O mais recente espectáculo de Vera Mantero, «Até que deus é destruído pelo extremo exercício da beleza», sobre o qual se publicou crítica aqui, está em cartaz na Culturgest. O Melhor Anjo convida os leitores a deixarem a sua opinião na caixa de comentários deste post ou no post da crítica.
Um excerto do texto publicado: «O que «Até que deus…» mostra é que, na verdade, não há outra forma de captar a atenção – do público, mas também dos criadores e dos pensadores -, senão pelo confronto directo, pelo total abandono da metáfora, pela exposição nua das estruturas do pensamento coreográfico. Tendo-se abandonado já a ideia de que o intérprete é só corpo ao serviço de uma linguagem coreográfica e, consciente da necessidade em discutir como se organiza a presença desse todo num palco – lugar de todas as ilusões, logo, de todos os escapes e subterfúgios -, Vera Mantero oferece-nos a possibilidade de renovação do discurso coreográfico. Fá-lo através de um dispositivo generosamente descarnado – o que vemos é, de facto, o que existe e o que obteremos -, para o qual são convocadas, como numa conversa ébria de fim de noite, todos os assuntos. E neste convite directo ao diálogo, todas as perguntas merecem uma resposta. É possível que se fique com a sensação de que há algo que nos escapa (e não escapa sempre?), que “eles” se divertem mais do que “nós”, que a coesão do grupo, qual tragédia (há neles uma dimensão óbvia de coro grego), lhes será fatal.»
68 comentários:
esta questão de anónimos ou não deixarem a sua opinião sobre espectáculos é gira mas inutil, pois os comentários vão sempre tender a ser demasiado parciais para o bem e para o mal. Ou era sobre todos os espectáculos em cena ou assim não conta muito...
Caro Pedro, mas fique à vontade para comentar sobre qualquer espectáculo. É para isso que serve a caixa de comentários.
Vi ontem o espectáculo, na Culturgest, e com franqueza, acho de uma pobreza franciscana. Bem sei que se pode fazer uma tese de doutoramento sobre o que se passa em palco durante aquela hora e 20 minutos. Mas, em bom português e de forma resumida, aquilo que V. Mantero nos propõe é asqueroso. Dei por mim, pouco depois de uns minutos de sono numa das cadeiras do grande auditório da Culturgest, a pensar: esta gente deve estar a gozar comigo. Eu não acho que a arte se deva limitar a isto ou aquilo, os criadores fazem o que querem, como bem querem, porque isso é que é democracia e isso que é arte, mas só o devem fazer quando são eles que pagam. Ora, não é o caso. V. Mantero tem, entre outros, o apoio do Ministério da Cultura. Não creio, sinceramente, que no momento difícil que o país atravessa, com um governo despótico e uma crise económica gravíssima, que ela ou qq outra artista deva usar dinheiro dos contribuintes para fazer coisas que falam sobre o nada, que são experiências laboratoriais, muito interessantes para outros artistas do género, mas nada estimulantes para o espectador comum, que é aquilo que eu sou e aquilo que são as pessoas que vão à Culturgest.
A linguagem do espectáculo é demasiado vaga. Não se aprende nada, não há emoção nenhuma, há somente tédio.
Eu gostava, porque me cansa ver este tipo de artistas viverem à custa do Estado e, ainda por cima, fazerem apenas duas ou três apresentações em Portugal e, ainda por cima, estrearem o espectáculo fora de Portugal, eu gostava que se deixassem de palhaçadas e fizessem qualquer coisa inteligível, que não exija teses de doutoramento para se entender, coisas que não exijam que tenhamos de andar por aqui e por ali a tentar ver se percebemos o que os artistas fazem, a tentar ver onde é que há subtileza disto ou daquilo. Não clamo por arte imediatista, género novela da TVI. Não sou maniqueísta a esse ponto e gostava que quem lê este comentário tb não fosse. Mas um pouco mais de dignidade, de inteligibilidade, de sensatez, de pés no chão não faria mal a ninguém, nem mesmo à v. Mantero.
caro anónimo,
concordo com grande parte do que disse aqui. Cá gosta-se da pseudo arte. cospe-se para o chão e diz-se três palavras avulsas e isso é alvo de tese para doutoramento. Quem não percebe não diz nada com medo de ser burro. por isso obrigado por postar aqui o seu comentário pois já não sou o único que me sinto parvo. A semana passada no guggenheim de Bilbao assistia numa sala gigante a umas dezenas de pessoas especadas a olhar para um destroço da segunda grande guerra. perguntei humildemente a um senhor com ar intelectual o que é que isto representava porque olhava ele com um ar tão interessado para um resto de avião. Ele respondeu que era o que era suposto fazer-se num museu. A discussão alargou-se a outras visitantes e começou a fazer-se em inglês e chegámos todos à conclusão que aquilo era uma bela merda, deixando esse comentário conjunto nos papelinhos para comentários. Faz falta em vez das palmas umas pateadas e uns assobios. Talvez assim os "génios criativos" da arte contemporânea percebam que fazem um trabalho que não é nada. será talvez uma punheta assistida. (perdoem o termo)
Eu não devo ter visto o mesmo espectáculo que vocês. Ou então sou muito estupido e não percebo nada. Mas para mim as coisas valem o que são e não o que queremos dizer com elas. Se o som de uma serra eléctrica representar a coisa mais interessante do mundo, eu continuo a achar esse som insuportável e, como tal, não gosto.
Só como coisas que me sabem mal se elas me fizerem bem à saúde... o que não é o caso deste espectáculo que não percebo porque é que se faz, para quê?...
Há gostos para tudo mas uma minuscula elite monopolizar a opinião dos poucos criticos de arte e ficar na "moda" uns tempos é algo que acho provinciano e pequenino.
Não gostei pela mesma razão que posso ou não gostar do jantar que a Vera fez ontem à noite. E gostos são a única coisa que se discute.
Peço desculpa mas os gostos discutem-se. E educam-se.
Não defendendo o espectáculo, nem menosprezando o mesmo, só queria dizer que me espanta a falta de abertura e capacidade do público para entender o discurso artístico. E o refúgio no "não entendi, logo isto é dinheiro meu mal gasto e fico ofendido enquanto contribuinte". Não vejo este tipo de atitude em relação ao nosso governo! Ninguém reclama desta forma o que estão a fazer com o dinheiro dos "contribuintes" fora das artes!? Sim, há os professores, os enfermeiros... Mas aí a luta é diferente.
Que raio de país!
joão said: E gostos são a única coisa que se discute.
andré said: Peço desculpa mas os gostos discutem-se.
ENTENDAM-SE. Estão os dois a dizer o mesmo...
só que um fala do que gosta ou não e o outro responde com contribuintes e políticas do governo???...
É por estas e por outras que o público não entende os espectáculos que vê. A primeira função de uma obra de arte é, a meu ver, a comunicação. Se não comunicas não alcansas o outro e nem nos posts vocês conseguem comunicar...
ao que me parece existem infinitas formas de comunicaçao, em arte nao é diferente.
