segunda-feira, novembro 19, 2007

Agenda

No Teatro Nacional D. Maria II está patente, desde dia 15, a peça Boneca, com encenação de Nuno Cardoso, a partir de A casa de bonecas, de Ibsen. João Paulo Sousa viu a peça em Guimarães, na altura da estreia, e escreveu sobre ela na OBSCENA #7:

A qualidade mais evidente da encenação de Boneca, da responsabilidade de Nuno Cardoso, é a criação de uma espécie de cenário duplo, articulando as noções de interior e de exterior, não apenas no que diz respeito à acção, mas também quanto à própria presença dos actores em palco. (…) Esta estratégia cénica desvela um olhar sobre a peça de Ibsen que potencia a dimensão de fingimento ou de representação inerente ao jogo social, em especial no caso de uma sociedade com regras comportamentais relativamente rígidas. Ao englobar quase todo o texto original, a tradução de Fernando Villas-Boas possibilita a apresentação detalhada dos conflitos entre as personagens, colocando os actores (e, naturalmente, o encenador) perante a necessidade de definir um tom que se adeqúe ao desenvolvimento dramático. (…) De certo modo, o que está aqui em causa é também a resistência da peça de Ibsen à passagem do tempo, não apenas por causa das alterações dos condicionalismos sociais que tiveram lugar desde o final do século XIX até hoje, mas sobretudo porque as personagens parecem demasiado presas à lógica de articulação entre a máscara e a face íntima de cada um.

Leia a crítica na íntegra aqui.


No Museu Berardo está patente desde dia 14 a exposição Teatro sem Teatro, que Pedro Manuel viu em Barcelona, no Museo de Arte Contemporanea, este verão, e sobre a qual escreveu na OBSCENA #6.

Aquilo que sempre aproximou o teatro e as artes plásticas numa relação íntima, ao longo de séculos de cruzamentos e influências, foi o conceito de representação. Não tanto como conceito crítico mas como influência de parte a parte na criação de imagens, de coisas para ver e de pontos de vista, nos recursos técnicos, no estatuto do corpo, na representação da ordem e desordem do mundo. Na exposição Un teatre sense teatre (…) são essas trocas – mais que o conceito de representação – que estão à vista. Descentramento, desilusão, relação entre actor e espectador, entre obra e espectador (the viewer), são alguns dos pressupostos que podemos reconhecer na teatralidade que atravessa as obras em exposição. Mas onde se pudesse supor uma progressão histórica das relações entre teatro e artes plásticas no século XX, das vanguardas à legitimação da performance, encontra-se antes a presença do modelo teatral, ou da teatralidade, como influência excêntrica que age sobre as obras de arte. Ou seja, à superfície o tema da exposição será o teatro, e a noção de espectáculo está mais ou menos presente em cada peça, mas o que está em causa é a exposição dos efeitos de teatro sobre o pictural, o plástico, o visual, abrindo-o ao acontecimento, ao espaço, ao corpo.

Leia a crítica na íntegra aqui.

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