Se há alguém com razões para estar satisfeito é Mark Deputter, o programador do festival Alkantara (ex-Danças na Cidade) e do Teatro Camões, em Lisboa que se prepara para invadir Lisboa com quase 50 espectáculos em 17 dias. De 02 a 18 de Junho é o regresso do único festival internacional de artes performativas contemporâneas de Lisboa com um programa vasto de espectáculos de dança, teatro e performance «que querem voltar a colocar Lisboa na rota dos circuitos internacionais de programação» sob o lema Mundos em Palco.
Alain Platel, Aydin Teker, P.A.R.T.S., Bruno Beltrão, Jan Lauwers/Needcompany, Jérôme Bel, Forced Entertainement, Romeo Castellucci, Vera Mantero, João Fiadeiro, Luiz de Abreu e uma série de nomes nacionais e estrangeiros terão em Lisboa um palco para se mostrarem, em estreias nacionais ou mundiais que ocupam armazéns, teatros, apartamentos, estúdios, ruas e ruínas «dando ao público chaves para a compreensão do que de mais relevante se está a fazer».
Tendo começado em 1993 como um festival de dança, o festival depressa se destacou pela capacidade de reunir nomes e condições que se distinguiam de outras manifestações artísticas mais ou menos efémeras. Várias edições experimentaram diversos formatos e em 2004 o nome mudou de Danças na Cidade para Alkantara (“ponte” em árabe). Depois de um interregno e com um novo perfil (onde se inclui a abertura ao teatro e à performance, já presente noutras edições, mas aqui com lugar de destaque) e uma nova estratégia (o estabelecimento e fortalecimento de parcerias entre criadores nacionais e estrangeiros potenciando os contactos em rede que foram sendo desenvolvidos). O renovado festival prossegue o estabelecimento de laços com projectos como a Culturarte, uma estrutura que estimula o desenvolvimento da dança contemporânea em Moçambique, e criou laços entre criadores através dos Encontros Imediatos 2005-2006, que levaram artistas portugueses, brasileiros, espanhóis, alemães, japoneses ou egípcios a percorrer várias cidades ao longo de dois anos e cujo resultado se irá apresentar nesta edição do festival.
O mais impressionante nem são os nomes mas as forças que se juntaram, quatro anos depois da última edição. Praticamente todos os espaços importantes da cidade se associaram a esta manifestação, aproveitando alguns para co-apresentar espectáculos que, fora do festival, seriam dificilmente integrados nas suas programações, fosse pelo grau de risco (Tragedia endogonidia, br#4 bruxelles, de Castelluci) ou financeiro (vsprs, de Platel).
Feitas as contas são 700 mil euros (três vezes menos do custo real) para uma iniciativa que, dado a fragilidade do contexto nacional, tem a responsabilidade de colocar em confronto estratégias de criação, produção, programação e recepção.
Mais informações em www.alkantarafestival.pt
[O Melhor Anjo dedica um dossier especial ao Alkantara já a partir de 24 de Maio]
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