é triste que existam tantos neo-fascistas no mundo, inrustidos ou nao.
Zé: a minha redondância era dirigida aos comentários anónimos anteriores que falam na questão do gosto.
neo-fascistas??? É pá isto está a aquecer. E a ideia era apenas comentar um espectáculo. Porque é que existe tanta dificuldade em ouvir opiniões e críticas sem responder com insulto. Discutindo gostos pergunto porque é que esta questão da arte gera sempre tantos conflitos? Se eu gosto ou não de algo e outra pessoa gosta do cntrário, deveria ser motivo de troca de argumentos e não de insultos. Na Dinamarca, uns anos atrás, num encontro de artes performativas de estéticas completamente distintas, depois de cada espectáculo todas as companhias participantes faziam críticas ao espectáculo. Quer tivessem gostado ou não. E curiosamente aquelas que os grupos mais gostavam de ouvir eram as que apontavam defeitos e não qualidades porque isso os fazia evoluir. Como os velhos provérbios taoistas que dizem que uma plantação de trigo que não enfrente o vento, a chuva, o sol e frio vai ser muito melhor do que a que não tenha cotrariedades.
Aprendam com quem pensa diferente de vocês pois quem pensa igual é apenas eco.
10 comentários e ainda ninguém falou do Fragateiro?
OH!!!
Num espectáculo de teatro ou de dança ou seja lá que for, há uma coisa que sempre me deixa indiferente: se percebi ou não. Aliás, nem imagino o que seja perceber um espectáculo, mas há gostos para tudo, por isso respeito quem se interesse pelo assunto. E falando de gostos, também desconfio muito de sentimentos de “gosto e não gosto” em relação à arte e à saúde. Quando era puto, o óleo de fígado de bacalhau era tomado à colher: ainda não vendiam daquilo em cápsulas. Dificilmente alguém poderia gostar daquela merda, mas nem por isso era menos bom para o crescimento. Independentemente de perceber – seja lá isso o que for – ou de gostar – se gostar, gostei; se não gostar, paciência – peço a um espectáculo que me surpreenda, que me leve, que me traga, que me suje, que me limpe, que me anime, que me desanime, que qualquer coisa, mas, por favor, que não me encha de tédio. Todavia, tédio é a palavra que melhor resume as minhas emoções durante o dito “até que Deus é destruído pelo extremo exercício da beleza”.
E não só tédio, como muita frustração. Já anteriormente tinha visto na mesma Culturgest, e também no CCB, trabalhos da Vera Mantero. Por essa experiência, esperava tudo menos ser-me servida uma tão generosa dose de fastio. Recordo um trabalho – embora não o nome, que a memória é fraca, e quem quiser que vá ao google – em que VM aparecia, quase na obscuridade, quase sem se mexer, quase nua, sobre uns pés de bode, retorcendo-se em frases e gestos irremediavelmente incompletos com o fito de definir algo que nunca conseguia ou conseguiria alguma vez definir. Mesmo sem nome na memória, mesmo não tendo quase nada lá dentro, tenha eu 185 anos e ainda me hei-de lembrar daquela dança, se é que dança foi, feita com a força imensa que só pode nascer nas coisas mínimas.
Também não sei se este “...Deus é destruído...” é ou não dança. Será mínimo talvez, mas o ser mínimo não é de per si garantia de virtude. Seja lá o que for, é sobretudo chato. Desculpem-me insistir, mas é chato, chato, chato, e mais chato. Chato até ter adormecido a meio, e acordado, e adormecido, e acordado outra vez, e olhar para o relógio, e nunca mais é sábado. Talvez que cinco actores dotados, em lugar de cinco bailarinos decapitados – eu sei que até havia uma miúda que levava um chapéu de bruxa, todo giro, na cabeça, mas ninguém me convence que eles não entraram em palco só após terem passado por uma guilhotina qualquer – cinco actores dotados, dizia, pudessem trazer outra animação àquele texto parecido com um disco riscado, a invocar com mérito raso Herberto Hélder. Porém, suspeito que ainda que esforçado, profissional e bem desempenhado, mesmo com bons comediantes continuaria a ser um espectáculo de teatro fracalhudo. Quando muito, menos espectadores teriam adormecido…
Bom. Não estou a ser inteiramente justo. Houve um ponto em que o “…extremo exercício de beleza” me conseguiu irritar, infelizmente não por bons motivos: o ter sido quase integralmente debitado em inglês. Olho para a ficha do espectáculo e só vejo entidades francesas e portuguesas na produção. Porquê então em inglês? Claro que me podem dizer que o elenco era transnacional, blá-blá-blá, mas lá que fiquei com um odor a pretensiosismo a rondar-me o nariz, fiquei. Ele já foi o latim, já foi o francês, agora é o inglês. O espanhol dever estar para breve… Por mim, já comecei com as aulas de catalão. E se me chateiam muito, inscrevo-me no romeno.
Todavia, agora que já malhei no “Até que…”, é preciso que se diga que a sua criadora tem o pleno direito, e sobretudo o pleno dever de falhar. Quem experimenta e nunca falha, ou devia mas era a andar a jogar no euromilhões, ou então é um charlatão. E sortudos e charlatães é que, de todo, não precisam, ou não merecem, subsídios. E como quem não falha, não desenvolve, antes pelo contrário, estou convencido que o verso “até que Deus é destruído pelo extremo exercício da beleza” se há-de cumprir num próximo trabalho de VM. E eu conto estar lá para ver.
nao me interessa os gostos, nao defendo a obra, nem gostei de verdade, o que me deixa triste (e isto nao me deixa esquecer o fascismo) é a visao estreita, e estupidificante, que afirma que aquele "valioso dinheirinho" deveria ser investido em outras coisas "mais importantes". caro senhor, procure ver qual é a porcentagem do dinheiro publico investida em arte antes de falar asneiras.
paulu: a obra chama-se "uma estranha coisa disse e. e. cummings" e é precisamente citada e linkada na minha crítica.
a todos: por favor continuem, é um diálogo super enriquecedor. dos melhores que este blog já teve.
Caro João:
Essa do provérbio taoísta é bonita mas então nós portugueses devemos ser os melhores pois contrariedades não faltam por cá. Concordo plenamente que se deve manifestar o desagrado por um espectáculo, apesar de eu nem sempre o conseguir fazer. Quando alguém, que entra num espectáculo que não gostei, me pergunta -"gostate?" normalmente não consigo dizer a verdade. É provavelmente o que nos diferencia dos dinamarqueses ou dos espanhois aqui citados. Cá diz-se mal nas costas ou protejidos pelo anonimato da net.
