Figuras da Dança no Cinema
Valeska Gert, Cinématèque de la Danse, Paris
O Melhor Anjo recupera, do programa, o texto de apresentação do ciclo Figuras da Dança no Cinema, que Ricardo Matos Cabo comissariou para a Culturgest, em Lisboa. O ciclo de sessões começou ontem, como se anunciou e prossegue hoje às 18h30 e 21h30. O ciclo apresenta raridades do cinema experimental, atravessando o século XX através de um olhar que reflecte o cinema e pensa a dança. A fronteira entre as artes e as técnicas e práticas são destacadas em núcleos próprios, devidamente contextualizados por especialistas. Uma oportunidade a não perder, já que estes filmes nunca foram vistos assim enquadrados. Até dia 06 de Maio. Mais informações e todo o programa aqui. O Melhor Anjo fará novos posts para cada um dos dias das sessões.
Figuras da Dança no Cinema
2004 marcou o centenário do falecimento do médico e fisiologista francês Etienne-Jules Marey, impulsionador do "método gráfico" de representação do movimento através da cronofotografia de placa fixa e de outros sistemas técnicos de análise (da motricidade do corpo humano e animal, do movimento dos fluxos orgânicos, dos elementos, do ar, do fumo).
Ao concentrar-se nos modos de representação do movimento, a sua obra permite-nos perceber que a análise do "movimento de todas as coisas" está sobretudo dependente da possibilidade de mediação de um conflito entre aquilo que é representado (o movimento na imagem) e aquilo que resulta como consequência ou seja a reconstituição desse mesmo movimento.
Este programa procura referir-se a essa questão, partindo da dança como terreno fértil de invenção figurativa no cinema e da história estética e teórica comum entre as duas artes. Em 1927, na sua reflexão sobre o cinema como arte plástica, o historiador de arte Elie Faure identificou uma genealogia comum entre a dança e o cinema na base de uma "cineplasticidade" para que contribuiriam a ideia de constituição de um espaço, uma duração, um ritmo, condições modulatorias da representação nas duas artes. Figuras da Dança no Cinema propõe percorrer em quatro módulos caminhos diversos que tomou esta reflexão sobre a constituição da figura e a representação do movimento no cinema pensado através da dança. Isolam-se questões comuns revelando autores que tomaram a dança, a coreografia e o gesto como estímulos criativos de constituição metafórica de um mundo em movimento.
Para a introdução a este tema escolheram-se autores que desenvolveram igualmente uma obra de escrita considerável sobre os cruzamentos entre o cinema e a dança. Põem-se assim lado a lado a representação cinematográfica das coreografias de Loïe Fuller, personagem central do encontro entre as formas do espectáculo do século XIX e a emergência da modernidade e do cinema, com os escritos e filmes dos anos 20 de Germaine Dulac e a sua formulação de um "cinema puro" ; a biodinâmica corporal de Valeska Gert, actriz, bailarina e coreógrafa cujo trabalho se redescobre através dos raros registos filmados que dela sobrevivem ; regressa-se ao trabalho de Maya Deren e à ideia do coreocinema como modo de organizar o movimento interno do filme pensado em função dos gestos e movimentos do corpo que dança.
Propõe-se uma aproximação aos primeiros trabalhos de Shirley Clarke (e à importância da coreografia na sua ideia de documentário), desenvolvendo o interesse de Deren pela antropologia visual e a sua influência em Jean Rouch, admirador do seu trabalho; propõe-se a descoberta da obra de Raymonde Carasco e Régis Hébraud, empresa fascinante das possibilidades descritivas e poéticas da representação das danças dos índios mexicanos Tarahumaras a partir da obra de Antonin Artaud. Por fim a reformulação da ideia de movimento a partir dos primeiros filmes de Yvonne Rainer e de paralelismos críticos entre questões que a sua obra levanta, nomeadamente na sua transição da dança para o cinema e o trabalho de cineastas e artistas plásticos como Richard Serra, Babette Mangolte, Jackie Raynal, Chantal Akerman e Sharon Lockhart.
Ricardo Matos Cabo
1º Módulo 1 e 2 de Abril
Uma arte do movimento: Loïe Fuller e Germaine Dulac
Filmes de Thomas Edison, Segundo de Chomon, W.L. Dickson, Lumière, Germaine Dulac, entre outros
Tributo a Valeska Gert. Caleidoscópio de uma vida dançada
Filmes de Suze Byk, Volker Schlöndorff, Walther Ruttmann, Georg W. Pabst
2º Módulo 14 e 15 de Abril
Coreocinema e Ritual Regresso a Maya Deren
Filmes de Shirley Clarke, Nöel Burch, Maya Deren, Martina Kudlacek e Jean Rouch
3º Módulo 28, 29 e 30 de Abril
Raymonde Carasco e os Tarahumaras
Selecção dos filmes realizados no México sobre os rituais dos índiosTarahumaras a partir dos escritos de Antonin Artaud
Com a presença de Raymonde Carasco e Régis Hébraud
4º Módulo 5 e 6 de Maio
Transições críticas da dança para o cinema (a partir de Yvonne Rainer)
Filmes de Yvonne Rainer, Richard Serra, Babette Mangolte, Chantal Akerman, Jackie Raynal e Sharon Lockhart
Valeska Gert, Cinématèque de la Danse, Paris
O Melhor Anjo recupera, do programa, o texto de apresentação do ciclo Figuras da Dança no Cinema, que Ricardo Matos Cabo comissariou para a Culturgest, em Lisboa. O ciclo de sessões começou ontem, como se anunciou e prossegue hoje às 18h30 e 21h30. O ciclo apresenta raridades do cinema experimental, atravessando o século XX através de um olhar que reflecte o cinema e pensa a dança. A fronteira entre as artes e as técnicas e práticas são destacadas em núcleos próprios, devidamente contextualizados por especialistas. Uma oportunidade a não perder, já que estes filmes nunca foram vistos assim enquadrados. Até dia 06 de Maio. Mais informações e todo o programa aqui. O Melhor Anjo fará novos posts para cada um dos dias das sessões.
