Blogo, logo existo?
Esta não é, com certeza, uma questão que não tenha já, numa ou noutra altura, surgido a quem criou um blog. A mim, confesso que esteve, entre outras, na origem deste blog, não tanto pelo lado narcisista de me mostrar ou expor as minhas posições, mas mais num certo pendor cívico, malgré toda a demagogia que nesta afirmação se possa ler.
Mas à medida que mais e mais estudos, notícias, comentários e opiniões vão permitindo identificar quem é o quê neste mundo dos blogs e a necessidade de se desenhar um perfil é mais premente, somos mais ou menos bloggers consoante o que escrevemos?
De acordo com o artigo de Pedro Fonseca, ontem no suplemento de computadores do PÚBLICO, os bloggers dividem-se em grupos (será já o início das divisões, conforme se anunciava no Santa Ignorância?), sendo estes: os inovadores (2.5%), os “early adopters” (13.5%), os “early” e os “late majority” (ambos com 34%) e os “laggards” ou “atrasados” (34%). Ora eu, e por consequência este blog, deverei estar entre os “late majority” e os “laggards”, ainda que esta última posição depressa deixe de ser a última à medida que o fenómeno se estende.
Mas vem isto a propósito, mas não só, das arrumações que ontem levei a cabo, ao deitar fora os jornais do verão, depois de devidamente seleccionadas as notícias que aguardarão o devido encaminhamento. E, assumindo que não tenho nem o tempo, nem o dinheiro, nem mesmo a capacidade de absorção dos comentadores políticos (bom, daquele que pode carregar o epíteto) ou de bloggers de primeira divisão, outros que me levaram a fazer um e demais “vizinhos”, é impressionante o que se vai deixando para trás e se gostaria de comentar. Nesta espécie de filtro, em nome dos nossos leitores – essa massa anónima e cada vez menos silenciosa (agora se quisermos abrir o nosso espaço – como quem abre uma tasca (eis a razão da descrição que dá ênfase a este blog) – para dar a nossa opinião, fazemos um blog) e da permanência dos mesmos, vai-se construindo o perfil de um blog. Deste ainda é cedo para se dizer alguma coisa.
Já no que diz respeito ao perfil de quem tem um blog, não sei se possa concordar com a descrição que o Blog de Esquerda faz. É um tanto fechada em si mesma para poder definir algo que é tão abstracto. È certo que os bloggers terão que ser pessoas de um nível cultural e social mais elevado que a maior parte do cidadão comum, não devendo isso, no entanto, ser a razão pela qual se cria um blog. Mas, tal como os jornais não estamos, creio eu, a escrever para uma comunidade fechada, e por isso mesmo, em nome dessa responsabilização das elites, não podem os bloggers demitir-se dessa função, em nome, obviamente, desse contributo para a construção de um imaginário colectivo.
Se os blogs são sobretudo espaços de opinião e não tanto de informação é porque, muito provavelmente, a falta de espaços para a opinião pública é notória. Bem como, em grande parte por questões económicas, a profusão de jornais já não é tão grande como a existente durante a ditadura. Ou mesmo, se quisermos, o país é demasiado pequeno para tantos jornais. Talvez os blogs tenham vindo suprir essa carência. Ainda que sejam sobretudo opinativos.
Não me parece, contudo, que se possa exigir uma presença maior de blogs jornalísticos. Qual será então a diferença entre um blog jornalístico e um jornal digital? É certo, no entanto, que o facto de qualquer um poder criar um blog pode apresentar algumas deficiências, no que diz respeito à articulação dos textos, construções gramaticais ou mesmo incoerências, exactamente pela liberdade que se têm ao se emitir uma opinião.
É, por isso, que me parece ser possível citar aquela velha máxima: há primeira todos caem, à segunda só cai quem quer. A ver vamos daqui a um ano (será um ano muito tempo no virtual?) quem ainda cá anda. E contra mim falo, que isto nunca se sabe que voltas dá.
Queria escrever sobre aquilo que deixei por escrever. Acabei por reflectir, a pensamento solto, sobre a revolução que o blog provocou nos meus dias. Dos que aguentaram até ao fim deste post, aguardam-se comentários.
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