Caro Paulu:
Perceber é adquirir conhecimento de, por meio dos sentidos. Ou seja, se eu lhe der um beliscão, você irá perceber que algo o aleijou, mesmo que não entenda, que não compreenda quem foi, porque foi, ou como foi. Logo pode-se perceber sem entender intelectualmente. Concordo consigo em como a criadora tem o pleno direito e dever de falhar. Experimentar é isso e todos aprendemos com os erros. Resta saber se os criadores admitem que falharam e se aprendem algo com isso...
Caro underskin:
Concordo que a questão do dinheirinho mal empregue é algo que cheira a burgesso: (do Inglês burgess: homem gordo e muito grosseiro; sem distinção; de maneiras rudes; ignorante.)
No entanto a sua reacção exaltada e agressiva é quase panfletária o que me parece só dar importância a algo que não a tem. Ainda acerca das infinitas formas de comunicação; se o sr underskin me falar numa lingua que inventou sem me dar referências ou códigos eu não vou entender o que me quer dizer. posso entender outras coisas mas não o que o sr me está a querer dizer. Se não me quizer dizer nada e apenas quiser que eu entenda o que bem entender, então eu posso bem entender a mesma coisa ouvindo, vendo ou pensando algo que não tem nada a ver com o que me disse.
Caro Tiago,
Também concordo consigo em relação ao super enriquecedor desta discussão, mas espero que não seja apenas um diálogo.
Parabéns pelo Blog
Meus Caros (cara André, em particular):
Estou-me cagando para se percebi o que a Vera Mantero fez ou não (sou o anónimo que deixou aqui o terceiro post a contar de cima, e de anónimo não tenciono passar, porque já tenho chatices na vida que cheguem...).
O que está em causa não é se percebi o que ela fez. Nem é por não ter percebido (porque, por acaso até nem percebi) que ponho em causa o financiamento estatal ao espectáculo dela.
A merda, sim, a merda, que a Vera Mantero levou à Culturgest é pseudo intelectual, pseudo arte, pseudo avant garde.
Não percbi, mas, pior que isso, não senti nada, não aprendi nada, não trouxe nada de novo em mim. Ora, desculpar-me-ão os paladinos da democracia: se a arte não se entende, não faz sentir nada, não ensina nada, não traz nada de novo e, por cima, ainda é paga por um país pouco mais que pobre, para que serve então? Para nada, pois claro.
O show off da Vera Mantero na Culturgest não serve para nada e desconfio que ela sabe disso.
Já agora, acrescento, porque, infelizmente, já me exalta esta conversa: por favor, desçam à terra! de que serve alimentar o espírito e a alma ou como se lhe queira chamar se anda gente sem subsídio de desemprego há meses, se há meio milhão de gente que não trabalha, se o governo que temos é pouco menos que fascista, se já vivemos os tempos de uma proletarização dócil do terciário?
A senhora Mantero podia meter a viola no saco. Quer falar inglês e dizer merdas, merdas absolutas, sem sentido nenhum, durante 1h20 e depois chamar a isso performance então que faça um empréstimo bancário.
Há uns meninos e umas meninas neste país, que são todas e todas de Lisboa ou por Lisboa se movimentam que não têm a mínima noção do que é o país, do que são as pessoas do país. Acham que a vida é tomar café no Chiado às seis da tarde e ir ao Frágil e ao Lux arranjar foda. E, claro, para dar o ar, ir à Culturgest ver filhices da puta e dizer que é giro porque é fashion. Bardamerda!
Caro Sr anónimo,
Parece que o senhor foi obrigado a ver o espectáculo da Vera M.
Eu também achei o espectáculo uma merda e isso não me faz destilar ódio por todo o lado. Sem ser especialista na matéria aconselhava-o a ir ao médico ou então fazer desporto ou yoga. O seu discurso revela uma frustração imensa e uma incapacidade de abertura e evolução. Aquela K7 da monopolização da cultura pelo lobby lisboeta é peça de museu. Faz lembrar o Jardim da Madeira. Desça o senhor à terra e verifique que no nosso país as duas maiores cidades estão separadas por uns miseros 300Km. Estes 300Km em países maiores tornam-se 30 aqui.Mas isso não deveria ser proporcional às mentalidades... mas pelos vistos nalguns casos é.
Setirmo-nos provincianos num país tão pequeno e com tão facil acesso às novas técnologias parece-me desajustado e caduco. Viaje, leia e arranje um parceiro sexual. Talvez a sua mente deixe de abranjer apenas 30 Km2.
Caro Tiago,
O problema dos anónimos é este. Vêm para insultar e sujar a discussão...
bom, parece-me que o espectaculo nao é assim tao irrelevante ou entediante se suscita estes comentarios. mesmo que alguns pequem por um primarismo, a bem da verdade, os espectaculos, sejam mais ou menos intelectuais (significa isto que ha outros que saio feitos sem intelecto, onde se juntam pontos e se pintyam espaços com cores indicadas por numeros), sao para todos. se eu acho que nao é preciso ter-se uma tese de doutoramento para perceber o espectacuo da VM, tambem acho que nao o querer perceber é uma demissao grave da nossa responsabilidade de espectadores, logo, de alguem que deve dialogar com as obras. nao sei em que é que uma obra como Até que deus ganha em ver-se discutida atraves de rentabilizacao financeira, mas enfim, é um argumento. ja dizia o David Lodge, a arte por amor à arte, mas o dinheiro por amor de deus. Assim, talvez fosse bom que se disesse, e isto sem cair em defesa do espectaculo ou da criadora, que se ha financiamentos do estrangeiro em maior parte que os financiamentos poprtugueses é pq, de facto, mesmo que os programadores n gostem, em alguns paises arrisca-se, para que a arte nao seja sempre imediata, perceptivel, comezinah, pequenina, reflexo da sociedade, espelho inutil do que se ve, papael para forrar caixote do lixo. coisa que convenhamos, detratores ou amantes do espectaculo, Atè que deus esta longe de ser.
By the way, ontem estreou em Paris uma nova peça do Thomas Hauert que é uma especie de reverso do espectaculo da VM. A ver se publico a critico hoje ou amanha.
E continuem...
Meus caros,
se a anonimidade da net é permitida e o moderador destes comentários a permite, agradecia que não fossem buscá-la para por em causa a minha argumentação. E agradecia, de caminho, que não se diminuisse a argumentação de quem quer que seja incitando à actividade sexual ou a viagens cosmopolitas cheias de fashion sense. Por aí, não vou, nem isso tem nada que ver com o espectáculo da V. Mantero.
O que tenho querido dizer, mais ou menos exaltadamente, é isto é somente isto:
1) não gostei do espectáculo, porque não há nele nada que me faça gostar dele. Admito, como admiti no primeiro post que escrevi, que como experiência laboratorial para gente do ofício posso, possa, sublinho, ser interessante.
