domingo, julho 23, 2006

Nova edição da revista Textos e Pretextos dedicada ao tema Os Monstros

Já está à venda o novo número da revista Textos & Pretextos, editada pelo Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras de Lisboa. Desta vez dedicada ao tema Os Monstros, a revista inclui reportagens, entrevistas (Eduardo Pitta, Manuel da Silva Ramos, Olga Roriz, Ieda Tucherman, Paulo Moura/José Rodrigues dos Santos e António Carneiro), testemunhos e livros, bibliografia temática, ilustração e uma ampla secção de reportagens e ensaios.

Na secção de ensaios : Bestial Child: monstrosity in a postcolonial view - The Satanic Verses by Salman Rushdie (Maria Sofia Pimentel Biscaia) The Abject Body in Contemporary Female Art (Maria Luísa Coelho) Um monstro da cidade moderna: A figura da prostituta em Toulouse-Lautrec (Inês Cordeiro Dias) Monstros Intelectuais: uma monstruosidade oculta (Maria Antónia Lima) Já não há ninguém no lugar marcado a X: Os mutantes X-men como exemplo de uma metamorfose cultural (Pedro Moura) Processos de construção da figura monstruosa (Sílvia Quinteiro). De entre as várias contribuições nessa secção de ensaios, destaque para Teatro Anatómico, da autoria de Pedro Manuel, colaborador d'O Melhor Anjo, e que parte para uma análise às representações grotescas e monstruosas no teatro.

Um excerto: «A relação entre o teatro e os monstros pode ser estabelecida por dois paralelos. O primeiro [...] é mediado pela ideia de desfiguração ou transfiguração dos corpos e, sobretudo, por uma desumanização ambígua da fisionomia humana. De certa forma, podemos dizer que esta transfiguração dos corpos orgânicos ou inanimados é condicionada por uma graduação, desde o simples figurino à composição mais elaborada de uma personagem fantástica. [...] O segundo paralelismo estabelece-se ao nível da etimologia: teatro deriva de theatron, que designa o lugar de onde se vê; monstro deriva de monstrare, que designa algo como dar a ver. Num e noutro sentido, a visão estabelece-se como o meio privilegiado, o acontecimento onde se joga a criação de sentidos. Esta visão implica a criação de uma imagem, ou o reconhecimento da sua autonomia. Por outro lado, falar do lugar de onde se vê implica ver de um ponto de vista, colocar-se numa perspectiva, assim como dar a ver implica constituir as condições de visibilidade, isto é, elaborar perspectivas.»

No blog daLiteratura, Eduardo Pitta já fez uma breve nota sobre a revista que já vai no número 08 e custa 12€.

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