sexta-feira, setembro 19, 2003

Um novo texto do João, que julgava que a sua não publicação era censura, mas afinal foi só ausência de tempo. Aqui vai, portanto, em jeito de reflexão. Um dia o João publicará sozinho, fica prometido

O Sagrado e o Profano

Assistimos na nossa sociedade a um crescimento cada vez maior do profano em relação ao sagrado. Cada vez mais o sagrado existe em pequenas nuvens, num céu de profanos. Esta tendência cada vez maior de uma profanização do mundo, tem no entanto, encontrado, nos últimos tempos um regresso ao sagrado, ou se quisermos, uma revolta contra o profano. Reavivar do espiritual? Crise das grandes religiões? Ficam as perguntas.

O certo é que de algum modo assistimos no nosso tempo a uma viragem para outros modos de ver o mundo e de viver o sagrado. Neste sentido, a Maçonaria é certamente uma das maiores, e uma das mais antigas, senão a mais antiga, alavanca desse crescimento e dessa procura, não podendo ser confundida a parte com o todo, senão o que dizer dos fundamentalismos islâmicos e da religião islâmica, ou da riqueza da Igreja Católica e da miséria no mundo. Importa pois distinguir a parte do todo e pensar num significado mais profundo das coisas e do sagrado e não ficarmos pelas aparências, nem por libelos acusatórios que visam apenas denegrir a imagem de uma instituição que se rege por valores acima da esfera do humano e que acredita no homem, não como um ser perfeito, mas que procura a perfeição.

Esta crise do sagrado e do profano não será, nem deverá ser, a negação das liberdades humanas fundamentais, nem tão pouco uma volta ao passado preconceituoso, supersticioso e retrógrado, mas a busca de uma moral, que incorpore as raízes da Tradição, tornando-a compatível com a Liberdade. Neste sentido e neste momento, acredito que a Maçonaria teve e terá um papel importante, que não pode e não deve ser confundido com acusações gratuitas e sem qualquer sentido que não passam de um modo fácil e cómodo de falar sobre as coisas.

Mircea Eliade tem razão, quando afirma «uma das características do mundo moderno é o desaparecimento da iniciação», eu acrescentaria, o desaparecimento do sagrado e a confusão que reina entre instituições e os valores que estão acima dessas instituições.

João

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