2) não é por não ter gostado deste show em particular que defendo que o Estado não deve dar dinheiro a artistas. O Estado não deve dar dinheiro a artistas, ponto final. Sejam eles quem forem, façam eles o que fizerem. Concebo, apenas e só, que o Estado administre salas e facilite o acesso a meios de produção (a videoteca de lisboa é bom exemplo: dá câmaras e tripés e computadores para quem quiser fazer documentários, mas não passa notas para a mão de ninguém).
3) nunca me demiti, como sugere o autor deste blog, da responsabilidade de espectador. nem dessa nem da de cidadão. só que a de cidadão vem antes da de espectador. se vou ver uma coisa, vou vê-la, não me vou passear. vou vê-la e apreciá-la e depois formulo opinião e levo do que vou ver qualquer coisa em mim. se não levo, não me serve. se não me serve, não presta. quando peço pés na terra é disso que falo: sejamos objectivos, deixemos a filosofia para os filósofos. ou é ou não é. também pode ser mais ou menos, sim. Mas lucubrações, só porque temos mais horas de avião do que outros ou mais dinheiro dos contribuintes na conta não.
4) a ideia de que defendi que há "monopolização da cultura pelo lobby lisboeta" é abuso de interpretação. não defendi disso, defendi que o etnocentrismo ou, no caso, o "lisboetocentrismo" ou "capitalocentrismo" faz as pessoas, algumas, embrutecerem, tal o desejo de viverem uma realidade urbana completamente fabricada, que não é deste mundo, mas de um mundo de identidades pós-modernas, prontas a preencher.
5) vivo em lisboa e adoro a cidade.
tenho dito.
caro zé,
concordo em grande parte com o que dizes, faço o mea culpa e vamos em frente.
o que quis dizer com "infinitas formas de comunicaçao", é porque (do meu ponto de vista) é bastante obvio que existam varias formas de se perceber um espetaculo, uma experiência ou qualquer acontecimento, contudo nunca afirmei e nao acredito que a comunicaçao sempre se efetue, sei que existem desvios, ruidos ou até falta de sensibilidade que podem ajudar ou atrapalhar a compreensao, o dialogo entre partes.
bom, sou avesso ao pensamento pequeno burgesso defendido pelo sr. anonimo, de que precisa de uma moral ao fim de cada peça. parece que ele vai a culturgest e deseja sair de la com a "barriga cheia de cultura", engrandecido, gordo.
arte, nao é auto-ajuda. e me cheira muito suspeito que um sujeito tao desesperadamente necessitado de uma arte que o salve, de uma moral no fim do filme, tao consciente dos problemas da naçao, tao politizado, tao tao tao, que no fim das contas nao vê que a arte (assim como a educaçao, medicina, esgotos e bla, bla, bla), é necessaria e capaz de transformar uma realidade noutra. ao pensar assim garanto que tenho os dois pés no chao, nao vivo de brisa e também sinto o cheiro da miséria.
saudaçoes a todos
Ao ler todos os comentários tomei a liberdade de fazer copy /paste de algumas partes:
“Cá gosta-se da pseudo arte. cospe-se para o chão e diz-se três palavras avulsas e isso é alvo de tese para doutoramento. Quem não percebe não diz nada com medo de ser burro. (...) Faz falta em vez das palmas umas pateadas e uns assobios. Talvez assim os "génios criativos" da arte contemporânea percebam que fazem um trabalho que não é nada.”
“Há gostos para tudo mas uma minúscula elite monopolizar a opinião dos poucos críticos de arte e ficar na "moda" uns tempos é algo que acho provinciano e pequenino.
Não gostei pela mesma razão que posso ou não gostar do jantar que a Vera fez ontem à noite. E gostos são a única coisa que se discute. “
“Peço desculpa mas os gostos discutem-se. E educam-se.”
“A primeira função de uma obra de arte é, a meu ver, a comunicação.”
“Porque é que existe tanta dificuldade em ouvir opiniões e críticas sem responder com insultos? Discutindo gostos pergunto porque é que esta questão da arte gera sempre tantos conflitos?”
“Num espectáculo de teatro ou de dança ou seja lá que for, há uma coisa que sempre me deixa indiferente: se percebi ou não. Aliás, nem imagino o que seja perceber um espectáculo, (...) é preciso que se diga que a sua criadora tem o pleno direito, e sobretudo o pleno dever de falhar”
“Resta saber se os criadores admitem que falharam e se aprendem algo com isso...”
“Quando alguém, que entra num espectáculo que não gostei, me pergunta -"gostate?" normalmente não consigo dizer a verdade.”
“Se não me quiser dizer nada e apenas quiser que eu entenda o que bem entender, então eu posso bem entender a mesma coisa ouvindo, vendo ou pensando algo que não tem nada a ver com o que me disse.”
“parece-me que o espectaculo nao é assim tao irrelevante ou entediante se suscita estes comentarios (...) mesmo que os programadores n gostem, em alguns paises arrisca-se, para que a arte nao seja sempre imediata, perceptivel, come.zinah, pequenina, reflexo da sociedade, espelho inutil do que se ve,”
Parece que o mais interessante que foi dito não foi em relação ao espectáculo que era previsível que fosse ou ferozmente atacado ou vorazmente defendido. O melhor que se passou aqui foi a discussão dos gostos, das opções estéticas e da variedade criativa que deixa bem claro que não existe um público, mas sim públicos . Deixa também claro que Portugal e Lisboa são demasiadamente pequenos para alguma oferta “alternativa” (odeio esta palavra mas serve para tudo) que noutros países e cidades maiores vai proliferando e adquirindo o seu público.
Sou co-fundador de uma companhia de teatro com 10 anos, residente em Lisboa que é também a companhia portuguesa que faz mais itinerância nacional e internacional. Este ano tivemos mais de vinte internacionalizações com prémios em festivais e nenhum dos senhores que postou comentários deve saber a que companhia me refiro e não viu com certeza nenhum dos nossos espectáculos.
Nos últimos 10 anos participámos em muitos festivais internacionais o que me abriu muito os horizontes, no sentido de poder abranger estéticas completamente diferentes numa mesma programação. É muito enriquecedor partilhar ideias com quem tem opiniões e tendências muito diferentes das nossas e é também um factor de crescimento vermos todo o tipo de espectáculos, mesmo os que não gostamos.
Concluindo, sugiro que a discussão se abra a questões mais fundamentais como a variedade estética, os estudos de público, os critérios de programação e de escolha de repertório, a evolução do conceito de experimental, a realidade artística fora de Lisboa e Porto, etc.... No fundo é o que parece que se quer passar aqui com o pretexto de comentar um espectáculo que, ainda por cima, não vi.
