terça-feira, novembro 01, 2005

O Grande Terramoto de Lisboa: Ficar diferente





O Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, começa amanhã o colóquio internacional O Grande Terramoto de Lisboa: Ficar diferente que evoca os 250 anos do terramoto que abalou Lisboa em 1755. A decorrer entre 02 e 03 de Novembro, no Museu da Cidade e na Faculdade de Letras, este colóquio conta com a presença de investigadores nacionais e estrangeiros em áreas como a literatura comparada, património, teatro, ambiente, filosofia, religião e sociedade.

A programação e o resumo das comunicações podem ser lidas aqui. Também eu irei participar, na próxima quinta-feira, na Faculdade de Letras, com uma comunicação intitulada Observar o outro: O público de teatro circa 1755. Eis o resumo:

Estamos habituados a estudar a história do teatro através da dramaturgia, iconografia, história dos edifícios ou biografia dos actores. No entanto, todos concordamos que o teatro não existe sem uma audiência. Na verdade, é para uma audiência que o teatro é concebido. Mesmo quando não é representado. Esta apresentação focar-se-á na relação entre o público e a sociedade (comunidade teatral, poder político e religioso, etc.), e no modo como o teatro foi sendo desenvolvido e pensado em Portugal, nos anos imediatamente a seguir ao terramoto.

Quando falamos de teatro circa 1755, é natural que imediatamente nos surjam dois nomes: a Ópera do Tejo e a actriz italiana Anna Zamperini. Ambos os exemplos indicam bem a influência italiana, quer na construção de uma ideia de modernidade, quer no teatro como palco de influências. No que isso representa, também, de posição da igreja, valores morais, decisões políticas e planos de educação. Entre uma ideia de fausto e a necessidade de um projecto que afirmasse o teatro como um meio de educação do povo, o Marquês de Pombal preconiza uma dignificação da actividade teatral, à qual não vai ser alheia a constituição, menos de um ano depois, da Arcádia Lusitana. A comunicação que se apresenta procurará identificar o público de teatro da altura, época na qual se começava a esbater uma fronteira teatral entre a corte e o povo, devido sobretudo ao facto do teatro deixar de ser visto como um acontecimento esporádico para passar a uma relação próxima com a vida sócio-económica da cidade.

Dar-se-á conta das diferenças de espectáculos e comportamentos dos públicos, bem como compreender a forma como o teatro foi utilizado como um veículo de propaganda e persuasão. Será reflectida a forma como o teatro se integrava na sociedade, dando-se especial atenção às observações feitas pelos visitantes estrangeiros. Ao se colocarem questões e pelo confronto de pontos de vista, o papel do público naquele tempo ajudar-nos-á a perceber que limites eram colocados às apresentações, quem eram os que faziam a história do teatro e que mudanças sociais foram potenciadas pela tragédia. Mas, sobretudo, perceber que espécie de futuro estava em preparação para o teatro em Portugal.

As comunicações serão publicadas em livro posteriormente.

1 comentário:

Tiago disse...

o blogger não está a funcionar como deve ser, pelo que a correcção das gralhas, justificação do texto, links e foto seguem dentro de momentos. lamento.