domingo, novembro 18, 2007

Relações impossíveis na arte contemporânea

Augusto M. Seabra, na sua nova coluna de opinião no portal Arte Capital, O Estado da Arte, escreve sobre compatibilidades, ética e relações impossíveis entre Estado, mecenas, curadores, artistas e exposições. Em particular disseca o papel de Manuel de Pinho, ministro da Economia, e do Banco Espírito Santo, na organização da exposição de Vik Muniz, no Museu da Electricidade.

Excerto do artigo Iconologia Oficial: "A acção do Estado Democrático, não apenas na criação e consolidação das estruturas culturais, mas em particular nas políticas de apoio artístico ou de solicitações específicas (encomendas, escolha de representações/representantes em importantes manifestações internacionais, etc.), é uma matéria propícia a demagogias e manifestações de conservadorismo e/ou ignorância, que se condensaram na expressão “subsídiodependentes”. De facto, essas políticas, para além da sua consideração global para o “bem comum”, são parte das funções simbólicas do Estado e, em princípio, garantes da pluralidade e diversidade de expressões. Mas num Estado Democrático tais políticas e acções não menos devem ter regras claras como orientarem-se em termos genéricos por princípios de isenção. Podem, e em meu entender devem mesmo, invocar-se até teorizações dos princípios da Justiça e da Igualdade de grandes filósofos políticos e do direito como Ronald Dworkin, John Rawls e Joseph Raz. Ou, mais no concreto deste campo, os termos desse notável trabalho de sociologia da arte que é “L’élite artiste – Excellence et singularité en régime démocratique” de Nathalie Heinich (Ed. Gallimard, 2005)."

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