O título correcto do espectáculo que aqui alguém referenciou é: "uma misteriosa Coisa, disse o e e cummings". E não deixa de ser curioso pensar no contraste entre a frontalidade e coragem de Vera Mantero & Guests, ao exporem publicamente o seu trabalho, com a pusilanimidade deste(s) quanto(s) anónimo(s) ou semi-anónimo(s) que se masturbam destilando argumentos boçais que são incapazes de defender mostrando a cara (e, em abono da verdade, de exprimir sem erros ortográficos). Para mim o ponto alto da discussão foi alcançado com a categórica afirmação, anónima, "se não me serve, não presta". Porque sinaliza esta patologia comum entre os pouco-pensantes: todas as coisas devem ser talhadas à minha medida, à medida do meu entendimento do mundo, da minha capacidade para o ler e mediar. Se não, não prestam. E está assim arrumada a complexidade das coisas. Para anónimos, consideram-se sem dúvida muito importantes.
A Dra das Artes Cénicas é que é muito importante. Tem conhecimento académico e dá muito valor aos erros ortográficos em posts de blogs. Não tem concerteza é talento para artista e por isso estuda muito a ver se disfarça. O que não lhe ensinaram foi que em cima das tábuas se aprendem coisas que mil teses de doutoramento não ensinam. O conhecimento teórico sem o empírico não serve para nada.
Rui: este post destinava-se a reacções. Foi isso que por aqui começou a passar, até o nível se desviar. Não vejo mal em discutirmos (bem ou mal educadamente) as reacções a um espectáculo. Este post, e as suas reacções não falam por um todo. Eu, pessoalmente, prefiro não comentar o espectáculo depois do que já li aqui. Fí-lo no local, com muita gente e não tenho problemas em construir uma opinião e expressá-la fora deste blog e do meu. Não sei quem o senhor é. Não quer dizer, tudo bem. Se calhar até já vi espectáculos seus. E acho óptimo as vossas internacionalizações e os prémios, a sério.
No meu blog costumo "opinar" muito sobre o gostei-e-não-gostei. E enquanto criador faço muitos ensaios abertos das minhas coisas. Por isso não é a opinião que me perturba. O que me perturba já o disse em cima. E não me vou repetir.
Caro André,
Estamos quites pois também não sei quem é, nem nunca vi espectáculos seus. Tenho a vantagem de poder ter ido ao seu blog e saber um pouco mais sobre si.
Falei da itinerância e dos prémios não por gabarolice mas porque não sou própriamente novato nisto e é estranho que os criadores em Portugal se conheçam tão mal uns aos outros e estejam tão fechados no seu pequeno núcleo de colegas e amigos, originando pequenos casulos que não se misturam, não se fundem. Eu sou apologista da mistura, da fusão. Se cruzarmos só elementos da mesma familia vamos originar uma espécie cada vez mais defeituosa.
Em relação às reacções, elas são sempre bem vindas, mas deu-me a sensação de que os comentários eram de acção e não de reacção, tirando os do contra, que como a palavra indica, reagem, respondem, atacam. Depois há os que reagem à reacção, que são os re-reaccionários, e depois podem vir os re-re-reaccionários e por aí fora como uma bola de neve que não leva a nada. Houve no entanto comentários (não ao espectáculo mas aos comentários) que me parecerem agir numa direcção concreta de reflexão de várias questões inerentes às artes e à cultura em geral.
Por isso proponho Acções em vez de Reacções.
Caro Rui,
Não subestimes os visitantes deste blog pois tu, pelos vistos, és um deles.
Claro que sei quem és e sei por onde tens trabalhado. Sei até que a tua mãe era actriz e que cresceste no Teatro (revista nº 16 dos Artistas Unidos). A última vez que te vi fazias de Deus no "Grande Criador". Vou também sabendo das itinerâncias e dos prémios pois leio jornais e as newsletters do IA.
Como vês não é preciso ser Deus para saber quem tu és.
E agora, quem sou eu?
Caro Zé,
Não vou jogar consigo ao gato e ao rato num blog alheio. Referenciei apenas que uma companhia que tem tanto reconhecimento lá fora, é quase desconhecida em Lisboa. Não foi um jogo do adivinha quem sou, até porque isto desviou a conversa do essencial.
Caro Tiago,
proponho que lance temas de debate no seu blog.
Meus Caros,
Porque a conversa já vai adiantada, permitam-me que ponha fim aos dislates segundo os quais o facto de eu assinar comentários anónimos sobre o show da Vera Mantero retira seriedade ou razão ao que digo. Assino, por isso, este comentário. Pode ser que se calem com a história da anonimidade (parece que a net permite que andemos nela anónimos e o autor do blog também não se importa de publica anónimos). Aliás, suponho que o autor do blog saberá quem sou, pois que os contadores de visitas dos blogs detectam os rastos...
Os únicos posts de que sou autor são os publicados com as seguintes horas:
3:36 PM
1:03 PM
1:10 PM
3:05 PM
Todos os outros, anónimos, não são meus.
Mónica Guerreiro (que não sei quem é) reagiu a um post meu dizendo que me considero muito importante, pouco-pensante e que escrevo com erros ortográficos.
Saiba que não costumo cometer erros ortográficos (talvez os tenha cometido aqui por escrever depressa) e que, mesmo que os cometesse, sendo isso sintoma de iliteracia,em nada a minha opinião se desvalorizaria. Ou será que só conta a opinião de quem sabe ler e escrever bem? Nesse caso, que dirá Mónica dos eleitores analfabetos? Tiremos-lhes o cartão de eleitor?
Saiba, enfim, ela e todos os que, na mesma linha, consideram as minhas opiniões burguesas, brutas ou inadequadas que me estou cagando para tamanhos disparates. Costumo, precisamente, ser acusado do contrário. Por quem me conhece bem. Já agora, lembro aquele belíssimo poema do Cesariny que diz que "burgueses somos nós todos ou ainda menos".
Repito o que disse: se uma manifestação artística não me serve, não presta. Não presta para mim, evidentemente. Não me queiram tirar a liberdade de decidir o que me serve ou não. Uso nisso os meus próprios critérios. Subjectivos, pois. Isto é como namorar com alguém: a gente pergunta-se: será que esta pessoa serve para mim (e vice-versa)? Se sim, avançamos. Se não, não presta e não avançamos. É muito simples.
Foi po isso que disse e mantenho: o show da Vera Mantero é asqueroso, não faz sentido nenhum, representa gasto de tempo (para mim como espectador, pelo menos) e de dinheiro (o do Isntituto das Artes, que é dos contribuintes).
Era aliás este o ponto da discussão: se deve ou não haver dinheiros públicos na arte (recordo que fui a segunda pessoa a comentar o post do autor do blog). Houve desvio da conversa para outro tema: o de se saber o que é arte, o que são os gostos, etc. Só que isso é filosofia. E isso não me interessa. Não tenho nada que ver com o pensamento filosófico da Vera Mantero ou com as leituras filosóficas que as pessoas fazem das coisas dela. A não ser, claro, quando ela usa dinheiro meu. Ela e não só ela. Não quero neste particular ser injusto.
