quinta-feira, fevereiro 02, 2006

A entrevista (possível)

Via Ainda não começámos a pensar, do André Dias, chego à versão integral da entrevista que Óscar Faria "tentou" fazer ao escultor Rui Chafes e ao cineasta Pedro Costa, a propósito da exposição colectiva Fora!, que terminou no passado dia 15 de Janeiro, em Serralves. Um verdadeiro exercício desconstrutivista, a entrevista foi publicada no suplemento MIL FOLHAS do jornal PÚBLICO em Novembro 2005.






P.
O que se observa no museu, no caso das imagens, são planos fixos. Essa fixidez pode ser associada às esculturas, que, por seu lado também, em temos perceptivos, têm movimento. Este permanente reenvio entre esculturas e imagens é uma leitura que vos interessa?

R. C. – Gosto do movimento das esculturas. Tento, que a minha escultura traga a cidade inteira para dentro do museu ou do espaço onde é mostrada. Atrás da escultura há uma cidade inteira, com prédios, ruas, árvores, casas, túneis de metro... A escultura é apenas uma pequena hipótese; não acredito em objectos, não é um resultado final, é apenas um modo do pensamento.

P. C. – Essa história dos planos fixos ou da fixidez é como a história dos acordes no punk.

P.
– O que se observa são planos fixos e a acção que decorre no interior desses planos. A câmara está imóvel...

P. C. – A câmara não anda, o que anda é a cabeça das pessoas. Só acredito no ser humano enquanto ele faz coisas, o sapateiro que a gente conhece, em Benfica. A gente gosta do sr. João, porque a cabeça dele se mexe, não se vai mexer mais porque vou lá andar a filmar a orelha, a cabeça ou a nuca, por trás, o sovaco... É preciso também não assustar as pessoas com essa história da fixidez. No cinema não é porque se mexe a câmara que a coisa se dá mais depressa.



Ler, ainda, a discussão entre André Dias e Leonor Areal.

Ler artigo do Diário de Notícias sobre a exposição
Ler crítica à exposição na revista Mouvement.

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