A criança interna
Dizia-me uma psicóloga, em conversa, baseando-se em algumas filosofias deterministas, entre as quais a ética lockiana (de John Locke), que, por vezes, o adulto racional se vê impedido de evoluir porque a sua criança interna está emocionalmente instável. Ou seja, que não é compreendida a essência do ser humano. No início do conhecimento humano [nascimento] estão os «dados da consciência», tanto de experiência externa como interna, ou as ideias simples de sensação e de reflexão. E é a partir da combinação de tais ideias simples que se forma o conjunto aberto das ideias complexas a que todo o nosso conhecimento, actual e potencial, se reduz.(Locke)
Só que, por vezes o indivíduo é obrigado, pelas circunstâncias da vida, a saltar etapas que em nada ajudam a um desenvolvimento normal da criança interna. De acordo com a psicóloga, é preciso olharmos por essa criança interna e perceber, nos actos em adulto, que modelos foram utilizados para os justificar, verificando, assim, se estes são ou não sustentados por modelos falhados que, mais cedo ou mais tarde se irão reflectir em diversas outras relações.
Como não há futuro e o presente se improvisa, defendem as teses deterministas que é no passado que se encontrarão muitas das respostas para os estados de espírito do presente. É preciso, portanto, ter em atenção o(s) momento(s) do(s) desvio(s), não para os corrigir mas para apreender o que faltou por cumprir. Reflectir e resolver antes de evoluir. Evoluir somente após a aprendizagem. “Quem não aprender a dominar-se, não será livre nem respeitará a liberdade dos outros” (Locke)
Decidi pegar na minha criança interna e levá-la ao cinema. Comprei-lhe um pacote de pipocas, fomos ver um filme de piratas e, passado um bocado, adormeceu sossegada.
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