Isabel Pires de Lima, Ministra da Cultura, deu hoje uma conferência de imprensa no Palacio da Ajuda, onde avisou que não ira demitir-se enquanto tiver a confiança do Primeiro-Ministro, José Socrates, respondendo directamente ao encenador Jorge Silva Melo que o exigira, em declarações à TSF. "Por isso é a confiança à qual eu procuro responder", acrescentou a Ministra, no que se entende como uma resposta directa à falta de confiança demonstrada pelos agentes culturais expressa em vigilia ontem e carta aberta hoje. Acompanhada pelo Secretario de Estado da Cultura, a Ministra limitou-se a dizer que a proposta de Carlos Fragateiro para director do TNDMII (que segundo noticias era negociada ha meses) ia ser feita à Assembleia-Geral do teatro, presidida precisamente por Antonio Lagarto. Depois a palavra foi passada a Mario Vieira de Carvalho que atacou o ainda director do Teatro Nacional, e o acusou de mentir, uma vez que sabia da sua substituição desde 28 de Dezembro, "em audiencia expresamente convocada para o efeito". Segundo a tutela, desde Julho que o Ministério aguardava um relatorio de Lagarto, que desse conta de uma estratégia para o teatro. Esse plano deveria reflectir sobre o divorcio "evidente" entre publico e espaço - o Secretario de Estado falou no espectaculo Conferência de Imprensa e outras aldrabices, co-produzida pelos Artistas Unidos, de Jorge Silva Melo, que tera custado centenas de milhares de euros mas ficara apenas 9 dias em cena e na Sala-Estudio, mas não referiu nomes -, não haver presença do TNDMII fora da capital ou do paìs e apresentar poucos espectaculos, ao contrario do que se passa com Teatro S. João, no Porto, tomado como modelo para avaliar o Nacional. O proprio modelo de funcionamento do Nacional, uma Sociedade Anonima, foi considerado "aberrante" e a "merecer alterações", ideia que vai ao encontro do que ha muito defende, por exemplo, Augusto M. Seabra. Antonio Lagarto, nomeado ha pouco mais de um ano, prestara ja declarações à TSF afirmando não ter tido tempo para fazer todo trabalho necessario, mas foi acusado impedir as negociações com os mecenas por ausência desse plano estratégico, depois de nada ter feito para recuperar o apoio da Portugal Telecom, que o teatro perdeu na temporada passada. Segundo o Ministério, tornou-se, assim, injustificavel "uma remuneração que era sensivelmente o dobro ou muito perto do dobro do director do Teatro Nacional de São João [Ricardo Pais] para fazer o mesmo trabalho", e cujos os resultados "não são comparáveis". Para Isabel Pires de Lima, que deixou cair a ideia de exclusividade da dramaturgia nacional, no TNDMII o papel do Ministério não é o de intervir esteticamente mas sim garantir o aproximar das acções dos dependentes da tutela daquilo que é o programa de governo, lembrando depois que o teatro independente existia apenas para "um publico minoritario" e que tinha "os seus locais proprios, muitos dos quais apoiados pelo Ministério". Quer a Ministra quer o Secretario de Estado, escusaram-se a uma avaliação mais concreta da crise cultural que o pais atravessa, colocando a tonica ao nivel de uma programação "mais aberta à população", razão que estava a ser posta em causa pelo cumprimento desse mesmo programa e que reporta ao papel que a tutela quer que o TNDMII represente.
Antonio Lagarto, entretanto, ja respondeu. Em declarações à RTP-N, o critico Augusto M. Seabra afirmou que os "dois catedraticos" não tinham passado o "exame oral".
1 comentário:
o do Lagarto não sei mas o do fragateiro é escandaloso, uma aberração!
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