Por fim, gostaria de chamar a atenção para o comentário de António Pinho Vargas, que ouvi hoje num programa da RTP (o da Paula Moura Pinheiro), a bordo de um comboio Alfa (acho que era uma repetição, não sei): o artista pode até sentir-se num limbo, a pairar sobre a vida, muita acima das outras pessoas. Mas só no momento da criação. Depois, quando o trabalho artístico está terminado e é apresentado ele tem que deixar esse pedestal e ser responsável. O artista tem responsabilidades na comunidade.
Foi mais ou menos isto o que ele disse.
Não sei se o Pinho Vargas gostaria de se ver citado no meio desta discussão. Ainda asim, aí fica.
Parece que não sou o único a achar que a arte se for só estética e lucubração não é arte.
Bruno Horta
O Bruno é Brasileiro? está no Brasil?
mas....
tanta coisa por causa do dinheiro dos contribuintes....não saberão vocês que a maior parte do dinheiro para fazer estes espectáculos, Mantero, Fiadeiro, Guedes, vem de co-produções? Muitas delas internacionais? outras nacionais ( culturgest etc )?
acham que os espectáculos se fazem com o tão falado dinheiro dos contribuintes? Santa ignorância...
Falar do que não se sabe
mas só uma pessoa é que falou do dinheiro dos contribuintes?...
Falar do que não se sabe é mau, mas não se saber o que é só ler é que eu chamaria de santa ignorância...
- Ao anónimo das 4:11 PM:
Não sou brasileiro. Não estou no Brasil. Sou português. Não creio que seja correcto zombar do português do Brasil ou pretender que o português europeu é padrão. Não detecto brasileirismos na minha escrita.
- Ao anónimo das 6:00 PM:
Não sei do que estou a falar? Tenho à frente o opúsculo do show da Vera Mantero e encontro isto na ficha técnica:
"Produção executiva: O Rumo do Fumo
(...)
O Rumo do Fumo é apoiado pelo Ministério da Cultura/Instituto das Artes"
Desminta quem possa.
Bruno Horta
Já agora, acrescento: cuida o anónimo das 6:00 PM que a Caixa Geral de Depósitos, proprietária da Culturgest, é um banco privado? Pois não é.
De acordo. Vamos falar dos subsidios. Acham bem espectáculos para um só espectador?
Não se trata de quantificar quanto custa cada espectador, pois ninguém sabe se esse um que viu o espectáculo não mude a vida depois de o ver e comece a produzir riqueza depois de se aperceber como se deita dinheiro fora tão facilmente. Ou como se esbanja dinheiro na manutenção das entidades tuteladas pelo MC. Acho que para bem do futuro dos subsidios se deveria discutir isto tb.
Olá amigos ferozes,
Sou uma fiel apreciadora dos êxitos e fracassos da Vera, são histórias de vida de espectáculo e de pensamento teórico+empírico que enriquecem a minha vida e de muita gente na Europa (Portugal como legitimo recebedor de subsídios europeus tem mais é que financiar mais-valias artísticas que nos dêem um prestígio diferente do do futebol, perante os nossos pares. A Arte tb tem um função económica!). As experiências da Vera são de uma honestidade comovente, por isso é que tb falham, evoluem e se repercurtem em discussões sérias sobre existência e invenção de possíveis. A minha geração é benefeciária dessas discussões, como o vão ser as gerações futuras, mesmo que isso só dependa de mim. Não interessa só o público do bairro, interessa o global, as consequências e o futuro. Acho que este espectáculo em especial, tem muito por onde evoluir, mas já representa uma promessa de solidez que faz lembrar "Uma misteriosa coisa...". Qualquer coisa entre um corpo feito de corpos e de polissemias. Claramente a rasar a poesia. Demanda muita paciência e atenção ao pormenor e "mood" para ali virado, mas há quem tenha isso tudo e anseie por espectáculos inesperados. Ainda bem que existem onde eu os possa ver. (se não estivesse em inglês, toda uma geração de apreciadores, p.e. romenos, não o poderia entender, estes espectáculos tb são gravados em DVD e vistos nas escolas).
Sejam sérios nos vossos comentários, não sofram tanto e produzam mais!
Amistosamente e com beijinhos
assino enquanto: mestre em artes, professora e experimentadora empírica com muitos anos de ofício(não me quero meter nas vossas "confusões")
caríssimos comentadores,
é muito interessante o que se está a passar aqui. Pelos vistos fala-se pouco e talvez isso seja uma das causas de se produzir pouco. Pois quando as ideias estão clarificadas a produção é muito mais fluida.
Ao contário da senhora mestre anónima eu acho que sofrer faz bem; sem rancores, sem golpes baixos... Lá dizia o Vinicios "o poeta só é grande se sofrer" e quem não sofre no processo de criação e na defesa do que acredita é porque não está totalmente vivo.
Acho muito salutar esta discussão apesar de mascarada pelo anonimato.
Continuem pois eu não acho que sejam as vossas confusões...
assino eterno aprendiz que também já anda nisto há mais de trinta anos.
"Aprendam com quem pensa diferente de vocês pois quem pensa igual é apenas eco."
cito um tal joão
Desculpe mas discordo...
O problema é que se fala demais, produz-se muito também (ao contrário do que se diz aqui)... mas somos constantemente agredidos com a falta de qualidade, a incompetência, a irresponsabilidade e a arrogância dos nossos artistas.
O problema é, portanto, termos artistas que são a fiel imagem do que somos como sociedade. Um enorme vazio!!!
Temos más ideias, poucas qualificações, dedicamo-nos pouco (julgando que nos dedicamos imenso), não dominamos técnicas, contentamo-nos facilmente com o fracasso e depois culpamos "o público que não tem capacidade para entender o discurso artístico" ou o superior hierárquico... ou quem tenha o dever de nos avaliar.
Subsídios na cultura mal atribuídos? Vera Mantero? Alguém foi ver a última produção do Dançarte a Palmela? Ou o Festival de "Dança" de Almada?
Ninguém? Pois... Eu percebo!
Eu também preferia não ter ido!
Mas recebem uma pipa de massa dos apoios sustentados!!!
Não fui ver a Vera Mantero... Já não tenho paciência!
Ao contrário do que alguém disse aqui... sim... neste momento são os apoios públicos que permitem aos criadores na área da dança apresentarem produções em público. E o mais curioso é que as "estruturas" (ou pessoas porque é disso que se trata) apoiadas vivem tão bem ou tão mal que se dão ao luxo de vender espectáculos por 8 mil euros à ArtemRede (... é verdade!!!) e claro que os teatros não compram porque, para salas vazias, mais vale que não esteja ninguém também no palco e sempre se poupa o pagamento à empregada da limpeza e a conta da luz.
Preferia não dizer nada sobre os apoios à produção artística nas áreas da dança ou transdisciplinar pelo Instituto das Artes, pela Culturgest, pelo CCB, pelas estruturas da EGEAC... e pela Gulbenkian (por muito que se queira fingir de morta).
Se as instituições não precisam de público para justificar a concessão de apoios financeiros do MC, porque raio é que os artistas e programadores se hão-de esforçar??
