quarta-feira, janeiro 12, 2005

Estreia (I)

mostra




mostra. é o resultado de uma reflexão artística colectiva sobre o tema "a mulher na ruptura", tema da peça Na Margem da Vida de Gao Xingjian que o mesmo grupo de criadores levará à cena no final de 2005.

Esta reflexão, a partir da temática da peça de Gao Xingjian Au bord de la vie , surgiu da necessidade de se criar material artístico novo e de se trabalhar de uma forma mais livre, deixando o trabalho sobre o texto para uma fase posterior.

É comum estes processos ficarem escondidos ou serem partilhados apenas pelos seus criadores. Neste caso, .mostra vem dar a possibilidade ao espectador de partilhar o processo criativo e de confrontá-lo com o objecto final, tornando-se num público mais vivo e atento. ...

Ao entrar na mente de uma mulher, ao percorrer os interstícios dos seus pensamentos, memórias e desejos, é associada a imagem poética da casa. A metáfora da casa que é mente feminina, impregnada de uma teia de filamentos que, por sua vez, nos conduz numa viagem que explora todos os hemisférios, dissecados em todas as suas coordenadas.



Ao princípio, um extenso corredor branco, qual casulo imaginário que nos envolve num processo de preparação para a mudança do espaço exterior, quotidiano e colectivo para outro que é interior, mental e individual. O espaço cenográfico, cortado ao meio pelo volume branco do corredor iniciático, define os quatro estados psicológicos dessa mulher propostos pela dramaturgia: a ruptura, o passado, o presente e a margem.

O espectador, que vai deambulando num labirinto mental, descobre, afinal, que é simultaneamente viajante e voyeur naquele espaço ficcional e das situações cambiantes que nele são encenadas e representadas. Em cada uma das psicogeografias, nas quais a "quarta parede" foi derrubada para dar lugar à dimensão intimista da encenação, o espectador confronta-se com as tensões geradas na relação entre a mulher e o homem e da mulher consigo mesma. Dramaturgicamente, procura-se que o espectador vá ficando enrolado naquela teia, limbo entre desencantamento e loucura, não podendo fugir também ele ao processo de implosão gerado que termina num silêncio perturbante e interrogativo.

Quando o espectador percorre novamente o corredor de luz branca, agora no sentido inverso, dirigindo-se para o exterior do espaço da representação teatral, fica com a sensação de que acabou de empreender uma particular viagem, tendo experimentado várias dimensões inerentes à problemática da ruptura no feminino.

direcção Maria Gil apoio dramatúrgico Diogo Bento interpretação Sara de Castro e Tiago Barbosa música Marco Batista e Marina Hasselberg figurinos Catarina Varatojo cenografia Pedro Silva videasta e sonoplastia Pedro Paiva desenho e operação de luz Paulo Cunha apoio técnico Rita Trindade design gráfico Pedro Alves produção Maria Gil co-produção teatromosca

GALERIA BENTO MARTINS [Ed. Junta Freguesia Carnide]
12 Janeiro às 22h
13, 14 e 15 Janeiro sessões às 21h e 23h
Casa de Teatro de Sintra
28 Janeiro 22h
Bilhetes 5 €

Informações: 91 461 69 49 / teatromosca@hotmail.com


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