Une voix dans le désert, de Chantal Akerman
Prossegue este fim de semana, em Serralves, a programação de cinema, gizada por Ricardo Matos Cabo, para o ciclo de performance, cinema e música Em Contra-Mão. O ciclo procura ser "uma reflexão sobre a linguagem e o exílio a partir da obra de cineastas que fizeram dos 'exílios da voz e da linguagem' um dos pontos de partida para pensar no cinema a diferença e a formação de um discurso sobre as políticas da identidade". Este fim de semana, os filmes apresentados abordam temas que vão do "exílio urbano e à questão da sub-representação", com propostas dos norte-americanos James Benning e Kent MacKenzie, da belga Chantal Akerman e do artista plástico argentino David Lamelas, que se centram "na comunidade imigrante mexicana e nas migrações dos nativos americanos na Califórnia".
Segundo as notas divulgadas pelo programador, El Valley Center [1999], de James Benning [Sábado 17 Dezembro, 18h30] é um filme "sobre o tempo e a paisagem agrícola e industrial do Central Valley, local de emprego para milhares de imigrantes mexicanos". O realizador, que "queria procurar e ouvir – conhecer o vale antes de começar a fazer imagens", acabou por dar a ver "35 planos de dois minutos e meio", fazendo da paisagem uma "função do tempo". Uma voz no deserto [2003], filme inédito de Chantal Akerman [Sábado, 17 Dezembro, 21h30] prossegue um trabalho iniciado pela autora em From the Other Side, criando uma obra meditativa e hipnótica. Diz João Nisa, que apresentará a sessão, na qualidade de investigador da ESAD que trabalha sobre os "actuais modos de cruzamento entre as artes plásticas e o cinema, procurando analisá-los a partir da sua relação com diferentes aspectos e momentos da história das formas cinematográficas", que Une voix dans le désert, "na sua aparente simplicidade, assume um carácter exemplar relativamente à forma como as instalações concebidas por Akerman se relacionam com a sua obra cinematográfica propriamente dita, prolongando alguns dos seus aspectos essenciais, ao mesmo tempo que abrem todo um conjunto de novas possibilidades".
Ler uma entrevista com James Benning, Talking about seeing
Ler sobre a retrospectiva de Chantal Akerman no Centre Georges Pompidou
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