Nesse aspecto, dou-lhes toda a razão!! Para quê???
Há-de haver uns convites para as estreias para que se possam contar 50 pessoas na plateia ou uma crítica simpática de um amigo que escreve coisas que ninguém lê para um jornal de grande circulação.
E pronto... lá estão os apoios sustentados do IArtes por mais 2 anos:
16 mil contos para Almada... (a última produção quase que me fazia deitar tomates para o palco, tal era o ridículo do conceito, a mediocridade do movimento e a incompetência dos intérpretes)
21 mil contos para a olga roriz continuar a sonhar que é a pina bausch, cuja companhia também não tem estrutura permanente e que lá consegue ainda vender umas coisas ao salaviza, ao s. carlos e ao camões
26 mil contos para o fiadeiro e o guedes (Re.Al) que também foi buscar dinheiro aos pontuais e cuja companhia também não tem estrutura permanente (e que depois apresentam as coisas que fazem na Culturgest... bem pagas, claro)
21 mil contos para a vera mantero cuja companhia também não tem estrutura permanente e idem idem na culturgest
Enfim...
Desculpem-me estar de acordo com o Bruno Horta mas o mínimo que se exige a quem recebe este tipo de apoios é que, caso não consiga ser competente, ao menos que fique em casa!
Ah!!!!
E desafio os apoiantes destes artistas a elencarem, COM RIGOR, os espectáculos de dança contemporânea de estruturas apoiadas a que assistiram nos últimos cinco anos, SEM CONVITE.
Desafio que só não estendo ao autor do blog porque já sei que só vê Fiadeiro, Guedes e Mantero!
Não é?
:-)
E depois vem aqui estimular a discussão e criar público para a Vera!
Não é?
:-)
caro anónimo (último)
Não creio que o autor deste blog tenha estimulado a discussão. Creio aliás que deve estar bastante surpreendido com a dimensão e a quantidade de comentários. Eu acho fantástico que se critique a utilização de dinheiros públicos em determinadas criações desde que se encontrem critérios minimamente lógicos para avaliar o seu desempenho. Mas o critério Fragateiro de quantificar a qualidade pela quantidade de espectadores vai inevitávelmente trazer a TVI para os palcos. O que nenhum dos intervenientes desta discussão deve desejar. É bom não esquecer que temos uns quantos governantes a esfregar as mãos de contentes quando vêem os p´roprios artistas à batatada uns com os outros em relação aos subsidios. Há muito que querem acabar com a subsidiodependência alegando argumentos que aqui já foram defendidos. Também acho horrivel fazerem-se espectáculos punhetas mas é preferivel a só ter a hipotese morangos com açucar. Portanto, e porque não se faz só merda, é melhor não batermos na questão dos dinheiros. Não gostam - digam que é mau, atirem tomates, mas calem-se com a porcaria dos subsidios se não querem comer com comercial daqui em diante.
Pelos vistos o espectáculo da Vera serviu para alguma coisa. Osd dinheiros públicos deram origem a esta discussão. Por vezes quando não gostamos tiramos mais proveito, é mais útil do que quando gostamos...
o espectáculo da Vera serviu, mas ninguém o discutiu ainda para lá do gosto ou não gosto e do pago ou não pago. afinal, e era esse o desafio, não há mas nada para lá da reacção epidérmica?
Resposta ao último anónimo que fez desafios: se ler o blog percebe que o seu argumento de que só vou ver 2 ou 3 criadores cai por terra. mas isso parece-me uma evidência.
Já falaram do Fragateiro. VIVA!!!
Caro Pedro,
Antes de lhe responder gostaria de deixar claro que o dinheiro público, ao contrário do que o neoliberalismo anda a querer vender, é precioso, não é para esbanjar,é dos contribuintes, porque são eles que o "dão", e só com parcimónia deve ser dado a privados (neste caso, empresas de produção propriedade de artistas).
Ainda hoje, ao imprimir a declaração de IRS, que entreguei através da Internet, cheguei à conclusão de que o que paguei em impostos (directos, porque o IVA e etc não entra na declaração de IRS) é equivalente a trinta dias meus de trabalho. Ora, nem eu, nem certamente a maioria dos contribuintes, quer andar a esfalfar-se o ano todo para sobreviver, oferecer um mês de trabalho a bem do bem comum e depois perceber que algumas pessoas se abotoam com o nosso dinheiro para dar largas a uma imaginação que não serve o bem comum.
Dito isto, digo que: o facto de eu defender que o Estado deve estar fora da criação artística e da sua exibição é justamente porque a arte não tem de visar o bem comum. Pode visar, e as mais das vezes é isso que faz, o bem individual. Logo, não pode ser financiada pelo dinheiro que é de todos. Que seria de nós se todos os profissionais intermitentes ou freelancers se lembrassem de pedir subsídios para trabalhar?
Apesar disso, acho que é dever do Estado manter salas e infra-estruturas e logística para apoiar as artes. Bens materiais, nunca dinheiro.
Achar-se que se não há dinheiro público na arte a arte vai vender a alma ao diabo e tornar-se comercial é uma teoria que precisa de ser provada. Eu acho precisamente o contrário: quando o artista não tem poiso certo ou conta bancária desafogada, tem os pés no chão e a alma mais solta. O Cesariny é que dizia: "é de alguma debilidade económica que vem a minha liberdade".
Se vai ou não fazer cedências ao gosto médio, só depende da forma de estar na vida do artista e, sobretudo, do querer ou não querer viver bem à custa do que faz. O Miguel Borges é que disse uma vez numa entrevista à Anabela Mota Ribeiro: se tiver dinheiro para comer e comprar cigarros, já sou muito feliz.
P.S.: tomo boa nota do facto de, depois do alarido relacionado com o facto de eu não assinar o que escrevo, quase todos terem passado a assinar comentários anónimos. hombridade é que é preciso.
Caro Tiago
Porque carga de água é que a reacção do pago/não pago, gosto/não gosto há de ser qualificada como epidérmica. Acha por acaso que todos temos que validar o trabalho de todos com o nosso pensamento?
E se lhe disser que o meu "não gosto" não é epidérmico e que considero que a minha reflexão sobre certas masturbações constitui uma apropriação indevida da inteligência alheia e que posso não estar disposto a validar esses processos.
Se calhar estou no meu direito...
Ou acha que não?
Aliás, estou livre do exercício que me propõe, neste caso concreto, porque não assisti ao espectáculo.
Mas se quiser posso falar consigo pessoalmente sobre outros que vi. E acredite que me arrependo do tempo que desperdicei a presenciá-los e pensá-los.
Mais uma vez, concordo com o Bruno Horta. Não passei procuração a ninguém para me substituir na avaliação de espectáculos apresentados por estruturas apoiadas. São espectáculos públicos. Se pago para participar e não gosto, reservo-me o direito de pôr em causa não só o preço que paguei mas também o apoio recebido por essas estruturas.
