna o processo de criação, embrulha-o literalmente em quatro paredes e espera que venham ter com ele. é, desassombradamente, um desafio. resta saber se a resposta não virá protegida pela retórica da ficção.
tiago bartolomeu costa
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conceito . interpretação . paulo guerreiro criação cénica . marion abeille equipa técnica . anne vaglio . france nicolas . lucie delorme (direcção geral) residência . lézarap'art agradecimentos: ballet national de marseille . ballet preljocaj . caroline dumont . fabienne rouet . guilaume fayard . halory . lou colombani . michel pellegrino . ophelie koch . pierre thys . pipo tafel . rené pautou . sevrine saby . tiago bartolomeu costa
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conceito . interpretação . paulo guerreiro criação cénica . marion abeille equipa técnica . anne vaglio . france nicolas . lucie delorme (direcção geral) residência . lézarap'art agradecimentos: ballet national de marseille . ballet preljocaj . caroline dumont . fabienne rouet . guilaume fayard . halory . lou colombani . michel pellegrino . ophelie koch . pierre thys . pipo tafel . rené pautou . sevrine saby . tiago bartolomeu costa
mais informações : http://peeping-me.blogspot.com/ / 0033(0)6 21 41 79 92 / panguerreiro@gmail.com
1 comentário:
Estive a espreitar os links.
A tocar a observar e a ser observado..
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