segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Eflúvio Magnético

de João Maria Gusmão e Pedro Paiva
Galeria Zé dos Bois, Lisboa
a partir de 23 Fevereiro 2006



Victor Hugo, no livro O Homem que Ri, descreve um estranho episódio de tempestade no mar em que o oceano é assaltado por súbitas irrupções de criatividade fenomenológica. A essa ocorrência Victor Hugo chama de Eflúvio Magnético. Trata-se de um fenómeno meteorológico que, enquanto possibilidade, se manifesta como uma multiplicidade irremediavelmente inscrita para além do conhecimento humano: o próprio título do capítulo da tempestade, As Leis Que Estão Fora do Homem, lança este problema epistemológico. Devemos ainda considerar que esta ficção propõe um limite, uma interdição categórica quando, o mesmo fenómeno coincide com a supressão das personagens que assistem, impotentes, à tempestade. Persiste aqui uma relação inequívoca e fundamental entre a multiplicidade, digamos, totalmente heterogénea (onde a compreensão humana só pode conceber o inconcebível) e o pensamento do Ser enquanto Ser, a ontologia.

Antes de mais, devemos ter a percepção clara de que a ocorrência de um fenómeno por explicar como o Eflúvio, requer um pensamento hipotético. Numa ficção desta ordem verificamos o seguinte: não são as questões de aprovação científica levantadas que necessitam de resposta, mas e sobretudo, o importante é dar resposta (disponibilizar o sujeito) à questão da essência do problemático e passar da interrogação: como pode o Eflúvio existir? Para: quais as implicações da existência de um fenómeno impróprio ao conhecimento quando essa interdição é a essência do enigma?

Prevê-se assim, encontrar a forma pela qual uma proposição científica fictícia venha a constituir um movimento genuíno em direcção ao fundamento de uma certa cientificidade.

de Quarta a Sábado
das 19h às 23h
Entrada 1 euro
Visitas guiadas para escolas sob marcação Segundas, Terças e Quartas entre as 9h e 18h
Entrada gratuita

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