quinta-feira, janeiro 12, 2006

Serviço Publico




Segundo o Diario Digital, Isabel Pires de Lima esclareceu hoje na Assembleia a Republica que a demissão de Antonio Lagarto do cargo de director do TNDMII se deveu a incumprimento de serviço publico. Perante a Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura, a Ministra afirmou que havia "indicadores preocupantes quanto ao número de espectáculos e ocupação de salas" do Teatro Nacional e que o espaço "tinha a performance mais baixa comparativamente aos outros teatros nacionais [S. João e S. Carlos]". Para além disso, a Ministra informou os deputados de que "as receitas do TNDMII em 2005 não pagaram os ordenados dos administradores", tendo Mario Vieira de Carvalho, Secretario de Estado, acrescentado que na ausência de um plano estratégico, o Ministério não podia "permitir que esta situação se arrastasse por mais tempo".

Curiosamente a falaciosa e retorica argumentação do Ministério da Cultura faz-se do que não pode ser comparado. O numero de produções de cada um dos três espaços difere do avanço de produção, do tempo de permanência em cena dos espectaculos, do numero de espectaculos apresentados e ainda do tipo de salas que os suporta. Ora, sabendo que o São Carlos apresenta 5 a 6 récitas de mês e meio em mês e meio, que o São João tem o mesmo programador ha cerca de oito anos (mesmo contando com a breve interrupção de José Wallenstein) e duas salas ao seu dispor, a do Nacional e a do Teatro Carlos Alberto, a comparação com o Dona Maria II devera cair por uma terra. Até porque a dinâmica do TNDMII é por demais evidente, mesmo que as escolhas de cartaz não sejam unânimes. E ainda, deveremos ter em conta os passivos dos espaços, cativações orçamentais e orçamentação individual.

Para além disso, o que nem a Ministra nem o Secretario de Estado apresentaram foi a solução de recurso para essa estratégia que vai reformular o TNDMII, deixando que uma nomeação avance sem que sejam conhecidas quais as directivas para o problematico edificio. Uma vez mais, Isabel Pires de Lima e Mario Vieira de Carvalho optam por transformar a questão do TNDMII no bode expiatorio da crise cultural que o pais atravessa sem que, como hoje voltou a reafirmar Augusto M. Seabra, procurem resolver o absurdo burocratico que é a Sociedade Anonima do Teatro Nacional D. Maria II. Resta so acrescentar que o proprio Carlos Fragateiro, indigitado director, afirmou em entrevista no inicio de 2005 ser defensor da apresentação de projectos e concursos publicos para os cargos de director dos teatros nacionais. Mas, confrontado com o convite sem programa, limitou-se a dizer que era uma ironia as coisas se passarem, agora, assim.

Ainda segundo a SIC - Noticias, o Secretario de Estado adiantou aos jornalistas a existência de "contactos com outras pessoas, nomeadamente Carlos Fragateiro, para apresentarem ideias", uma vez que o Ministério não tinha recebido, da parte de Antonio Lagarto, "uma resposta relativamente a um novo projecto para o TNDMII".

Ja agora, senhor Secretario de Estado, que outros contactos? E, ja agora, senhores contactados, que projectos têem?

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