domingo, janeiro 22, 2006

Citações 5


A política do Ministério da Cultura (MC), e em particular as decisões mais recentes relativas ao Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, tem vindo a ser contestada através de uma mobilização sem precedentes, em particular por parte de nomes de primeiro plano dos meios culturais da capital. Nesse movimento, a presença da cidade do Porto tem sido praticamente residual - fica-se por um número reduzido de figuras representando as gerações mais novas do teatro e das artes do espectáculo. (...) este não-alinhamento no movimento parece, no entanto, decorrer mais do notório apagamento do Porto da cena nacional (cultural, política, económica) do que de um calculado silêncio de apoio à política do MC. (...) Ele surge na sequência, ainda, da ressaca do Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura e da porfiada, e parece que conseguida, secundarização a que o presidente da câmara Rui Rio entretanto submeteu a vida cultural da cidade. (...) Porto parece conformado em ficar "à margem" da vida política, económica e cultural do país. Mas "à margem de certa maneira", parafraseando a música de José Mário Branco - da sua maneira, bem portuense, de achar que isso não lhe diz respeito, não lhe interessa e, enfim, não o incomoda.Verdadeiramente, o Porto parece só reagir com alguma intensidade e indignação quando o árbitro marca penalty a favor do Benfica. Mas fá-lo com as vozes menos avalizadas para uma eficaz reafirmação da cidade no contexto nacional.

Sérgio C. Andrade in PUBLICO

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