sábado, dezembro 13, 2003

Um almoço nunca é de graça

Confesso que me divirto imenso com as críticas gastronómicas nos jornais. Fazem parte de uma realide exterior à vida quotidiana. É quase tão irreal acreditarmos que alguém tenha como função na vida analisar restaurantes, como conhecermos o rosto de quem escreve contos eróticos nas revistas.

Há uns anos atrás havia um programa de televisão que incluía um crítico mascarado que classificava os restaurantes. Lembro-me que ele ficou envolto numa polémica porque se apresentou como crítico onde não devia e saiu sem pagar a conta. Mas esse crítico não tinha o mesmo ar que se imagina ter o que escreve no suplemto FUGAS, do jornal PÚBLICO. A este imagino-o ao melhor estilo "Sex and the city" e isso diverte-me imenso. Sigo-o atentamente, sabendo que jamais poderei comportar-me como ele, mas, às vezes, cedendo ao diletantismo e comportando-me como tal.

Eis um excerto hoje publicado: Comecemos pelo que é imperdoável num restaurante com tantas pretensões - como se verá pelo enunciado de alguns pratos da ementa - e tais preços. Assim: um dos filetes fininhos do "bacalhau fumado com anchovas e azeitonas pretas, acompanhado de ovos de codorniz e pérolas de ovas de keta" (15,85 euros), trazia uma espinha; o pão do couvert (2,50 euros, mais azeitonas verdes temperadas e manteiga) do jantar de domingo dia 7 de Dezembro não era fresco e não houve o cuidado de o aquecer; o "risotto de açafrão com frutos do mar, servido com espargos" (29 euros) no jantar de sexta-feira 5 de Dezembro, não tinha açafrão que se visse, as gambas apresentaram-se com pedaços da tripinha terrosa, os mexilhões eram de viveiro e dos congelados, o escalope com coral da vieira tinha cor e sabor de produto congelado e o "risotto" apresentou-se espapaçado; nas "quenelles de requeijão com cebolinho e coulis de tomate seco ao sol, com verduras de Verão" (11,25 euros), o tomate era do fresco e só tinha cor, que o sabor não se notava.

O resto está aqui. E digam lá se não nos faz sentir muito melhor.

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