Posso até pedir ao MC que passe a subsidiar a FOX ou o AXN para que continuem a contribuir para a inculturação sistemática cá do povo (a TVI lá faz mal a alguém?) e a proporcionar alinhamentos civilizacionais relativamente aos quais todos aceitamos agir como insconscientes.
Porque ao que parece aqueles que têm a responsabilidade (e a arte) de pensar, experimentar e transmitir valores que nos projectem como pessoas, comunidades e sociedades, há muito que optaram por ser oráculos do nada.
E por isso é que dificilmente nos voltaremos a rever como um polo de desenvolvimento (...cultural, se quiser!).
Eu sei que já fez uns posts sobre a CNB e sobre o Benvindo. Se calhar lembro-me eu melhor do que o Tiago...
Não se fique por aí. Vá ver mais. Ande por aí a ver o que se passa porque nem tudo se passa no seu grupo de amigos!!!! ;-)
Um abraço do sempre anónimo!!!
P.S. Caro Pedro. O recurso aos dados quantitativos sobre o público para avaliar a eficácia da gestão de equipamentos culturais não é um exclusivo do Fragateiro. E às vezes é pena que não seja mais divulgado!!! :-D
Sou um defensor acérrimo do critério "público" na avaliação de apoios públicos.
Quanto mais não seja para evitar que o FRACASSO seja a bitola.
ainda bem que leu que eu tb escrevi sobre a CNB, o Benvindo, a Olga, o Festival de Sintra, a Voarte, o CEM, o João Galante, Tânia Carvalho, Vitalina Sousa, Sonia Baptista, Claudia Dias e outros tantos... que mania da perseguição.
eu tb n disse que não se podia avaliar as coisas de forma epidérmica. Mas nao acredito que uma discussão feita com argumentos como masturbação e afins adiante alguma coisa.
e é sempre um prazer lê-lo caro anónimo. pode ser que nos encontrmos brevemente.
Ó Tiago...
Não me percebeu (mais uma vez).
O que não me adianta coisa nenhuma é participar em espectáculos que constituem uma autêntica masturbação [obtenção de prazer sexual através do toque nos próprios órgãos genitais] (in Dicionário de Língua Portuguesa da Porto Editora).
Não era um argumento. Era o resultado de uma avaliação!
Caro Tiago,
Tem escrito muito sobre criadores nacionais e europeus, alguns eu conheço, outros não. Com alguns até tenho trabalhado, outros, ficam no lugar da curiosidade. Já escreveu sobre o Marco Goecke e o que ele faz?
seja... e no espectaculo da vera mantero isso acontece onde?
Ó Tiago
Eu bem digo que não lê o que escrevo! Já tinha dito que não fui ver o espectáculo!
Se presta tanta atenção aos espectáculos que critica como aos comentários no seu blog, estamos tramados!!!!
é o problema da assinatura anónima. acha-se que é sempre a mesma pessoa. felizmente tenho leitores atentos que me vão alertando. por isso, deixe, não está nada tramado.
mas e já agora, para além das masturbações que diz que eu vejo e critico, que outras (eventualmente não criticadas por mim) não cabem nessa categoria. é porque gostava de saber o que propõe como espectáculos que não cabem nas categorias de reacção epidermica nem sao masturbatorios. e soibretudo quenao sao subsidiados pelo Estado.
sinto-me despeitado caro Tiago.. eu sou o do marco goecke.
foi apagado um comentário feito por um anónimo que se entretinha a atacar pessoalmente um criador em vez de discutir espectáculos. quando convidei os leitores a falarem sobre o espectáculo «Até que deus...», fi-lo com a maior crença de que haveria uma discussão séria e não um hipotético destilar de ódios primários, absurdos e completamente periféricos aos espectáculos. Neste blog comentam-se espectáculos e políticas culturais. Não se admitem ataques pessoais seja a quem for. Ou de quem for. A incapacidade de se discutir objectivamente um espectáculo é sintomática de uma incapacidade, um medo irracional da cultura, uma ignorância profunda e um desrespeito por uma parte fundamental da sociedade. Se eu permito comentários anónimos é porque parto do princípio que há honestidade intelectual da parte dos leitores. Ou seja, não estamos aqui a brncar. Sejam sérios se querem ser levados a sério.
serendip: ainda não vi nada dele. nem cá nem lá fora.
Não masturbatórios... e não subsidiados...
Hummmmmm!!!
Experimente o 68 do Miguel Moreira!!!!
o espectaculo não vi, mas quanto aos subsidios: o útero recebe 45 mil euros ano do IA. próximo se faz favor.
bom, pelo que vejo que a discussao segue intensa. o que penso sobre subsidios ja foi declarado em cima, nao me repetirei mas poderia acrescentar outros quantos, nao o farei agora.
ainda sobre a peça da vera, devido ao calor do debate gerado a partir dela cito o jean cocteau:
"la beauté d'une oeuvre se mesure au nombre de questions qu'elle sème."
saudaçoes a todos, anonimos ou nao.
AH POIS!
o miguel moreira e o seu 68 são subsidiados!
Não venham com essa.
Está provado por escrito nas actas do IA quem recebe o quê.
Só faltava tb lá estar quanto custou o cenário da peça actualmente em cena no Dona Maria. Eu até tenho vergonha de saber que custou tanto como a programação anual de um teatro mais modesto.
isto está transformado num chat. parabéns, a conversa está animada. gosto e não custa dinheiro...
alguém falou no D. MAria. VIVA!!!
cenário castanheira! ainda por cima são uma bela porcaria!
Tiago,
Tens de lançar outro tema para novo debate. Este já deu o que tinha a dar...
Pedro: para de tentar que este continue.
sim os debates vão continuar no blog. O proximo tema aparecerá em breve.
espero ansiosa.
que esse breve seja semibreve ou mesmo colcheia!
Um amigo disse-me para vir aqui dar uma espreitadela e foi o que fiz.
Parabéns pelo blog e pela capacidade do mesmo em estimular a discussão.
Não há muito a acrescentar a esta discussão sem ser pedir que as próximas não baixem tanto o nível.
Este debate está arrumado. QUEREMOS MAIS.
Olá,
Eu sou Ms. DAVILA está em busca de um empréstimo por mais de 3 meses,
Eu tenho sido muitas vezes enganado em sites de empréstimo entre particular
querer é um empréstimo entre indivíduo em várias pessoas.
Mas cada vez que eu tenho por falsos credores e
no final eu não ganho nada na minha conta. Mas, felizmente, eu sou
caído em uma senhora de nome LYSE realmente simples e tipo eu ajudar
encontrar o meu empréstimo de 70.000€ que eu recebi na minha conta de 48 horas
depois, sem muitos protocolos.
Para você que está em necessidade como eu, você pode escrever para ele e
explicar-lhe a sua situação que poderia ajudá-lo seu e-mail:
lysemarie3@gmail.com
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