quinta-feira, dezembro 11, 2003

O Orgasmo ou a tentação da entrega

Entre Buda e Cristo, o Bruno aproxima-se, um passo mais, do prazer como forma de expressão maior do ser humano. Desta feita, o orgasmo e a sua classificação ecuménica.

Fala-nos a Santa Teresa de Ávila, nos seus poemas dedicados, de uma entrega total e sem limites, seja ela saudável ou não; uma entrega a um Deus maior e mais presente, um Deus que a preenche de tal forma que a própria carne que o recebe é indigna de tal força. Teresa de Ávila quer ir mais além, mergulhar no infinito e entregar-se por completo. Não acredita, por isso, que o zénite seja o início da decadência da alma, fruto de um despojamento contrário à ideia original de entrega.

Se os Budistas tiverem razão - e por consequência o Sidharta for uma espécie de metáfora orgásmica - o orgasmo, ou a sua procura, é mais uma viagem ao interior do ser do que propriamente uma procura no outro. Ou seja, o orgasmo é a viagem última do egoísmo, sem que os resultados produzidos para outros sejam alguma vez transmitidos.

Entre uns e outros, o orgasmo - seja ele ascendente ou descendente - é, sobretudo, uma libertação. Pode ocorrer interna ou externamente ao corpo, mas é muito mais psicológico que físico.

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