quarta-feira, setembro 10, 2003

Eles e os Portugueses: um país para todos

Faz-me alguma espécie (para usar uma expressão bastante popular) que se usem determinadas expressões para definir entidades abstractas. Se assim for, Portugal divide-se entre os "Eles" - os que controlam, os que têm o poder, os que marcam os preços, os que não nos atendem os telefones, os que nos vigiam, os que estão acima de nós, os que criticamos, os que invejamos, os que maltratamos, os que ignoramos, os que queremos ser, os que não respeitamos, os que... os que... - e os "Portugueses" - os que não podem ser distraídos de questões de fundo, os que os colocam no poder, os que escolhem o que querem ver mas não se satisfazem com o que há para ver, os que votam no Big Brother e levam no coração os concorrentes de todos os reality shows, os que não se deixam enganar, os que sabem para onde vão, os que... os que... - Pergunta: Quem é esta gente toda? Quem são os "Eles" e quem são os "Portugueses"? Será que alternamos nesse papel constantemente ou fazemos parte de uma massa disforme e complexa que aceita que tudo seja para todos: os direitos, os deveres, a cultura, os prazeres... numa espéciue de democracia libertadora que pouco tem de democrático e menos ainda de libertadora?
Lê-se por todo o lado, ouve-se todo o dia, fala-se a toda a hora nestes termos: é este o Portugal em que vivemos?

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