Processos e rituais de iniciação
Em elucidativo artigo, escrevia Eduardo Cintra Torres, na segunda feira no PÚBLICO, que os reality shows eram um ritual de iniciação para a fama ao qual se sujeitavam concorrentes, familiares e até o público (que mais tarde escolheria os que mais lhe agradam). Entretanto leio no 24 horas que os concorrentes derrotados do programa Ídolos, da SIC, vão processar o júri por se sentirem humilhados no seu direito de mostrarem o que valem. Em sua defesa, Joaquim Fidalgo, hoje no PÙBLICO, diz a esse júri que se vá meter com gente do seu tamanho. Fico a pensar, depois de, ontem à noite, uma concorrente do Big Brother assumir para o país que é virgem, mas recusar-se a contar aos residentes da casa que o é, se a exposição a que se sujeita quem quer um lugar não deverá efectivamente passar por todos os níveis, incluindo a humilhação pública? Não se conquista um "lugar ao sol" assim, com um estalar de dedos. Se recorrem a um subterfúgio - quem sabe para escamotear a falta de paciência para os demorados e imbrincados processos do conhecimento e aprendizagem ao longo da vida - não deveriam arcar com as suas consequências? Quem acredita que pode apagar o passado em frente aos televisores, se, por ter aceite a exposição, vê a sua vida toda nos jornais? A culpa, afinal, é de quem? Dos concorrentes, dos produtores dos programas, do público ávido?
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