Não deixa de ser curioso o silêncio seja em torno da passagem da ocupação do Teatro Taborda, em Lisboa, para as mãos do Teatro da Garagem, já a partir de Janeiro, depois da saída dos Artistas Unidos, no fim do semestre passado, seja da programação para 2006. Se a contestação foi ensurdecedora com a atribuição do espaço, sob responsabilidade da EGEAC (uma empresa municipal da Câmara Municipal de Lisboa que se regula sem rei nem roque), aos AU's sem apresentação de outro critério que não fosse a "compensação" pelo fecho do edifício d'A Capital, em 2002, agora nada se ouve, lê ou comenta. Pelo menos publicamente. E menos ainda entre uma comunidade sedenta por alimentar ódios.
Das entrevistas que o recém-empossado Vereador da Cultura da CML, e ex-Secretário de Estado da Cultura, José Amaral Lopes, nada sai. Sabe-se apenas que a EGEAC tem problemas financeiros, que a sua gestão é questionada na Assembleia Municipal, que a própria admitiu não ter verbas para garantir o pagamento aos funcionários, que os espaços (a sua faceta mais visível) devem ter autonomia "controlada". Se no Maria Matos - Teatro Municipal as obras de requalificação viraram reconstrução duvidosa (os ecos de erros arquitectónicos são bastante audíveis), e o contrato com o novo director artístico, o actor Diogo Infante, foi feito para quatro meses, meses nos quais o teatro esteve fechado, no São Luiz - Teatro Municipal, Jorge Salavisa força-se a ginásticas orçamentais e equilíbrios de programação que façam do espaço uma sala de visitas da cidade. Mal ou bem, o espaço ganha forma no centro da cidade e uma corrente de público que se sente identificada. Não obstante ter dependente um Teatro-Estúdio Mário Viegas que poucos ousam questionar, mesmo que a Companhia Teatral do Chiado, que o ocupa, não se coíba de se comportar como arauto da correcção teatral. Se ao menos existissem espelhos...
Mas no Teatro Taborda, a razão de "expulsão" dos Artistas Unidos foi, precisamente, a falta de justificação evidente na entrega. Tratava-se de uma "compensação" que, no limite, se forçava a uma política de gostos e, mais uma vez, retirava à cidade um espaço para projectos independentes, sem grandes condições de apresentação, dependentes menos de subsídios e mais da "carolice" dos criadores e, sobretudo, onde se pudessem apresentar renovações no tecido criativo(os AU's e a Garagem não se podem queixar do mesmo). Ora, que levou agora a esta atribuição do espaço à Garagem, que, por acaso, tem um espaço no Poço do Bispo (não é brilhante, mas com o investimento certo - até da própria CML - poderia representar uma descentralização dentro da própria cidade, tanto mais que o Teatro Meridional se instalou muito perto, no Espaço da Mitra), está ainda por esclarecer. Sobretudo porque com o aproximar do fim do ano, nada se sabe sobre o que se vai apresentar no Taborda. Qualquer esclarecimento, dizem do Taborda, deve ser prestado pela companhia.
É reconhecido que o Taborda não prima pela regularidade de público, os acessos são difíceis, a divulgação diminuta. Mas nos últimos dois meses parecia estar a assistir-se a uma renovação, até na forma como se apresentava. O 6º Festival Número, a 7ª mostraTE, a estreia de O Aniversário da Infanta, pelo Teatro Focus, e a reposição de Wasteband, de Patrícia Portela, pareciam estar a dar ao espaço uma nova dinâmica, à qual não seria alheia a apresentação de exposições e a existência de um restaurante.
Ora se os AU's saíram porque se considerava mais relevante a partilha de espaços e porque a cidade necessitava de um lugar para as novas realidades, que sentido há na cedência ao Teatro da Garagem? Vai esta companhia coordenar uma programação tendo em conta as necessidades de uma cidade sem alternativas? O que acontece ao espaço que têm? Voltamos ao erro de destruição do velho Teatro Aberto? E até onde não se estará a cometer o mesmo "erro" que se apontou aos AU's? Qual a política da CML e da EGEAC quanto à ocupação de espaços? Como se estão a apresentar enquanto alternativas ao próprio poder central que, como se viu, se revela incapaz de prosseguir nos programas de apoio às artes performativas? Que lugar para o Taborda na cidade de Lisboa? E para quem?
