sexta-feira, novembro 04, 2005

Johan van der Keuken no Museu de Serralves (ciclo de cinema)

Conforme já havia aqui sido anunciado, prossegue amanhã o ciclo de cinema dedicado às relações entre política e cinema, integrado no programa de performances, música e cinema Em Contra-mão, do Museu de Arte Contemporânea de Serralves. Comissariado por Ricardo Matos Cabo, a sessão é inteiramente dedicada ao realizador holandês Johan van der Keuken (1938-2001), para o qual o cinema funcionava "como eixo polarizador de sensibilidades contrárias e fragmentárias". Serão mostrados dois filmes: Her Witte Kasteel [O castelo branco, em tradução literal, a segunda parte da trilogia Norte-Sul que inclui os filmes Dagboek [Diary], 1972 e De Nieuwe Ijstijtd [The New Ice Age], 1974], , e I Love $, vencedor do prémio Josef von Sternberg para o filme mais original no Festival de Mannheim de 1986.

Escreve o comissário, nas notas de divulgação da sessão que o mundo visto nos filmes de Johan ven der Keuken, é composto "a partir do seu interesse nos problemas sociais e económicos e dos seus efeitos no indivíduo, no grupo e na cultura". Escreve-se, a propóstio do realizador, no site do Harvard Film Archive: "His cinematic practice included “painting with sound,” rehearsing his “characters,” rearranging shots, looking for “the moment where the photographic image moves,” and otherwise structuring his films on techniques adapted from jazz improvisation. His investigations of the social and political affairs of the world—and their effects on individuals, groups, and the culture at large—constitute fluid works of great beauty, even when deciphering such subjects as the global economy."

Sábado, 5 de Novembro

Het Witte Kasteel de Johan van der Keuken, 1973, 78’
18h30

Filme realizado em associação com o poeta Holandês Bert Schierbeek e que se concentra sobre o modo como a existência é fragmentada e frustrada. Localizado numa ilha turística, num centro comunitário em Columbus, no Ohio e em duas fábricas na Holanda, o filme recorre à colagem para criar tensão e associações.
"Em The White Castle existem dois temas centrais: a ideia da cadeia industrial que atravessa o mundo e a ideia de democratização no interior de comunidades mais restritas. Os adolescentes dos bairros sórdidos da cidade de Columbus formam uma dessas comunidades à procura dos seus próprios valores. A contribuição de Bert Schierbeek foi muito importante no desenvolvimento destas ideias de base. Bert trabalha desde 1949 em experiências de destruição das narrativas cronológicas utilizando a sobreposição de imagens originárias de situações e culturas diferentes. A estrutura do filme foi determinada pela minha vontade em pôr a mão em diversos elementos dispersos, mas igualmente de modo técnico pela colaboração de Bert. Em redor destes temas centrais agrupam-se imagens dum fraccionamento e dum isolamento social com origem na distribuição desigual do capital e do conhecimento que levam à formação de guetos em que as pessoas vivem como dejectos do sistema da oferta e da procura."

I Love $ de Johan van der Keuken, 1986, 145’
21h30

Descrito pelo realizador como uma tentativa para “filmar o modo como as pessoas sobrevivem, e a circulação do dinheiro, bem como aqueles que o têm e os que nada têm”. Este filme provocador move-se através dos centros financeiros do mundo, explorando as atitudes dos que estão no topo e no fundo da pirâmide social. Entrevistas com banqueiros e investidores são entrecruzadas com viagens à vida de pessoas nas margens; Porto Riquenhos e Afro-americanos em Nova Iorque, uma jovem família em Hong-Kong, imigrantes ilegais em Genebra. De acordo com Dominique Paini, nos Cahiers du Cinéma “ a sobreposição constante de sons nas diferentes línguas é tão belo quanto o fascínio visual oferecido pelas cidades que filma”.

Ver aqui o site que o MOMA - Museum of Modern Art, de Nova Yorq, lhe dedicou a propósito da exposição organizada em 2001, onde se apresentam, para além de informações detalhadas e filmografia completa, textos críticos disponíveis para download, e do qual se destaca Johan van der Keuken: Fragments for a reflection, de Bérénice Reynaud.

A próxima sessão deste ciclo dedicado às relações entre cinema e política, decorrerá no dia 20 de Novembro. O Melhor Anjo fará a divulgação do evento

Informações enviadas pelos autores e da sua responsabilidade, excepto selecção de links, imagens e referências retiradas de sites

Sem comentários: