segunda-feira, dezembro 19, 2005

Perseguir o movimento: nos bastidores de D. Quixote (I)

Honestidade é uma das palavras de eleição de Ana Pereira Caldas, directora-geral da Companhia Nacional de Bailado desde 2001. Uma palavra que tem vindo a aplicar desde os tempos em que dirigia o Conservatório Nacional, de onde saíram muitos dos alunos que hoje estão na CNB. «A honestidade permite-lhes perceber o que querem fazer. Obriga-os a tomar decisões. A serem conscientes. Ninguém pode fazer nada sem saber porque o faz. É por isso que há muitos que ficam pelo caminho. Esta é uma vida que os obriga a crescer muito depressa. E ninguém pode viver enganado.» Mas porque é de honestidade que se fala, mas também de frontalidade, Ana Pereira Caldas faz face aos comentários e críticas acerca da programação da CNB e do seu papel depois do fim do Ballet Gulbenkian, em Junho passado: «A única opinião que posso dar é a título pessoal, e afirmo, como afirmei na altura, mesmo que espantada pela notícia que me davam pelo telefone, que é incompreensível, mas isso não significa que a CNB a vá substituir ou se sinta obrigada a isso. Mesmo que eu perceba que as pessoas sintam que a CNB deveria ocupar esse lugar. Não há substituições, há mudanças às quais nos temos que habituar. O Ballet Gulbenkian foi importantíssimo, eu cresci a vê-los dançar, mas ninguém ganhava nada com uma substituição. Nem os bailarinos, nem o público. A CNB tem o seu percurso, está inscrito na lei orgânica quais as suas funções, é a única companhia estatal, o que faz é serviço público, mas não substitui nada nem ninguém». A directora da CNB reconhece, no entanto, que houve quem acreditasse numa tranferência de responsabilidades. «Essa transferência, seja da parte do público ou da comunidade, não implica uma sobrecarga nos objectivos da Companhia. De acordo com a lei orgânica temos a obrigação de fazer desde o clássico ao contemporâneo. E o público que temos, e que desde que viemos para o Teatro Camões [em 2004] cresceu em 138%, não é sectário. As mesmas pessoas que vemos no clássico vemos na Olga Roriz. É um falso problema essa questão da transferência. A CNB existe por si».











Fotografias de José Luis Neves (direitos reservados)
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Coreografia Mehmet Balkan Cenário Tayfun Cebi Figurinos Vera Castro Desenho de Luz Robert Cremer

Agradecimentos: REAL, Companhia Nacional de Bailado, Cristina de Jesus, João Pedro Mascarenhas, Mariana Paz

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