O complexo de Santana
Ao invés de um tabu, Santana Lopes insiste numa versão neo-romântica do mito de Édipo. Sendo que, para o caso, a mãe é Sá Carneiro e o pai Cavaco. Compreende-se que assim seja, afinal seria uma desfeita muito grande para o primeiro e uma desconfiança para o segundo se o contrário sucedesse. Se, Santana efectivamente desistisse de se candidatar a Belém, para dar lugar a Cavaco, teria que ficar em Lisboa, cidade que alui, não atrai financiamentos, está de portas abertas ao crime, à violência, à falta de verbas, à permanência dos ministérios no Terreiro do Paço. Para dar lugar a Cavaco, Santana teria que ir mais longe e continuar subjugado a um lugar de vice-presidente do PSD, onde a palavra final cabe sempre a Durão Barroso.
Por outro lado, se Santana for para Belém teria que aprender a ser mais recatado. Uma coisa é ficarnos nostalgicamente encantados com os cachecóis amarelos de Jorge Sampaio a passear no Chiado à meia noite. Outra completamente diferente é termos a Kapital fechada porque o presidente e as santanetes querem dançar até mais tarde. Não há jovem que aceite isso.
Ser Presidente implica decoro, recato e discrição. Implica não se saber por onde se anda, o que se faz e o que diz. Ora, ainda que Santana esteja muito bem nesta última função. Santana é tudo menos discreto e seguro. Sofre da instabilidade passional de qualquer caranguejo, que se encanta com o que se segue, sem ter acabado de cumprir o que iniciara.
Mas, se a paixão de Santana por Sá Carneiro é assim tão grande, porque raio não encontrou ele ainda solução para a cabeça dependurada do ex-líder do PSD que há anos se sustenta no Areeiro?
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