de Paulo Guerreiro
Negócio
08 e 09 Setembro_ 21h00-23h30 (estreia em Portugal)
entrada livre
Em peeping me toca-se, observa-se, é-se observado. Os papéis (re)invertem-se num jogo de poderes e completam-se um ao outro. Corpo performático e público sobrepõem-se, espelham-se. Cria-se uma relação sensorial e perversa, onde ora se permite o toque, mas é privado o olhar, ora se vê (espreita), mas perde-se o contacto táctil. "voyeur" e "exibicionista" mantêm esta relação através de orifícios num espaço tri-partido: tacto, visão e exposição. mais que uma instalação, é um espaço performático interactivo, onde o movimento surge da relação performer/público. A coreografia existe no momento, a partir do toque e da ausência deste. As suas qualidades são partilhadas, são dependentes de ambos, do corpo/objecto e do observador/manipulador. mais do que improvisação trata-se de instrumentalização, comunicação, reacção entre corpos, onde os limites se situam entre o físico e o emocional. Quebradas as convenções de relação espectador/interprete, é dando lugar a uma relação mais intima e subjectiva, onde os papéis activo e passivo são subvertidos, para depois serem novamente repostos, ou seja, (re)invertidos. O corpo performático é exposto e disposto, habita a relação dos corpos (o dele com o espectador), representa-se por códigos e afirma-se como objecto. Um objecto que tanto é de contemplação e serviçal, como se serve de quem o observa. Um objecto feito em corpo, da sobreposição de corpos e papéis. o que observa, toca e manipula, é conduzido à sua exposição e integra o objecto. «... o sujeito expõe-se e faz da carne o espectáculo que oferece aos outros e que vampiricamente busca no outro» (Maria Augusta Babo in Para uma semiótica do corpo).
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