quinta-feira, dezembro 11, 2003

A Barbara Cartland era uma espécie de travesti vestido de folhos cor de rosa.

Diz o 100nada, a linhas tantas, o que acima uso como título. Vem isto a propósito da Margarida Rebelo Pinto que eu, confesso, li com agrado. Confesso sem grande pudor ou despudor, porque para poder gostar de outras coisas tenho que ler muitas mais. Li os romances, confesso que para croniquetas não tenho paciência. Li-os numa viagem Lisboa-Mafra, um em cada viagem.

Os livros dela são como os filmes de domingo à tarde, que apanhamos a meio e nem nos importamos que sejam maus. Têm uma função: entreter. Não me parece que façam mais que isso. Antes o pragmatismo cor de rosa da Margarida Rebelo Pinto que a teologia do Paulo Coelho. É fraca ela, pois, pois é. E tantos e tantas que aí andam. Ela só se embrulha melhor, nada mais. E isso vende. Antes isso que a biografia do Jardel ou o livro do Fernando Rocha. Ao menos a Margarida Rebelo Pinto leu umas coisas, bate uns clichés, perturba-nos por lermos aquilo sem custo e irrita por se ter colado a uma imagem demasiado fútil. Vai vingar na história da literatura portuguesa? Não.

Antes dela havia a Odette Saint-Maurice, a Raquel Queiroz, a Patrícia Joyce... tantas, tantas e imensas que tiveram direito a uma geração de encanto, talvez duas. Hoje ninguém sabe quem são. Tiveram o valor que tiveram, cumpriram a sua função. Há quem escreva pior que a Margarida Rebelo Pinto. Há quem venda mais que a Margarida Rebelo Pinto. Se ela fosse homem falar-se-ia tanto? Não ouço ninguém queixar-se dos Delfins, dos Santos e Pecadores, do Tiago Rebelo de outros tantos que tais.

Para além de não saber fazer finais, a Margarida Rebelo Pinto não percebeu uma coisa: não são todos os que sobrevivem à exposição mediática e há alguns que se afogam nela. Se ela quiser aprender, que leia o Oscar Wilde.

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