terça-feira, março 29, 2005

Portugal, capital do diminutivo

Eu ponho-me a ouvir as pessoas e prontos, é assim, já se sabe que de uma maneira geral, falem mal. Mas, prontos, faz parte. E esta condição de ser português também não ajuda, o importante é a saúde e pagar as contas ao fim do mês, que o dinheiro não chega e eles querem é mamar, mamar, mamar... ficam lá no poleiro e o pobre que pague. Prontos, é a vida. Vai-se como se pode e Deus é que sabe. E quando formos, vamos deitados e o que é preciso é juizínho e cabeça fresca que quem vier atrás que feche a porta. E agora descanso eu que já trabalhei muito, dá-me lá o lugar no autocarro, esta juventude está perdida, no meu tempo é que era e eu estive 4 horas na bicha do médico e afinal não era nada, mas uma pessoa nunca sabe, que hoje está cá e amanhã não. Prontos.

Isto eu aguento e enfim (suspiro profundo)...

Mas se há coisa que me deixa doente (tanto como o É assim:...) é o diminutivo. Uma ideia infeliz de tornar tudo mais agradável, mais perfeito, mais perto, mais humano, mais próximo, mais embrulhado em papel cor de rosa e a cheiro de alfazema. Eu acho, e digo aqui, que o diminutivo é, no limite, PORNOGRÁFICO!!!!!!

O que é um beijinho grande? E um grande grande beijinho define-se como? Depois tudo serve para ser diminuído: os inevitáveis ursinhos, cafézinhos, chinelinhos, pãozinho, mini-pratos, mini-mini-pratos, pratinhos ao balcão, meias-doses, garrafinha, xi-coração, já viste o menino e comprei esta coisinha para o menino e é uma pulseirinha de prata para ele usar aos domingos...

E claro, esse grande monstro do diminutivo: o golfinho. Bicho enjoativo, detentor de todas as atenções, sugador de carinhos (lá está!) e fonte de inspiração para as mais absurdas reportagens em horário nobre. Como é que um bicho que se diz esperto, quer ser credível com um nome acabado em inho. Golfo. Golfe. Ou, em último recurso, Golf, que é estrangeiro e nós aceitamos muito melhor o que vem de fora que o que sai de dentro.

Parece-me que esta coisa do diminutivo, mais que uma graça é um grande problema, porque se relaciona directamente com a falta de auto-estima e resignação portuguesa. A ideia de dar às coisas um sentido infantil, torna-as mais suportáveis? Mas torna mesmo? Eu acho que não.

Por um Portugal sem diminutivos!! Por um Portugal por inteiro!!

2 comentários:

Anónimo disse...

Onde se lê "o que vêm de fora", leia-se "o que vem de fora"...

Por um Portugalzinho sem errozinhos ortograficozinhos.

Por um Portugalzinho mais bem escritozinho.

Anónimo disse...

O anónimo aqui do lado (que prefere manter-se como tal, por motivos que agora não interessam), é amigo pessoal do Tiago, concorda com o que ele escreveu e comentou em jeito de piada porque assim lhe apeteceu...

Não se trata de uma 'redução' mazinha do dito discurso, antes aquilo a que vulgarmente se chama "private joke" (sim, também uso estrangeirismos, não sou assim tão fundamentalista em relação ao tal do prontuário básico).

Ou seja, lamento imenso que os ressabiados aí do lado tenham querido ver no comment algo mais do que aquilo que ele é. A isso também se pode chamar ignorância e futilidade, ou estarei a ir longe de mais?

Sejam mais felizes! Ok? Não há paciência para "tricas" blogueiras...


P.S.: Tiago, lembro-me de te ter corrigido vezes sem conta os "vêm's" e os "têm's". Quando é que aprendes, meu?