Figuras da Dança no Cinema
2004 marcou o centenário do falecimento do médico e fisiologista francês Etienne-Jules Marey, impulsionador do "método gráfico" de representação do movimento através da cronofotografia de placa fixa e de outros sistemas técnicos de análise (da motricidade do corpo humano e animal, do movimento dos fluxos orgânicos, dos elementos, do ar, do fumo).
Ao concentrar-se nos modos de representação do movimento, a sua obra permite-nos perceber que a análise do "movimento de todas as coisas" está sobretudo dependente da possibilidade de mediação de um conflito entre aquilo que é representado (o movimento na imagem) e aquilo que resulta como consequência ou seja a reconstituição desse mesmo movimento.
Este programa procura referir-se a essa questão, partindo da dança como terreno fértil de invenção figurativa no cinema e da história estética e teórica comum entre as duas artes. Em 1927, na sua reflexão sobre o cinema como arte plástica, o historiador de arte Elie Faure identificou uma genealogia comum entre a dança e o cinema na base de uma "cineplasticidade" para que contribuiriam a ideia de constituição de um espaço, uma duração, um ritmo, condições modulatorias da representação nas duas artes. Figuras da Dança no Cinema propõe percorrer em quatro módulos caminhos diversos que tomou esta reflexão sobre a constituição da figura e a representação do movimento no cinema pensado através da dança. Isolam-se questões comuns revelando autores que tomaram a dança, a coreografia e o gesto como estímulos criativos de constituição metafórica de um mundo em movimento.
Para a introdução a este tema escolheram-se autores que desenvolveram igualmente uma obra de escrita considerável sobre os cruzamentos entre o cinema e a dança. Põem-se assim lado a lado a representação cinematográfica das coreografias de Loïe Fuller, personagem central do encontro entre as formas do espectáculo do século XIX e a emergência da modernidade e do cinema, com os escritos e filmes dos anos 20 de Germaine Dulac e a sua formulação de um "cinema puro" ; a biodinâmica corporal de Valeska Gert, actriz, bailarina e coreógrafa cujo trabalho se redescobre através dos raros registos filmados que dela sobrevivem ; regressa-se ao trabalho de Maya Deren e à ideia do coreocinema como modo de organizar o movimento interno do filme pensado em função dos gestos e movimentos do corpo que dança.
Propõe-se uma aproximação aos primeiros trabalhos de Shirley Clarke (e à importância da coreografia na sua ideia de documentário), desenvolvendo o interesse de Deren pela antropologia visual e a sua influência em Jean Rouch, admirador do seu trabalho; propõe-se a descoberta da obra de Raymonde Carasco e Régis Hébraud, empresa fascinante das possibilidades descritivas e poéticas da representação das danças dos índios mexicanos Tarahumaras a partir da obra de Antonin Artaud. Por fim a reformulação da ideia de movimento a partir dos primeiros filmes de Yvonne Rainer e de paralelismos críticos entre questões que a sua obra levanta, nomeadamente na sua transição da dança para o cinema e o trabalho de cineastas e artistas plásticos como Richard Serra, Babette Mangolte, Jackie Raynal, Chantal Akerman e Sharon Lockhart.
Ricardo Matos Cabo
1º Módulo 1 e 2 de Abril
Uma arte do movimento: Loïe Fuller e Germaine Dulac
Filmes de Thomas Edison, Segundo de Chomon, W.L. Dickson, Lumière, Germaine Dulac, entre outros
Tributo a Valeska Gert. Caleidoscópio de uma vida dançada
Filmes de Suze Byk, Volker Schlöndorff, Walther Ruttmann, Georg W. Pabst
2º Módulo 14 e 15 de Abril
Coreocinema e Ritual Regresso a Maya Deren
Filmes de Shirley Clarke, Nöel Burch, Maya Deren, Martina Kudlacek e Jean Rouch
3º Módulo 28, 29 e 30 de Abril
Raymonde Carasco e os Tarahumaras
Selecção dos filmes realizados no México sobre os rituais dos índiosTarahumaras a partir dos escritos de Antonin Artaud
Com a presença de Raymonde Carasco e Régis Hébraud
4º Módulo 5 e 6 de Maio
Transições críticas da dança para o cinema (a partir de Yvonne Rainer)
Filmes de Yvonne Rainer, Richard Serra, Babette Mangolte, Chantal Akerman, Jackie Raynal e Sharon Lockhart
1 comentário:
Best regards from NY! »
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