sábado, maio 27, 2006

Livraria Especializada (III): Capitals - Encontros Acarte 2003

Num dos textos que introduz o imenso catálogo Capitals – Encontros Acarte 2003, Maria de Assis, programadora e uma das editoras escreve que o projecto Encontros Acarte foi criado “with the idea of stirring up the Portuguese artistic scene by confronting it with differente methodologies, working processes, artistic collaborations, international connections and theoretical approache to performance practices” (p. 12). No entanto Marten Spangberg, teórico, performer e co-editor, alerta: “to make art is easy and fun. To make really good art is difficult but it should still be fun. [...] However, how to make art is a tricky question” (p. 16). O livro, coordenado editorialmente por Mónica Guerreiro, não quer dar respostas nem apresentar planos de legitimação artística. Mas também não fica por uma mera recolha de depoimentos, impressões ou perspectivas sobre o trabalho desenvolvido nas sete ilhas (núcleos) que compuseram a edição de 2003 dos Encontros Acarte, uma iniciativa do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian. O facto do projecto ter sido suspenso depois desta edição torna o papel deste catálogo muito mais relevante. Nele podemos perceber que as questões levantadas por alguns dos portugueses presentes no CAPITALS, tanto criadores (Catarina Campino, Nelson Guerreiro, João Garcia Miguel, André Murraças, Patrícia Portela, etc.) como teóricos/contextualizadores (Cláudia Madeira, André Lepecki, José Gil, etc.) estabelecem diálogos directos com os nomes internacionais (Petra Kuppers, Gary Stevens, Claude Wampler, etc.). O que prova que a relevância dos Encontros Acarte não era nem circunstancial, nem limitada na fronteira, nem circunscrita às práticas transdisciplinares (todos os paradoxos incluídos). Questões como a relação entre a arte e a política, o social, o quotidiano, a economia, a linguagem ou o corpo são aqui tratadas com a distância suficiente para obrigarem a uma reflexão sobre a efemeridade das artes performativas. O que se coloca em causa com a publicação deste livro (essencial, acrescento) é o modo como na criação contemporânea existem questões que justificam a perpetuação de projectos.

Título: Capitals - Encontros Acarte 2003
Preço: 5€ (vende-se na Livraria Almedina e na livraria da Fundação Calouste Gulbenkian)

3 comentários:

Anónimo disse...

Pub:
Um livro muito muito bom. A comprar.

Anónimo disse...

Pub:
é isso mesmo. concordo.

Anónimo disse...

os encontros capitals foram um desastre, a pandilha maria de assis tia burguesa boas familias + nórdico oportunista e misógino com manias falsas de vanguarda.os resultados e as escolhas foram mediocres.fica o livro para falsear um evento de merda.