domingo, agosto 20, 2006

Novo prémio de dramaturgia quer ligar Portugal e Brasil

O regulamento do Prémio António José da Silva já se encontra online há pelo menos uma semana, mas as intituições por ele responsáveis ainda não fizeram o anúncio público de um prémio de dramaturgia que quer aproximar o teatro brasileiro e português. Convém salientar que o prazo de entrega das propostas termina a 29 de Setembro.

A iniciativa, organizada conjuntamente pela primeira vez este ano, pelo Instituto Camões (IC) e a Funarte - um instituto brasileiro responsável pela promoção da cultura - , contará ainda com a participação do Instituto das Artes (IA) e do Teatro Nacional D. Maria II, quer constituir-se como uma oportunidade para incentivar o surgimento e visibilidade de nomes na escrita para teatro, ao mesmo tempo que assume ser fundamental a sua apresentação em palco.

Assim, para o Instituto Camões, o valor de 15 mil euros a atribuir ao vencedor, que será anunciado até ao fim de 2006, não é o mais relevante deste prémio, mas antes a confirmação de que a peça terá que ser editada e levada à cena no ano seguinte à sua indicação, em Portugal e no Brasil, em condições ainda em negociação. Isto porque o IC não sabe ainda se a composição das equipas técnicas e artísticas será mista ou em produções independentes em cada um país. Uma decisão que depende dos acordos a firmar com o Instituto das Artes e o Teatro Nacional D. Maria II, que integrará a peça na sua programação, e para a qual terá orçamento próprio, vindo do próprio IA. Ao IC cabe apenas o pagamento do prémio, em colaboração com a Funarte, e a edição, seja esta através de concurso público ou parceria com uma editora nacional.

Em negociação está ainda a composição do júri, que contará com membros indicados pelo Instituto Camões, Funarte e Teatro Nacional D. Maria II, que avaliarão duas shorlists indicadas por cada país, com quatro nomes cada, havendo depois um júri comum que decidirá o único vencedor. Sabe-se, no entanto, que os nomes indicados para a shortlist brasileira surgirão dos quatro prémios regionais existentes no país e regularmente atribuídos. Segundo informações prestadas pelo Instituto Camões, a mesma situação - se pode criar um desequilíbrio na apreciação dos textos, afinal as propostas brasileiras já virão com um "selo de qualidade" - não se pode aplicar a Portugal, dado o território nacional não justificar a divisão em regiões para atribuição de prémios. De acordo com o regulamento são admissíveis a concurso qualquer género de peças originais, desde que não sejam adaptações de obras de outros autores ou póstumas.

Para o Instituto Camões, o importante era lançar-se o prémio, anunciando, desde já, a vontade de alterar algumas das regras no próximo ano. Pretende assim o IC aproveitar, este ano, textos que já estejam feitos mas ainda na gaveta. Todavia o IC garante que a iniciativa quer ver-se moldada às realidade culturais de cada um dos países, e que o mais importante é mesmo a constituição das bases para uma plataforma dramatúrgica comum.

Última nota para referir que o prémio recupera o nome de um dos mais importantes autores teatrais de língua portuguesa, António José da Silva, perseguido e morto pela Inquisição, e que deixou uma obra fundamental que se estendia da ópera-cómica ao teatro de marionetas.

1 comentário:

manu disse...

obrigado pelos excelentes links que aqui tenho consultado.