domingo, dezembro 26, 2004

Alfie



O novo filme com Jude Law é uma desilusão. Assim, sem mais. Não é que fosse de esperar grande coisa de um filme misógino e preso a valores que faziam sentido nos tempos da revolução sexual. Ainda assim, contava com uma observação do papel do homem em tempos de (crê-se) igualdade sexual. Talvez seja pedir demasiado para um remake pop feito à medida do carisma de Jude Law e sem a capacidade de dar mais do que um repisar dos clichés acerca dos homens e das mulheres que os rodeiam; esses pecados que servem para testar a capacidade do homem se tornar melhor.

Alfie (um Jude Law insuportavelmente cabotino e incapaz de sair do cartoon) envolve-se com as mulheres à velocidade de um fósforo e deixa-as ainda mais depressa. Predador, ambicioso, desapaixonado... cumpre todos os requisitos para ser apanhado de surpresa pelo amor. E, inevitavelmente, é. Para além disso é afectado por uma disfunção eréctil, engravida a namorada do melhor amigo, comete erros demasiado óbvios e resolve procurar acertar. Ou seja, não traz nada de novo nem sequer uma variação sobre o mesmo assunto.

O filme vive num misto de Sex and the city com Bridget Jones, feito por quem claramente acredita que as relações entre homens e mulheres se devem basear numa luta constante... e uma luta sem consequências. Alfie vive numa cidade ilusão, com cartazes cheios de mensagens sedutoras espalhados pelas fachadas dos prédios (no que poderia proporcionar várias leituras, até do ponto de vista sociológico, mas que é só cartoonesco), com personagens pouco profundas e espaços sem vida. Ou pelo menos, vida com a qual se possa estabelecer uma aproximação. Ou seja, não é minimamente real, nem sequer para dar a ler uma caricatura. Alfie não funicona a nenhum nível, aborrece, constrange e dá vontade de queimar soutiens (mesmo que não se seja feminista).

A comunidade gay que estava a ver o filme, envergonhou-se do Jude Law; as mulheres que lá estavam (quase todas acompanhadas de amigas e com mais de 40), encolhiam os ombros como se dissessem "que pena Jude".

E é verdade. É uma pena. Porque Alfie podia ser um belo ensaio sobre o lugar que cada um dos sexos ocupa na roda viva dos relacionamentos.

3 comentários:

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