domingo, fevereiro 06, 2005

O pássaro grande



Se The Aviator têm algum mérito, é o que pretende impôr, definitivamente, Leonardo DiCaprio como um dos melhores actores da sua geração. E para quem tinha dúvidas (ou só o via como estrela-pipoqueira de adolescentes acneicas) devia ver outros filmes, como What's eating Gilbert Grape?, Marvin's Room, Total Eclipse ou o essencial This Boy's Life. Há mais DiCaprio para lá da cara bonita e da voz ambígua.

E é isso que se mostra no novo filme de Scorcese. O resto é um longo pastelão que se não cansa (enfim...), também não entretêm. E para um biopic sobre um homem do espectáculo, não sei se é propriamente bom. Ficamos o filme todo à espera que este comece. Scorcese deu mais no ambíguo Gangs of New York que, comparado com este aviador, é um belíssimo fresco. Aliás, deveria fazer-se o exercício de o intervalar com The Age of Innocence para se perceber que Scorcese, quando quer é um virtuoso. Aqui, é um tarefeiro.

É interessante comparar DiCaprio com Jude Law (na foto fazendo de conta que faz de Errol Flynn) e perceber que se o primeiro arrisca, depois de escolhas muito duvidosas, o outro parece que assentou numa imagem de playboy que não convence. Longe vão os tempos de Ripley e Bosie. E Cate Blanchett, exceptuando uma cena na casa de banho, é só uma imitação de Katherine Hepburn. Porquê?

Pequena nota: ora reparem no rapaz Rufus, solto como nunca e a divertir-se à grande. Those were the times. Mas o Scorcese devia andar a Xanax's.

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