Das entrevistas que o recém-empossado Vereador da Cultura da CML, e ex-Secretário de Estado da Cultura, José Amaral Lopes, nada sai. Sabe-se apenas que a EGEAC tem problemas financeiros, que a sua gestão é questionada na Assembleia Municipal, que a própria admitiu não ter verbas para garantir o pagamento aos funcionários, que os espaços (a sua faceta mais visível) devem ter autonomia "controlada". Se no Maria Matos - Teatro Municipal as obras de requalificação viraram reconstrução duvidosa (os ecos de erros arquitectónicos são bastante audíveis), e o contrato com o novo director artístico, o actor Diogo Infante, foi feito para quatro meses, meses nos quais o teatro esteve fechado, no São Luiz - Teatro Municipal, Jorge Salavisa força-se a ginásticas orçamentais e equilíbrios de programação que façam do espaço uma sala de visitas da cidade. Mal ou bem, o espaço ganha forma no centro da cidade e uma corrente de público que se sente identificada. Não obstante ter dependente um Teatro-Estúdio Mário Viegas que poucos ousam questionar, mesmo que a Companhia Teatral do Chiado, que o ocupa, não se coíba de se comportar como arauto da correcção teatral. Se ao menos existissem espelhos...
Mas no Teatro Taborda, a razão de "expulsão" dos Artistas Unidos foi, precisamente, a falta de justificação evidente na entrega. Tratava-se de uma "compensação" que, no limite, se forçava a uma política de gostos e, mais uma vez, retirava à cidade um espaço para projectos independentes, sem grandes condições de apresentação, dependentes menos de subsídios e mais da "carolice" dos criadores e, sobretudo, onde se pudessem apresentar renovações no tecido criativo(os AU's e a Garagem não se podem queixar do mesmo). Ora, que levou agora a esta atribuição do espaço à Garagem, que, por acaso, tem um espaço no Poço do Bispo (não é brilhante, mas com o investimento certo - até da própria CML - poderia representar uma descentralização dentro da própria cidade, tanto mais que o Teatro Meridional se instalou muito perto, no Espaço da Mitra), está ainda por esclarecer. Sobretudo porque com o aproximar do fim do ano, nada se sabe sobre o que se vai apresentar no Taborda. Qualquer esclarecimento, dizem do Taborda, deve ser prestado pela companhia.
É reconhecido que o Taborda não prima pela regularidade de público, os acessos são difíceis, a divulgação diminuta. Mas nos últimos dois meses parecia estar a assistir-se a uma renovação, até na forma como se apresentava. O 6º Festival Número, a 7ª mostraTE, a estreia de O Aniversário da Infanta, pelo Teatro Focus, e a reposição de Wasteband, de Patrícia Portela, pareciam estar a dar ao espaço uma nova dinâmica, à qual não seria alheia a apresentação de exposições e a existência de um restaurante.
Ora se os AU's saíram porque se considerava mais relevante a partilha de espaços e porque a cidade necessitava de um lugar para as novas realidades, que sentido há na cedência ao Teatro da Garagem? Vai esta companhia coordenar uma programação tendo em conta as necessidades de uma cidade sem alternativas? O que acontece ao espaço que têm? Voltamos ao erro de destruição do velho Teatro Aberto? E até onde não se estará a cometer o mesmo "erro" que se apontou aos AU's? Qual a política da CML e da EGEAC quanto à ocupação de espaços? Como se estão a apresentar enquanto alternativas ao próprio poder central que, como se viu, se revela incapaz de prosseguir nos programas de apoio às artes performativas? Que lugar para o Taborda na cidade de Lisboa? E para quem?
1 comentário:
a questão de para quem está à partida respondida, e não me parece geradora de grande polémica. a questão que se deveria colocar é "e com quem?"
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