Frida e Diego (ou Inveja em forma de verdade)

O Diário de Notícias publica hoje uma notícia acerca do lançamento de uma nova biografia sobre Frida Kahlo, em que Diego Rivera é suspeito de ter praticado eutanásia.

Em Frida Íntima, obra lançada hoje por Isolda Pinedo Kahlo, de 75 anos, única sobrinha da artista, o «grande segredo da família» fica nas mãos do leitor. «Tudo o que contamos está documentado com papéis oficiais [incluindo a certidão de óbito] que se apresentam pela primeira vez», contou em entrevista ao diário espanhol ABC Mara de Anda, a neta a quem Isolda (filha de Cristina, com quem Rivera também teve um caso amoroso) ditou as suas memórias. A «investigação» demorou 12 anos.

Rivera pode ter participado em eutanásia activa?, pergunta o jornalista. «O livro», diz Mara, «dá uma clara ideia de que foi isso que se passou. Ou o que foi dito à minha avó, em algum momento, com um simples olhar». Mara escuda-se em respostas enigmáticas para não revelar tudo sobre a obra antes da publicação. Mas essa hipótese não é já levantada por outros autores, baseados em provas como o próprio diário de Frida (1907-1954)? «Creio que é muito importante ter em conta o ponto de vista de Isolda, alguém tão próximo. Afinal, há historiadores, biógrafos, gente que afirma isto e aquilo. Toda a gente tem a sua verdade, que é muito válida. Aqui há outra verdade», conclui sem adiantar mais.
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Quanto ao que terá acontecido naquela noite, na lendária Casa Azul (em Coyoacán, arredores da cidade do México), o ABC faz a síntese possível: Frida, acamada, injectava-se com Demerol, um derivado de morfina, única forma de suportar a dor permanente. Rivera chegou e dispensou os cuidados de Cornelia Mayet, que tratava da pintora. Disse que ele mesmo lhe daria sete comprimidos para dormir. Mayet ainda viu Frida dar a Diego o anel que pretendia oferecer-lhe em Agosto, por ocasião dos seus 25 anos de casamento. Ele não dormiu em casa. E na manhã de 13 de Julho, Mayet encontrou-a fria, de olhos abertos. Tinha 47 anos e deixou escrito no seu diário: «Espero que a saída seja alegre e espero nunca mais voltar».

Para quem conhece a história, só se pode falar de um acto de amor.