sexta-feira, setembro 02, 2005

MASPrá frente como é que vai ser?

Agora que Soares efectivou o que há muito tinha decidido, há que pensar que caminho vai ser percorrido até às eleições de Janeiro do próximo ano. Valerá a pena falar da hipótese Cavaco se ainda nada é certo? Ou este novo 'tabu' serve somente para auscultar a sociedade nos seus medos, posições e memórias? A escolha de um Presidente da República, se é entendida como opção por um garante da estabilidade, é-o também, pela dificuldade em prever os modos de aplicação dos seus poderes. E só a memória permite traçar com clareza e distinção o que foram os confrontos entre Cavaco e Soares. E, é por isso, que se estas eleições pressupõem um combate político e se jogam apostadas nesse legado, alguém vai ter que, por exemplo, explicar aos jovens (essa massa anónima que precisa ser estimulada e todos reclamam como sua, razão de motivação e esperança), quem foram Mário Soares e Cavaco Silva. Que significava a expressão 'forças de bloqueio', porque perdeu Cavaco as eleições de 1996, porque razão Guterres não teve maioria absoluta quando Soares era o mais popular dos Presidentes, que imagem se passou para o estrangeiro sobre as presidências abertas soaristas, que expectativas se depositaram em Jorge Sampaio, que papel foi o de Soares no Parlamento Europeu depois de 2000 e a que recusas procedeu, qual o legado de Cavaco... Em Janeiro de 2006 não será só a escolha do Presidente da República para os próximos 5 anos que estará em causa. Mais do que isso, será também proceder à escolha da figura mais relevante (mas menos responsável?) pela inexistência de alternativas. Será, portanto, desenhar a história e o passado, crentes num futuro cada vez menos disponível para a utopia e a ausência de memória. Era por isso importante que não se embandeirasse em arco a bóia em que Soares se arvora. Se a pátria está em crise, ele não é de forma nenhuma ausente de responsabilidades. E se a escolha for, de facto, entre Cavaco e Soares, importa pensar que história do Portugal recente se quer construir. E não ouvi ainda qualquer tipo de reflexão sobre o assunto. Para já vergam-se os súbditos aos predestinados.

2 comentários:

desenho. disse...

Ok.. eu votaria Cavaco, mas nem me vou dar ao trabalho de explixcar porquê.. (é sempre um 'luta'), mas sim.. já 'me' explicavam qq coisa sobre os feitos de um e outro candidato à presidência, 'sorte' a de muitos que eu não possa votar, já me disseram..

aL disse...

bom post tiago!
agora resta saber e discutir quais os beneficios de um cavaco presidente...
é que desta vez nem o mal menor há!
honestamente, tenho pena de não ter idade, senão a candidata era eu, :)