O problema interno que a Comissão Europeia criou - e, por inerência Durão Barroso silencia e pactua -, não é, por isso de fácil resolução. Se, por um lado o ainda primeiro ministro deveria pugnar pela coerência e afirmar que o seu candidato era António Vitorino - note-se que a primeira vez que se ouviu falar do suposto interesse em Durão Barroso, este dava uma conferência de imprensa a reafirmar o seu apoio ao candidato socialista (sabendo já das negociações debaixo da mesa) -, por outro, e em nome do compromisso que assumiu em Portugal e com os portugueses, devia rejeitá-lo, como fez de forma veemente o primeiro ministro luxemburguês. Se não o fez é porque ambiciona o cargo. Como não o desejar, de facto, para um homem que teve na poliíca externa o seu maior trunfo?
Derrotado nas eleições que levaram à renovação da força do PPE, Durão Barroso tem, assim, uma oportunidade para relançar a sua imagem de líder de sorte e sobrevivente. Sai, assim, pela mó de cima, como se costuma dizer, e deixando um país envolto em problemas. Sai como Guterres não conseguiu sair, e iso é o que ele mais teme. Se as eleições fosse agora - e nunca esta frase fez tanto sentido - o PSD perdia e o PS regressava ao poder.
Não há soluções fáceis e os jogos são tensos. Os eleitores do PSD - e os outros que votaram neste partido, mesmo não sendo seus apoiantes, como eu - pretendiam contribuir para que Portugal saísse do pântano em que os socialistas nos estavam a afundar. Foram dois anos de contenção, aperto e sacrifício. Vai-se embora, então, o homem que nos fez confiar nesta estratégia? E em nome de quê? Não em nome de Portugal com certeza.
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