quarta-feira, dezembro 21, 2005

Revista do ano 2005 (III): Figuras do Ano II - Teatro

Figuras do Ano: Teatro

Mais

Director Artístico do Teatro Nacional D. Maria II


Podemos considerar que a programação do TNDMII é recorrente e os nomes representam muito pouco do que se vai fazendo de mais interessante nas artes performativas. Podemos também achar que o modelo do teatro copia, descaradamente, uma ideia de contemporaneidade que muito deve a Ricardo Pais e ao Teatro S. João, no Porto. Uma ideia por vezes fátua e capelista na relação com a dita contemporaneidade e criação. A imagem gráfica que o teatro passa é certamente psicadélica e de difícil leitura; o serviço educativo existe mas tem pouca visibilidade, sendo que na programação não se encontra mais do que um projecto por ano; o centro de documentação é uma virtualidade, criando entraves a quem o quer utilizar e com justificações pouco plausíveis; a Portugal Telecom retirou o apoio mecenático por falta de crença no projecto (e a tutela lavou daí as mãos)... enfim, os problemas existem e estão identificados. Mas uma coisa é certa, o TNDMII existe e entrou dentro da vida artística da cidade. E como há muito tempo não acontecia. Num tecido que nunca soube muito bem como lidar com a ideia de um teatro nacional, a direcção artística de António Lagarto, mesmo se questionável, não deixa de ser uma base a partir da qual se pode discutir a relevância de um teatro do Estado. O facto de ser uma figura com relações no meio, e mesmo que seja parte interessada em alguns dos projectos nele inseridos, permite que se olhe para o espaço como um modelo, que se pode recusar ou aceitar. Mas um modelo, coisa que em toda a história do TNDMII poucas vezes aconteceu. O trabalho de António Lagarto não é uma tarefa fácil, nem se procura aqui uma legitimação de todas as suas escolhas, mas, na verdade, sem autonomia financeira (os teatros e dependências culturais do estado vivem em duodécimos, situação impraticável com as exigências da realidade artística), pouco mais se consegue fazer. E entre uma programação mainstream (como aquela que a Câmara Municipal de Lisboa procura construir para o Teatro S. Luiz, mesmo que Jorge Salavisa a tente contrariar) e o vazio de um espaço com peso e responsabilidades, o que o novo director artístico está a fazer é digno de nota. Desde a sua entrada o TNDMII é palco para espectáculos, cerimónias públicas, debates, lançamentos de livros, concertos, exposições, tem um bar (sofrível, enfim...) e festas temáticas, seja em produção própria ou em colaboração com festivais e eventos que decorrem na cidade. António Lagarto pode não ter os meios que quer, a comunidade pode estar dividida em relação ao que por lá se faz, mas o Teatro Nacional deixou de ser uma porta fechada. Ou pelo menos, passou a estar mais vezes aberta. No limite, a programaçao deste director artístico serve para voltar a perguntar se aquilo que um programador faz é arte ou meta-arte.


Menos

Actriz e directora da companhia A Barraca


Há muito tempo que o Teatro A Barraca deixou de ser o exemplo de um teatro em que existia o manifesto político ou a relação com o povo e o teatro como metáfora para uma busca pelo lugar do indivíduo. Ao longo dos anos tem vindo a perder público, qualidade e relevância, continuando, no entanto, a não ver questionados os apoios que recebe do Instituto das Artes, muito em virtude de um peso enorme de uma esquerda utópica e ultrapassada na rede de influências de atribuição de apoios. O medo de uma contra-revolução (passe o exagero da expressão) faz com que, a par de outros projectos questionáveis, a companhia de Maria do Céu Guerra exista sem ser posta em causa. E quando o é (como foi no programa de Apoios Sustentados), a vitimização impõe-se. Há anos instalada num dos mais eficazes e desaproveitados espaços da cidade de Lisboa, o Teatro Cinearte, em Santos, a companhia insiste num percurso frágil e, por vezes a raiar o amadorismo, repetindo-se em fórmulas que não renovam públicos, nem criam novas dinâmicas com o tecido criativo. Não estando aqui em causa a legitimidade de quem quer criar, e o desejo de ver reconhecido o seu trabalho, Maria do Céu Guerra é a única responsável pelo descrédito da companhia aos olhos da opinão pública. O ponto alto do ano foi um processo que a actriz moveu contra a jornalista Elisabete França, do Diário de Notícias, quando esta questionou o trabalho da Barraca face ao contínuo apoio do Estado, depois de Maria do Céu Guerra ter exigido tratamento igual (!!!) ao que se presta a outras companhias que existem há 30 anos. O tribunal decidiu a favor da companhia, numa atitude discriminatória e que, no limite, põe em causa a liberdade de imprensa. O processo encontra-se, neste momento, em fase de recurso, de forma a evitar que a jornalista seja obrigada a pagar uma indeminização. A directora da Barraca procurou ainda junto da Assembleia da República obter aquilo que o Estado não lhe quis dar, entrando em contacto com os partidos políticos para exercer pressões junto de quem, por ingerência, mal acompanha o que se vai passando. O manifesto e a petição correm na internet, perigosamente crentes de uma justiça.

7 comentários:

Dinamene disse...

Corajoso, Homem!
Ler-te é sempre uma boa e esclarecedora fonte de consulta.
Abraço.

Anónimo disse...

A bruxa protegida pelo PC. Pois claro, essa é que está no melhor dos mundos....

Anónimo disse...

Foda-se mais esse ódio que os merdosos conceptuais do teatro português têm pela Barraca e pela Maria do Céu Guerra.

Anónimo disse...

Ninguém tem ódio, alto lá. Só não se compreende este processo judicial por causa de uma opinião não favorável. Bruxa- aquela que amaldiçoa. PC - Onde estão os melhores advogados deste país. Também eu queria (é pura inveja), poder processar a quem me quer mal. Mas não intendo por bem fazer. Se isto foi ofensivo para o sr./a anonimo/a tanto pior. Trabalhe para ter um pouco de sentido de humor. Eu, confesso, já o consegui. Mas foi difícil.
Amet

Anónimo disse...

A todos: BASTA DE SEMEAR CONFUSÃO ONDE NÃO HÁ. IR EM FRENTE. (porque o caminho a percorrer, infelizmente, é mais curto do que parece).
Amet

Anónimo disse...

Curiosa opinião sobre António Lagarto... e muito mais curiosa opinião sobre A Barraca. Há lá coisas estranhas neste mundo, e este post é uma delas!!

Anónimo disse...

best regards, nice info
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